segunda-feira, 19 de outubro de 2015

O REINO DA HIPOCRISIA

O REINO DA HIPOCRISIA

Quem é bom entre nós? Aliás, quem é mau? Ninguém se julga pessoa ruim. Quando a polícia bate em alguém na rua, geralmente da forma costumeira, indiscriminada e brutalmente, a vítima ou seus familiares logo saem em defesa da mesma com a alegação de que tratava-se de pessoa trabalhadora e honrada; mas, alguns dias antes (ou depois) aquela mesma pessoa fez parte de um grupo de saqueadores que haviam tomado de assalto, ou um caminhão quebrado na rua ou mesmo alguma loja do quarteirão. Para alguns o comportamento coletivo, seja de saque ou de manifestações violentas, não é crime. Segundos estes, fazer saques, queimar pneus, jogar pedras e paus na polícia não é crime, isto porque trata-se de uma ação coletiva, foi a “comunidade” que praticou aquelas ações. E ninguém vai prender toda uma comunidade.
Muitos se chocaram com a cena de um pivete amarrado a um poste, a espera da polícia para prendê-lo. Aquilo foi mostrado a todos como exemplo de impaciência da população, a qual já começa a fazer justiça com as próprias mãos. Mas, aqueles mesmos que amarraram o rapaz, em outro dia qualquer, caíam em cima dos policiais que tentavam fazer um despejo de invasores de prédios, jogando-lhes pedras e paus. E se o rapaz preso ao poste era um ladrão, não deixa de sê-lo também os saqueadores somente pelo fato de agirem em comunidade, e muitos destes estariam hipocritamente amarrando pequenos ladrões aos postes de suas ruas, porque, para eles, o roubo deve ser coletivo e não individual. Hipócritas! Se condenam o ladrão solitário não devem também praticar o mesmo crime em comum com vizinhos e amigos...
O nosso povo é honesto? No entanto, o mesmo sujeito que grita contra a corrupção dos políticos e roubalheira dos cofres públicos faz, ele mesmo, suas roubadas, esconde o troco que o caixa da loja ou do banco lhe deu a mais, esquiva-se de pagar o prejuízo que causou a terceiros (por exemplo, numa batida de carros), nega-se a pagar dívidas contraídas por si e sua família, e está sempre atrás de um golpe de esperteza para conseguir sair de sua situação de aperto financeiro. O nosso povo é honesto? No entanto, todos dizem que pagam impostos, mas a maioria maciça faz tudo para sonega-los (embora seja até justificável, em alguns casos de impostos extorsivos, como o IR) e, na realidade, quem paga mais impostos nesse país são os que têm contas a prestar pelo fato dos mesmos serem retidos na folha de pagamento. Os demais só pagam aqueles impostos já embutidos nas mercadorias que compram.
Quando há um crime hediondo, como o perpetrado por pedófilos, que estupram e matam crianças inocentes, logo surgem multidões de indignados para fazer justiça ao criminoso.  No entanto, estes mesmos indignados, geralmente, são adúlteros que convivem com mais de uma mulher, assistem constantemente filmes eróticos, às vezes até com cenas entre menores, pronunciam escancaradamente palavrões sem qualquer respeito à sociedade, e muitos deles praticam até mesmo o pecado de homossexualismo. Hipócritas! Se querem que as crianças sejam respeitadas devem manter uma imoral ilibada em toda a sociedade, pois enquanto matam alguns pedófilos nas ruas, a sociedade está produzindo milhares de outros através dos filmes e das revistas eróticas que transitam pacificamente em toda a nossa sociedade sem qualquer censura. As taras sexuais, especialmente essas mais monstruosas, não nascem por acaso, elas são geradas no dia a dia pela assombrosa liberdade que é dada ao liberalismo sexual.
Há outros tipos de hipócritas entre nós, como os abortistas. Para estes, um feto não é um ser humano e para dar cumprimento aos seus desígnios criminosos criam diversos sofismas e mentiras a fim de justificar suas atitudes. Como a palavra “aborto” soa mal, caracterizada em lei como um crime, criaram o termo “antecipação do parto” ou outro qualquer. E para camuflar oficialmente crime tão monstruoso, criaram um lema chamado “controle da natalidade” ou “paternidade responsável”. Hipócritas! Porque mentem tentando encobrir suas ações maldosas? Abortar ou matar um nascituro sempre será um crime monstruoso, qualquer que seja a denominação dada ao fato.
Aliás, os sofismas existem aos montes nos dias que correm. Um deles, por exemplo, foi alterar o termo “invasão” por “ocupação”. Quando os exércitos aliados ganharam a II Guerra Mundial, ao penetrarem na Alemanha estavam fazendo uma ocupação. No entanto, as ações antes promovidas pela Alemanha ao penetrar seus exércitos nos outros países não podem ser denominadas assim, mas simplesmente de invasão. Uma ocupação faz-se por causa de uma necessidade justa, mas uma invasão é uma ação de tomada de terreno alheio. Assim, quando os arruaceiros do MST tomam uma fazendo estão fazendo uma invasão, mas, para deturpar o sentido de tal ação passaram a chamar de “ocupação”. O mesmo sucede com os sem-tetos quando invadem imóveis nas capitais. É claro que quem invade também ocupa o espaço, mas o engodo está no fato de querer dar a entender que ocuparam algo que estava antes desocupado, vazio, o que nem sempre é verdade. E não é pelo fato de algo está desocupado que seja justo ocupa-lo por terceiros.
Foi exatamente esta ideia de que algo que esteja desocupado “não tem dono” que deturpou na nossa sociedade o significado do direito de propriedade. E, deturpando tal significado, as pessoas perderam a noção de honestidade. Hoje cumpre-se a frase profética de Rui Barbosa, pela qual “o homem vai ter vergonha de ser honesto”.
Crianças com 14, 15, 17 anos? Nestas idades o ser humano já está inteiramente formado. Por que, então, essa hipocrisia de manter uma legislação ridícula (O ECA) considerando-os menores? E, pior, crianças? Na Bolívia, um país pobre e de pouco conceito jurídico, a maioridade se atinge com 14 anos, mas, no Brasil, não. Diz-se que a voz mais forte que impede a mudança dessa legislação é da CNBB. Não sei porque um estado laico teria que ouvir uma organização religiosa, mas, enfim, é o que dizem. O argumento da CNBB seria que diminuindo a idade penal isso faria com que os crimes de pedofilia se extinguissem quase por completo, pois, em geral, são praticados contra menores entre 13 e 17 anos. Argumento pueril, pois a legislação poderia aumentar a maioridade apenas para responsabilidade civil e criminal, mas não para o caso de um menor de ser objeto de crimes. Assim, um menor atingiria a maioridade, por exemplo, aos 15 anos para ser responsável por crimes que venha a cometer, mas caso sofresse assédios sexuais o autor de tal crime seria da mesma forma penalizado como se fosse feito a um menor.  Basta explicitar isso na lei.
Bandidos “honestos”,  o cúmulo da hipocrisia
Já está tornando-se comum bandido mandar o povo ficar em casa, fechar comércio e dar ordens nos bairros. No entanto, bandido reprimir o roubo e mandar o povo devolver objetos furtados, nunca ouvi falar antes.
Em Salvador, na última greve da polícia, houve de tudo. Saques, arrombamentos de lojas e armazéns, roubos a granel, até mesmo das compras de quem estava saindo do supermercado com suas sacolas. Nessa hora ninguém é bandido, pois quando se rouba em comunidade não se comete crime algum.
Há um bairro em Salvador, situado próximo a um outro de classe média chamado de Garcia, que fica num morro bem defronte à uma grande loja de supermercado. Alguns o chamam de “Alto do Garcia”. Pois bem, nos dias daquela greve magotes de moradores desceram do “Alto do Garcia”, invadiram o supermercado e saquearam o que havia de mais valioso, como TVs, computadores e móveis caros. No dia seguinte, um dos chefes de tráfico de drogas do bairro deu a ordem: “devolvam tudo o que roubaram!” Do contrário iam ter que se haver com ele e sua quadrilha. Obedientes, todos os moradores que participaram do saque devolverem os objetos roubados ao supermercado.  É claro que os bandidos não estavam praticando nenhum ato de honestidade:  apenas queriam evitar que a polícia viesse atrás de roubos tão flagrantes em seu reduto. 



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