sábado, 1 de maio de 2021

SÃO JOSÉ DE ANCHIETA E SEU MARTÍRIO INCRUENTO PARA CONSERVAR A CASTIDADE

 



 

O fato deu-se com os padres Anchieta e Manuel da Nóbrega, especialmente mais cruel para Anchieta com lances solitários desta luta, pois Manoel da Nóbrega teve que se ausentar para negociar as pazes com os índios. A este respeito, o sofrimento de Anchieta chega até o cume do heroísmo.

Estavam em Iperoig, aldeia dos terríveis tamoios, como reféns exigidos para a concretização do tratado de paz. O Padre Manoel da Nóbrega teve que sair com um grupo e ir confabular com outros índios, enquanto São José de Anchieta ficou retido na aldeia como garantia.

A permanência do Padre Anchieta naquele lugar revestiu-se do caráter de uma grandiosa luta, a luta entre o bem e o mal, onde uma das virtudes mais visadas pelas tentações diabólicas era exatamente a pureza. Além de ter que suportar os festins antropofágicos, os rituais de curandeirismos indígenas, os assassinatos cruéis de índios recém-nascidos, Anchieta tinha que lutar constantemente contra a tentação de impureza.

Segundo alguns observadores superficiais, teria sido mais fácil conseguir resolver logo as negociações de paz se os embaixadores tivessem cedido em matéria de castidade. No entanto, mandava os preceitos religiosos que em nada se poderia ceder, sob pena de pecado mortal por uma grave ofensa a Deus. O Padre Anchieta conta que, logo de início, vieram os chefes da aldeia lhes oferecer suas filhas índias para com elas domir, e por cima de tudo ficavam insistindo constantemente que as aceitassem, considerando uma ofensa a recusa.

Naquela situação o Santo missionário poderia ter tido pensamentos de condescendências: “Essa recusa, considerada grosseira pelos chefes da tribo, não poderia atrapalhar as pazes? E Deus não levaria em conta nossa fraqueza, cedendo a tanta tentação, e nos perdoaria?”

 Quantos pensamentos desta natureza não devem ter turbado a mente do santo homem.

No entanto, com a atenção posta na fidelidade a Deus, no progresso da santidade e, sobretudo, confiando que sendo fiel Deus o auxiliava muito mais do que se pecasse, São José de Anchieta permaneceu incólume, não permitiu que lhe toldasse a mente o menor assentimento ao pecado.

E no entanto, as índias passavam constantemente em sua frente, inteiramente despidas, talvez fazendo gestos despudorados e tentadores, talvez a mando das matronas feiticeiras ou de seus chefes. Na maioria das vezes esta tentação era feita pelas índias mais jovens e formosas.

E isto durante vários dias, todos os dias, desde o amanhecer ao entardecer. Até mesmo quando o Padre Anchieta celebrava missa, numa pequena  palhoça separada dos índios, era repentinamente visitado por aquelas figuras sensuais e tentadoras. Voltando seu olhar para os céus, o santo homem rogava insistentemente a proteção da Virgem Maria. E fez uma promessa a Ela:  caso saísse dali intacto, sem cometer ou mesmo permitir no menor pecado contra a pureza, faria um poema em homenagem à Santíssima Virgem Maria.

A respeito do episódio, o seu biógrafo Charles Sainte-Foy teceu o seguinte comentário: “Compreendendo o perigo em que estava e desconfiando de suas próprias forças, aumentou as orações, os jejuns, as disciplinas, e conservou continuamente sobre si um duro cilício que, atormentando-lhe a carne, enfraquecia-a e reprimia seu ardor. Convencido de que, para conservar o precioso tesouro da pureza era preciso redobrar a vigilância, observava com exatidão os menores movimentos da natureza e sufocava em germe todos os que nele pudessem fazer enfraquecer a graça”.

E para mais facilmente fugir das tentações, o Beato Anchieta se refugiava na praia, e lá mesmo riscava com uma vara os versos do famoso poema que mais tarde passou para o papel.

A propósito de sua fidelidade à Castidade, disse seu primeiro biógrafo, o padre Quirício Caxa: “Imerso num fogo babilônico não foi sequer chamuscado por aquelas chamas...”. Estava ele sob uma proteção especial da SantíssimaVirgem. Por isso não pecou.

 


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