quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A cultura americana e os furacões






Há um detalhe curioso nas notícias sobre o furacão “Sandy”: é que a mídia se mostrou mais precisa e profusa nas informações sobre o fenômeno apenas quando o mesmo começou a atingir os EEUU. Alguns dias antes a procela andava provocando destruições e mortes em outros países vizinhos, como os da América Central, mas pouco se divulgava sobre o fato. Qual a razão disso?

Poder-se-ia argumentar que a razão principal é que nos Estados Unidos o Sandy atingiu uma região bem maior e mais habitada, enquanto que na América Central foi numa região bem menor. É verdade, este parece ser um argumento muito forte em defesa daqueles que se preocupam mais com a grande nação do norte do que com seus vizinhos. Outros dirão, e com razão, que deve ser dada mais atenção àquele país porque é mais rico e onde promanam mais recursos para o resto do mundo. Seria esta razão de tanta gente calculando os prejuízos materiais do furacão, como, aliás, sempre fazem em qualquer evento da natureza.

No entanto, vamos analisar a questão sobre outro enfoque. Os EEUU é a nação mais rica da terra e estadeia numa vida nababesca e egoística, deixando de se preocupar com as misérias alheias, até mesmo com as de seus vizinhos. Um exemplo foi o terremoto ocorrido no Haiti, onde morreram milhares de pessoas e centenas de milhares ficaram sem casas, sem famílias e sem ter como viver. Muitas organizações humanitárias idealizaram uma atitude lógica e cristã: levar estas populações miseráveis para os EEUU, onde teriam mais oportunidades de uma vida melhor e, também, fugiriam de futuras catástrofes que são comuns no Haiti. O que fez o governo americano? Proibiu rigorosamente que se transportassem aquelas populações para lá, e os que foram levados a imigração americana simplesmente os deportou de volta. Aqueles miseráveis tinham que procurar sobreviver em seu próprio país e ficar na ansiosa espera de que outros terremotos os dizimem por completo.

Vejam agora no exemplo do furacão Sandy. O povo americano é tão rico e tão bem estruturado que os males da catástrofe foram amenizados com todo o aparato que eles possuem para se proteger. Esta mesma proteção eles não tiveram o cuidado de oferecer às nações pobres que sofreram os mesmos efeitos do Sandy, e que ficam bem ali na sua vizinhança. Antes de chegar aos Estados Unidos o Sandy já havia matado mais de 100 pessoas em seu périplo pela América Central, mas no território americano, numa área bem maior e mais populosa até o momento morreram pouco mais de 40 pessoas. É claro que os prejuízos materiais são bem maiores, nem se compare! Mas, tão ricos que são, vão recuperá-los com muita rapidez. No entanto, os prejuízos havidos entre os países de menos recursos, apesar de bem menores, serão bem mais difíceis de serem sanados.

Lá predomina uma concepção de vida, prazerosa e egoísta, chamada de “american way of life”, e que não é vivida somente pelos americanos, mas por todos os povos que procuram gozar a vida com os prazeres modernos e desprezar tudo o que está em sua volta. É a vida moderna que leva os povos a agir assim, mesmo inconscientemente. Mas, nos Estados Unidos da America, esta concepção de vida é mais brutal e mesquinha do que qualquer outro povo. Explico-me: lá é pior porque, sendo mais rica, a nação americana tem mais obrigação de ajudar as demais. Um povo de maioria protestante, que sempre pensou somente em si, desprezando outros povos e outras crenças (como soe acontecer com outros como o inglês, o holandês, etc.) teve sempre em sua cultura a idéia de isolamento e de desprezo pelos demais. Por que preocupar-se com o Haiti, com Cuba, com a Jamaica, mesmo estando em seu quintal? A preocupação primordial deles é sempre consigo mesmo. É o neo-paganismo que campeia, para não falar em ateísmo aberto e declarado.  Tenho certeza de que se fossem os espanhóis (portanto, católicos) que tivessem colonizado toda a nação americana, outra seria a concepção deles em matéria de convivência com os povos mais necessitados.

Nenhum comentário: