segunda-feira, 8 de julho de 2013

Alá era um deus pertencente ao antigo politeísmo arábico?

Alá era apenas um deus pertencente ao antigo politeísmo árabe?


Esta é uma pergunta que não se tenta responder nos dias atuais, muitos com receio da perseguição islâmica. De outro lado, considerar o deus deles como uma simples entidade idolátrica do politeísmo pode ser entendido, inclusive, como uma ofensa à religião islâmica e não como uma verdade histórica.

1. Situação do politeísmo na península arábica antes do Islamismo:

Merece destaque a descrição feita pela revista “”Aventuras na História”, edição de julho de 2013, página 45:

“Por volta do século 5, os habitantes da região do Mediterrâneo tinham se convertido ao cristianismo. O panteão dos deuses da Grécia e de Roma era só lembrança do passado. E, pelo jeito, os velhos deuses estavam mesmo na hora de se aposentar. O historiador Plutarco, sacerdote do templo de Delfos, lamentava-se, no século 2, que Apolo se calara: não respondia mais às consultas oraculares feitas por ele. Até os cultos de deuses “importados”, como o da egípcia Isis[1] e do persa Mitra, estavam em baixa. Em 394, um pequeno grupo de devoto de Isis fez a última procissão em homenagem à deusa pelas ruas de Roma.

As religiões pagãs tinham sido varridas do mapa? Não. No século V, na Península Arábica, os deuses Greco-romanos sobreviviam. Em Failaka (no atual Kuwait), festivais populares eram organizados em devoção ao deus Poseidon (o Netuno dos romanos) e à deusa Artemis (Diana). A deusa Minerva (Al-lat)[2] tinha adoradores na Arábia, na Síria e na Palestina. “Até o século 4, quase todos os habitantes da Arábia eram politeístas”, diz o professor de Oxford Robert G. Hoyland, autor de “Arabia and the Arabs – From the Bronze Age to the Coming of Islam” (Arábia e os Árabes – Da Era do Bronze á Vinda do Islã). “Al-‘Uzza (Afrodite) era cultuada no Sinai e na Arábia”, diz James E. Montgomery, professor de História Árabe da Universidade de Cambridge, autor de “Arabic Thelogy, Arabic Philosophy: From the Many to ghe One” (Teologia Árabe, Filosofia Árabe: do Múltiplo ao Uno).[3]

Como aconteceu essa assimilação? Bem, não foi só da Grécia e de Roma que os árabes pegaram deuses emprestados. “Hoje se acredita que as divindades árabes eram formas locais, adaptadas, das divindades do mundo antigo do Mediterrâneo”, registrou Timothy Winter, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, no ciclo de palestras “A Crash Course in Islamic History” (Breve Curso de História Islâmica). Os árabes assimilaram os deuses dos povos vizinhos, adaptando-os à sua religião[4]. A deusa Al-Lat, como vimos, era Minerva (nome romano da grega Atena) sob disfarce, mas nem tão disfarçada assim: em Cartago, a mesma deusa usava o nome de Allatu. “Muitas das divindades da Antiguidade ocidental poderiam ser facilmente intercambiáveis”, diz a historiadora Mary Beard, autora de “Religions of Romne” (Religiões de Roma). No século 5 a. C., isso já tinha despertado a atenção de Heródoto. Em seu périplo por terras árabes, o historiador observou um pacto entre dois chefes tribais feito em nome de Dionísio (o Baco romano). “Os árabes chamam Dionísio de Orotal”, escreveu Heródoto nas “Histórias” (430 a.C.).

Um caso ilustrativo é fornecido pelas observações do general romano Aelius Gallus. Em 26 a.C. ele foi enviado ao sul da Arábia para costurar acordos comerciais com os reinos da região (chamada de “Arabia Felix”, Arábia Feliz). Os romanos cobiçavam o incenso e as especiarias[5]. Gallus, em seu diário, ao deixou de notar a semelhança entre os deuses locais e o panteão romano. “O nosso Júpiter aqui é Dhu’Shara”, espantou-se”.

2. Quais eram os deuses da Caaba?

Na mesma edição da citada revista, comenta-se sobre as divindades que eram adoradas na Caaba de Meca[6]:

“O panteão árabe era bem pobre em termos de causos mitológicos[7]. A origem da religião, ou religiões, da Arábia pré-islãmica está envolta em um manto de obscuridade[8]. “Nós praticamente não possuímos informações sobre os mitos e narrativas que decodificariam a religião da Arábia pré-islâmica”, diz Hoyland. “Muitos autores Greco-romanos escreveram tratados sobre a Arábia e as coisas dos árabes, mas infelizmente eles foram perdidos, ou deles só sobraram fragmentos”. Os dados completos disponíveis são provenientes da historiografia islâmica, posterior.[9] Tal como os primeiros autores cristãos (Eusébio de Cesaréia, Santo Agostinho, Tertuliano), os muçulmanos viram o passado pagão[10] – romano ou árabe – sob o prisma da religião nascente. Reza a lenda (exposta no Livro do Gênesis, na Bíblia), que os árabes descenderiam de Ismael, o filho de Abraão com a concubina Hagar, a serva egípcia de sua esposa, Sara. Quando Sara deu à luz Isaac, obrigou o marido a expulsar a serva e o primogênito. Hagar e o menino erraram pelo deserto, até chegarem ao árido vale de Meca, onde se estabeleceram.[11]

A religião original da Arábia seria estritamente monoteísta, baseada na crença no Deus Uno, ensinada por Abraão e Ismael. Segundo a história islâmica, a Caaba – “A Casa de Deus”[12], prédio de forma cúbica no coração de Meca – teria sido construída por Abraão e Ismael [13]. Na obra “O Livro dos Ídolos”, do século 9, que trata do politeísmo árabe, é dito que o primeiro descendente de Ismael a adulterar a religião de Abraão foi um certo Al-Harith, guardião da Caaba. Ele retornou a Meca com um ídolo de pedra e pediu sua intercessão junto a Deus. Com o tempo, a presença de Deus tornou-se tênue no imaginário local, e os ídolos, que antes serviam de ponte entre os homens e Deus, usurparam a posição divina. Viraram deuses, no plural. No século 3, segundo Al-Azraqi, autor das “Crônicas de Meca”, 400 ídolos de pedra haviam sido erigidos ao redor da Caaba, homenagem aos mais diversos deuses da Arábia e dos povos vizinhos. Essa é a versão dos historiadores muçulmanos, que enfatizaram, em suas narrativas, um monoteísmo mítico em Meca. Os vestígios arqueológicos, no resto da Arábia, apontam à interioridade das religiões politeístas na região”.

3. Comentários sobre a possível verdade histórica:

Vê-se, pelo texto acima, que o povo árabe era descendente de Ismael, filho de Abraão. Até aí tudo coincide com os dados da Sagrada Escritura e, possivelmente, com a realidade dos fatos. Ismael, como filho de Abraão, era um Patriarca que deu origem a uma estirpe, a uma grande etnia ou nação. São os árabes ou ismaelitas que povoaram aquela península. No entanto, a maioria muçulmana não é árabe, pois não é árabe, por exemplo, o povo do Iraque, da Turquia, do Afeganistão, do Marrocos, e tantos outros que formam o islã. Como era filho de Abraão, com quem conviveu, Ismael pode ter sido monoteísta, pelo menos enquanto estava na companhia do pai, mas não há nada que o diga ou o comprove, ou mesmo que o foi até o fim de sua vida. Da mesma forma, não há qualquer indício de que Maomé venerasse o Deus de Abraão. As noticias que falam sobre isso vieram pelos filósofos abaixo citados: as fontes que falam sobre a vida de Maomé apenas o citam como um esperto comerciante e nada mais.

Em seguida, vemos agora a comprovação histórica de que aquela região ficou infestada de deuses pagãos, cerca de 360 ídolos, segundo alguns historiadores. E isso ocorreu, mais ou menos, em concomitância com o surgimento do Cristianismo que varreu o paganismo do Império Romano e da Grécia. Quer dizer, os deuses pagãos mudaram de lugar e passaram a ter outros nomes, embora com a mesma finalidade.

O Cristianismo chegou a predominar por algum tempo na península arábica, e nesta ocasião, certamente, foi reavivada a crença no Deus de Abraão. Não foi, porém, este o ideal de Maomé (reavivar a antiga religião hebraica) mas, sim, impor a todos uma religião qualquer que ele abraçaria, alegando ser a de um só deus para tentar seduzir os povos da localidade, uma mistura de monoteístas, ex-cristãos e politeístas. Esperto como era, não deixou de enfatizar a tradição existente na crença do Deus de Abraão, mas não tão firme naquela população cheia de religiões pagãs.

Segundo historiadores escrevem no compêndio de história da Time-Life, intitulado “História em Revista”, no volume “A Marcha do Islã” (Pág. 30 e seguintes), tudo indica que Alá era um dos deuses adorados dentre os mais de 360 da região de Meca, sendo o nome dele imposto por Maomé, que mandou destruir todos os demais. A certa altura, o fundador do Islamismo mandou destruir todos os ídolos, mantendo, porém, o de Allah.

Como é que atualmente não há nenhuma representação dessa entidade idolátrica? A partir da estruturação do islamismo por seus filósofos, séculos X e XI, o termo Alá passou a ser usado como sinônimo de Deus entre os árabes, Deus único como é chamado o Deus verdadeiro, adorado por Cristãos. Não ficaria bem para a seita a existência de alguma estátua ou representação idolátrica; foi quando surgiram várias seitas, como a dos sufistas, cujo objetivo era unicamente destruir todos os símbolos, estátuas ou, até mesmo, algo que representasse qualquer traço cultural. Elas se encarregaram de tirar a estátua de Alá para que o mesmo adquirisse o epíteto de Deus verdadeiro, que é puro espírito. Da mesma forma não há qualquer desenho, pintura ou estátua de Maomé, e isso é para que se acredite na ortodoxia dos sufistas.

4. A filosofia islã

O termo islã, em árabe, quer dizer "obediência a Alá". Mas essa “obediência” precisa ser melhor esclarecida, pois vem da crença de que o destino do homem é imposto arbitrariamente pela vontade de Deus, sendo impossível opor-lhe a nossa vontade. O termo “islã” é usado, também, com o significado de abandono e resignação na vontade de Alá. Como se vê, uma “resignação” inteiramente fatalista.

Como já vimos, antes do maometanismo, os árabes e outros povos daquela região (principalmente Meca e Medina, onde nasceu o movimento) mantinham pálidas tradições antigas de crença em Deus e em um Patriarca do Antigo Testamento, Abraão, de quem descendem através de Agar e Ismael. Criaram um santuário, chamado Caaba, onde as diversas tribos adoravam seus ídolos pagãos. Não se sabe se nesta época o termo Alá já era designado como Deus, supondo-se que era apenas um dos ídolos ali adorados. É provável que em tempos bem remotos aquele povo adorava o verdadeiro Deus, mas aos poucos a idolatria pagã misturou seu culto com os demais. Há historiadores que afirmam que havia naquele santuário mais de 360 ídolos, dentre eles supostamente o do próprio Alá, Allah ou Al-Lat. O ídolo principal no tempo de Maomé, chamava-se Hubal e era venerado também na Caaba.

A verdade histórica seria que Maomé fez-se passar por profeta de um único Deus e o impôs pela força das armas. Para adquirir maior credibilidade inventou uma história de que o Anjo Gabriel havia lhe aparecido com uma mensagem, a qual foi inteiramente apoiada pela sua rica esposa, Kadija. A “mensagem” dizia que só deveria ser venerado ali um único deus, ou deusa, e que somente Maomé seria o profeta dele, uma exclusividade imposta pela força e não pelo convencimento de alguma realidade. O que não concorda com as habituais aparições de São Gabriel é que o local da suposta “aparição” ficou marcado com um “sinal”, isto é, um meteorito provocado pela “descida” do anjo à terra, guardado misteriosamente dentro da Caaba. Não, não há um só anjo bom que tenha deixado tais “sinais”, mas, ao contrário, isso é muito mais apropriado a “aparições” de anjos maus.

Mas, o que não falam é que o misterioso personagem angélico lhe mandou fazer guerra contra as outras religiões, o que também discorda completamente com qualquer princípio de uma religião de Deus. Dizia a seus partidários: “Fazei guerra aos que não crêem em Alá, nem no seu profeta; fazei-lhes guerra até que paguem tributo e sejam humilhados”. Por isso, a chamada “guerra santa” é quase um dogma entre eles. Pelas armas Maomé impôs sua religião aos povos daquela região, começando por massacrar os habitantes de Meca e Medina que o rejeitaram no início. Depois, foi pelas armas que o islamismo foi se impondo aos outros povos, até invadir a própria Europa no século VIII, dominando toda a Península Ibérica.

Sendo assim, em sua origem o islamismo não era monoteísta, no sentido de um só Deus verdadeiro como crê o Cristianismo. Poderíamos dizer que era "monodeísta", isto é, Maomé mandou destruir todos os outros falsos deuses que haviam em Medina, erigindo um deles como o único, que era Alá. Então, Alá era um deus pagão escolhido como entidade venerativa e adorativa pelos maometanos. Depois que o islamismo dominava vários países e crescia no mundo, tornou-se necessário criar seu primeiro "dogma", afirmando que o deus Alá seria um ser supremo e único, infinitamente perfeito, criador do universo e juiz soberano dos homens. Com o tempo a palavra Alá passou a significar "Deus", assim como se com o tempo algum povo que adorasse Júpiter ou Diana fizesse com que o nome de um desses deuses passasse a significar o termo "Deus". As mesquitas muçulmanos não expõem imagens ou qualquer figura que represente Alá. Nem sequer Maomé tem sua figura representada em alguma estátua ou pintura. Mas dizem que Alá é o único deus verdadeiro. Isso se deve, porém, aos sufistas que, ao longo dos anos, pregaram a simplicidade como método de vida e mandaram destruir tudo o que era símbolo e representação cultural – eles odeiam a cultura.

Quando criaram tais "dogmas”? Foi, mais ou menos, a partir do século X, quatro séculos depois do surgimento do movimento, que os seus filósofos idealizaram as suas normas que hoje predominam, inclusive o "dogma" acima, em parte copiado do Cristianismo, mas tido como reflexo de estudos da filosofia aristotélica. Estes filósofos foram, especialmente, Alfarabi, Avicena, e Averrós. Mas se estes idealizaram a "estrutura" filosófica e, digamos assim, "teológica" do islamismo, era necessário alguém criar os rituais, as leis, etc. E foi aí que surgiu o sufismo, o islamismo na prática.

Ao longo dos anos foram então criados cinco códigos legais, ou cinco atos pelos quais o muçulmano manifesta sua fidelidade ao seu ideal religioso. O primeiro é uma espécie de profissão de fé, pelo qual ele se obriga a crer que Alá é o único deus que existe no mundo. Não é que ele seja Deus, mas o único deus. No mesmo código o fiel é obrigado a declarar que o único profeta deste deus é Maomé. Sua prece (ou "Salat") tem que ser feita virada para a cidade de Meca, umas cinco vezes ao dia, num conjunto de prosternações (com mãos no chão e de quadris para cima) e fazendo abluções. O fiel é também obrigado a cumprir o preceito de fazer uma peregrinação a Meca pelo menos uma vez na vida (o "hajdj'). No mês chamado de "ramadã" ele é obrigado a fazer o jejum, que é apenas diurno. Há também a obrigatoriedade da esmola legal ("zakat"), costume que hoje não existe mais. Antigamente existia o dízimo, que era direcionado unicamente para a guerra santa, ou "jihad".

Não existe um clero muçulmano propriamente dito, mas informalmente se formam o que se chama de "marabutos" ou dervixes, espécies de faquires, com rigorosas práticas de asceses através de jejuns rigorosos e vestimentas de andrajos. O livro principal deles, chamado "corão" ou "alcorão", é apenas um amontoado de frases e conselhos supostamente ditados por Maomé, mas que alguns autores supõem que foram inventados por seus seguidores. Algumas destas frases foram copiadas de outras religiões ou filosofias.

O sufismo, modelo de vida para os que praticam o islamismo

Que é o sufismo? Trata-se de regras e práticas ascéticas e místicas de um conjunto de escolas, de seitas e de confrarias muçulmanas. Em geral, a prática consiste em se despir de tudo o que é cultura, tudo o que é conforto, tudo o que leva o homem a se elevar em busca de aspirações mais altas para a alma, e se entregar inteiramente a uma vida de misérias, de fome, de quase completa inanição e indolência espiritual, em busca de uma suposta "perfeição". Com esta prática de vida, tais "monges" adquirem uma aura de "santidade" entre os crentes de sua seita e podem assim se impor em suas comunidades como verdadeiros conselheiros, pajés, feiticeiros, xamãs, guias espirituais, gurus, etc. Além disso, eles são um exemplo vivo da prática de sua religião a ser seguido pelos crentes.

Os sufistas sempre combateram os filósofos e "teólogos" do islamismo, criando uma imagem material do fundador de sua religião. As primeiras escolas do sufismo foram criadas no século IX em Bagdá. A partir do século XIII se espalharam várias confrarias (chamadas de "Tariqas"), onde os seus membros (denominados de "murid") se colocavam em busca de uma identificação com o seu deus, Alá, guiados por um espécie de guru, chamado de "cheilich" ou "murchid", praticando uma técnica chamada "dhikr", o elemento central do ritual sufista. Assim, surgiram várias organizações ou confrarias sufistas: os "quadiriyya" em Bagdá (séc. XII), os dervixes mawlawis (séc. XIII), os "naqchbandiyya", na Ásia central (séc. XIV), os "sanusiyya" no Magreb (séc. XIX). Da mesma forma, os marabutos do Norte da África pertencem à mesma confraria.

Quando os muçulmanos dominavam a Península Ibérica, a partir do século XI começaram a surgir as primeiras confrarias de inspiração sufista, como a que foi adotada pela dinastia dos Almorávidas. Provinham do continente africano, mas logo invadiram a Andaluzia e se tornaram um dos piores perigos para o domínio do resto da Europa. De onde vieram? Como surgiram?

Em 1039, o faquir Abdállah Ben Yássin (Abd Allah ibn Yasin), da tribo de Jazula, no Magreb, começou a reislamizar as tribos nômades do Saara. Seus primeiros adeptos passaram a se chamar “almorávidas” (al-morabetin) porque estavam ligados com voto especial para fazer guerra santa em “la rábida” (ou castelo fronteiriço) que o faquir havia fundado numa ilha do rio Níger. Na realidade, o castelo era uma espécie de “convento”, onde os discípulos do faquir eram recrutados entre os berberes saarianos para serem ali treinados, com formação religiosa e militar.

Abdállah levou seus discípulos à guerra santa contra os que não escutavam sua pregação, islamizando rapidamente a região do Saara. Entre as 70 cabildas irmãs da grande tribo de Sanhaja que pastoreavam seus camelos através do deserto, a dos Lantunas se distinguiu pelo zelo religioso, assim que Abdallah a escolheu e selecionou dentro dela os primeiros emires, completando a conquista do Saara e indo depois em busca do Sudão. O emir principal guiava os almorávidas na guerra, porém Abdallah era o verdadeiro soberano, pois era quem mandava no emir, sobre cujas costelas desnudas descarregava o açoite da penitência quando tinha que repreendê-lo por alguma falta cometida. Vê-se bem que há uma dupla dominando a tribo, representando o poder civil e religioso, mas é o faquir, detentor do poder religioso, quem manda realmente. Em alguns casos, como ocorre com as tribos de índios americanos, o próprio faquir é quem governa, absorvendo ele os dois poderes.

Estes primeiros almorávidas eram rigorosamente fiéis aos princípios islâmicos e moviam atroz perseguição religiosa nas terras por eles conquistadas. Impunham as leis mais absurdas, como a do matrimônio polígamo, queimavam as tendas que vendiam vinho, destruíam instrumentos musicais que julgavam corruptores dos costumes, aboliam todos os impostos que não estavam previstos no alcorão, permitindo só cobrar os dízimos e as esmolas dos muçulmanos, os tributos devidos pelos fiéis de outras religiões e o quinto do botim de guerra, isto é, da guerra santa. É exatamente desta forma que os muçulmanos agem hoje no Sudão e em alguns países onde imperam estas confrarias sufistas e fiéis aos princípios maometanos até suas últimas conseqüências. Nessa sanha destruidora e contrária a qualquer surto de civilização, destruíram toda e qualquer representação de Alá ou Maomé que por acaso existisse em forma de estátuas.
Qual a distinção entre árabe e muçulmano?

É comum confundir-se o termo "muçulmano" com "árabe", ou até mesmo com a palavra "Islã". Na realidade, o Islã é todo o conjunto de povos que praticam a religião muçulmana, e o termo é usado também como o movimento político de expansão do maometanismo; muçulmano é todo indivíduo que pratica aquela religião, seja árabe, turco ou marroquino. Agora, árabe é apenas aquele que nasceu na península arábica, a famosa Arábia, formada pelos países Arábia Saudita, Iêmen, Omã, Emirados Árabes, e os principados de Catar, Barein e Kuwait. Podem ser chamados de árabes todos os povos que falam o idioma árabe, mas também o termo significa todos aqueles que descendem dos ismaelitas, povo semita de origem comum com os israelitas. Então, o sujeito pode ser árabe quanto à raça, quanto à língua e quanto ao país onde nasceu, mas nem todo muçulmano é árabe quanto à nação nem quanto à língua. A maior parte das populações muçulmanas, atualmente, não é árabe nem quanto à língua nem quanto à raça.

Além dos países acima citados, temos de língua árabe os que formam o Magreb, Argélia, Tunísia e Marrocos, além da Jordânia, Líbano e Síria . Numa população mundial superior a 700 milhões de seguidores (onde a maioria vive na Ásia, com mais de 400 milhões, e em segundo lugar na África), a maior população muçulmana do mundo é a da Indonésia, 85% de seus duzentos milhões de habitantes, mas nem falam árabe nem são de origem árabe. Em seguida, temos os muçulmanos oriundos do poder otomano no Egito e na Turquia, porém nem são árabes quanto ao idioma ou quanto à raça. Na Europa oriental, no Iraque, no Afeganistão, na Índia e em diversos outros países é a mesma coisa, em alguns inclusive eles são minoria.

São Tomás de Aquino diz o seguinte sobre o Islamismo:
Maomé seduziu os povos prometendo-lhes deleites carnais. .... Introduziu entre as poucas coisas verdadeiras que ensinou muitas fábulas e falsíssimas doutrinas. Não aduziu prodígios sobrenaturais, único testemunho adequado da inspiração divina. ....
Afirmou que era enviado pelas armas, sinais estes que não faltam a ladrões e tiranos. Desde o início, não acreditaram nele os homens sábios nas coisas divinas e experimentados nestas e nas humanas, mas pessoas incultas, habitantes do deserto, ignorantes de toda doutrina divina. E só mediante a multidão destes, obrigou os demais, pela violência das armas, a aceitar a sua lei.
Nenhum oráculo divino dos profetas que o precederam dá testemunho dele; ao contrário, ele desfigura totalmente o Antigo e Novo Testamento, tornando-os um relato fantasioso, como o pode confirmar quem examina seus escritos.
Por isso, proibiu astutamente a seus sequazes a leitura do Antigo e Novo Testamento, para que não percebessem a falsidade dele.
(“Summa contra Gentiles”, L. I, c. 6. )


NOTAS:

[1] A vidente Beata Ana Catalina Emmerich conta que, tanto o Patriarca José como a esposa Asenet eram tidos como deuses pelos egípcios, a ponto de terem criado duas divindades baseadas na fama deles, que foram Isis e Osiris: “Tenho visto, por exemplo, que os deuses Isis e Osiris não eram outra coisa que José (vice-rei do Egito) e Asenet (sua esposa), que os astrólogos do Egito haviam predito a raiz de visões diabólicas, e que eles haviam colocado entre seus deuses. Quando chegaram, foram venerados como deuses. Tenho visto que Asenet se lamentava e chorava por isso, e até escreveu contra o culto que se lhe tributava”. Quanto a Mitra, pertencia às mitologias persa, indiana e greco-romana.



[2] Seria esta que deu origem ao termo Al-lah, Allah ou Alá, que passou a significar “deus” para eles?. Lembremos que toda palavra árabe começada pela partícula “al” (artigo “o” ou “a”) é sempre anteposta a algum título de honra. Na Espanha, a partícula “al” mudou para “el”, dando origem a termos como “el-rei” (o rei) e o famoso El Cid (O Senhor).



[3] No Alcorão são mencionados 99 atributos humanos a Alá, todos eles iniciados com a partícula “al”., "O Clemente" (Al-Rahmān), "O Querido" (Al-'Azīz), "O Criador" (Al-Khāliq), entre outros. O conjunto desses atributos recebe em árabe o nome de al-asmā' al-husnà ("os melhores nomes") – o centésimo atributo seria o próprio Allah.



[4] O articulista deveria dizer “religiões”, pois eram várias delas que havia por lá.



[5] Há historiadores que afirmam a queda do uso de incensos por causa do cristianismo, causando prejuízos aos mercadores árabes, daí suscitando a Maomé sua guerra para impor sua religião.



[6] O próprio lugarejo chamado Meca não passava de um amontoado de casas, com pouco mais de 3 mil habitantes, mas situada numa passagem obrigatória de caravanas de negociantes para o Ocidente



[7] A afirmação não confere com a de outros historiadores que afirmam que havia lá mais de 300 deuses!.



[8] Será que tal “obscuridade” não é proposital para esconder alguns aspectos sombrios do islamismo?



[9] É fato histórico que o islamismo foi “estruturado” com o surgimento do Alcorão e outras fontes, a partir do século X ou XI, quando surgiram alguns filósofos da seita.



[10] O autor confunde aqui o termo “pagão” somente usado pelos judeus e cristãos aos que não são de ambas as religiões. Quer dizer, esconde que o islamismo é um tipo de paganismo. Eles adoram um deus pagão.



[11] Já aqui as lendas podem ter sido inventadas pelos filósofos que estruturaram o islamismo a fim de lhes conferir credibilidade, pois não há qualquer fonte que confirme que Ismael morou em Meca, principalmente porque, como reconhece o autor, era uma região árida...



[12] A casa de “deus” ou de um deus pagão chamado Alá, Alah ou Al-Lat, que era venerado antes ao lado de centenas de outros ídolos.



[13] Versão fantasiosa e inverossímil com relação a Abraão, o qual viveu em regiões distantes, longínquas da Arábia...

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