quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

MEDITAÇÕES PARA O ADVENTO (V)

 

 

Quinta-feira da primeira semana

 

COMENTÁRIOS DE SÃO TOMÁS DE AQUINO

- A ENCARNAÇÃO DO SENHOR É UM REMÉDIO MUITO CONVENIENTE

Este mistério foi convenientemente ordenado para a salvação do homem, porque embora Deus pudesse fazer o contrário, nenhum foi tão adequado, porque convinha ao próprio Reparador, a quem ele devia oferecer-se à reparação e o reparo em si.

1º) Ao Reparador, a quem era oportuno mostrar a sua sabedoria, poder e bondade. Que coisa mais poderosa do que unir extremos extremamente distantes? Grande era o poder de unir elementos díspares; maior, para uni-los a um espírito criado; máximo, por sua união com o espírito incriado, onde a disparidade é extrema. Que coisa mais sábia para o cume da perfeição do que todo o universo em que se verificou a união do primeiro e do último, ou seja, da Palavra de Deus, que é o princípio de todas as coisas, e da natureza humana, quem nas obras dos seis dias foi a última das criaturas? Que coisa mais cheia de bondade do que ter desejado o Criador de todos os seres comunicar-se às coisas criadas? Essa benignidade foi grande ao unir-se com todas as coisas por união de presença; maior, ao comunicar-se com o bem pela graça; e máximo, unindo-se a Cristo, o homem, e, conseqüentemente, aos gêneros de cada um na unidade de pessoa.

2º) Foi também este modo muito conveniente ao mesmo que devia receber reparação, visto que o homem pelo pecado caiu na fraqueza, na ignorância e na malícia, para todas as quais ele se tornou incapaz de imitar a virtude divina, conhecer sua verdade e amar sua bondade; portanto, Deus, quando se fez homem, deu-se ao homem para que o imitasse, conhecesse-o e o amasse.

3ª) Foi também muito conveniente para a nossa reparação que o Senhor em forma de servo buscasse a salvação do escravo e que se encarnasse o Filho. Essa conveniência é evidente,  considerando-se as coisas próprias do Filho, e as que dele se apropriam.

Se se atende às coisas próprias do Filho, é evidente, porque é o Verbo, a imagem e o Filho de Deus; agora o homem perdeu pelo pecado três coisas, a saber: o conhecimento da sabedoria, a semelhança à graça e a herança da glória. É por isso foi enviado o Verbo, Imagem e Filho.

Se se consideram a que se apropriam, também foi muito conveniente porque na obra da criação o poder brilha principalmente; na obra de restauração, sabedoria; e no trabalho de retribuição, a bondade. (De Huntanitate Christi)

(Extraído de “MEDULLA S. THOMAE AQUITATIS PER OMNES AMNI LITURGICI SEU MEDITATIONES EX OPERIBUS S. THOMAE DEPROMPTAE.- Recopilação de Fr. Mezar, OP, e tradução do latim para o espanhol por Luís M. de Cádiz)


AFETOS E SÚPLICAS DE SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO

- Formam servi accipiens. Ele tomou a forma e a natureza de servo (Fil 2,7)

Meu amado Jesus, sois o Rei do céu e da terra; mas por amor de mim vos fizestes servo; obedecestes aos vossos próprios carrascos que vos despedaçaram as carnes, traspassaram a fronte e vos pregaram na cruz para morrerdes de dor. Adoro-vos como seu Senhor e meu Deus, e me acanho de aparecer diante de vós ao lembrar-me que por miseráveis satisfações rompi tantas vezes os vossos santos laços e vos disse em face que não queria mais servir-vos; sim, com justiça me lançais em rosto: Quebraste o meu jugo, rompeste os meus laços, e disseste: Não servirei. Mas, ó meu Salvador, o que me faz esperar o perdão, são os vossos méritos e a vossa bondade, que não despreza um coração contrito e humilhado: Não, meu Deus, não desprezeis um coração que se arrepende e se humilha. Meu Jesus, confesso que fiz mal desgostando-vos; reconheço que mereço mil infernos pelas ofensas que vos fiz; castigai-me como quiserdes, mas não me priveis da vossa graça e do vosso amor. Arrependo-me sobretudo de vos haver desprezado. Amo-vos de toda a minha alma. Tomo a resolução de no futuro servir e amar só a vós. Ah! pelos vossos méritos ligai-me pelas cadeias de vosso santo amor, e não permitais que eu as torne a sacudir de mim. Amo-vos sobre todas as coisas, ó meu Libertador, prefiro ser vosso servo a ser senhor de todo o universo: de que serve o mundo inteiro a quem está privado da vossa graça? Dulcíssimo Jesus, não permitais que me separe de vós, não permitais que me separe de vós. Essa graça eu vo-la peço e quero pedi-la sempre; rogo-vos me concedais hoje a graça de repetir-vos em toda a minha vida esta súplica: Meu Jesus, não permitais que me separe mais de vós e do vosso amor. Essa graça peço também a vós, ó Maria minha Mãe; ajudai-me com vossa intercessão a não mais me separar de meu Deus.

 

(“Encarnação, Nascimento e Infância de Jesus Cristo” - Santo Afonso Maria de Ligório - Doutor da Igreja e Fundador da Congregação Redentorista - Tradução do Pe. OSCAR DAS CHAGAS AZEREDO, C.Ss.R.
Edição Pdf - Aparecida – 2004 – Fl. Castro – págs. 129/130)

 

 

AGRADECIMENTOS AO REDENTOR QUE NASCEU E MORREU POR NÓS

 

"Não podemos esquecer os incontáveis agradecimentos que devemos a Deus, e dizer:

Agradeço-vos, ó Jesus, a vida que destes a meu corpo no momento em que insuflastes minha alma.

Agradeço o plano eterno que tínheis a respeito de mim — um plano determinado e individual que, pelos vossos desígnios, deveria eu ocupar lugar no enorme mosaico de criaturas humanas que devem subir ao Céu.

Agradeço-vos por terdes apresentado uma luta em meu caminho, para que eu pudesse tornar-me herói.

Agradeço-vos a força que me concedestes para resistir, combater e rezar — a Dios orando y con el mazo dando (a Deus rezando, e golpeando com o cajado), como dizia Santo Antonio Maria Claret.

Agradeço-vos tudo isso, e também todos os anos de minha vida que já se foram e se tenham passado na vossa graça.

Agradeço-vos os anos que não se passaram em vossa graça, pois Vós os encerrastes em determinado momento com vossa graça, abandonando eu o caminho do pecado para entrar de novo na vossa amizade.

Agradeço-vos, Divino Infante, a hora em que vos procurei. Agradeço-vos tudo o que fiz de árduo para combater meus defeitos. Agradeço-vos por não vos terdes impacientado comigo e por me terdes concedido tempo para corrigi-los até a hora da morte.

E se uma prece vos posso dirigir nesta noite de Natal, Senhor Jesus, é a que se encontra em um salmo: "Não me chameis na metade dos meus dias" (Salmo 101). Transformando-a um pouco, não quero saber quantos serão os meus dias, que talvez já tenham tido uma duração exorbitante, mas altero-a suplicando: "Não me tireis os dias na metade da minha obra". Peço-vos que me ajudeis, para que meus olhos não se fechem pela morte, meus músculos não percam seu vigor, minha alma não perca sua força e agilidade antes que eu tenha, por vossa glória, vencido em mim todos os meus defeitos, galgado todas as alturas interiores para as quais fui criado; e que, no vosso campo de batalha, eu tenha prestado a Vós, por feitos heróicos, toda a glória que esperáveis de mim quando me criastes".

 

(PLINIO CORREA DE OLIVEIRA - Conferência proferida em 23-12-1988)

 

 

 

 

 


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