quinta-feira, 23 de setembro de 2021

AGAR, ESCRAVA DE SARA, DEIXOU DESCENDENTES?

A Sagrada Escritura faz suas revelações colocando em destaque sempre os Patriarcas. Eva só é importante enquanto companheira do Patriarca Adão. Depois de Eva, por muito tempo não se fala senão nos homens ou patriarcas. Adão e Eva tiveram muitas filhas, mas na Bíblia só se fala em Caim e Abel. Quando Caim se casou se registra o fato assim: “E Caim conheceu sua mulher, a qual concebeu e deu à luz Henoc”. Quem era esta mulher de Caim? Evidentemente que era uma filha de Adão, merecendo portanto ser pelo menos nominada, mas não se sabe quem foi. Importante é Caim, é Set, é Henoc, porque eram patriarcas. A Sagrada Escritura começa a falar de mulheres para registrar o surgimento da poligamia: “E este tomou duas mulheres, uma chamada Ada, e outra Sela” (Gn 4, 17-19). Mas logo em seguida os filhos masculinos de Ada são citados, Jabel e Jubal, assim como o de Sela, Tubalcain, ao lado de sua irmã Noema. Jabel era designado como um dos que “habitava sob tendas e dos pastores”, Jubal foi o mestre, o pai, dos que tocam cítara e órgão, Tubalcain era artífice em toda qualidade de obras de cobre e de ferro, mas de Noema nada se fala. Ela poderia ter sido, por exemplo, exímia na arte de tecer, mas nada se diz. Em seguida a Sagrada Escritura fala de Set, filho de Adão. Depois, dentre os filhos de Set fala-se apenas de Enós, por que este “começou a invocar o nome do Senhor”. E toda a genealogia de Adão segue assim: gerou filhos e filhas, mas depois de Set aparece apenas citado o nome de Enós, que gerou Cainan, que gerou Malaleel, que gerou Jared, que gerou Henoc, que gerou Matusalém, etc. Henoc também gerou filhos e filhas, mas apenas os filhos são citados. Matusalém gerou Lamec, que gerou Noé. Todos estes patriarcas viveram trezentos, quatrocentos, quinhentos ou até novecentos anos, e geraram filhos e filhas. Mas apenas seus nomes são citados. Por que? Porque eles eram os patriarcas, eram os chefes das clãs, os principais - os demais, dentre os quais as mulheres, não tinham tanta importância para serem citados ou lembrados. Inicialmente, a mulher foi citada como a grande vencedora da serpente: "Porei inimizades entre ti e a mulher, e entre a tua posteridade e a posteridade dela, e ela te pisará a cabeça com seu calcanhar" (Gên 3-15). Os teólogos vêm no texto uma clara alusão à Maria Santíssima, Mãe do Salvador. Depois, as mulheres começaram a ser referidas de uma forma coletiva (sem citar nomes) nas ocasiões em que causavam a perdição dos homens. Foi assim que “tendo os homens começado a multiplicar-se sobre a terra, e tendo gerado filhas, vendo os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas, tomaram por suas mulheres...” Na Sagrada Escritura, alguns interpretam que “filhos de Deus” eram aqueles que viviam santamente, os descendentes de Set, mas o próprio Santo Agostinho interpreta o termo "filhos de Deus" como sendo os anjos. A interpretação de Santo Agostinho é corretíssima, pois não haveria motivos para a Bíblia se referir aos "filhos de Deus" como sendo os homens, porquanto era comum os homens tomarem as mulheres para si. Embora não possa se descartar a idéia de se chamar os homens bons também de “filhos de Deus”, que realmente eles o são. Pelo texto se entende, então, que alguns anjos tomaram algumas das filhas dos homens como mulheres. E como se trata de uma ação maléfica, se depreende que tais anjos eram os demônios. De outro lado, as chamadas “filhas dos homens” eram as que praticavam o pecado, as descendentes de Caim. A coisa chegou a tal ponto que geraram gigantes entre eles, “homens possantes e desde há muito afamados” (Gên 6, 4). A decadência era tamanha que Deus resolveu acabar com a humanidade e mandou o dilúvio. Em atenção à Noé, Patriarca puro e fiel a Deus, foi preservada a sua posteridade e dado continuidade ao povoamento da terra pelos homens. Quando tinha quinhentos anos, Noé teve seus filhos. Quais eram os filhos de Noé? Sem, Cam e Jafet. Na hora de entrar na arca, entraram também as mulheres de Noé e dos filhos, mas quem eram elas? Não se sabe, pois seus nomes não são citados. Após o dilúvio, saíram todos da Arca e está escrito: “Estes são os três filhos de Noé, e por eles se propagou todo o gênero humano sobre a terra”. (Gn 9, 10). Se propagou como? A Sagrada Escritura não fala mais sobre as mulheres dos filhos de Noé nem de outras pessoas. A partir daí se começa a descrever toda a genealogia patriarcal da posteridade de Noé. Dois foram, portanto, os principais patriarcas da Humanidade, Adão e Noé, mas seus descendentes citados na Bíblia eram somente patriarcas das épocas em que viveram. Vieram depois os patriarcas do povo eleito, que veremos a seguir. AGAR – Escrava de Sara, esposa de Abraão. Como Sara era estéril a entregou a Abraão para com ela ter filho, segundo costumes daqueles tempos. Dela nasceu o primeiro filho de Abraão, Ismael, o patriarca que deu origem aos ismaelitas, atuais árabes. Como Sara a tratasse mal resolveu fugir para o deserto. Estando lá lhe apareceu um Anjo e lhe ordenou que voltasse para a companhia de sua antiga patroa (Gen 16, 1-16), indicando que a submissão pela escravidão não era condenada por Deus. Depois que nasceu o filho legítimo de Abraão com Sara (Isaac), esta pediu ao patriarca para expulsar Agar e Ismael de sua companhia. Novamente foram para o deserto, onde foram amparados por Deus. São Paulo se refere a Agar como figurando o Antigo Testamento e Sara o Novo (Gál. 4, 24), o filho da escravidão e o filho legítimo. Agarenos – Tribo de nômades árabes, descendentes de Ismael, filho de Agar. Por suas guerras contra atribo de Rubem deviam viver na antiga Transjordânia (I Par 5, 10). Foram vencidos e submetidos pelos israelitas no tempo do rei Saul (I Par 5, 18 e ss). A Wikipédia assim define o termo: Agarenos ou Hagarenos (em grego: Ἀγαρηνοί; transl.: Agarenoi; em siríaco: ܗܓܪܝܐ‎ ou ܡܗܓܪܝܐ; transl.: Hagráyé ou Mhaggráyé é um termo amplamente usado por fontes primitivas siríacas, gregas, coptas e armênias para se referirem aos primeiros conquistadores árabes da Mesopotâmia, Síria e Egito. O nome foi usado na literatura judaico-cristã e em crónicas bizantinas aplicado primeiro aos árabes Hanif[a] e posteriormente às forças islâmicas como sinônimo de sarracenos. O termo siríaco Hagraye pode ser traduzido como "os seguidores ou descendentes de Agar, enquanto Mhaggraye está provavelmente relacionado com o termo árabe Muhajir (primeiros seguidores de Maomé). Alguns estudiosos pensam que os termos podem não ter origem judaico-cristã. Patricia Crone e Michael Cook defendem no seu livro "Hagarism: The Making of the Islamic World" que o termo foi introduzido pelos próprios muçulmanos para descreverem o seu avanço militar para o Levante e Jerusalém em particular, como uma Hijra. O termo ismaelita, que usualmente designa especificamente um ramo do Xiismo é por vezes usado como sinônimo de agareno. Agareno pode ainda designar qualquer muçulmano. Um exemplo disso pode eventualmente ser Ahryani (Aхряни), uma designação para os búlgaros muçulmanos usada em búlgaro coloquial; no entanto a origem deste termo tem também sido explicado como resultado do paralelismo existente entre a expansão do Islão nos Balcãs com o Arianismo antitrinitário.[carece de fontes. Importante notar que os muçulmanos introduziram várias denominações em seus conceitos e na sua história a fim de justificar tratar-se de uma religião monoteísta, como serem descendentes de Abraão, etc., No entanto, a linha patriarcal naqueles tempos era tirada do ramo masculino e não feminino, trata-se de descendentes do Patriarca Abraão, que gerou em Agar o filho Ismael. Da mesma forma passaram chamar Deus pelo nome de Alá, pois trata-se que este era apenas um dos deuses antigos adorados pelo politeísmo em Meca e Medina. Talvez nisso esteja incluído o comentário feito pelos autores acima, Patrícia Crone e Michal Cook, sobre a origem do termo Agareno.

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