quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

MEDITAÇÕES PARA O ADVENTO (XXXIII)

 



31 de dezembro
- 7º dia na oitava do Natal

 

COMENTÁRIOS DE SÃO TOMÁS DE AQUINO SOBRE O NASCIMENTO DE CRISTO

I. Cristo queria nascer em Belém.

1º) Porque ele foi feito da linhagem de Davi, segundo a carne (Rm 1, 3), para a qual uma promessa especial de Cristo também foi feita; e por que queria nascer em Belém, onde David nasceu, para que se mostrasse que a promessa feita a ele sobre o próprio lugar do nascimento; e isso indica o Evangelista, dizendo: Porque ele era da Casa e família de David (Lc, 2, 4).

2º) Porque Belém significa casa do pão, como diz São Gregorio; e o próprio Cristo é quem diz: Eu sou o pão vivo, Eu desci do céu (Jo 6:41). Assim como Davi nasceu em Belém, também escolheu Jerusalém para estabelecer nele a sede do reino, e para construir lá o templo de Deus; e assim escolheu Jerusalém, para ser uma cidade real e sacerdotal. Mas o sacerdócio de Cristo e seu reino foram consumados principalmente em sua paixão, e é por isso que ele convenientemente escolheu Belém para o nascimento e Jerusalém para a paixão.

Da mesma forma, ele confundiu a glória dos homens, que gabam-se de trazer sua origem de cidades notáveis, onde desejam também seja principalmente honesto. Cristo, pelo contrário, queria nascer em uma cidade obscura e sofrer desgraça em uma cidade nobre.

II. Ele nasceu em tempo hábil. Pois existe entre Cristo e os outros homens, a diferença de que esses homens nascem sujeitos à necessidade de tempo, enquanto Cristo, como senhor e criador do tempo todo, escolheu para si a época em que deveria nascer, assim como a mãe e o lugar. E porque Deus ordenou as coisas são arranjadas convenientemente, segue-se que Cristo nasceu no tempo mais conveniente. Cristo, com efeito, veio para nos tirar do estado de servidão e nos levar ao estado de liberdade. E portanto, então como ele assumiu nossa mortalidade, para nos levar à vida, da mesma forma dignou-se a encarnar naquela época em que, recém nascido, era inscrito no censo de César para se submeter à escravidão no interesse de nossa liberdade.

Também naquela época, quando todos viviam sob um único príncipe, ele gozava de grande paz no mundo. E conseqüentemente, era apropriado que naquela época nascesse Cristo, que é a nossa paz, aquele que fez um só povo (Ef 2:14).

Também era conveniente que na época em que um único príncipe dominou o mundo quando Cristo nasceu, que veio para reunir o seu em um para que houvesse um rebanho, um pastor. Ele queria nascer durante o reinado de um rei estrangeiro para que a profecia de Jacó fosse cumprida (Gn 49:10), que diz: “tirou o cetro de Judá, e o líder de sua coxa, até que ele deve ser enviado, porque enquanto o povo eleito estava sujeito a reis de sua nação, embora pecadores, foram enviados profetas para seu remédio; mas, agora, quando a lei de Deus estava sob o poder de um rei ímpio, nasce Cristo; porque uma doença grave e desesperadora exigia um médico mais sábio.

Finalmente, Cristo queria nascer quando a luz do dia começou a aumentar; a fim de mostrar que Ele veio para que os homens cresçam na luz divina: Para iluminar aqueles que eles estão sentados nas trevas e na sombra da morte (Lc 1, 79). E Ele também escolheu a severidade do inverno para seu nascimento, para já sofrer para nós desde a aflição da carne. (3 °, q. XXXV, a. VII e VIII).

 

(Extraído de “MEDULLA S. THOMAE AQUITATIS PER OMNES AMNI LITURGICI SEU MEDITATIONES EX OPERIBUS S. THOMAE DEPROMPTAE.- Recopilação de Fr. Mezar, OP, e tradução do latim para o espanhol por Luís M. de Cádiz)


MEDITAÇÕES DE SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO PARA A OITAVA DE NATAL E OS DIAS SEGUINTES ATÉ A EPIFANIA.

- JESUS ENVOLTO EM PANOS.

Querido Menino, como poderia eu temer os vossos castigos quando vos vejo enfaixado, privado, por assim dizer, do poder de levantar a mão para punir-me? Com isso dais-me a entender que não tendes a intenção de castigar-me, se eu quiser sacudir o jugo de minhas paixões e prender-me a vós. Sim, meu Jesus, quero libertar-me dele. Arrependo-me profundamente de me haver separado de vós abusando da liberdade que me destes. Ofereceis-me uma outra liberdade, uma liberdade mais bela, e que me deve livrar das cadeias do demônio e colocar-me no número dos filhos de Deus. Deixastes-vos aprisionar nesses paninhos humildes por seu amor; quero ser prisioneiro do vosso grande amor. Ó felizes cadeias, belos laços de salvação, que prendeis as almas a Deus, vinculai também meu pobre coração; cingi-o tão fortemente que não possa mais separar-me do amor desse bem supremo. Meu Jesus, amo-vos, uno-me a vós, dou-vos todo o meu coração, toda a minha vontade. Meu amado Senhor, estou resolvido a nunca mais deixar-vos. Ah! meu doce Salvador, vós que, para apagar minhas dívidas, quisestes não só vos deixar enfaixar por vossa santa Mãe, mas também ser maltratado como um criminoso pelos algozes e nesse estado arrastar-vos pelas ruas de Jerusalém para serdes em fim conduzido à morte como um inocente cordeiro que se leva ao matadouro; vós que quisestes ser pregado na cruz e que não deixastes senão com a vossa morte, eu vos conjuro, não permitais tenha eu ainda a infelicidade de separar-me de vós e de me ver privado da vossa graça e do vosso amor.
Ó Maria, que outrora enfaixastes em paninhos o vosso Filho inocente, prendei também a mim pecador, prendei-me a Jesus, a fim que não mais me afaste de seus pés, que viva sempre preso a Ele e que morra unido a Ele, para ter a felicidade de entrar um dia na pátria bem-aventurada, onde estarei fora do perigo e do temor de separar-me ainda de seu santo amor.

(SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO - “Encarnação, Nascimento e Infância do Menino Jesus” – de Santo Afonso Maria de Ligório – Coleção Clássicos da Espiritualidade Católica, págs. 185/186)

 

 


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