Quando o
Papa Francisco deixou o solo brasileiro já era consagrado, tanto pela mídia
quando pela opinião geral, com apoteótica saudação de um homem simples,
humilde, sincero e popular. Sua simplicidade começou a se sobressair desde o
momento em que foi eleito no Conclave, quando então fez declarações impactantes
neste sentido: afirmou que foram buscar um Papa no “fim do mundo”; não
desejaria usar o anel de ouro, mas de prata; iria residir na casa “Santa Marta”,
onde, segundo ele, reside muita gente com os quais quer conviver, etc. Aos
poucos foram surgindo outras afirmações impactantes, inclusive uma suposta
aceitação dos membros da teologia da libertação; chegaram a afirmar que ele
dissera que gostaria de ler um livro de Leonardo Boff e outras afirmações condescendentes
com os membros daquele movimento, que, outrora, foi censurado por papas
anteriores. Declarou aos jovens da JMJ, alto e bom som, antes de embarcar do
Rio para Roma: “sejam revolucionários!”. Trata-se, talvez, da afirmação ou
conclamação mais impactante que o mesmo fez até hoje. Mereceria uma explicação
pelo seu porta-voz, uma vez que a atitude revolucionária é visceralmente
contrária ao espírito cristão.
Mas, é
preciso frisar, não é novidade que um Papa aja da forma como o vem fazendo o
Papa Francisco. O primeiro foi João XXIII, que tomou várias atitudes impactantes
em seu pontificado, todas elas na linha de modernização e de menosprezo por
alguns resquícios do passado. Com a conclamação do Concílio, João XXIII iniciou
uma série de atitudes nessa linha, deixando campo livre para diversas
manifestações de grupos modernistas e progressistas, a ponto de mudarem quase
que completamente os rituais sagrados da Santa Missa. Com a atitude ecumênica,
deixou para sempre uma como que nova missão da Igreja: atrair os irmãos
separados. Mas, não só os irmãos separados – o ecumenismo passou a querer
atrair todos os não católicos, de judeus a ateus. E teve como dolorosa lição o
solene desprezo de tais “irmãos”, os quais além de não desejarem nunca a união
com a Igreja, a desprezam e se aproveitam do ecumenismo para arregimentar os
próprios católicos para suas fileiras. Enquanto a preocupação maior era os “irmãos
separados”, os próprios filhos eram abandonados nas mãos dos lobos.
Com Paulo VI
não foi diferente. Uma de suas primeiras medidas foi abolir, algum tempo após a
sua eleição, o tradicional sólio pontifício em que o Papa era carregado solenemente
pelos membros da nobreza italiana (hoje, temos o “papamóvel”). Suprimiu em 1970 a Guarda Palatina do
Vaticano, que atuava desde o século XIX. Ao mesmo tempo que deu continuidade a medidas
de condescendências com os revolucionários dentro da Igreja, fez, ele mesmo,
várias coisas neste caminho. Uma das atitudes mais constrangedoras foi a
passividade perante o avanço do comunismo no mundo. Paulo VI, inclusive,
prestigiou pessoalmente os padres e religiosas que colaboravam com a seita vermelha,
e a outros que faziam agitação sem declarar abertamente o apoio ao comunismo.
Foi o caso, por exemplo, do apoio dado a D. Pedro Casaldáliga, um bispo
espanhol que veio ao Brasil com visíveis propósitos de incrementar guerrilhas e
subversões sociais.
Após
PauloVI, veio João Paulo I, com um sorriso que esbanjava simpatia e
popularidade. Mas durou pouco. Sua morte misteriosa ainda hoje não foi
inteiramente esclarecida. Seu pontificado de pouco mais de um mês prometia ser
algo de impactante, mas, provavelmente, carregado de sentidos ainda
tradicionais da Igreja. João Paulo II o substituiu e realizou um antigo desejo:
o de escolher um Papa não italiano. Nos primeiros anos de seu pontificado, João
Paulo II procurou trilhar a mesma linha de Paulo VI, deixando marcas profundas
de condescendências com os erros dos membros do clero e procurando, acima de
tudo, promover o ecumenismo. Ao longo dos anos, porém, foi sendo feita uma
transformação paulatina, até que os rumos fossem alterados. Talvez o atentado
sofrido na Praça de São Pedro, exatamente no dia 13 de maio, dia de Nossa
Senhora de Fátima, tenha produzido alguma reviravolta em seu pontificado. O
último sinal de seu ecumenismo ficou gravado na reunião promovida no ano 2000,
no monte Sinai, entre ele e os dirigentes das principais religiões do mundo. Aos
poucos, porém, seu pontificado foi tomando rumos diferentes daqueles que o
iniciou. Foi uma das peças importantes no desmoronamento do comunismo em seu
país e no resto do Leste europeu, embora nunca tenha condenado explicitamente a
seita vermelha. Talvez a atitude mais marcante contra o comunismo tenha sido a
reprimenda pública feita a um padre guerrilheiro da Nicarágua.
Sendo assim,
Bento XVI assumiu seu pontificado já no meio de uma guinada de rumos, numa
mudança tênue, mas constante, com sentidos um tanto tradicionais. Procurou
enriquecer os rituais, os símbolos que antes eram desprezados, e tomou muitas
atitudes disciplinares e teológicas necessárias. Deixou de dar ênfase ao
ecumenismo, embora o mesmo continuasse atuante por causa de correntes ainda
defensoras da comunhão geral e aglutinação das religiões numa só. Sua atitude
menos compreendida até hoje foi a renúncia. Deixou o trono de São Pedro numa
situação que alguns consideraram semelhante a de São Pedro que fugia de Roma
com medo do martírio.
Enfim,
chegamos ao impactante Francisco. Suas atitudes, tidas como simplistas e afetivas
junto ao povo, deixa, entretanto, um vazio em outros setores da Igreja. Todos
sabem que lavra dentro da Igreja um grande incêndio de religiosos que tramam
uma Revolução, não aceitam a autoridade do Papa, alguns nem dos bispos,
subvertem os rituais e os fazem cada vez mais prosaicos e até ofensivos ao
culto divino, difundem, assim, a falta de fé em vez da sacralidade ou então da
própria santidade. São estes que causam o afastamento dos fiéis e não seria a
missa pop e as danças litúrgicas que fariam trazê-los de volta. E há tanta
impunidade para religiosos que cometem até crimes horrendos, alguns contra a
castidade e contra a infância, por causa dessa condescendência geral com os
revolucionários que tomou conta da Igreja. Esta, sim, é a principal causa do
afastamento de fiéis.
Ninguém se
iluda: a conclamação de Francisco na JMJ, no sentido de que todos devem ser
missionários para pregar o Evangelho, não surtirá os efeitos desejados se não
houver uma profunda reforma interna, nos homens, nas almas, na espiritualidade,
na própria disciplina interna da Igreja. Quem é que vai pregar este Evangelho? Não
digam que são a maioria daqueles rapazes e daquelas moças que estavam na praia
de Copacabana dançando, pulando, gritando, alguns em trajes de banho, em vez de
rezando e dando culto a Deus! Não venham me dizer que a alegria das danças
agrada a Deus! Não venham me dizer que aquela gente vai conseguir levar o
Evangelho aos demais do jeito que estavam ali! Terminada a JMJ, todos voltam
para suas casas e a vida vai continuar a ser a mesma. Alguns com as fotos, os
vídeos, com muitas saudades da presença suave e sorridente de Francisco, mas,
nada mais! O efeito impactante de coisas tão superficiais dura pouco!
Tudo indica
que chegou para a Igreja o seu Domingo de Ramos. Nessa bonança e alegria, todos
estão contentes e ao lado do Papa. Mas, como ocorreu a Cristo, se vierem dias
mais dolorosos e tristes, todos o abandonarão.
Como prevê a imagem da última visão que a Irmã Lúcia disse ter visto,
onde o Papa sobe, sozinho, uma colina e é morto por seus inimigos...
Se um dia
isto ocorrer produzirá um impacto muito maior do que aqueles produzidos por
Francisco.
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