Chamo
a atenção para uma curiosidade: a data em que o Papa escolheu para anunciar a
sua renúncia, 11 de fevereiro, dia de Nossa Senhora de Lourdes, foi a mesma em
que se anunciou o Tratado de Latrão, em 1929. Não há coincidência de alguma
semelhança nos fatos, mas apenas das datas. Tão logo Bento XVI fez seu anúncio,
ocorreram alguns fenômenos naturais, como o caso (embora não comprovado) do
raio que caiu na cúpula de Basílica de São Pedro, e, alguns dias depois, a
queda do meteorito na Rússia. Fenômenos naturais podem nada significar, mas
para quem tem Fé podem ser sinais de que a Providência está para agir com os
meios de que dispõe para correção dos rumos da humanidade. Enfim, os
acontecimentos previstos por Nossa Senhora em Fátima podem estar por serem
desencadeados, e tal pode ocorrer exatamente em decorrência da situação da
Igreja, que iniciou seu calvário exatamente em 1859 quando, concomitante com o que Nossa Senhora disse em Lourdes, "Eu sou a Imaculada Conceição", o Papa estava proclamando este dogma.
Se
deitarmos um olhar, mesmo rápido, sobre a efervescência criada, especialmente
nos meios midiáticos, logo após o anúncio da renúncia do Papa, podemos prever
que tipo de tormenta se desencadeará sobre a Igreja quando o fato for
consumado. Vários desmentidos estão sendo feitos diariamente sobre notícias e reportagens
fantasiosas que criam sinistras motivações para a decisão de Bento XVI. Mesmo
ocupando-se em desmenti-las todas, fica difícil afastar da opinião pública a ideia de
motivações mesquinhas ou de caráter até criminosos como querem transparecer.
Examinaremos
abaixo, algumas situações que podem ser criadas após o próximo Conclave:
1ª. Hipótese – Um continuador da obra de Bento XVI. Tem sido comum na história dos Papas que haja
um ou dois pretensos continuadores da obra de um Pontífice, mas não passa desta
exígua quantidade. Assim, é improvável que seja eleito um continuador de Bento
XVI, haja vista que ele mesmo se considera o elo de uma sequência de Papas que
vêm seguindo a obra iniciada por João XXIII, e isso nos dá uma série de pelo
menos quatro Papas. No entanto, supondo que isso ocorra qual a consequência
para a Igreja e o Papado? De um lado,
haveria uma discrepância com o que vêm anunciando: um Papa mais novo e
inovador; a não ser assim o eleito, causaria em muitos uma grande insatisfação. No fundo, muitos poderiam
entender que a continuidade seria apenas a aplicação da mesma política de
conciliação e cheia de vacilações na manutenção da disciplina. De outro lado,
haveria a continuidade da mesma característica conservadora em alguns aspectos,
pelo menos nos dogmáticos e morais, causando uma reação mais violenta dos
progressistas e dos inimigos extra-muros da Igreja. Estando assim presente não
a ideia de mudança, mas de manutenção do “status quo” atual, não se presume que
elejam um continuador de Bento XVI em sua política atual.
2ª. Hipótese – Um novo São Pio X - Tratar-se-ia de um Papa cuja meta principal seria colocar em ordem a
situação dogmática e disciplinar da Igreja. Não há nenhuma tendência entre os
cardeais que os movam nessa direção: a não ser que haja uma intervenção
sobrenatural do divino Espírito Santo, como ocorreu muitas vezes, tal hipótese
é improvável. Pelo menos nos planos meramente naturais. Um Papa que agisse nos
moldes de São Pio X mostraria mais abertamente as chagas da Igreja,
especialmente as heresias e o cisma velado atual. Se houver um Papa assim,
seria um mártir em potencial e sua morte se daria em pouco espaço de tempo,
cumprindo-se então a visão de Fátima contida no terceiro segredo. Teríamos uma
Santa Sé vacante muito rapidamente e um novo conclave. Talvez não desse tempo nem os cardeais
eleitores chegar em suas respectivas dioceses e já estariam de malas prontas
para voltar ao Vaticano.
3ª. Hipótese – Um progressista – Em virtude do
declínio que vem caindo sobre os progressistas, e sua consequente
impopularidade entre os católicos, essa hipótese é mais improvável ainda. De
início, poderia haver muitos aplausos de católicos tíbios e de pouca fé, além,
é claro, dos modernistas, progressistas e de todos os inimigos de fora da
Igreja. Com relação aos católicos mais fiéis à igreja (os chamados bons
católicos), poderia ser criada uma situação de orfandade e de constrangimento,
mas silenciosa, como silenciosos são todos os bons católicos. Embora no
anonimato que escolheu, o Papa aposentado seria forçado a fazer comentários
sobre algumas medidas progressistas, ele que chegou até a afastar muitos deles
e a censurar tantos outros da mesma corrente. E sua voz se somaria a de todos
os outros conservadores que lutaram e lutam contra a presença dos progressistas
dentro da Igreja. Enfim, um progressista poria às claras a luta interna entre
ambas as correntes, o que não é desejado pela maioria dos cardeais eleitores.
Dada a pouca popularidade do progressismo e a celeuma que desencadearia, ou
esse Papa mudaria tal política ou teria que renunciar em pouco tempo. E a
seguir, novo conclave...
4ª. Hipótese – Um liberal e conciliador - Trata-se de uma hipótese absurda: a de que se
eleja um Papa sem nenhuma das características anteriores. Nesse caso, teria que
ser um homem conciliador e ao mesmo tempo liberal. Quer dizer, conciliador
porque procuraria pacificar todos os contrários que lutam dentro da Igreja, e
liberal porque não tomaria nenhuma medida drástica e disciplinar para coibir
abusos. Seria uma linha diferente, embora não oposta, a que vem tomando Bento
XVI. No entanto, cairia no descaso e na desmoralização, embora se pudesse dizer
que estaria ali como homem de transição. Nesse caso, sua renúncia seria também
rápida, talvez com Bento XVI ainda vivo.
5ª. Hipótese – Regência do colégio de cardeais
– Para muitos pode parecer absurda tal hipótese, mas não impossível. Como
poderia ocorrer a hipótese de haver regência do colégio cardinalício no lugar
de um Papa? É claro que não há essa
hipótese nas leis da Igreja, a não ser no período do Conclave. No entanto, os
progressistas há muitos anos que lutam para prevalecer tal situação, pois negam
que a Igreja tenha caráter monárquico, mas democrático. Basta que não seja
eleito um novo Pontífice, que não haja consenso sobre o nome a ser escolhido,
ou mesmo que alguns dos escolhidos recusem o cargo, para que seja criada uma
situação de fato, isto é, a vacância da Santa Sé adquira um caráter mais firme
pelo tempo que dure. Essa acefalia da Igreja poderia durar um tempo mais longo,
e aí então o Colégio cardinalício (que só teria, de início, competências apenas
no Conclave) criaria leis ou disposições para que fosse possível dirigir os
destinos da Igreja. Pelo menos aquilo que diz respeito aos problemas
burocráticos, políticos e sociais poderia ser gerido por um grupo. Não haveria,
é claro, medidas de caráter dogmático e moral, pontos decisivos na
infalibilidade pontifícia. Nessa hipótese, no entanto, estando os cardeais
divididos como estão, não conseguiriam resolver os problemas que surgirem a
contento. Deixariam de ser tomadas decisões urgentes e necessárias porque não
chegariam a um acordo entre si. Estaria criado o caos dentro da Igreja. Nesse
caso, somente a intervenção divina para salvá-La, como de fato ocorrerá se
prevalecer tal hipótese. Como? Não se
sabe, a não ser por deduções de algumas profecias do passado que falam sobre
uma catástrofe universal que cairia sobre a humanidade, e a Igreja sairia da
procela renovada, mas por ação direta do próprio Deus que a fundou.
Quanto
à Santa Sé ficar vacante por longo período, houve vários casos na História dos
Conclaves. No primeiro que assim foi chamado, durou de 29 de novembro de 1268
até 01 de setembro de 1271, 2 anos e nove meses. Um outro que durou bastante
foi na eleição de São Clemente V, de 5 de abril de 1292 a 5 de julho de 1294,
um longo período de 2 anos e 3 meses. Na
eleição de João XXII, ocorrida em 1314, durou 2 anos e 4 meses.Na maioria dos conclaves a eleição dura somente alguns dias. Mas houve casos de durar meses, como no da eleição de Nicolau III (1277), 5 meses; Nicolau IV, seu sucessor, 9 meses; Clemente V (1305), 11 meses; Gregório XI (1370), 3 meses; Pio IV (1559), 3 meses; Alexandre VII (1655), 3 meses; Inocêncio XI (1671), 5 meses; e, finalmente, Clemente XIV, Pio VI e Pio VII, no período de 1769 a 1800, só foram eleitos, cada um dele, após mais de 3 meses de conclaves. A partir do século XIX os conclaves elegiam os Papas em questão de poucos dias. Será que o mesmo ocorrerá a partir de março próximo? Se ocorrer é porque o consenso dos eleitores girará em torno das quatro primeiras hipóteses acima relacionadas; e se ocorrer indecisão e demora é porque vai prevalecer a última. Aguardemos para ver o que vai ocorrer de fato.
Uma
coisa é certa: em qualquer uma das hipóteses acima, ou de alguma outra não
prevista nesse texto, a Igreja sempre sairá vitoriosa porque Ela é
essencialmente divina, embora com sua parte humana. Só nos resta rezar para que
Nosso Divino Salvador intervenha em Seu Corpo Místico militante e possamos, o
mais breve possível, ver tudo renovado como prometeu Nossa Senhora em Fátima,
ao dizer: “Por fim, meu Imaculado Coração triunfará”. Outro não é o triunfo do
Imaculado Coração de Maria senão o da Esposa de Cristo, a Santa Igreja
Católica, Apostólica, Romana.
Assistam os vídeos
históricos exibidos pela TVE sobre a origem do estado do Vaticano:
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