1.
O
que é a Crítica. Segundo a filosofia tradicional crítica são as ideias contrárias
a um pensamento, expostas para elucidar questões ainda em dúvida, etc.
2.
Foi
no período da Escolástica que mais se praticou a crítica, muito utilizada nos
debates. O expositor de uma tese pedia a seus ouvintes, alunos ou não, para
criar grupos de críticos contrários àquele pensamento a fim de comprovar seus
argumentos também baseado em ideias opostas. São Tomás de Aquino foi exímio
nisso: inclusive sua mais famosa obra, a Suma Teológica, é toda ela feita com
base nesse sistema, onde coloca todas as ideias dos que são favoráveis em
confronto com os que são contrários aos temas expostos, pondo no final a
conclusão de tudo.
3.
No
entanto, o que se vê hoje é uma completa deturpação do verdadeiro sentido da
crítica, vista mais como algo partido de quem condena a tese ou a destrói, sem
aquele caráter de esclarecer o debate que antes havia na Escolástica. Criticar,
hoje, é menosprezar, caluniar, detratar e destruir o pensamento contrário. Há
também a chamada “crítica construtiva”, usada em geral para enaltecer aquilo
que se está criticando, sem levar em conta o que se lhe opõe, ou, menosprezando
tudo o que é contrário.
4.
Como
criticar a mídia aquele para quem a mesma se dirige: a) jornais e TVs, -
expondo seus erros de omissão ou de técnica midiática que visa pregar ideologias
através, principalmente, da “acupuntura social” (causar impacto para deixar nas
mentes a aceitação de ideias) – de modo geral, eles nem aceitam que existam
críticos oficiais de seus trabalhos (como é o caso de “ombudsman”,[1] quase inexistente, inclusive
não há nenhum para as TVs e rádios); b) cinemas – a tendência influenciadora
dos filmes é pior e mais difícil de se criticar do que a da mídia convencional,
pois eles criam ambiente propício a aceitação de tudo o que mostram a seus
assistentes, sem qualquer crítica, a não ser de alguns aspectos como a “crítica
construtiva”, feita somente por seus admiradores. Um exemplo: um filme sobre a
vida de São Pio de Pietrelcina, põe em destaque apenas o fato dele ter sido
assediado, durante anos, pelo demônio, mas não mostra a quantidade de vezes em
que os Santos Anjos lhe deram auxílio. Deu-me a impressão, apesar da origem bem
católica da peça, de que se escondia nesse fato algo como mostrar o poder demoníaco,
embora sendo vencido pela graça divina. A minha crítica consistiu em considerar
que não lembraram de mostrar o outro lado muito importante na vida daquele
santo que foi a presença angélica.
5.
A
crítica da moda. Inexiste uma crítica oficial para denunciar seus aspectos
maléficos: só usam a crítica construtiva através de seus propagandistas. Quer
dizer: não é uma crítica completa e eficaz, pois esconde um lado de seus
efeitos nas pessoas, o pior deles. Em geral, as críticas elogiosas só destacam
aspectos artísticos e da elegância, nada dos aspectos morais são mencionados.
6.
A
falta de senso crítico religioso leva as pessoas ao relativismo, isto é, a
considerar que todas as religiões são boas e levam a Deus. Isso conduz todos ao
chamado sincretismo religioso, cuja primeira experiência ocorreu ainda no
Antigo Testamento quando 10 tribos de Israel resolveram se isolar e fundar sua “religião”,
ainda o reinado de Salomão (daí surgindo os samaritanos). Um católico que está
prestes a aderir ao protestantismo ou qualquer outra religião, se tivesse senso
crítico veria de imediato quanto há de falso naquelas que não são a verdadeira,
isto é, a católica. E, nesse particular, podemos ter certeza que a crítica
seria auxiliada pela graça divina.
7.
Para
alguns, criticar é condenar, enquanto que para outros é apenas elogiar. De modo
geral, as pessoas não compreendem que se deve usar o senso crítico para testar,
para contrapor com ideias contrárias aquela em análise, tomando-se o cuidado de
examinar se tais críticas são devidas e oportunas, no todo ou no particular,
tirando assim conclusões. Nessa parte é muito importante o nosso discernimento
dos espíritos, o qual Deus concede a todos seus filhos fiéis a fim de
entenderem onde está o Mal e o Bem.
8.
A
crítica aos fariseus no Evangelho não foi nesse sentido de testar, mas uma
crítica condenatória, é como se fosse uma sentença e não apenas uma crítica. Se
usarmos hoje esse método de crítica condenatória, como Jesus usou contra os
fariseus, dirão que é falta de caridade. Pode-se dizer, então, que pode haver
uma crítica condenatória, esta muita usada na maioria das vezes de uma forma
superficial. Então, antes desta, conclusiva e condenatória, devemos exercer a
anterior, apenas de análise a fim de exararmos o nosso juízo com retidão.
9.
O
menosprezo aos adversários também pode se manifestar em críticas, sendo este
muitas vezes injusto e calunioso por ser oriundo de um mau juízo. Esse tipo de
crítica é muito comum hoje em dia, e visto como a crítica correta, quando na
verdade não é. Se vejo algo que considero errado, minha primeira crítica é
interior, é de análise e de juízo próprio. Somente após comprovar se minha
crítica era ou não correta é que posso exprimi-la para alguém ou grupo de
pessoais.
10.
A
aceitação geral do romantismo, seja nas artes cênicas, seja na literatura ou
até na música, dá-se, em geral, pela falta se senso crítico da população – a qual,
por causa disso, não nota as insinuações postas nos trabalhos da área: a) no
romantismo literário, situações e casos em que as tramas exageram os
sentimentos humanos para causar impacto (vejam o exemplo do romance Romeu e
Julieta, de Shakespeare), sem transmitir nenhuma lição de moral, de
respeito, ou de bom comportamento, apenas para causar sensação emotiva; b)
nas músicas, geralmente usam letras exageradas para representar o
sentimento humano do amor, com termos absurdos, por exemplo, chamando a
namorada de deusa por causa da beleza, etc.; c) nos filmes, teatros e
novelas – juntam o literário e música num só enredo cheio de impressões
sentimentais e impactantes, muitas vezes ocultando fatores morais muito mais
importantes, mas deixando o expectador com a ideia de uma utopia, de algo fenomenal
e irreal, mas que possa encher sua alma de alucinações e ideias de falsa
felicidade ou de tragédia. Assistir alguma peça cinematográfica com senso crítico
nos faz perceber o que o autor da peça escondeu em sua técnica de nos envolver
mentalmente. Por exemplo, nos antigos filmes de faroeste havia não somente
romantismo, mas pregação aberta da violência e, por último, até mesmo do vício
de fumar, o qual tornou-se maior depois do surgimento destes filmes. Como as
mulheres, em geral, não aderiam ao vício, inventaram o uso da piteira, passando
a ser uma coisa elegante e até romântica: com isso muitas mulheres passaram a usar
cigarros com piteiras. Depois vieram os filmes de violência policial e da nudez
completa, isso na década de 60 em diante, todos eles baseados em enredos
românticos e de alguma arte para atrair os seus assistentes, mas insinuando a
liberalidade sexual, muitos com uma sensualidade total e promíscua.
11. Quanto à internet e as propaladas redes sociais, tornou-se um método mais eficaz de tornar o homem um autômato ideológico e comportamental. Sem qualquer crítica ou objeção as pessoas são tentadas a “seguir” determinados programas ou pessoas, sendo chamadas a opinar ou mesmo produzir postagens a respeito daquilo que divulgam. As pessoas, nessas redes, sentem-se importantes, como participantes de um processo ou de uma ação qualquer, e nisso querem manifestar seu comportamento sem pensar no que fazem. Foi daí que surgiu uma “moda”, que os psicólogos chamam de “autistas consentidos”, isto é, pessoas que vivem um mundo interior, mais do que exterior e real, de uma forma consentida, eles querem viver assim. E de tal forma vivem essa realidade interior que muitas vezes lhe dão mais importância do que a vida real, fora de suas mentes. Já houve vários crimes cometidos por causa da força que tem nas mentes essa vida mais virtual do que real. Veja nossa postagem sobre o tema nesse link
https://quodlibeta.blogspot.com/2023/01/o-papel-das-redes-sociais-virtuais-numa.html
[1]
Jornalista contratado pela própria empresa para criticar o trabalho dos colegas
com base na opinião do leitor, segundo eles. Pelo que me consta, só a “Folha de
São Paulo” possui ombudsman – os demais são menos hipócritas.