quarta-feira, 22 de outubro de 2025

O MAIS BELO CAPÍTULO DO JUÍZO FINAL

 


É bem possível que no fim do mundo nós tenhamos, no Juízo Final, um dos mais belos capítulos do Juízo Final quando Nossa Senhora for mencionada! Eu não quero dizer que Ela vá ser julgada, porque eu A acho alheia a qualquer julgamento. Ela não está em juízo, Ela não está nem sequer sob o juízo de Deus, porque Ela já foi coroada, está no Céu de corpo e alma. Mas uma vez que se vão declarar não só as culpas, mas também os méritos de todos, acho impossível que os d’Ela não sejam mencionados. 

E então, sim, quando Deus Nosso Senhor falar a respeito do mérito dos bem-aventurados, Ele falará d’Ela e saberá dizer d’Ela a palavra perfeita que A defina por inteiro e que contenha todos os elogios que Ela merece! E então todos os anjos vão cantar, vão desdobrar, vão repetir e todos os fiéis que se tiverem salvo, vão também louvar a Nossa Senhora! E, provavelmente, insistindo nas invocações, cada qual nas invocações que nesta terra mais serviram para aproximá-lo d’Ela ou que mais lhe falaram das graças d’Ela. E nesta ocasião Nossa Senhora vai ter o louvor suficiente, o louvor proporcional, inteiramente adequado em Deus! Balbucio além do qual não conseguiríamos ir, nós, homens, porque tudo o que diremos d’Ela é ainda um balbucio, mas que repetiremos por toda a eternidade. A coroa das glórias d’Ela estará completamente tecida!


(Plinio Corrêa de Oliveira - Conferência, 8 de setembro de 1970)

terça-feira, 21 de outubro de 2025

A SAGRADA ESCRITURA ELOGIANDO A BOA ESPOSA

                        

"Quem encontrará a mulher de valor? Vale muito mais do que pérolas.  Nela confia seu marido, e a ele não faltam riquezas.                             .

Traz-lhe a felicidade, não a desgraça, todos os dias de sua vida. 

Adquire a lã e o linho, e trabalha com mãos hábeis. 

É como a nave mercante, que importa de longe o grão. 

Noite ainda, se levanta para alimentar os criados. E dá ordens às criadas.        .                    

Examina um terreno e o compra, com o que ganha com as mãos planta uma vinha.  

Cinge a cintura com firmeza, e emprega a força dos braços.  

Sabe que os negócios vão bem , e de noite sua lâmpada não se apaga.     Lança a mão ao fuso, e os dedos pegam a roca.     

Estende a mão ao pobre, e ajuda o indigente. Se neva,  não teme pela casa , porque todos os criados vestem roupas forradas.         

Tece roupas para o seu uso, e veste-se de linho e púrpura.          

Na praça o seu marido é respeitado, quando está entre os anciãos da cidade.       

Tece panos para vender, e negocia cinturões.         

Está vestida de força e dignidade, e sorri diante do futuro.              

Abre a boca com sabedoria e sua língua ensina com bondade.           Vigia o comportamento dos criados, e não come pão no ócio.             

Seus filhos, levantam-se para saudá-la, seu marido canta-lhe louvores.           

Muitas mulheres ajuntaram riquezas, tu, porém, ultrapassas a todas.

Enganosa é a graça, fugaz a formosura! A mulher que teme o Senhor merece louvor!

Dai-lhe parte do fruto de suas mãos, e nas portas louvem-na suas ordens.       

(Provérbios 31, 10-31)


terça-feira, 14 de outubro de 2025

A DEVOÇÃO DE SANTA TERESA D'ÁVILA AO MENINO JESUS


 


Até hoje, é muito comum vermos a imagem do Menino Jesus nos conventos carmelitas. Entre os grandes tesouros de valor espiritual que Santa Teresa deixou no Carmelo, há várias imagens do pequeno Jesus. Entre estas, uma chama a atenção: a imagem conhecida como “El Lloroncito” (O Chorãozinho).

A bela imagem, que recorda o Menino Jesus de Praga, – que com sua mão direita abençoa e com a esquerda sustenta um globo representando o universo – se encontra no Convento São José, em Toledo; uma das fundações de Teresa de Jesus. A pequena imagem, que mede apenas 20 centímetros de altura, foi talhada em madeira no século XVII. Teresa levou-a para Toledo quando fundou o Convento, em 1569.

De acordo com uma tradição carmelitana, a pequena imagem é chamada “El Lloroncito” por que quando Santa Teresa saía do Convento de Toledo, o rosto do Menino Jesus se transformava.

No dia 8 de Junho de 1580, Santa Teresa se despedia de suas irmãs religiosas de Toledo, para dirigir-se à Segóvia. O coração, naturalmente afetuoso de Teresa, sofria cruelmente nestas despedidas, principalmente quando pensava que não veria novamente suas filhas espirituais. Desta vez, nem ela nem suas queridas irmãs se enganavam, pois todas pressentiam que a Madre chegava ao fim de sua missão aqui na terra. Segundo uma piedosa tradição, até uma imagem do Menino Jesus se juntou às monjas, derramando lágrimas na despedida da Santa de seu querido convento de Toledo. Desde então, as carmelitas chamam esta imagem do Menino Jesus com o carinhoso nome do “Niño Lloroncito”.

Noutra tradição, conta-se que Santa Teresa encontrou-se com o Menino Jesus no Mosteiro da Encarnação, em Ávila. Certo dia, a Madre descia as escadas e tropeçou, enquanto um belo menino lhe sorria. Irmã Teresa, surpresa por ver uma criança dentro do Convento, lhe perguntou: “Quem sois?”. Por sua vez, o menino responde com outra pergunta: “E quem sois vós?”. A Madre lhe disse: “Eu sou Teresa de Jesus”. E o menino, com um amplo e luminoso sorriso, lhe diz: “Pois, eu sou Jesus de Teresa”.

quinta-feira, 9 de outubro de 2025

PRECE A NOSSA SENHORA APARECIDA NO SESQUICENTENÁRIO DE NOSSA INDEPENDÊNCIA

 


Ó Senhora Aparecida.

Ao aproximar-se a data em que completamos um século e meio de existência independente, nossas almas se elevam até Vós, Rainha e Mãe do Brasil.

Cento e cinquenta anos de vida são, para um povo, o mesmo que quinze para uma pessoa: isto é, a transição da adolescência, com sua vitalidade, suas incertezas e suas esperanças, para a juventude, com seu idealismo, seu arrojo e sua capacidade de realizar.

Neste limiar entre duas eras históricas, vamos transpondo também outro marco. Pois estamos entrando no rol das nações que, por sua importância, determinam o rumo dos acontecimentos presentes, e têm em suas mãos os fios com que se tece o futuro dos povos.

 

AGRADECIMENTO

Neste momento rico em esperanças e glória, ó Senhora, vimos agradecer-Vos os benefícios que, Medianeira sempre ouvida, nos obtivestes de Deus onipotente.

Agradecemo-Vos o território de dimensões continentais, e as riquezas que nele pusestes.

Agradecemo-Vos a unidade do povo, cuja variegada composição racial tão bem se fundiu neste grande caudal étnico de origem lusa — e cujo ambiente cultural, inspirado pelo gênio latino, tão bem assimilou as contribuições trazidas por habitantes de todas as latitudes.

Agradecemo-Vos a Fé católica, com a qual fomos galardoados desde o momento bendito da Primeira Missa.

Agradecemo-Vos nossa História, serena e harmoniosa, tão mais cheia de cultura, de preces e de trabalho, do que desavenças e de guerras.

Agradecemo-Vos nossas guerras justas, iluminadas sempre pela auréola da vitória.

Agradecemo-Vos nosso presente, tão cheio de realizações e de esperanças de grandeza.

Agradecemo-Vos as nações deste Continente, que nos destes por vizinhas, e que, irmanadas conosco na Fé e na raça, na tradição e nas esperanças do porvir, percorrem ao nosso lado, numa convivência sempre mais íntima, o mesmo caminho de ascensão e de êxito.

Agradecemo-Vos nossa índole pacífica e desinteressada, que nos inclina a compreender que a primeira missão dos grandes é servir, e que nossa grandeza, que desponta, nos foi dada não só para nosso bem, mas para o de todos.

Agradecemo-Vos o nos terdes feito chegar a este estágio de nossa História, no momento em que pelo mundo sopram tempestades, se acumulam problemas,  terríveis opções espreitam, a cada passo, os indivíduos e os povos. Pois esta é, para nós, a hora de servir ao mundo, realizando a missão cristã das nações jovens deste hemisfério, chamadas a fazer brilhar, aos olhos do mundo, a verdadeira luz que as trevas jamais conseguirão apagar.

PRECE

Nossa oração, Senhora, não é, entretanto, a do fariseu orgulhoso e desleal, lembrado de suas qualidades, mas esquecido de suas faltas.

Pecamos. Em muitos aspectos, nosso Brasil de hoje não é o País profundamente cristão com que sonharam Nóbrega e Anchieta. Na vida pública como na dos indivíduos, terríveis germes de deterioração se fazem notar que mantêm em sobressalto todos os espíritos lúcidos e vigilantes.

Por tudo isto, Senhora, pedimo-Vos perdão.

E, além do perdão, Vos pedimos forças. Pois sem o auxílio vindo de Vós, nem os fracos conseguem vencer suas fraquezas, nem os bons alcançam conter a violência e as tramas dos maus.

Com o perdão, ó Mãe, pedimo-Vos também a bênção.

Quanto confiamos nela!

Sabemos que a bênção da Mãe é preciosa condição para que a prece do filho seja ouvida, sua alma seja rija e generosa, seu trabalho seja honesto e fecundo, seu lar seja puro e feliz, suas lutas sejam nobres e meritórias, suas venturas honradas, e seus infortúnios dignificantes.

Quanto é rica destes, e de todos os outros dons imagináveis, a Vossa bênção, ó Maria, que sois a Mãe das mães, a Mãe de todos os homens, a Mãe Virginal do Homem-Deus!

Sim, ó Maria, abençoai-nos, cumulai-nos de graças, e mais do que todas, concedei-nos a graça das graças. Ó Mãe, uni intimamente a Vós este Vosso Brasil.

Amai-o mais e mais.

Tornai sempre mais maternal o patrocínio tão generoso que nos outorgastes.

Tornai sempre mais largo e mais misericordioso o perdão que sempre nos concedestes.

Aumentai vossa largueza no que diz respeito aos bens da terra, mas, sobretudo, elevai nossas almas no desejo dos bens do Céu.

Fazei-nos sempre mais amantes da paz, e sempre mais fortes na luta pelo Príncipe da Paz, Jesus Cristo, Filho Vosso e Senhor nosso.

De sorte que, dispostos sempre a abandonar tudo para lhe sermos fiéis, em nós se cumpra a promessa divina, do cêntuplo nesta terra e da bem-aventurança eterna.

*    *    *

Ó Senhora Aparecida, Rainha do Brasil! Com que palavras de louvor e de afeto Vos saudar no fecho desta prece de ação de graças e súplica? Onde encontrá-las, senão nos próprios Livros Sagrados, já que sois superior a qualquer louvor humano?

De Vós exclamava, profeticamente, o povo eleito, palavras que amorosamente aqui repetimos:

— “Tu gloria Jerusalem, tu laeticia Israel, tu honorificentia populi nostro”.

Sois Vós a glória, Vós a alegria, Vós a honra deste povo que Vos ama.[1]

*    *    *

A perspectiva do sesquicentenário sugeriu esta prece a meu coração de brasileiro. Resolvi não adiar sua publicação. Espero retomar na próxima semana o assunto que começara a desenvolver no domingo passado.

(Oração de autoria de Dr. Plínio Corrêa de Oliveira, publicada no jornal “Folha de São Paulo”, 16 de janeiro de 1972)

 



[1] Publicado até aqui na revista “Dr. Plínio” n.25, abril de 2000, págs. 6/7



segunda-feira, 6 de outubro de 2025

MANIFESTAÇÃO DE UM CONDENADO PRODUZ CONVERSÃO DE GRANDE SANTO



(A propósito do dia de São Bruno, a 6 de outubro)

São Bruno de Hartenfaust, nasceu em 1032 na cidade de Colônia, na Alemanha. Sua conversão deveu-se a um caso extraordinário. Encontrava-se em Paris, para onde tinha ido para o enterro de um antigo professor, Raymond Diocres, célebre na Universidade parisiense, quando se deu o fato. O funeral de corpo presente foi soleníssimo devido ao peso de sua autoridade e de seu prestígio.

O fato é desta forma narrado pelo escritor Jacques Lefévre em sua obra "Les Ames du Purgatoire dans la vie des Saints", extraído da Vida daquele Santo:

"Com efeito, morreu em Paris, em 1082, o reputado professor da Sorbonne, Raymond Diocres. As cerimônias se realizaram na Catedral de Notre-Dame, e dela tomaram parte, além dos fiéis e de numerosos professores, também alunos do defunto, entre os quais São Bruno.

O caixão estava colocado no meio da nave central, recoberto, segundo o costume, de uma simples mortalha. Durante a cerimônia, quando o padre pronunciou as palavras rituais do salmo: "Respondei-me de quantos pecados e de quantas iniqüidades não estou eu culpado...", uma voz sepulcral fez-se ouvir, debaixo da mortalha, dizendo: "Por um justo julgamento de Deus, EU FUI ACUSADO".

Foi imediatamente levantada a mortalha, mas o defunto permanecia imóvel e frio. A cerimônia, por um momento interrompida, foi retomada, em meio a certa inquietação... Quando se chegou novamente ao versículo mencionado anteriormente, o cadáver levantou-se diante de todo o mundo, e gritou com uma voz ainda mais forte: "Por um justo julgamento de Deus, EU FUI JULGADO".

O pavor dos assistentes foi enorme. Alguns médicos aproximaram-se do defunto, recaído em sua imobilidade, e constataram que ele estava verdadeiramente morto. Contudo, não se teve a coragem de continuar a cerimônia neste dia, ela foi adiada para o dia seguinte.

Neste ínterim, as autoridades eclesiásticas não sabiam que medidas tomar para sair de tal impasse. Alguns diziam: "Nós não temos provas suficientes para concluir que Diocres esteja condenado. Ele apenas disse que havia sido ACUSADO e JULGADO". O próprio bispo compartilhou esta hipótese e, no dia seguinte, o ofício funeral foi retornado.

Mas no mesmo versículo, "Respondei-me...", de novo o cadáver levantou-se do caixão e gritou: "Não tenho necessidade de orações, pois, por um justo julgamento de Deus, FUI CONDENADO AO INFERNO, PARA SEMPRE".

Diante de tão terrível declaração a cerimônia foi suspensa e decidiu-se enterrar o cadáver em cemitério comum".

São Bruno, aterrado e impressionado em saber que seu antigo professor havia sido condenado ao inferno, mudou completamente de vida e se tornou num grande santo, tendo fundado depois a famosa Cartuxa.