Quinta-feira da primeira semana
COMENTÁRIOS DE SÃO TOMÁS DE AQUINO
- A ENCARNAÇÃO DO SENHOR É UM REMÉDIO MUITO CONVENIENTE
Este mistério foi convenientemente ordenado para a salvação do
homem, porque embora Deus pudesse fazer o contrário, nenhum foi tão adequado,
porque convinha ao próprio Reparador, a quem ele devia oferecer-se à reparação
e o reparo em si.
1º) Ao Reparador, a quem era oportuno mostrar a sua sabedoria,
poder e bondade. Que coisa mais poderosa do que unir extremos extremamente
distantes? Grande era o poder de unir elementos díspares; maior, para uni-los a
um espírito criado; máximo, por sua união com o espírito incriado, onde a
disparidade é extrema. Que coisa mais sábia para o cume da perfeição do que
todo o universo em que se verificou a união do primeiro e do último, ou seja,
da Palavra de Deus, que é o princípio de todas as coisas, e da natureza humana,
quem nas obras dos seis dias foi a última das criaturas? Que coisa mais cheia
de bondade do que ter desejado o Criador de todos os seres comunicar-se às
coisas criadas? Essa benignidade foi grande ao unir-se com todas as coisas por
união de presença; maior, ao comunicar-se com o bem pela graça; e máximo,
unindo-se a Cristo, o homem, e, conseqüentemente, aos gêneros de cada um na
unidade de pessoa.
2º) Foi também este modo muito conveniente ao mesmo que devia
receber reparação, visto que o homem pelo pecado caiu na fraqueza, na
ignorância e na malícia, para todas as quais ele se tornou incapaz de imitar a
virtude divina, conhecer sua verdade e amar sua bondade; portanto, Deus, quando
se fez homem, deu-se ao homem para que o imitasse, conhecesse-o e o amasse.
3ª) Foi também muito conveniente para a nossa reparação que o
Senhor em forma de servo buscasse a salvação do escravo e que se encarnasse o
Filho. Essa conveniência é evidente,
considerando-se as coisas próprias do Filho, e as que dele se apropriam.
Se se atende às coisas próprias do Filho, é evidente, porque é o
Verbo, a imagem e o Filho de Deus; agora o homem perdeu pelo pecado três
coisas, a saber: o conhecimento da sabedoria, a semelhança à graça e a herança
da glória. É por isso foi enviado o Verbo, Imagem e Filho.
Se se consideram a que se apropriam, também foi muito conveniente porque na obra da criação o poder brilha principalmente; na obra de restauração, sabedoria; e no trabalho de retribuição, a bondade. (De Huntanitate Christi)
(Extraído de “MEDULLA S. THOMAE AQUITATIS PER OMNES AMNI LITURGICI SEU MEDITATIONES EX OPERIBUS S. THOMAE DEPROMPTAE.- Recopilação de Fr. Mezar, OP, e tradução do latim para o espanhol por Luís M. de Cádiz)
AFETOS E SÚPLICAS DE SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO
- Formam servi accipiens. Ele tomou a forma e a natureza de servo (Fil 2,7)
Meu amado Jesus, sois o Rei do céu e da terra; mas por amor de mim
vos fizestes servo; obedecestes aos vossos próprios carrascos que vos
despedaçaram as carnes, traspassaram a fronte e vos pregaram na cruz para
morrerdes de dor. Adoro-vos como seu Senhor e meu Deus, e me acanho de aparecer
diante de vós ao lembrar-me que por miseráveis satisfações rompi tantas vezes
os vossos santos laços e vos disse em face que não queria mais servir-vos; sim,
com justiça me lançais em rosto: Quebraste o meu jugo, rompeste os meus
laços, e disseste: Não servirei. Mas, ó meu Salvador, o que me faz esperar
o perdão, são os vossos méritos e a vossa bondade, que não despreza um coração
contrito e humilhado: Não, meu Deus, não desprezeis um coração que se
arrepende e se humilha. Meu Jesus, confesso que fiz mal desgostando-vos;
reconheço que mereço mil infernos pelas ofensas que vos fiz; castigai-me como
quiserdes, mas não me priveis da vossa graça e do vosso amor. Arrependo-me
sobretudo de vos haver desprezado. Amo-vos de toda a minha alma. Tomo a resolução
de no futuro servir e amar só a vós. Ah! pelos vossos méritos ligai-me pelas
cadeias de vosso santo amor, e não permitais que eu as torne a sacudir de mim.
Amo-vos sobre todas as coisas, ó meu Libertador, prefiro ser vosso servo a ser
senhor de todo o universo: de que serve o mundo inteiro a quem está privado da
vossa graça? Dulcíssimo Jesus, não permitais que me separe de vós, não
permitais que me separe de vós. Essa graça eu vo-la peço e quero pedi-la
sempre; rogo-vos me concedais hoje a graça de repetir-vos em toda a minha vida
esta súplica: Meu Jesus, não permitais que me separe mais de vós e do vosso
amor. Essa graça peço também a vós, ó Maria minha Mãe; ajudai-me com vossa
intercessão a não mais me separar de meu Deus.
(“Encarnação,
Nascimento e Infância de Jesus Cristo” - Santo
Afonso Maria de Ligório - Doutor da Igreja e Fundador da Congregação
Redentorista - Tradução do Pe. OSCAR DAS CHAGAS AZEREDO, C.Ss.R.
Edição Pdf - Aparecida – 2004 – Fl. Castro – págs. 129/130)
AGRADECIMENTOS AO REDENTOR QUE NASCEU E MORREU POR
NÓS
"Não podemos
esquecer os incontáveis agradecimentos que devemos a Deus, e dizer:
Agradeço-vos, ó
Jesus, a vida que destes a meu corpo no momento em que insuflastes minha alma.
Agradeço o plano
eterno que tínheis a respeito de mim — um plano determinado e individual que,
pelos vossos desígnios, deveria eu ocupar lugar no enorme mosaico de criaturas
humanas que devem subir ao Céu.
Agradeço-vos por
terdes apresentado uma luta em meu caminho, para que eu pudesse tornar-me
herói.
Agradeço-vos a
força que me concedestes para resistir, combater e rezar — a Dios orando y con
el mazo dando (a Deus rezando, e golpeando com o cajado), como dizia
Santo Antonio Maria Claret.
Agradeço-vos tudo
isso, e também todos os anos de minha vida que já se foram e se tenham passado
na vossa graça.
Agradeço-vos os
anos que não se passaram em vossa graça, pois Vós os encerrastes em determinado
momento com vossa graça, abandonando eu o caminho do pecado para entrar de novo
na vossa amizade.
Agradeço-vos,
Divino Infante, a hora em que vos procurei. Agradeço-vos tudo o que fiz de
árduo para combater meus defeitos. Agradeço-vos por não vos terdes impacientado
comigo e por me terdes concedido tempo para corrigi-los até a hora da morte.
E se uma prece vos
posso dirigir nesta noite de Natal, Senhor Jesus, é a que se encontra em um
salmo: "Não me chameis na metade dos meus dias" (Salmo 101). Transformando-a
um pouco, não quero saber quantos serão os meus dias, que talvez já tenham tido
uma duração exorbitante, mas altero-a suplicando: "Não me tireis os dias
na metade da minha obra". Peço-vos que me ajudeis, para que meus olhos não
se fechem pela morte, meus músculos não percam seu vigor, minha alma não perca
sua força e agilidade antes que eu tenha, por vossa glória, vencido em mim
todos os meus defeitos, galgado todas as alturas interiores para as quais fui
criado; e que, no vosso campo de batalha, eu tenha prestado a Vós, por feitos
heróicos, toda a glória que esperáveis de mim quando me criastes".
(PLINIO CORREA DE OLIVEIRA - Conferência proferida em 23-12-1988)
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