Duas notícias alvissareiras nos vêm da Irlanda. A primeira foi a do último referendo em que a maioria da população, maciçamente católica, repudiou a nova constituição da União Européia. Os motivos principais deste repúdio foram alguns pontos nebulosos daquela constituição, dentre os quais o apoio ao aborto, à eutanásia, ao casamento de homossexuais, etc. Quer dizer, os problemas morais e religiosos, que afetam a toda população que se diz ainda cristã mas não são respeitados pelos legisladores europeus, foram os pontos principais que determinaram a recusa pública desta nova constituição.
A segunda notícia diz respeito a um provável retorno de milhares de anglicanos ao seio da Igreja Católica. Três paróquias completas da chamada "Igreja da Irlanda", ramo irlandês do anglicanismo, pediram para ser aceitos como católicos junto com outros aglicanos de outros 12 países onde aquela religião existe. Ao todo, seria uma população equivalente a 400 mil. Esta notícia foi divulgada pelo semanário católico "The Irish Catholic". As paróquias anglicanas, dos condados de Down, Tyrone e Laois, pertencem ao rito conservador da "Igreja da Irlanda". Eles estão pedindo uma união plena, corporativa e sacramental com a Igreja Católica sob a autoridade do Papa. O descontentamento dos anglicanos com sua religião teve seu desfecho mais intenso quando um concílio de bispos aprovou a ordenação de mulheres e quando, mais recentemente, sagraram como bispo um homossexual. Um porta-voz da "Igreja da Irlanda" confirmou ao semanário "The Irish Catholic" que esperam ser recebidos "em plena comunhão" com a Santa Sé, em Roma, especialmente após a decisão tomada durante uma reunião plenária da "Comunhão Anglicana Tradicional", conhecida lá pela sigla inglesa TAC. Segundo um comunicado da TAC "os bispos e vigários unanimemente aprovaram o texto da carta enviada à Sede de Roma para pedir a plena unidade". A carta foi solenemente assinada por todo o colégio de bispos e confirmada ao primado e a dois bispos eleitos pelo colégio para ser apresentada à Santa Sé. O mesmo comunicado afirma que referida carta já foi entregue à Congregação para a Doutrina da Fé, em Roma.
As autoridades do Vaticano estão tratando este assunto com a máxima cautela e evitando publicidade demasiada para se evitar especulações. Deste modo, ainda não houve nenhuma manifestação pública da Cúria Romana sobre o assunto. Como a imprensa já começa a divulgar tais notícias, espera-se que em breve surja algum pronunciamento oficial do Vaticano.
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