quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

NOVOS RUMOS DA REVOLUÇÃO UNIVERSAL

 


O homem que descobriu e nos revelou o que é e como funciona a Revolução universal foi Plínio Corrêa de Oliveira ao divulgar sua primorosa obra “Revolução e Contra-Revolução”. Mas, ele não somente denunciou tal movimento, mas sempre o descrevia e nos narrava como a Revolução atuava, nos mostrava suas novas facetas, suas novas investidas e novos rumos. No entanto, por causa do grande caos criado pela própria Revolução, a partir de certa data (suponho que desde a década de 90 do século passado) ele mesmo já não previa os rumos dela, pois tudo o que previra já tinha sido feito. Uma de suas últimas previsões foi de que o homem perdeu o “lumen rationis” (a luz da razão), ocasionando um caos em toda a sociedade. Por causa disso nada segue seu rumo normal hoje em dia, tudo ocorre de uma forma desordenada e anárquica.

Fica, assim, difícil definir os rumos gerais e mundiais da Revolução, a não ser apenas em alguns aspectos.

Vejamos alguns deles. Nota-se nos últimos tempos uma grande divulgação impactante das redes sociais e a simultânea queda do poder de influência da mídia oficial (jornais, TVs, etc). Veja nossa postagem sobre o assunto: “O Papel das redes sociais virtuais numa nova fase da Revolução Universal” - https://quodlibeta.blogspot.com/2023/01/o-papel-das-redes-sociais-virtuais-numa.html

Por causa disso, é preciso que estejamos atentos a alguns aspectos provavelmente indicadores dos novos rumos da Revolução (embora desordenados), dirigidos também via internet.

1.                1. No aspecto religioso, nada mudou com relação à divulgação de heresias e crendices pagãs entre os católicos sem que surja nenhuma autoridade eclesiástica a denunciá-las.  A novidade é que nas redes sociais há grande destaque às fake news de milagres, cujo objetivo é desacreditar a fé popular; o milagre pode ter sido verdadeiro, mas se alguém montar uma foto artificial e divulga-la (fácil de ser descoberta pelos “checadores” de plantão) prejudica a crença no mesmo. Muitos milagres são divulgados, mas, junto aos mesmos, muitas montagens fáceis de ser detectadas. Assim, somente um milagre clamoroso e fantástico, visto por todos na terra, sem necessidade de internet, poderá causar impacto importante para mover as populações a uma verdadeira volta aos caminhos de Deus.

2.               2. Quanto às calamidades públicas divulgam muitas montagens exagerando-as com objetivo de acostumar o público com elas e banaliza-las, como ocorre com a violência urbana, não movendo as multidões a pensar no juízo divino.  Muitos ligam tais calamidades ao Apocalipse e alimentam o pânico sem oferecer confiança em dias melhores. Não se fala na renovação da sociedade, no triunfo do Imaculado Coração de Maria previsto em Fátima, mas apenas em destruição e mortes. Grande parte dos vídeos divulgados sobre os incêndios recentemente ocorrido em Los Angeles estão cheios de montagens fantásticas aumentando o terror da catástrofe,  com o propósito visível de causar pânico somente. Este clima é propício a propagar na população a desesperança, pois o desespero social provém do corpo místico do demônio, coisa inteiramente contrária à Confiança, própria do Corpo Místico de Cristo, sendo que esta deve ser animada com a ideia da reconstrução da sociedade com o anúncio próximo do Reino e Maria.

3.             3. O exagero do poder da ciência. Nem vou falar aqui do grande número de sites e “experts” que divulgam fartamente dados sobre ciência, mas apenas um aspecto muito fácil de ser assimilado pelos menos letrados. Tornou-se rotina ligarem aos casos de incêndios ou enchentes (até tsunamis) uma “técnica” artificial para provoca-los, dando a impressão que tais fenômenos da natureza são provocados sempre pela mão do homem. E dizem que são os chineses que os provocam. Foi assim na recente tragédia do Rio Grande do Sul e da Espanha, como em outros lugares do mundo. Até agora nada vi neste aspecto sobre os incêndios de Los Angeles, mas certamente alguém já deve está programando divulgar algo neste sentido: tudo não passa do próprio homem, Deus está ausente destas coisas.


sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Primeira troca de corações sacrais

 



 

 

São Longinus chorava ao ser curado,

De arrependimento ou de frustração,

Dizia que sua forte lançada errou

Ao perfurar aquele Coração

 

Seu pranto era muito mais plangente

Porque ele, triste, não entendia

Encontrar-se no peito de Jesus

O Sagrado Coração de Maria!

 

Explicou-lhe bondosamente um Anjo

Pertencente ao Coro dos Guardiões:

Jesus Cristo e Sua santa Mãe Maria

Haviam trocado seus corações!

 

Em que momento havia isto ocorrido?

Perguntou aflito o centurião:

- Foi naquele triste encontro dos dois

A caminho de Sua Santa Paixão

 

A Santíssima Virgem Dolorosa

Nesse encontro teve a revelação:

De que Jesus, seu Filho tão querido

Teria traspassado o Coração!

 

Pediu Ela, então, silenciosamente

Que o seu fosse pro peito de Jesus

E que o d’Ele viesse pro peito d’Ela

Até concluir a morte na Cruz!

 

Não ficou, todavia, Jesus livre

De ter aquela dor tão lancinante

Pois, n’Ela, seu Coração foi ferido

Naquele peito ainda palpitante

 

Mesmo estando Jesus morto na Cruz

Sem sentir no corpo a dor da lançada:

Seu Coração no peito de Maria

Sofreu junto com a Imaculada!

 

Palpitava naquele Santo peito

O Sagrado Coração de Maria

Tão meigo e bom, tão doce, tão suave

E que tanta amargura ali sofria

 

Onde estava o Coração de Jesus?

Indagava, perplexo, preocupado:

Estava no peito da Virgem Mãe

Que amorosamente O havia guardado!

 

Foi assim a primeira troca mística

De dois corações apaixonados:

E quando Ela devolveu o do Filho

Eram dois os corações traspassados

 

Quem quiser fazer com Nossa Senhora

Uma troca entre seus dois corações

Verá receber em seu próprio peito

Um órgão com duas lacerações

 

Pois sendo impossível trocar os dois

Na mesma pessoa interessada

Terá recebido em seu pobre peito

Um com dois furos duma só lançada!

 

Também cumpriu-se o que disse Simeão

Desta maneira muito verdadeira:

Até pra ter o Coração partido

Maria foi de Cristo Medianeira

 


terça-feira, 31 de dezembro de 2024

ANALISANDO A REVOLUÇÃO APÓS PUBLICAR A RCR

 


  

No ano de 1959 Dr. Plínio publicou no mensário “Catolicismo” o livro “Revolução e Contra-Revolução”. Em janeiro do ano seguinte publica uma análise profética sobre a Revolução no mesmo mensário.

Profética por quê? Porque sua análise contém previsões de fatos futuros que ninguém pensaria que fosse possível tê-las naquele ano.

Um exemplo é sobre a China. Somente na década seguinte, a partir dos anos 1970, a China foi oficialmente promovida pela Revolução a ocupar lugar de destaque junto à URSS, tendo sido o governo Nixon o primeiro a reconhece-la e promover em consequência emigração em massa de capitais ocidentais para manter o regime de lá. Sobre a URSS, tudo o que ocorreu na década de 80 com Gorbachev foi antevisto no presente artigo.

Outros prognósticos e análises feitos neste artigo merecem ser considerados como feitos sob uma visão profética do andamento da Revolução no mundo.

 

“A REVOLUÇÃO EM 1960 - Plínio Corrêa de Oliveira

 Tornou-se tradição desta folha publicar em sua edição de janeiro um retrospecto dos acontecimentos do na o findo. Em lugar disto, pareceu-nos mais adequado, desta vez, fazer uma análise dos problemas que, neste voltar de página da história do século XX, se apresentam como mais importantes e candentes.


Dupla face

Em muitas polícias existe o hábito de "tratar" os depoentes recalcitrantes por um sistema que se poderia chamar da ducha fria e da ducha quente. A pessoa de quem se procura extorquir uma informação é argüida por um agente tremendamente furioso. Se, esgotada toda a pirotecnia das táticas de intimidação, o interrogado não faz a revelação desejada, o agente se torna subitamente afável, carinhoso, "compreensivo". Elogia a nobre constância de sua vítima, manifesta sua compaixão pelos sofrimentos que ela arrosta, oferece-lhe seus préstimos comovidos para tirá-la da situação em que está. Só pede uma coisa, uma coisinha pequena e fácil: que em justa retribuição a tanta bondade, ela conte ao policial – oh, a ele só, é bem claro – o segredo tão obstinadamente guardado. Se a vítima resiste, volta-se ao sistema de berros. Ou, mais drasticamente, passa-se para os soros da verdade ou as salas de tortura...

Quando o assunto que ser quer conhecer importa muito, costuma haver um desdobramento de papéis. Um policial faz o papel de fera, e outro o de "bonzinho". Ao que parece, a maior parte das pessoas se mostra muito "sensível" a esse "tratamento", e acaba deitando no coração do "bonzinho" o segredo que a "fera" não lograra extorquir.

A dupla face comunista

Este sistema, em que o terror induz a vítima a considerar com pusilânime otimismo o "agente bom" que é sua tábua de salvação contra o "agente mau", não se emprega apenas para obter confissões policiais. Ele é utilizado também em política. Põe-se o adversário diante da ameaça de um terrível perigo que ruirá sobre ele caso não ceda neste ou naquele ponto. Após um longo período de guerra de nervos, a vítima transigirá com algum representante de seu opositor, no gênero "bonzinho". Concederá apenas uma parte do que se lhe pediu, e julgará fazer assim um bom negócio. Depois de uma pausa, o representante "bonzinho" será posto de lado e voltar-se-á à ameaça. Em seguida, virão novo "bonzinho", nova concessão, nova pausa e nova ofensiva de ameaças, até final liquidação do adversário.

Ora, todo o ano de 1959, como os anteriores, foi utilizado pelo comunismo internacional para depauperar por este processo a vitalidade da reação anticomunista no mundo inteiro. Só que, em 1959, a ação política da União Soviética entrou francamente na fase correspondente ao policial "bonzinho" e na operação "sorriso".

Em edição recente, já nos referimos, com toda a extensão desejável, à manobra pela qual o comunismo russo foi mudando gradualmente de atitude, até chegar à risonhíssima visita do risonhíssimo K. aos Estados Unidos. Entretanto, nossas referências ao papel da China nesse jogo foram menos pormenorizadas. É o caso, pois, de voltar ao assunto neste mudar de ano. 

A Revolução tem por ponto de mira eliminar toda influência cristã no mundo. Ora, desde o declínio do poderio muçulmano nos Tempos Modernos, pode-se dizer que os povos-líderes da terra foram sempre cristãos. O império da Casa d’Áustria, a hegemonia política e cultural francesa, a dominação inglesa no século XIX, o poderio dos Estados Unidos, que se tornou há algumas décadas verdadeiramente dominante em boa parte do globo, por fim a ascensão da terrível influência da URSS não alteraram essa constante. Com efeito, cristãos em situação correta, saudável e normal só os católicos, apostólicos, romanos, filhos a única Igreja verdadeira de Nosso Senhor Jesus Cristo. O cisma e a heresia constituem para o cristão situações revolucionárias, enfermiças e anormais. Contudo não se pode negar que o povo inglês, o americano ou o russo, em sua maioria, é constituído de cristãos. O fato pareceria à primeira vista, particularmente sem importância no que diz respeito à infeliz Rússia, dominada por uma malta de ateus. Na realidade, quanto seria pior a situação do mundo se não fosse notório que a aplicação integral do comunismo naquele país tem esbarrado em toda uma série de resistências – passivas, aliás – decorrentes da índole e da tradição cristã do povo; e se os dominadores desse mesmo povo não encontrassem dentro de casa toda espécie de obstáculos, e pudessem agir com as mãos livres no exterior!


China, "a outra face"

Ora, a China é precisamente uma nação que em sua imensa maioria jamais foi cristã. Se bem que de seu glorioso passado imperial lhe advenham muitas tradições formalmente opostas ao comunismo, é preciso lembrar que o processo de ocidentalização a que ela já está sujeita há um século – arredondamos um tanto a cifra –, a proclamação da república, a penetração dos germes terríveis da Revolução que grassa no Ocidente, o espírito igualitário, laicista e sensual que infelizmente impregna quase tudo quanto a China vem importando, o prolongado período de guerras internas que abalaram todos os seus quadros sociais até a queda de Chang-Kai-Chec e o advento do comunismo, tudo enfim vem concorrendo de há muito para debilitar a resistência oposta pelas estruturas e tradições chinesas ao comunismo. Ademais, se é verdade que a Igreja tem prosperado muitas vezes (e nem sempre, note-se de passagem ) com as perseguições, também é verdade que estas costuma destroçar tudo quanto não é católico. O protestantismo, por exemplo, sofreu um tremendo retrocesso com o nazismo, a igreja cismática foi quase aniquilada na Rússia bolchevista. Pois o que ali se encontra com esse nome é mais um fantasma suscitado pelos maquiavéis do Kremlin para efeitos de propaganda, do que propriamente uma seita religiosa.

Assim, o marxismo encontra, numa China em que sobre o velho tronco pagão se insere o venenoso enxerto neopagão, verdadeiramente uma terra de eleição.

De onde, engrandecer a China às expensas da Rússia é transferir gradualmente a preponderância para o pior dos elementos do mundo comunista.

Ora, é neste processo que está em curso no presente momento. Constitui ele o verso da medalha da "aproximação" da União Soviética com o Ocidente. A China comunista vai ocupando lentamente a Ásia. Infiltrou-se rumo ao sul, até fazer estremecer Singapura e a Austrália. Deglutiu o Tibet com uma selvageria de canibal. A Índia estremece diante dela. Em palavras mais breves, um continente quase inteiro está ameaçado com o crescer deste polvo. E o Micado, o Xá, o Rei da Jordânia ou o Generalíssimo Chang-Kai-Chec sentem que em breve estarão passando pelas mesmas aperturas de Nehru, senão do Dalai Lama.

Os fracos e amáveis camaradas soviéticos

Faça-se o balanço. Enquanto os "duros" de Pequim vão ganhando a Ásia, o que vai ganhando a URSS? Ela mantém a custo seus satélites. A Hungria continua uma chaga viva. A Tcheco-Eslováquia permanece esmagada sob o tacão soviético, suspirando pela libertação. Na Polônia, a política "distensiva" de Gomulka cessou. Quanto mais se vai tornando fácil à Rússia lançar satélites em torno da lua, tanto mais lhe vai ficando difícil conservar reunidos em torno de si os seus próprios "satélites".

Assim se vai acentuando a bicefalia do mundo comunista: uma cabeça está em Moscou e outra em Pequim.

E essas cabeças têm fisionomia e linguagem diversa. Uma olha gentil, sorri, e começa a parecer fraca. A outra carrega o olho, ameaça e vai-se tornando sempre mais forte.

Perspectivas para 1960

Afigura-se-nos que, salvas as mutações imprevistas, tão frequentes nestes dias de caos, o ano de 1960 vai ser marcado por um paulatino desenvolvimento dessa manobra. Na União Soviética a Revolução entrará, ao que parece, em sua fase "pós-termidoriana", isto é, numa fase recessiva e moderantista, análoga à que a Revolução Francesa percorreu depois da queda de Robespierre: liberdade para os perseguidos da véspera, abrandamento na aplicação dos princípios revolucionários, boas relações com os povos vizinhos, reabertura das fronteiras para o que era uma forma ancestral do turismo de hoje. Na aparência, a Revolução era um dragão exausto e malferido, que, por falta de melhor, se punha a sorrir. Ninguém ousava atacar o dragão, com receio de que ele recobrasse na lutar seu antigo vigor. Em consequência, todos começaram a corresponder ao seu sorriso. Entrou-se em regime de convívio sem barreiras. E o resultado, para abreviar a história, foi que, cem anos depois, a Revolução já era virtualmente senhora da Europa e do mundo.
Da mesma forma, a Rússia tentará anestesiar e dividir o Ocidente cada vez mais, enquanto a China irá tomando paulatinamente ares de flagelo mundial. Parecerá necessário aceitar o amplexo russo, a aliança do Kremlin, para fazer face ao monstro chinês. Nesse amplexo com a lepra, esta nos contagiará. Teremos para com o novo aliado todas as fraquezas, as condescendências, as imprudências que tivemos para com Tito. E assim a hidra comunista irá progredindo.

Venenosas primícias da política de dupla face

Falamos de cisão. É preciso dizer algo a respeito.

A boa harmonia entre a França e a Alemanha é, segundo nos parece, um dos melhores elementos para defender a Europa contra os soviéts. Ora, precisamente em razão da "operação sorriso", tal harmonia se quebrou.
Com efeito, a URSS retirou todo o apoio que dava aos argelinos insurretos. De Gaulle parece ter vislumbrado aí uma prova da sinceridade russa em Camp David, e está se aproximando do Kremlin. Está até programando uma visita de K. a Paris.

Ora, o velho e astuto Adenauer não concorda com essa concepção. Para ele, não há sinceridade nos soviéticos, e tudo não passa de manobra.
E é o Chanceler que tem razão. Enquanto a Rússia parece retirar-se do campo de ação argelino e, de modo geral, esfriar suas relações com o mundo árabe, a China lhe vai sucedendo nesse terreno, e já é hoje uma da melhores aliadas do pan-arabismo e da FLN.

Em consequência, no fundo, o comunismo lucra de um modo e de outro. Aparentando "sair" da Argélia, ganha um crédito de confiança em Paris, e cinde de Gaulle e Adenauer. "Entrando" na Argélia pela outra porta, continua a trabalhar para expulsar da África do Norte a influência francesa, e a captar as simpatias do mundo árabe.

O papel das minorias sãs

A China, dizíamos, vai lentamente começando a intimidar e a imobilizar os poltrões do Ocidente. A Rússia, cada vez mais, agrada, ilude e atrai os tolos. Uns e outros, poltrões e tolos, tendem a recuar, transigir, conciliar a todo custo. E, francamente, quando alguém tem de seu lado todos os tolos e todos os poltrões, pode jactar-se de dispor de uma esplêndida maioria...
Estamos perdidos? Não, porque as vitórias de Deus nunca foram ganhas pelas incontáveis maiorias de tolos e poltrões, mas pelas minorias cheias de fé, de abnegação e de coragem.

Mais do que nunca, neste limiar de 1960, torna-se patente a importância dessas minorias para abater o monstro de duas cabeças que se levanta no horizonte. Sem elas, nada se pode fazer de útil em prol das multidões desnorteadas, anestesiadas, apavoradas... Nada se pode fazer pela massa, senão com fermento ativo e pujante. Há vinte séculos o disse Nosso Senhor ( cf. Mt. 13, 33 ), mas os homens tendem sempre a esquecê-lo. Entretanto, como é fácil compreender a lição do Mestre Divino, nestes primeiro dias de 1960!
O revigoramento do bom fermento parece-nos ser o sentido mais profundo do Concílio Universal que em tão boa hora João XXIII resolveu convocar.
Dizemo-lo agora só de passagem, pois mais adiante pretendemos voltar a tratar desse santo e nobre assunto.

Cuba, paiol da América

Lemos há pouco a vida de Santo Antônio Maria Claret, fundador da benemérita Congregação dos Filhos do Coração de Maria. Esse grande varão de Deus foi Arcebispo de Santiago de Cuba de 1850 a 1857. Considerando os numerosos pecados dos espanhóis na colônia, predisse que, como castigo, a ilha se tornaria independente. O fato se deu pouco depois, como é notório. Castigo para a Espanha, por certo. Mas, em medida não pequena, castigo para Cuba também, pois como mostra sua biografia, o Santo foi de certo modo rejeitado pelos cubanos. A independência foi mais ilusória do que real. O domínio norte-americano ali se implantou mais ou menos veladamente. E, se trouxe benefícios temporais (grandes para os Estados Unidos, medíocres para Cuba), é fora de dúvida que para a preservação dos valores religiosos e espirituais foi sob vários aspectos um mal.

Parece agora repetir-se a história. Cuba sacode o jugo norte-americano, o que é explicável castigo para o mal que os ianques ali fizeram. Mas esse sacudir de jugo não é, infelizmente, um passo para uma justa e louvável independência, mas para a troca de senhores. E uma troca por um senhor mil vezes pior, pois que só um demente poderá achar que o jugo norte-americano é comparável ao comunista, tão completo, tão cruel, tão degradante. Ora, é positivamente uma violenta e trágica penetração comunista que em Cuba se vai operando.

Em Cuba só? É inegável que o movimento fidel-castrista teve uma influência terrivelmente contagiante nas Antilhas, na América Central e na parte setentrional da América do Sul. De outro lado, produziu ele algumas reações de simpatia em todas as outras áreas do mundo ibero-americano.
Dado que a pavorosa crise econômica por que passa boa parte da América Latina produz reflexos políticos e sociais tendentes à revolta e ao desespero, é de se compreender que as fagulhas cubanas encontrem por aqui um ambiente propício à combustão. Tanto mais que o mimetismo é um triste vício da gente deste hemisfério.

E, assim, vale a pena tratar detidamente da questão.


"Não é comunista"

O ponto capital de todo o assunto cubano consiste em saber se Fidel Castro é comunista e está a serviço dos agentes soviéticos.

Se fosse possível documentar a resposta afirmativa, é certo que duas consequências da maior importância se produziriam:

a. o contágio do clima, do estado de espírito e dos estilos fidel-castristas na América Latina, tão católica, estaria praticamente impedido;

b. a opinião americana perderia qualquer ilusão sobre a sinceridade dos soviéticos na "operação sorriso".

Por isto se compreende que, caso o Kremlin seja o mandante do atual ditador cubano, a primeira recomendação que terá feito a este é que esconda tal ligação.

De onde, o fato de Fidel Castro dizer que não é comunista, e até dar certas manifestações de apoio à Igreja, em si mesmo nada prova. Apesar disto, a dúvida continua. E o importante é saber se realmente o jovem líder revolucionário é ou não agente de Moscou.

P.C., armazém de pancadas

Um modo muito fácil para um assecla do Kremlin disfarçar suas intenções, e ao mesmo tempo agir livremente, consiste em entrar em luta contra o partido comunista, enquanto vai preparando tudo para que o comunismo triunfe. Isto embai os incautos, que julgam impossível que um agente de Moscou ataque o próprio partido de Moscou. E, protegido por esse álibi, o agente poderá fazer o que quiser em benefício do comunismo.
Fidel Castro, neste ponto, tem sido dos mais ambíguos. Namora o P.C. Mas briga um pouco com ele. E, sobretudo, tem a astúcia de não deixar transparecer nada de claro sobre suas ligações com o Kremlin.
As pessoas bem intencionadas, que intuem que tais ligações existem, procuram, à falta de melhor, provar com os indícios de que dispõem, a realidade profunda dos fatos. Mas, para impressionar o homem simplista e irrefletido de hoje, só servem provas palpáveis, de uma clareza elementar e quase brutal. Provas dessas, ao que parece, não existem. E, assim, Castro continua calmamente seu jogo.
 

Argumento baseado no evolucionismo

Seria muito mais fácil esclarecer pelo menos as elites, se se lhes lembrasse antes de tudo que, segundo a doutrina marxista, o advento do comunismo em um país pressupõe que toda a evolução social o tenha "maturado" para tal.

Assim, em uma nação dada, ainda que o partido comunista tivesse meios materiais para conquistar o poder, não o faria se o estado dos espíritos, das instituições e dos costumes não o comportasse. Os bolchevistas em tal caso favoreceriam a ascensão de um partido de esquerda que acelerasse a evolução social, e só depois de levada assim a cabo tal evolução, eles se instalariam direta e ostensivamente no governo. Nem outra coisa se compreenderia numa corrente fundamentalmente evolucionista, como é o marxismo. Para responder se o primeiro-ministro cubano é ou não um agente soviético, o que importa, pois é saber se sua ação acelera a evolução para o comunismo. Neste sentido, pode-se dizer que a resposta afirmativa se impõe com uma clareza solar.

Se Fidel Castro é tão útil ao comunismo, será que este não o suscitou, ou pelo menos não lhe ofereceu apoio? E se ofereceu, será que o interessado não aceitou? E se aceitou, será que a Rússia já não tem tudo preparado para colher o fruto, quando maduro?

Só um ingênuo poderá responder "não" a todas estas perguntas.
Cuba não é o único fruto

Claro está que Cuba só pode ser vista como cabeça de ponte, como estopim.

Então, qual é o termo último? Evidentemente a América Latina, que já é a melhor reserva para a Igreja em nossos dias, e humanamente constitui sua melhor esperança para o século XXI.

Até que ponto essa misteriosa, longa e desalentadora crise econômica por que passamos é uma preparação do fidel-castrismo? Só no Juízo Final, provavelmente, isto se patenteará com uma clareza inteira. Mas o certo é que a hora é, para nós, mais do que nunca, de oração, vigília e luta.

Auxilie-no Nossa Senhora a caminhar com confiança e fidelidade sob estas brumas e na perspectiva destas borrascas.

Ouviremos em 1960 a Voz de Maria

O segredo de Fátima será manifestado ao mundo em 1960, segundo decidiu seu depositário, o Episcopado Português. Não é, por certo, sem uma especial intenção da Providência que ouviremos nessa ocasião a confidência celestial. E essa é uma de nossas razões de alegria nesta passagem de ano.

O que nos dirá a Virgem Santíssima? É prematuro responder. Mas é possível prognosticar o que Ela não dirá.

Por exemplo, achamos sumamente duvidoso que, como em certos círculos se tem propagado, o segredo contenha um mero resumo do que já se sabe que foi dito na Cova da Iria. Pois parece inverossímil que alguém guarde sob segredo pensamentos ou conselhos que já comunicou a todo o mundo.
De qualquer forma, peçamos a Nossa Senhora que disponha nossos corações para ouvir com amor e obediência suas palavras maternas.

Um papa providencial

O ano de 1959 foi suficiente para fazer ver ao mundo que a Providência entregou a um Pontífice sábio, justo e paterno a sucessão do inesquecível Pio XII.

Nestas condições, encaramos o porvir com particular confiança. Pois a ovelha caminha tranquila em qualquer terreno, e ainda que sinta de longe e de perto o uivar dos lobos, quando sabe que está protegida por seu Pastor.

O Concílio Universal

As esperanças com que atravessamos o limiar do ano vão além de 1960. Elas se voltam para esses dias de verdadeira aurora que serão os do Concílio Universal. Pode-se quase dizer, aplicando as palavras de São Paulo (Rom. 8,22), que na desordem, nos entrechoques, nas vacilações e nos desatinos destas horas torvas, "todas as criaturas gemem" à espera do Concílio Ecumênico.

E é nestas imensas perspectivas que, com os olhos postos no Coração Imaculado de Maria, transpomos, com o passo leve e a alma serena, os últimos minutos de 1959, e penetramos resolutamente em 1960.

Os versos do hino mariano vibram em nosso ouvido e aquecem nosso coração:

"De mil soldados não teme a espada

Quem pugna à sombra da Imaculada"

 (“Catolicismo” N. 109, janeiro de 1960)

 

 

 

 


sábado, 28 de dezembro de 2024

A TRAGÉDIA APÓS O NATAL ONDE O MESMO NÃO É COMEMORADO

 



ANO 2004 – QUASE TODA A ÁSIA – Notar que a catástrofe ocorreu logo após o Natal, data que não é comemorada em quase toda a região afetada por ser de maioria pagã ou de religiões inimigas do cristianismo, como muçulmanos, budistas, etc.

           Às 7h59 do dia 26 de dezembro de 2004 a terra tremeu no leito marinho próximo a Aceh, no norte da Indonésia. O terremoto de 9 graus na escala Richter causou o maior tsunami que o mundo havia visto em 40 anos. A onda destruidora matou mais de 220 mil pessoas em 13 países. Aproximadamente 1,5 milhão de pessoas ficaram desabrigadas.

          Apenas na Indonésia, houve cerca de 167 mil mortos. A região mais afetada foi Banda Aceh, capital da Província de Aceh. As imagens de moradores das áreas rurais carregando alguns pertences enquanto caminhavam por entre um cenário de devastação na região correram o mundo.

          As nações vizinhas também registraram destruição de proporções bíblicas. No Sri Lanka, mais de 35 mil pessoas morreram. Na Índia, o número estimado chegou a mais de 16 mil. Na Tailândia, foram mais de 8 mil.

          Dentre as vítimas encontraram-se, também, milhares de turistas europeus que veraneavam em paradisíacas ilhas turísticas.

          Corpos eram encontrados em cima de árvores e apareciam boiando nas regiões costeiras dos países mais atingidos pela onda gigante. A diplomata brasileira Lys Amayo de Benedek D"Avola, de 48 anos, e seu filho Gianluca, de 10 anos, acabaram mortos pela inundação que atingiu as Ilhas Phi Phi, na Tailândia.

           Chamou a atenção o fato das organizações humanitárias internacionais haver recolhido vultosas quantias em dinheiro para auxílio daquelas populações sem, no entanto, haver comprovação dos mesmos terem sido aplicados. 

 

 

Os países mais afetados foram:

·         Indonésia, ilha de Samatra, estado de Banda Aceh.

·         Sri Lanka, com milhares de mortos e milhares de desalojados; por esse motivo o estado de emergência nacional foi declarado.

·         Índia, na Costa de Coromandel, nomeadamente os estados de Tamil NaduAndhra Pradesh e os arquipélagos Andamão e Nicobar onde algumas ilhas foram totalmente submersas.

·         Tailândia, especialmente as estâncias turísticas das Ilhas Phi Phi e Ilhas Phuket.

·         Malásia.

·         Ilhas Maldivas, onde dois terços da capital, Malé, foram inundados pelo tsunami.

·         Bangladesh.

 

 

 

 

 

Países onde as mortes ocorreram

Mortes

Feridos

Desaparecidos

Desalojados

Confirmado

Estimado1

Indonésia

126 915

+126 915

~100 000

37063

400 000 - 700 000

Sri Lanka

30 957

38 195

15 686

56372

~573 000

Índia

10 749

16 413

5640

380 000

Tailândia

53953

11 000

8457

2932

Somália

298

298

5000

Mianmar

61

290–  600]

45

200

3200 confirmados

Malásia

68–  74

74

299

Maldivas

82

108

26

12000–  22000

Seychelles

1–  3

3

Tanzânia

10

+10

Bangladesh

2

2

África do Sul

2

2

Quênia

1

2

2

Iêmen

1

1

Madagascar

23000

+1000

Total

174 542

~193 623

~125 000

~51 498

~1,5 milhão

1 Inclui aqueles relatados nos "confirmados". Se não há estimativas separadas disponíveis, o número nesta coluna será o mesmo dos "confirmados".
2 Não inclui as aproximadamente 19 000 pessoas tidas como desaparecidas por algumas autoridades locais.
3 Os dados incluem pelo menos 2464 estrangeiros.
4 Não inclui os cidadãos sul-africanos que morreram fora da África do Sul (por exemplo, turistas na Tailândia).

INDONÉSIA

Embora a liberdade religiosa seja garantida pela constituição indonésia, o governo reconhece oficialmente apenas seis religiões: islamismoprotestantismocatolicismohinduísmobudismo e confucionismo. A Indonésia é o mais populoso país de maioria muçulmana do mundo (87,2% de uma população de 261 milhões em 2010), sendo a maioria de muçulmanos sem denominação. Em 21 de maio de 2011, o Conselho de Sunitas e Xiitas da Indonésia (muhsin) foi estabelecido. O conselho pretende realizar reuniões, diálogos e atividades sociais. Era uma resposta para atos de violência cometidos em nome da religião. Cerca de 9% da população é cristã, 3% hindus e 2% budista ou outro. A maioria dos hindus indonésios estão em Bali[ e a maioria dos budistas do país são de etnia chinesa.

Apesar de agora serem religiões minoritárias, o hinduísmo e o budismo permanecem definindo influências na cultura indonésia. O islamismo foi adotado pela primeira vez por indonésios no norte da ilha de Sumatra durante o século XIII, pela influência de comerciantes árabes, e tornou-se a religião dominante no país por volta do século XVI. O catolicismo romano foi trazido para a Indonésia por colonos e missionários portugueses e as denominações protestantes são em grande parte resultado dos esforços de missionários holandeses calvinistas e luteranos durante o período colonial do país. Uma grande parte dos indonésios praticam uma forma sincrética menos ortodoxa de sua religião, que se baseia em costumes e crenças locais.

Aceh ou Achém (em indonésioAceh) é um território especial da Indonésia, localizado na ponta setentrional da ilha de Sumatra. De 2001 a 2009, seu nome oficial em indonésio foi Nanggröe Aceh Darussalam. A partir de 2009, sua denominação oficial passou a ser apenas Aceh. Ao que parece, foi na área de Achém que o Islã se estabeleceu pela primeira vez no sudeste asiático. No início do século XVII, o Sultanato de Achém era o Estado mais rico, poderoso e sofisticado da região do Estreito de Malaca. A região registra uma história de independência política e de feroz resistência às tentativas de controle por forasteiros, inclusive os colonos neerlandeses e o governo indonésio. Achém possui recursos naturais consideráveis, como petróleo e gás — segundo algumas estimativas, a maior reserva de gás do mundo. Em relação ao restante da Indonésia, é uma área conservadora do ponto de vista religioso.

SRI LANKA

budismo é a religião de aproximadamente 70% da população da ilha, a maioria dos quais seguem a escola budista Theravada. O hinduísmo é a segunda religião mais difundida no Sri Lanka e, assim como o budismo, também foi trazida da Índia. Hoje, os tâmeis hindus constituem a maioria no norte do país.

Além destas duas religiões, que, juntas, englobam cerca de 84% da população, também é professado no país o islamismo, bem como o cristianismo. O islamismo é seguido por cerca de oito por cento dos habitantes do Sri Lanka e foi trazido pelos comerciantes árabes ao longo de muitos séculos; são, na maioria, sunitas que seguem a escola islâmica Shafi'i.

 A Constituição do Sri Lanka promove o budismo como religião estatal e essa condição reforça o poder dos radicais budistas sobre as minorias religiosas no país, como os cristãos e os islâmicos. Embora o nível de violência contra os cristãos tenha diminuído, isso não quer dizer que tenha deixado de existir. O que tem ocorrido é que os radicais budistas miram maior pressão sobre uma minoria muçulmana no momento.

O país que ocupava a 29ª posição na Classificação da Perseguição Religiosa em 2014, e em 2015, a 43ª, em 2016 já não está mais na relação. Porém, o país não tem apresentado melhoras na situação da minoria cristã.  Igrejas ainda são atacadas por comunidades locais, há muitos registros de cultos invadidos por monges e locais de reuniões destruídos.