sexta-feira, 3 de setembro de 2021

O PODER DE REGÊNCIA DADO A ADÃO

Adão – O primeiro homem criado por Deus e o genitor de toda a raça humana. Deus poderia tê-lo criado por um simples ato de sua vontade, mas preferiu usar daquilo que havia criado antes, isto é, o “barro da terra”, e em seguida lhe criou, de Si mesmo,uma alma imortal, colocando-o no Paraíso, o Éden, a fim de que ali desfrutasse da Obra de Sua Criação e viesse feliz. Deu-lhe também poder de regência sobre toda a natureza, como o completo domínio sobre os animais, com a faculdade de lhes impor os nomes, representando nisso a autoridade sobre todos. Tudo o que houve no princípio da humanidade, com Adão e Eva no Paraíso estão narrados no livro do Gênesis, escrito por Moisés. O poder de regência dado a Adão e sua queda. Deus colocou o homem no Paraíso “para que o cultivasse e guardasse” (Gn 2.15), portanto, com duas funções derivadas do poder de reger, que é cultivar e guardar. O cultivo das plantas é algo natural e imanente ao controle humano: multiplicar as plantas e conservá-las ou, mesmo, aperfeiçoá-las; mas, guardar, isto é, proteger, defender, contra quem ou contra o quê? Talvez venha aqui a primeira missão de militância guerreira: guardar contra certo inimigo que poderia aparecer por lá e querer destruir ou danificar o seu sagrado convívio. Quando Adão foi expulso do Paraíso, Deus colocou querubins na porta do mesmo com o objetivo de guardá-lo. Se Adão havia recebido de Deus o mesmo poder de guardar o Paraíso, teria o homem então um poder semelhante não somente a um, mas a vários querubins? Ou será que Deus temia uma aliança entre os homens e os demônios para que, fortalecidos, investissem contra o Paraíso em busca da árvore da vida? Em seguida vem o preceito: não comer, ou nem sequer tocar, da árvore do bem e do mal (Gn 2,16). Havia uma outra árvore, da vida eterna, da qual não era proibido comer, mas esta da ciência do bem e do mal, sim. Uma das consequências mais desastrosas daquele fruto foi avisada por Deus: ele ocasionaria a morte. Tais preceitos parece que foram dados antes de Eva ser criada. Então ela não os teria ouvido diretamente de Deus, mas de Adão. Aqui há uma outra controvérsia: por que a serpente não os tentou para que comessem primeiramente da árvore da vida? Em primeiro lugar não era proibido comer dela; após comê-la se tornariam imortais e, aí sim, poderiam comer da ciência do bem e do mal, tornando a humanidade eterna neste mundo e aqui possibilitando a criação do reino do mal sem fim. No caso, comer da árvore da vida (como não era proibido) não representava uma afronta a Deus, não era um ato de revolta; portanto, a serpente queria primeiramente que nossos primeiros pais desobedecessem aos preceitos divinos para, depois, comer da outra árvore e viver eternamente. Só não esperava que Deus os expulsasse do Paraíso e deixasse lá os querubins guardando a árvore da vida. Isto para o bem do próprio homem: “...agora, pois, (expulsemo-lo do paraíso), para que não suceda que ele estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente” (3.22-23). Interessante notar que a Escritura usa o termo no singular, indicando que somente Adão foi expulso do Paraíso; “Eis que Adão se tornou como um de nós, conhecendo o bem e o mal, etc.”, e depois o expulsa... “e expulsou, pois, Adão...” (3, 24). Não fala em Eva, pois como pessoa secundária, não havia necessidade de citar seu nome. O patriarca era Adão, ele era o principal regente do paraíso, Eva era apenas um “adjutório” para conseguir o fim para o qual foi criado. No entanto, expulso Adão, Eva teve que segui-lo, pois a partir daquele momento ela estava debaixo do jugo dele. Não foi necessário que Deus a expulsasse, era o próprio Adão que a carregaria para fora do Paraíso. Eva diz que o preceito era não somente para não comer, mas nem sequer tocar na fruta (ou na árvore)(Gn 3,4). Talvez a norma de não tocar fosse exclusiva para ela, não se sabe. A serpente desperta o orgulho, dizendo “sereis como deuses” (Gn 3,5). Mas, que deuses? Não havia deuses ainda e sim um único Deus, o Criador de tudo. Então a pretensão não era de ser um deus qualquer, mas um que fosse igual ao Deus verdadeiro. No primeiro momento, Eva simplesmente ouve o mau conselho da serpente e come o fruto, sem que, por exemplo, fosse conversar ou pedir conselhos ao marido; em seguida, ela vê que não lhe acontece nada – quer dizer, nada de se transformar numa deusa, e mesmo assim vai oferecer o fruto a Adão com a mesma tentação de orgulho. Por aí se vê que nem toda tentação vem do demônio, às vezes são os próprios homens que levam tentação aos outros – embora ela sempre se origine no demônio. No momento em que pecou Eva não percebeu que estava nua, ou o casal só o perceberia na presença de Deus? Em seguida, vêm os atos de Adão. Mesmo vendo que Eva, após comer do fruto proibido, não tinha sofrido nenhuma transformação em deusa, come-o também, cego pela tentação do orgulho de se transformar num deus. O desejo, o orgulho de se ver igual a Deus era tanto que o cegou. Depois vem os castigos, especialmente os da mulher que passaria a ser submissa ao homem. Mas, a submissão não é um princípio universal de regência, pelo qual um ser inferior deve obediência e sub-regência de um superior? No caso, não há superioridade entre homem e mulher, pois ambos são seres da mesma espécie, mas, mesmo entre as mesmas espécies, como entre anjos, uns mandam e outros obedecem, uns são superiores e outros inferiores. Não deveria haver esta submissão da mulher mesmo que não tivesse havido o pecado? Há dois tipos de submissão: uma espontânea e outra imperada, isto é, por livre e espontânea vontade e por coação. No caso, deveria existir antes do pecado a submissão espontânea, mas, depois, Deus, por castigo, impôs a submissão imperada.

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