sábado, 22 de dezembro de 2012

O verdadeiro espírito do Natal

Fala-se muito em “espírito do Natal”.




 
De modo geral essa expressão tem um lugar-comum: representa um modo de ser bondoso e tolerante com tudo, de modo que o convívio humano fique o mais amaciado e pacífico possível. Quando chega essa época, se alguém se mostra um tanto raivoso ou intolerante, ou mesmo demonstra insatisfação de alguma coisa com cara feia, vem logo alguém que lhe diz: “e cadê o espírito de Natal?” Vamos analisar um pouco no que consiste o verdadeiro espírito natalino. Alguns até o desvirtuam completamente com mensagens como esta:



Para se chegar ao espírito natalino é necessário analisar a mensagem que o Natal nos traz e o que representa para nós Aquele que festejamos nessa data.



Comecemos pelo segundo tópico. O que representa Jesus Cristo para nós? Portanto, que representa Seu nascimento?
Não pretendo analisar aqui a pessoa de Cristo como Deus, portanto, com caráter sobrenatural e dependendo, para quem analisa, ter Fé cristã para aquilatar o Seu valor real para todos nós, que transcente a vida terrena e nos leva à Eternidade. Vamos ver, de algum modo, o que Ele representa no plano meramente natural e humano, embora se possa ser obrigado a mesclar isso com o aspecto sobrenatural também. De tal sorte o nascimento de Cristo foi importante para a humanidade, que dividiu a História em duas partes: o tempo é contado entre Antes e Depois de Cristo, como se sabe. Apesar de contrariar uma quantidade enorme de historiadores ateus ou agnósticos, esta divisão permaneceu e ninguém consegue aboli-la. Depois disso, qual fundador de uma religião morreu ao criá-la e com sua morte lhe deu mais força ainda? E qual ressuscitou depois? Que religião existe no mundo em que seu fundador tem sua data de nascimento comemorada de tal forma como o fazemos no Natal? O fundador do budismo quase ninguém nem sequer sabe em que data nasceu; o do islamismo sabe, é verdade, mas sua comemoração é pífia e não tem tão grande valor como a do nosso Natal. O mesmo diga-se de todas as outras religiões. Se os judeus consideram São Moisés como fundador da religião deles, mesmo sendo ele um grande santo e profeta que precedeu a Jesus Cristo, não se sabe sequer a data de seu nascimento ou de sua morte, pois os dados da Sagrada Escritura são omissos.


Do ponto de vista natural, pois, o nascimento de Cristo não tem igual entre os homens, fazendo, inclusive com que o Natal seja também comemorado (embora com certo sentido comercial) até em países pagãos como China e Japão.



De outro lado, Cristo deixou Seu representante na terra, que é o Santo Padre, o Papa, cuja importância é tal que não há figura mais respeitável no mundo. Para ilustrar isso, basta dizer que o Papa é mais visitado do que qualquer dirigente político ou religioso. Nem sequer o presidente americano, a nação mais rica e importante da terra, recebe mais visitas do que o Papa. Além disso, suas palavras são pesadas e medidas por todos os habitantes do planeta, quer sejam católicos ou não, tendo um grande peso na condução dos problemas da humanidade. Se não é seguido de imediato é porque o orgulho dos governantes não os permite vê a importância dos ensinamentos da Igreja. Sua importância capital não se refere ao mando político e nem as decisões legais dos povos, mas no que diz respeito aos ensinamentos, á doutrina, etc. Quando chega o Natal, todos voltam seus olhos para o Vaticano e aguardam que tipo de pronunciamento vem de lá, cujas cerimônias natalinas são apreciadas por maior parte dos países. Não há nada no mundo que atraia tanta importância como a inauguração da árvore de Natal do Vaticano e as cerimônias natalinas que lá se realizam. Se os povos dão importância a tudo isso é porque sentem que trata-se do Representante de Cristo que vai falar e sob o qual vão ocorrer os rituais e festas. É Cristo que é o centro de tudo.

A mensagem Natalina


Visto isso, veremos agora o que representa a mensagem do Natal. Embora as pessoas, de modo geral, falem dessa mensagem como sendo “mensagem de paz”, quase ninguém penetra a fundo no que consiste a paz pregada nela. Os Santos Anjos anunciaram com suas trombetas no primeiro Natal da História: “paz na terra aos homens de boa vontade”, e isto se deu logo após o “glória a Deus no mais alto dos céus”.


Enquanto estamos na terra, todos nós precisamos daquela paz anunciada naquele grandioso dia. Lembremo-nos, porém, de que esta paz é exclusiva aos homens de boa vontade. Por que a paz é exclusivamente dada aos “homens de boa vontade?” Por que os homens de má vontade não a possuirão? Porque estes são aqueles, que, estando contra a vontade divina, estão em estado de revolta contra Deus. São aqueles chamados também de ímpios e, segundo o Profeta Isaías, “não há paz para os ímpios”. O que quer dizer “homens de boa vontade”? Quer dizer aqueles homens cujas vontades estejam em completa consonância com a vontade de Deus, aqueles que digam “seja feita a vossa vontade” não só na hora de rezar o Pai-Nosso, mas em todos os atos de sua vida presente, fazendo com que a vontade de Deus seja feita “aqui na terra como no céu”.


Ó homens de boa vontade! Contemplai o Menino Jesus, nascido abandonado num mísero presépio, e fazei-O nascer também em vosso coração! Bem sabeis que vosso coração é tão pobre ou mais do que aquela gruta; tão sujo ou mais do que aquela manjedoura; tão árido e esquecido quanto aquele ermo onde a Sagrada Família procurou abrigo. Mas ao introduzir nele o Menino Jesus o tornai o lugar mais rico, mais asseado e limpo, mais concorrido do mundo. E assim estareis realizando o terceiro advento de Jesus Cristo: o primeiro deu-se naquele primeiro Natal; o segundo dar-se-á no fim do mundo; e o terceiro estará ocorrendo enquanto viveres e acolhê-Lo em teu interior.
E como acolher Jesus Cristo em teu interior? Olhai bem e pensai: é necessário antes de tudo fazer a vontade d’Ele aqui na terra, da mesma forma como os Santos Anjos a fazem no céu, para que possamos estar possuídos de uma boa vontade e obtenhamos a Sua Paz. Fazendo-O nosso Hóspede, acolhendo-O em nosso coração, transformamos nosso interior em sua morada.
Como poderá o cristão fazer uma morada para Deus em seu interior? Fazendo com que nele reine a vontade de Deus. Lembrem-se disso: toda vez que acolhemos bem em nossa casa um parente, um amigo ou simplesmente um visitante, dando-lhe toda a atenção, todo o conforto de que carece, fazemos de nossa casa a sua morada. Assim também, toda vez que recebemos com afeto nosso irmão, mesmo que ele seja defeituoso, seja incômodo ou chato, ou até mesmo mal cheiroso, não está sendo ele nosso irmão apenas pelo sangue ou pela fé, mas muitas vezes porque tem os mesmos defeitos que nós também carregamos. E, neste caso, a sua morada não será apenas a nossa casa, com tudo o que possamos lhe oferecer de conforto, mas o nosso próprio coração, também com tudo o que podemos oferecer de bom para ele. Podemos ir mais longe: toda vez que perdoamos as ofensas que nos são dirigidas, mesmo que os ofensores não se humilhem e nos peçam perdão, estamos fazendo o papel de Deus que a tudo é capaz de perdoar por nosso amor. Esta atitude, refletindo o desejo de Deus para o bom convívio dos cristãos, revela o império de sua vontade em nós.
Agindo assim, irmãos, fazemos também o papel de anjos que são os mensageiros e intercessores de Deus perante os homens. Por que? Porque os Santos Anjos não são donos dos dons que vêm de Deus para nós e nem daqueles que levam até Deus provenientes de nossas boas obras. Mas mesmo assim eles levam e trazem tais dons sem desfrutá-los. Da mesma forma, quando agimos com paciência suportando e perdoando os defeitos dos semelhantes; quando levamos conforto ou consolo a um necessitado; quando procuramos espelhar em nossas almas as boas virtudes para que os outros as copiem – não é o nosso perdão que levamos ao nosso semelhante, nem é nossa a fortaleza que lhe damos ao consolá-lo e confortá-lo, nem tampouco são nossas aquelas virtudes que espelhamos como exemplo de vida, mas tudo provém de Deus em benefício dos homens. Assim como os Santos Anjos, somos apenas intercessores daqueles dons.
Eis aqui uma receita para sermos bons cristãos: exercitar a nossa boa vontade, unindo-a à de Deus, consolando, confortando, perdoando, suportando incômodos e defeitos, pois foi assim que Jesus Cristo fez ao Se submeter à vontade do Pai celeste desde o nascimento até àquela morte tão cruel. Sempre trazendo esperança aos homens, sempre confortando, consolando, perdoando, mesmo às custas de tanto sofrimento. Somente vivendo assim, agindo assim, teremos aquela paz cantada pelos Santos Anjos no nascimento de Jesus, que é fruto da glória de Deus, mas é também ela mesma parte daquela glória.

A morada de Deus dentro de nós é construída principalmente pela Sua vontade: comecemos a cumpri-La neste Natal, pedindo ao Menino Jesus que tome conta de nosso coração!


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