terça-feira, 27 de novembro de 2012

A VIOLÊNCIA URBANA E O ESPÍRITO DE VINGANÇA



A propósito do clima de violência urbana que avança sobre  toda a terra, especialmente  sobre o Brasil, vamos tecer alguns comentários sobre a relação direta que há entre tal violência e o chamado “espírito de vingança”.
Basta dá uma olhada, mesmo superficial, para vermos que o clima de mata-mata avança inexoravelmente sobre nossa sociedade.  E a mídia (especialmente a TV) tem sido a principal estimuladora deste clima de violência.  De uma forma inescrupulosa a TV vem dando destaque exagerado às notícias sobre violência. Há uma verdadeira competição entre os canais de TV sobre qual divulga o fato mais clamoroso de cada dia. Num dia é  veiculada a cena de um criminoso assassinando outro dentro de uma prisão (como foi filmada e qual razão do vídeo haver caído nas mãos deles, nada se diz), num outro dia um canal veicula a cena de um homem assassinando sua própria esposa a facadas, dentro de seu próprio lar: cena chocante e bárbara ocorrida num estado do Norte e veiculada em São Paulo. Enfim, rivalizam-se os programas de violência, cada canal de TV com um programa nas capitais e grandes cidades.
De outro lado, dão grande destaque a noticias sobre o fracasso da polícia ou sobre operações erradas e ilegais da mesma, mesmo que a notícia tenha ocorrido na fronteira com a Colômbia, bem  longe dos grandes centros, pois o importante é desacreditar a policia perante a população.
Ao lado disso, é constante o açulamento que os repórteres fazem para que as vítimas reclamem por justiça.  Mas, muitas vezes, tal clamor por justiça não deixa de esconder um mero desejo de vingança. No fundo, é esse desejo desenfreado de vingança que a mídia está disseminando em nossa sociedade.  Não se ouve ninguém perdoar, não se ouve mais nenhuma vítima, por bárbaro que seja o crime, fazer como outrora e perdoar o criminoso. Por quê? Porque se a mesma falou alguma coisa não é divulgada, pois o destaque é dado para os que “pedem justiça”, isto é, que o crime seja vingado.

O Espírito de vingança, fruto da vida pagã
E tal espírito de vingança vai paulatinamente crescendo e se tornando dominante em nossa sociedade por causa do crescimento do paganismo e do ateísmo. Estamos nos aproximando do mesmo espírito de vingança que dominava os nossos índios, especialmente na forma como os descobridores os encontraram em nosso país no século XVI.
Toda sociedade humana, toda cultura, tem como objetivo primordial a procura de uma certa felicidade.  Mas nossos indígenas não procuravam essa felicidade nos prazeres, a plena satisfação entre eles, certo gozo prazenteiro que os fazia muito felizes, não era nem sequer o prazer sexual, mas a satisfação do orgulho e na vingança perante os inimigos.
A este respeito, assim se expressou o padre Claude d’Abbeville:
“Essa vida que julgam boa não é aferida pelo bem, nem pela virtude, porém pela crueldade e desumanidade. Julgam-se tanto mais honestos quanto maior número de prisioneiros massacram; e consideram uma vida boa a que se gasta na guerra, na exibição da valentia e na hostilidade encarniçada contra o inimigo; e acham covardes e efeminados os que não têm ânimo para isso”

Guerras e espírito de vingança
O espírito guerreiro pode ser um atributo altamente nobre num povo, mas quando destinado a fins mais elevados como a defesa da honra, da Pátria, de valores morais, etc. Não era assim movido o espírito guerreiro dos índios, mas sim o da vingança ou de alguma futilidade qualquer. Muitas vezes as guerras destinavam-se à simples captura de inimigos para serem comidos em seus festins antropofágicos ou escravidão de mulheres para possuírem em seus haréns.
O padre Thevet informa que os índios faziam guerra uns contra os outros por motivos fúteis, ou o simples desejo de vingança: “Move-os apenas o mero apetite de vingança, e nada mais, tal e qual se fossem animais ferozes”.
O padre francês Claude d”Abbebille, afirma:
“...haverá maior barbaridade do que se mostrar hostil contra os vizinhos, a ponto não somente de lhes  fazer sem trégua uma sangrenta guerra, mas ainda, para exterminar-lhes a raça, comer-lhes a carne até vomitar? Crueldade bárbara, barbaridade cruel! No entanto, disso é que se vangloriam os tupinambás, julgando-se tanto mais gloriosos quanto o número de homens que mataram na guerra e de inimigos que comeram”.  “(...) é  preciso que se saiba que não fazem a guerra para conservar ou estender os limites de seu país, nem para enriquecer-se com os despojos de seus inimigos, mas unicamente pela honra e pela vingança. Sempre que julgam ter sido ofendidos pelas nações vizinhas ou não, sempre que se recordam de seus antepassados ou amigos aprisionados e comidos pelos inimigos, excitam-se mutuamente à guerra, a fim, dizem, de tirar desforra, de vingar a morte de seus semelhantes”
Diversos outros historiadores ou cronistas manifestam o mesmo ponto de vista de Claude d’Abbeville, até mesmo Jean de Léry, que  nem católico era, o qual afirmou:
“Os selvagens se guerreiam não para conquistar países e terras uns aos outros, porquanto sobejam terras para todos; não pretendem tampouco enriquecer-se com os despojos dos vencidos ou o  resgate dos prisioneiros. Nada disso os move. Confessam eles próprios serem impelidos por outro motivo: o de vingar pais e amigos presos e comidos, no passado... ...o ódio entre eles é tão inveterado que se conservam perpetuamente irreconciliáveis”
Um historiador mais recente, Varnhagen, também confirma o que se disse acima, acrescentando que havia também guerras feitas apenas para escravizar inimigos ou para a conquista brutal de mais mulheres para seus haréns. Causava, além disso, o enfraquecimento e até extermínio das tribos: “...as guerras de extermínio, que mantinham entre si, eram causa de que as tribos ou cabildas se debilitassem cada vez mais em número, em vez de crescerem. Além de que, essas mesmas cabildas  pequenas que existiam, mantinham-se por laços sociais tão frouxos, que tendiam a fracionar-se cada vez mais e a guerrear-se, ficando inimigos acérrimos os que  antes combatiam juntos...”   O cronista português Gabriel Soares de Sousa acrescenta que a população indígena só fazia diminuir por causa das guerras. Como exemplo diz ele que a nação dos Tupinaês estava sendo dizimada pelos Tupis da costa do Brasil, sendo expulsos para o sertão.

Espírito de vingança
Pode-se imaginar que a busca e o desfrute do prazer traz tranqüilidade ao homem, haja vista que produz comodidade material e conforto. Ora, a busca e o desfrute do prazer gera como conseqüência natural a fuga da dor, fazendo com que qualquer aborrecimento ou contrariedade se tornem insuportáveis. Um exemplo: as pessoas mais irritadiças de nosso tempo são as que usam os mais modernos e confortáveis objetos e utensílios, ou mesmo veículos e outros recursos da vida moderna. Há motivo para tanta irritação e tanto nervosismo no trânsito de nossas grandes cidades se as pessoas estão confortavelmente instaladas em luxuosos automóveis?  Há mais razão ainda para tanto nervosismo entre passageiros dos modernos aviões, equipados com o que há de melhor em questão de conforto e prazer?  Não há outra explicação para o fenômeno: a busca e o gozo do prazer não traz paz de espírito, mas grande inquietação.
Isto é o que explica e está na raiz do espírito de vingança, tanto o que há entre os índios como o de nossa moderna sociedade. O padre Manuel da Nóbrega afirma que os índios eram tão sujeitos à ira que se acaso encontrassem no caminho alguém adverso logo brigavam à pedra ou às dentadas, fazendo o mesmo até contra as pulgas e piolhos, tentando vingar-se daqueles insetos dos males que lhes causavam. Contam os cronistas que era comum as catadoras de piolho morderem raivosamente o bichinho após tê-lo colhido da cabeça de outra pessoa. Mas, o pior era quando este espírito de vingança perpassava por toda a tribo e se voltava contra os de uma outra. Contemplar o espetáculo de uma luta entre selvagens não era um agradável passatempo: um punhado de homens engalfinhados, agarrando-se e mordendo-se uns aos outros, quando não dispunham dos tacapes ou das flechas para fazer com que a carnificina fosse mais terrível. E isto ocorria com muita freqüência. Quando, no dia-a-dia, um selvagem fica irritado ou tem alguma contrariedade ou rixa contra outro, logo procurava o pajé para que providenciasse o envenenamento e a morte de seu desafeto. Costumavam administrar tais venenos às próprias mulheres com quem conviviam, quando tinham uma grande raiva delas ou por qualquer outro motivo, ou então ocorria o contrário, eram elas que envenenavam os homens.
Com sinceridade,  não é comum nos dias de hoje haver fatos semelhantes entre os que se dizem civilizados, mas que vivem num mundo repleto de ódio e de espírito de vingança? Qual o motivo principal das chacinas das gangues se as pessoas matam simplesmente por ódio e vingança? Querem um relato de tais crimes? Basta ler qualquer jornal de qualquer dia da semana:  estará recheado de crimes de tal natureza.
Este espírito de vingança é um sentimento que se transmite de pai para filho. E o costume se difunde em vários aspectos da vida social. No caso dos índios, por exemplo, quando matavam os inimigos guardavam consigo vários pedaços do corpo do defunto e assim poderem renovar sua ira quando bem lhes aprouver.  Informa o cronista português Gandavo:
“...algum braço ou perna, ou outro qualquer pedaço de carne costumam assar ao fumo, e tê-lo guardado alguns meses, para depois quando o quiserem comer, fazerem novas festas, e com as mesmas cerimônias tornarem a renovar outra vez o gosto da vingança, como no dia em que o mataram, e depois que assim chegam a comer a carne de seus contrários, ficam os ódios confirmados perpetuamente, porque sentem muito esta injúria, e por isso andam sempre a vingar-se uns dos outros...”
E claro que ainda estamos longe de presenciar casos semelhantes entre nós, mas não demora muito, a continuar o clima de violência atual, que tal possa ocorrer na atualidade.  Já houve casos de gente que mata e esquarteja a vítima, alguns até com propósitos de selvageria, como ocorreu recentemente na Alemanha; e outros que cometeram a antropofagia.
Já o naturalista Carl von Martius achava que inimizade do índio estava ligada ao seu “nacionalismo”, isto é, apego a uma certa tradição tribal ou regional. Quando se pedia a um selvagem o nome de sua tribo, ele quase sempre e sem disso ser interpelado, dava o nome da tribo contrária de que é inimigo mortal. Um Mundrucu entendia como perfeitamente natural, até como sagrado dever para com seu povo, perseguir por toda a parte os da tribo contrária Parentintim, e se possível cortar-lhes as cabeças e mumificá-las, carregando-as na cintura como troféus.  Já estamos vendo coisa parecida no mundo de hoje, embora não da mesma forma, pois é assim que as quadrilhas se tratam em suas guerras de extermínio. Um dos costumes que o homem moderno já copia integralmente dos índios é a tatuagem, sendo que os selvagens mandavam fazer figuras disformes ou símbolos estranhos, mas com significados que marcavam bem esse espírito de vingança. As tatuagens de hoje servem até para “marcar” que o indivíduo pertence a certa gangue e, assim, nunca possa passar para a inimiga, pois tem um símbolo em seu próprio corpo que o condena no convívio do inimigo.


No caso dos antigos índios era uma coisa mais disseminada, não era restrita apenas a grupos como as gangues de hoje. Ardiloso e taciturno, o índio dissimulava durante vários anos sua raiva, que era manifestada repentinamente numa vingança brutal e sangrenta, matando o inimigo covardemente, às vezes sob os mais pavorosos sofrimentos. Geralmente, o vingador procurava praticar na sua vítima as mesmas feridas que esta dera em membros de sua tribo. O padre Thevet conta o caso de um índio que foi levado para a França quando tinha apenas 14 anos de idade, onde casou-se e tornou-se civilizado. Aos 22 anos de idade resolveu voltar ao Brasil num dos navios franceses que por aqui traficavam madeira. Aqui chegando, algumas pessoas revelaram a identidade de sua tribo aos de outra, inimiga, os quais logo tomaram o navio de assalto como cães famintos e raivosos: encontrando o rapaz ainda no navio, despedaçaram-no sem piedade.
Vários são os exemplos deste famigerado espírito de vingança entre os índios. Gandavo conta outro caso: em determinada aldeia de São Vicente foi morto o filho do chefe de uma tribo, e passados 3 ou 4 anos o referido chefe invadiu a tribo inimiga, foi direto ao matador de seu filho, matou-o, cortou-lhe a cabeça e a levou consigo como troféu. Chegando à sua tribo, assim falou o chefe aos seus:
“...agora, companheiros e amigos meus, que eu tenho vingado a morte de meu filho, e trazido a cabeça do que o matou perante vossos olhos, vos dou licença que os choreis muito embora, que dantes com mais razão me podereis a mim chorar, em quanto vos parecia que por algum descuido dilatava esta vingança” .

Qual o prazer de comer carne humana?
Não há ser humano capaz de estar defronte a um cadáver que não sinta, primeiramente, um sentimento de respeito, seja ele quem for. Mas, depois, vem sempre uma certa repugnância sensitiva se, por exemplo, tiver que lhe trocar a roupa ou arrumar melhor o corpo para o enterro. Desta forma, era necessário que os índios fizessem a todo instante grande violência a seus instintos naturais para superar tal repugnância e desejar a qualquer custo comer carne humana. Somente o ódio implacável seria capaz de fazer com que um ser humano chegasse a tanto. Portanto, não é possível que sentissem prazer sensitivo de degustação ao comer os cadáveres, mas um prazer orgulhoso, um sentimento de ódio causado pelo desejo de vingança. Claude d’Abbeville diz que não é prazer propriamente que os faz comer carne humana, nem tampouco o apetite sensual, haja vista que ouvira de muitos dizer que, depois de comer tal carne, vomitavam. Mas, mesmo após o vômito, faziam violência a si mesmo e voltavam a comê-la...

O jugo da lei predispôs os indígenas às graças divinas e aos benefícios da Civilização
Era opinião desposada pelos jesuítas, como consta no “Diálogo Sobre a Conversão dos Gentios” do Padre Manuel da Nóbrega, de que era urgente impor aos índios o jugo da Lei, pois somente assim ficariam dóceis à atividade missionária dos padres e passíveis de serem civilizados. E quem poderia fazê-lo senão o Governador?  Era uma exigência primordial de amparo ao trabalho apostólico dos missionários jesuítas. E foi assim que Mem de Sá, de início, para poder jungir esses rudes selvagens ao jugo da lei e moldá-los pela doutrina de Cristo, ordena que deixados recôncavos, campos, florestas, acorressem de todas as partes a um mesmo local e aí construíssem suas casas, erguessem novas aldeias e começassem a deixar os antigos costumes de feras; deixassem de vaguear daqui e dali, como tigres, pelos cerrados.
Mem de Sá começa por acabar com o nomadismo dos índios, ordenando que viessem morar em aldeias fixas. Somente a partir daí se poderia aplicar as leis. Tal medida era necessária e urgente.
Como conseqüência, os índios começaram a acorrer para serem doutrinados de forma mais ordenada, sem os perigos da dispersão e do nomadismo, afirmando um dos jesuítas, o Padre Pires,  que “agora posso com razão escrever que são ligeiros para irem acorrer à igreja, e se suas gargantas eram “sepulchrum patens” para matarem e comerem vivos, agora estão abertas para louvarem a Cristo...”
Mas, a vida em comum numa cidade não era bastante, deveriam conhecer o império da lei.  E para que os índios conhecessem bem o que é a lei e a justiça, o governador determinou que fosse colocado no meio de todas as aldeias um local destinado a castigar os que desobedecessem a lei. Em seguida fez um pregão, mandou publicar em todas as aldeias as normas da convivência social, a fim de que soubessem que seriam passíveis de punição os que matassem o seu semelhante ou mesmo comessem as carnes daqueles já mortos.  Para desafiar o governador um cacique mandou dizer que iria fazer um festim antropofágico, avisando o dia, e que queria ver quem o iria impedir.  Mem de Sá ordena a invasão da aldeia, determinando que o cacique seja preso e seja trazido vivo.  Mandou prendê-lo e espalhou o aviso aos demais: caso alguém tentasse fazer o mesmo seria também preso. Se o governador decretasse pena de morte para tal delito não teria o mesmo efeito, pois o índio não teme a própria morte, mas não suporta uma prisão. Com pouco tempo de prisão o cacique se arrepende de tudo, é recebido pelo governador que o perdoa e o manda soltar. Todos sabem do corrido e o caso serviu de exemplo aos demais. A antropofagia estava prestes a acabar entre os índios.
A respeito da disposição do governador de fazer cumprir a lei e a justiça, assim comenta um outro jesuíta,  o padre Ruy Pereira : “(...) ajudou grandemente a esta conversão cair o senhor Governador na conta, e assentar que sem temor não se podia fazer tudo...  ...ordenou que houvesse em cada povoação destas um dos mesmos índios, que tivesse carrego de  prender em um tronco os que fizessem cousa que pudessem estorvar a conversão...  ...E hão tanto medo a estes troncos, que, depois de Deus, são eles causa de andarem no caminho e costumes que lhes pomos...”
Outro jesuíta, o Padre Antonio Pires, afirma que os próprios índios pedem para a disseminação destes “troncos”, espécie de meirinhos, “para terem cuidado de prenderem os ruins”.

Inicia-se a verdadeira conversão dos índios
Antes da chegada de Mem de Sá e a aplicação de tais métodos, alguns índios se convertiam, é verdade, eram batizados e prometiam mudar de vida. Mas não perseveravam, mudavam de propósito rapidamente, influenciados, principalmente, pelos feiticeiros que viviam arredios. Num dia convertiam-se mil e já no outro dia os mesmos mil fugiam para outro local em seu nomadismo e recomeçavam sua antiga vida pagã. A intervenção do Governador Mem de Sá foi verdadeiramente milagrosa, segundo o Beato Padre Anchieta:
“Foi por vosso ministério que tão grandes milagres se realizaram. Vós, mais velozes que os ventos, a nossas plagas trazeis em revoadas contínuas as paternas disposições da Providência divina.  Dizei vós as leis e a ordem que o ilustre e piedoso governador implantou entre povos tão feros, para afinal ser honrado nestas paragens incultas o nome vitorioso, forte e imortal de Jesus!”
Assim, foi o Governador Mem de Sá que solidificou a cristianização de nossos selvagens.  Os jesuítas são unânimes em afirmar que o Governador, com seu zelo por Cristo Nosso Senhor, castigava os delinqüentes com muita prudência e temperança, de forma que o castigo edificasse e não destruísse a obra da catequese. Isto também serviu para solidificar a amizade dos índios com os padres e os bons cristãos, levando-os a abandonar com gosto seus antigos costumes bárbaros por outros cristãos. Dentre estes costumes estava o terrível  vício capital do espírito de vingança pela vingança.
Os primeiros aldeamentos feitos na forma determinada por Mem de Sá, isto é, em lugares fixos, foram fundados na Bahia a partir de 1558, com as aldeias já com denominações cristãs: São Paulo, São João, Espírito Santo e Santiago. Em Piratininga havia apenas a de São Paulo, fundada 4 anos antes pelo Beato Anchieta.

Temor e sujeição: condição para civilizar o índio, que pode ser útil também hoje em dia
O Padre Manuel da Nóbrega foi um dos propugnadores da tese de que somente através do temor e sujeição se poderia civilizar duravelmente os nossos índios. Tais princípios estão enunciados numa carta que o mesmo dirigiu ao Rei de Portugal:
 “Este gentio é de qualidade que não se quer por bem se não por temor e sujeição, como se tem experimentado, e por isso, se S. A. os quer ver todos convertidos, mande os sujeitar e deve fazer estender os cristãos pela terra adentro e repartir-lhes os serviços dos índios àqueles que os ajudarem a conquistar e senhorear como se faz em outras partes de terras novas, e não sei como sofre a geração portuguesa, que entre todas as nações é a mais temida e obedecida, estar por toda esta costa sofrendo e quase sujeitando-se ao mais vil e triste gentio do mundo” 

Espírito católico do Governador Mem de Sá
Esta plêiade insigne de homens tinha o Governador como exemplo maior de virtudes, de espírito cristão, de catolicidade. Mem de Sá era não só o administrador político da terra, mas o amansador dos índios, o guerreiro, o católico praticante e amigo dos padres, o padrinho dos neófitos e dos noivos, distribuindo justiça e bondade a todos. Consumiu sua vida toda no Brasil, onde veio a falecer. Numa só cerimônia de batismo, Mem de Sá foi padrinho de 84 crianças, o que fazia sempre com alegria e acolhimento dos pequeninos.

E HOJE, COMO ESTÁ O ESPÍRITO DE VINGANÇA NA SOCIEDADE MODERNA?
A violência urbana é uma consequência das guerrilhas comunistas que enfrentavam os militares no período da ditadura. Foram eles os pioneiros de assaltos a bancos e outros crimes de quadrilhas, cometidos pelo famoso Comando Vermelho, criado por uma facção da esquerda. Depois deste bando, vários outros se espalharam por nossas grandes cidades, alguns até com ramificações em outros estados. Muitos são associados a grupos internacionais ligados a Fidel Castro e Hugo Chávez.
Assim, a criação de um organismo governamental denominado de “Comissão da Verdade” (sob a capa de punir o Estado) nada mais é do que reflexo desse espírito de vingança. Como temos no poder uma ex guerrilheira, que se diz perseguida pela ditadura, o fato da mesma (ou do governo anterior, tanto faz, pois fazia parte do mesmo grupo) criar uma comissão especialmente encarregada de pesquisar sobre possíveis abusos dos militares e sua punição é, realmente, uma tentativa de revanche.  Como a própria presidente não é exemplo de pessoa pacífica, pois pegou em armas, ela mesma serve de modelo para o aumento da violência urbana.  Assim como o ex presidente Lula, que representava o exemplo de esperteza, está sendo copiado por grupos de corrupção e esperteza política. Assim, poderemos dizer que os escândalos oriundos da esperteza foram deixados por Lula após seu governo, enquanto que a violência urbana está sendo o legado da atual presidente.
Neste sentido, nosso regime político deve ser repensado para ser reformulado: será que a própria existência de partidos políticos não está alimentando a formação de quadrilhas? Sim, porque é de dentro das agremiações ou partidos políticos que saem todas as quadrilhas de golpes fraudulentos e espertezas políticas dos últimos tempos.
Os nossos dirigentes vão continuar se reunindo, vão continuar criando forças-tarefas para combater a violência urbana, a polícia vai continuar se equipando cada vez mais, mas, a violência não vai deixar de crescer enquanto não procurarem combater seus fundamentos, que está na formação moral e religiosa de nosso povo, a única capaz, inclusive, de fazer acabar este terrível espírito de vingança que hoje toma conta de toda a nossa sociedade. Precisamos de alguns governadores, em cada Estado, e um presidente da república também, que possam repetir nos dias atuais o mesmo estratagema do governador Mem de Sá.  E a par disso se faça uma reforma no Clero para que saibam pregar à população o verdadeiro espírito cristão, que sempre perdoa e nunca dá lugar à vingança.

Um comentário:

Unknown disse...

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