domingo, 8 de maio de 2022

8 DE MAIO, ANTIGA DATA DA FESTA DE SÃO MIGUEL

 



Um grande prodígio operado por São Miguel nos remonta ao século V, quando o Arcanjo apareceu por três vezes no monte Gargano. Um rico senhor da cidade de Siponte, na Itália, perdera um de seus touros e passou a procurá-lo pelo monte Gargano. Indo com seus homens até o pico do monte encontram o animal ajoelhado numa caverna inacessível aos homens. Tentando tirar o animal da caverna e não o conseguindo, o exasperado fazendeiro resolveu matar o touro e começou e desferir-lhe flechadas. Mas as flechas voltam-se, antes de atingir o alvo, e ferem o arqueiro.  A notícia do fato foi logo se espalhada pela cidade, indo chegar aos ouvidos do bispo, São Lourenço Maiorano. 

Era necessário esclarecer o misterioso caso. Assim, o santo bispo ordenou que se fizessem penitências e orações públicas. Ao terceiro dia, aparece ao mesmo bispo o vulto de um nobre cavaleiro todo envolto em clarões celestes. Dizendo-se ser São Miguel, assim falou: “Sou eu o autor do prodígio da caverna. De futuro ela será o meu santuário na terra”.

Decorrido algum tempo, Siponte foi assediada por um exército invasor. A cidade já estava para se render, mas o bispo São Lourenço Maiorano pede e obtém uma trégua de três dias. Neste período, pediu à população para fazer preces públicas e penitências. Ao terceiro dia, o Arcanjo São Miguel lhes aparece reanimando-os a coragem e assegurando-lhes brilhante vitória sobre os inimigos. No outro dia, os sitiados fizeram uma surtida para tentar furar o cerco, quando subitamente viram o mar enfurecido e o ar escurecer-se e encher-se de raios que eram fuzilados contra o exército inimigo. Os invasores de Siponte, que eram pagãos, fugiram apavorados e foram dizimados pelos cristãos.

Logo após, São Lourenço organizou brilhante procissão em direção da gruta de São Miguel, acompanhada por mais sete bispos, pelo clero e por todo o povo da localidade. O objetivo era consagrar a gruta, mas São Miguel já o havia advertido antes que ela já havia sido consagrada pelo próprio Arcanjo.

Foi construído um Santuário no cimo do monte Gargano, sendo instituída inicialmente a festa de São Miguel no dia 8 de maio, dia da primeira aparição. Numerosas foram as peregrinações ao Monte Gargano. Papas, imperadores, príncipes, cavaleiros e santos visitaram o Santuário do Arcanjo. Os Cruzados, a caminho da Terra Santa, faziam do Santuário lugar de passagem habitual e quase obrigatória. Lá iam, entoando salmos para implorar do Príncipe das Milícias celestes a audácia e a coragem de que necessitavam. Reboavam pelo vale seus brados guerreiros: “São Miguel! São Miguel! Deus o quer!”

O Santuário tornou-se um dos locais mais venerados do mundo católico, dando ocasião a que se divulgasse em todo o orbe a devoção ao Arcanjo. Assim, foram construídas igrejas dedicadas a São Miguel em várias partes do mundo, como ao longo do Bósforo, na França (o famoso Monte São Miguel), na Alemanha e na Inglaterra. A bandeira do Império, na Alemanha, a que se levava na frente das batalhas, tinha estampada a imagem de São Miguel.

Lemos no “Livro das Semelhanças”, de Santo Anselmo, que, estando a morrer um religioso do seu Mosteiro, foi este terrivelmente assaltado pelo demônio, o qual o argüia primeiro pelos pecados que ele cometera antes do batismo, sacramento que o monge recebera já em idade avançada. O pobre homem não sabia o que responder, e, quando estava muito perturbado, apareceu São Miguel em seu auxílio respondendo que todos os pecados cometidos antes do batismo haviam sido perdoados por ocasião daquele sacramento. 

O espírito mau acusou então o monge de vários pecados cometidos depois do batismo. O Arcanjo novamente responde que essas faltas tinham sido apagadas na confissão geral feita por ocasião da profissão religiosa do moribundo, e que este devia confiar na misericórdia divina. Satanás alegou por fim contra ele as muitas faltas e negligências da sua vida subseqüentes à profissão religiosa. São Miguel declarou que todos os pecados lhe haviam sido perdoados, porque os confessara e satisfizera por eles com boas obras e, especialmente, com a obediência, e que, se algum resto tinha ficado, estava agora expiando por meio do sofrimento naquela doença.

Depois desta última resposta o demônio partiu dali cheio de confusão e o bom religioso, cheio de esperança e confiança, rendeu suavemente a alma a Deus.


Alguns títulos com que é invocado São Miguel

Por tudo o que é perante Deus, e pelo que fez e faz por Sua maior glória, São Miguel é invocado com os seguintes títulos na Ladainha que se reza pedindo seus auxílios: poderosíssimo Príncipe dos exércitos do Senhor; Porta-Estandarte da Santíssima Trindade; Guardião do Paraíso; Guia e consolador do povo israelita; Esplendor e fortaleza da Igreja Militante; Honra e alegria da Igreja Triunfante; Luz dos Anjos; Baluarte dos ortodoxos; Força dos que combatem sob o estandarte da cruz; Luz e confiança das almas no último momento da vida; Socorro certíssimo; Nosso auxílio em todas as adversidades; Arauto da sentença eterna; Consolador das almas que estão no Purgatório; A Quem o Senhor incumbiu de receber as almas depois da morte; Nosso Príncipe e Advogado por ocasião do Juízo, e muitos outros títulos com que os cristãos O invocam.

O Arcanjo São Miguel é também invocado como Profeta, Guerreiro e Exorcista. Como Profeta porque foi o primeiro dos que recebeu luzes divinas para prever os acontecimentos futuros e prevenir os demais Anjos, conclamando-os para expulsar os anjos rebeldes. Como Guerreiro porque foi o primeiro a empunhar o gládio contra a revolta dos demônios, cheio de ímpeto, de força juguladora  e de santa tenacidade, o mais forte no choque, o decisivo no vergar o adversário, o supremamente tenaz no resistir a todas as seduções, furores e ciladas de Lúcifer. E, finalmente, como Exorcista porque foi o primeiro a conseguir graças suficientes de Deus para expulsar os demônios onde quer que esteja ou exerça a sua ação. Dotou-o Deus daquele poder invencível que aniquila as investidas e ardis do demônio, tornando-o tão impotente e tão desprezível, quanto é infame e odioso.

Embora tendo sido criado como Arcanjo, São Miguel ascendeu aos tronos dos Serafins e Querubins, sendo um dos Sete Espíritos supremos que assistem sempre na presença do Altíssimo (Apoc. 4, 5).

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