terça-feira, 12 de julho de 2016

Uma imagem do "Grand Retour" numa profecia de Ezequiel




Algumas profecias antigas falam de um “grande retorno” da Cristandade, um grandioso milagre que faria com que católicos em massa, e alguns não católicos, voltassem a trilhar os caminhos da Civilização Cristã que até à Idade Média dominava a humanidade.
Não estaria representado este grande retorno ou “grand retour” em algumas das profecias do Antigo Testamento, como esta do Profeta Ezequiel?

“A mão do Senhor veio sobre mim e me tirou para fora em espírito do Senhor, e deixou-me no meio dum campo que estava cheio de ossos, e fez-me dar uma volta em roda deles; eram muito numerosos, estendidos sobre a superfície do campo e todos extremamente secos. Então disse-me: Filho do homem, porventura julgas que estes ossos possam viver? Eu respondi-lhe: Senhor Deus, tu o sabes. Ele me disse: Profetiza acerca destes ossos e dir-lhe-ás: Ossos secos, ouvi a palavra do Senhor. Isto diz o Senhor Deus a estes ossos: Eis que vou infundir em vós o espírito e vós vivereis. Porei sobre vós nervos, farei crescer carnes sobre vós, sobre vós estenderei pele, dar-vos-ei espírito e vós vivereis, e sabereis que eu sou o Senhor.
Eu, pois, profetizei como o Senhor me tinha mandado, e, enquanto  profetizava, ouviu-se um ruído, depois fez-se um reboliço; os ossos aproximaram-se uns dos outros, pondo-se cada um na sua juntura. Olhei e eis que se formaram sobre eles nervos e carnes para os revestir e a pele se estendeu por cima; mas eles não tinham espírito. Então disse-me o Senhor: Profetiza ao espírito; profetiza, filho do homem, e dize ao espírito: Isto diz o Senhor Deus: Espírito, vem dos quatro ventos, sopra sobre estes mortos, e revivam. Profetizei, pois, como o Senhor me tinha ordenado; o espírito entrou neles, e viveram; levantaram-se sobre seus pés; era um exército numeroso em extremo.
Disse-me o Senhor: Filho do Homem, todos estes ossos são a casa de Israel. Eles dizem: os nossos ossos tornaram-se secos, a nossa esperança perdeu-se e nós somos cortados. Profetiza, pois, e dize-lhes: Isto diz o Senhor Deus: povo meu, eis que vou abrir os vossos túmulos, tirar-vos-eis dos vossos sepulcros  e vos introduzirei na terra de Israel. Vós sabereis, povo meu, que eu sou o Senhor, quando eu tiver aberto os vossos sepulcros, tiver infundido o meu espírito em vós, e vós tiverdes recobrado a vida e vos fizer repousar sobre vossa terra; e vós sabereis que eu, o Senhor, é que falei e o executei, diz o Senhor Deus.
(Ezequiel 37, 1-14)

Comentários:

Vários ensinamentos podem ser deduzidos dessa passagem.
1.           Quando Deus diz ao profeta que “profetize” não está querendo que ele preveja as coisas do futuro, mas que pronuncie uma sentença, uma ordem divina, a ser cumprida somente após a pronúncia de sua profecia. Então, profetizar não é somente prever, mas especialmente fazer cumprir a vontade divina. Na ordem da regência do Universo, o profeta é, pois, um co-regente, juntamente com os Santos Anjos.
2.           Ezequiel é chamado de “Filho do Homem”, que, segundo São Tomás de Aquino, quer dizer juiz dos homens. Foi este o qualificativo com que Nosso Senhor se auto-proclamou várias vezes em sua vida pública: será nessa qualidade que virá no fim do mundo para julgar os vivos e os mortos. Ezequiel O antecedeu no tempo com o mesmo título, dado por ordem divina. Juiz e regente, auxiliará Jesus Cristo no julgamento final.
3.           A ossada era de um “exército numeroso em extremo”, indicando com isso que representava uma multidão de justos que haviam perdido algumas virtudes e jaziam como que mortos para a vida eterna. Com o advento da Revolução é essa a condição dos justos de hoje: estão como que (naturalmente considerando)  mortos para a vida eterna, pois não conseguem ter acesso aos benefícios dos sacramentos e ter parte na vida da graça de uma forma plena. O profeta vai ouvir dizer o que representava esta “morte”: a perca da Esperança. Representava aquela ossada todos os “filhos de Israel”, isto é, aqueles que se diziam verdadeiros filhos de Deus e participavam de sua verdadeira Religião. Estavam, porém, mortos e com os ossos já completamente secos, pois há muitos anos que não praticavam as virtudes cardeais. Estas estão representadas pelos nervos, pelas carnes e pela pele. Após readquiri-las, Deus daria o espírito de volta e tornariam a viver, a fazer parte da vida divina.
4.           É preciso notar que as profecias de Ezequiel, em grande parte, não diziam respeito ao seu tempo. Por exemplo, as imagens e visões que ele teve do Templo de Deus nunca corresponderam aos templos construídos até hoje, mas uma visão do que deveria ser no futuro: eram imagens e pré-figuras da Santa Igreja Católica.  É verdade que os que não lhe queriam ouvir diziam que “profetizava para tempos remotos” (Ez 12, 27), querendo com isso se ver longe dos castigos. No entanto, nem todas as previsões ou profecias ocorreram naqueles tempos, como o terrível castigo que muitos viram como a previsão da destruição de Jerusalém ocorrida muitos séculos depois. São assim as profecias: falam de tempos futuros, até do fim do mundo, mas com casos antecedentes que se assemelham a fim de que todos se preparem com fatos atuais para os casos futuros.
5.           Tudo indica, pois, que a imagem das ossadas que ressuscitam se refere, além do ressurgimento da Fé entre os fiéis, a um fato espantoso que ocorreria no futuro em que os justos já mortos ressuscitariam, tanto espiritual quanto corporalmente. Seria uma realidade material para mostrar aos homens uma outra espiritual; sendo que aquela é menos importante que a última, mas necessária para mostrar o poder de Deus sobre os homens.
6.           Interessante notar que somente após o milagre da ressurreição é que os justos saberão quem é o Senhor: dar-vos-ei espírito e vós vivereis, e sabereis que eu sou o Senhor.  Ora, o Senhor é aquele que possui, que rege, que manda em alguém. Se os justos antes não viam Deus como seu Senhor é porque algo lhes impedia, uma espécie de cegueira espiritual, somente curada com um milagre. Estariam eles, com a perda da Esperança, sob a regência do inimigo? Mesmo sob regência do demônio poderiam ver de alguma forma, vislumbrar, reconhecer quem era seu Senhor; mas, não.  Só vieram a reconhecê-Lo após essa ressurreição, um espantoso milagre, tão extraordinário como nunca houve sobre a terra, feito não sobre uma só pessoa mas sobre um exército inteiro, abrindo os olhos dos justos para a realidade que antes desconheciam.
7.   Estamos prestes a ver este espantoso milagre acontecer, quando Deus vai ordenar a outro profeta que mande tais ossadas ou defuntos sair das sepulturas, quer dizer, do mundo revolucionário moderno em que vivemos, para ressuscitarem e assim conhecerem a seu Senhor.






3 comentários:

Alexandre disse...

É uma relação muito bem feita e muito interessante.

Denise Defanti disse...

Artigo maravilhoso.

Denise Defanti disse...

Deus está á nos dizer alguma coisa com os últimos acontecimentos.Alguém concorda.