domingo, 6 de dezembro de 2020

MEDITAÇÕES PARA O ADVENTO (IX)

 


Segunda-feira da segunda semana

 MEDITAÇÃO DE SÃO TOMÁS DE AQUINO

– SE DIZ MAIS CONVENIENTE QUE SE O HOMEM NÃO TIVESSE PECADO, DEUS NÃO TERIA ENCARNADO

 Santo Agostinho[1] fala sobre o que disse São Lucas: O Filho do Homem veio buscar e salvar o que havia perecido (19, 10). Então se o homem não tivesse pecado, o Filho do homem não teria vindo. E na 1ª Timóteo sobre isso: Jesus Cristo veio a este mundo para salvar os pecadores (1, 15), a Glosa diz: "Cristo, o Senhor, não tinha outra causa para vir, senão a de salvar pecadores: tire as doenças, tire as feridas, e não há lugar para a medicina. "

I. Há quem pense diferente sobre este assunto, visto que alguns dizem que o Filho de Deus teria se encarnado mesmo quando o homem não houvesse pecado; mas outros afirmam o contrário, uma afirmação para a qual se deve assentir de preferência. Na verdade, as coisas que provêm da vontade de Deus e à qual a criatura não tem direito, podem ser conhecidas por nós, exceto na medida em que nos são ensinadas na Sagrada Escritura, pela qual a vontade divina é conhecida por nós. Portanto, visto que na Sagrada Escritura a razão da Encarnação é apontada em todos os lugares pelo pecado do primeiro homem, se diz convenientemente que a obra da Encarnação foi ordenada por Deus como remédio contra o pecado; de modo que, uma vez não existindo este, não teria se verificado a Encarnação, embora o poder de Deus não se limite a isso, visto que Deus poderia ter encarnado mesmo sem pecado.

II. Muitas outras coisas devem ser deduzidas da Encarnação de Cristo, além da absolvição do pecado, como, por exemplo, o progresso de homem na fé, esperança, caridade, etc. Mas todas essas razões em última análise, pertencem ao remédio para o pecado; pois, se o homem não pecou, ​​foi iluminado com a luz da sabedoria divina e estabelecido por Deus em perfeita justiça moral para saber e fazer tudo necessário. Mas desde que o homem, abandonando Deus, se havia apegado às coisas corporais, era conveniente que Deus, tomando carne, também exibisse o remédio da salvação mesmo por meio de coisas corporais. Por que diz Santo Agostinho: “A carne te obcecou, ​​a carne te cura, visto que Cristo veio para destruir com sua carne os vícios da carne. "[2]

Nada impede que a natureza humana seja destinada a um fim superior após o pecado; porque Deus permite que o mal seja feito, para obter um bem melhor com isso. Portanto, é dito: Onde o pecado cresceu a graça sobrepujou (Rom 5:20). É por isso que se repete na bênção da vela pascoal: Ó feliz culpa, que merecesse ter tão grande Redentor! [3] (3º, q. I, a. III)

 (Extraído de “MEDULLA S. THOMAE AQUITATIS PER OMNES AMNI LITURGICI SEU MEDITATIONES EX OPERIBUS S. THOMAE DEPROMPTAE.- Recopilação de Fr. Mezar, OP, e tradução do latim para o espanhol por Luís M. de Cádiz)

 

 AFETOS E SÚPLICAS DE SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO

- Dilexit nos et tradidit semetipsum pro nobis. Ele nos amou e se entrou por nós (Ef 5,2).

Meu Jesus, eu seria muito injusto para com a vossa misericórdia e o vosso amor, se, após tantas provas de vosso afeto e da vontade que tendes de me salvar, eu desconfiasse do vosso amor e da vossa misericórdia. Meu amado Redentor, sou um pobre pecador; mas viestes procurar não os justos mas os pecadores. Sou um pobre doente; mas viestes curar os enfermos: Os sãos não têm necessidade de médico, mas sim os enfermos, dissestes vós. Eu me perdi por meus pecados; mas viestes, vós mesmo no-lo garantis, para salvar os que estavam perdidos. Que tenho pois a temer se quero emendar-me e ser vosso? Só posso desconfiar de mim mesmo, da minha fraqueza, mas minha fraqueza e minha miséria devem aumentar minha confiança em vós, que vos dizeis o refúgio dos pobres e que prometestes atender os seus desejos. A graça pois que vos peço é a de pôr minha confiança em vossos méritos e de nunca cessar de me recomendar a Deus em vosso nome. — Padre eterno, pelo amor de Jesus Cristo, salvai-me do inferno, e acima de tudo do pecado; pelos méritos desse amado Filho, iluminai-me para cumprir a vossa vontade, fortificai-me contra as tentações, dai-me o dom do vosso amor. Porém mais do que tudo peço-vos a graça de suplicar sempre o vosso socorro pelo amor de Jesus Cristo, que prometeu que atendereis todas as súplicas de quem vos pede em seu nome. Se eu continuar a pedir-vos assim, serei certamente salvo; do contrário perder-me-ei certamente. Santíssima Virgem, obtende-me a grande graça da oração e da constância em recomendar-me sempre a Deus e também a vós, que obtendes de Deus tudo o que desejais.

 (“Encarnação, Nascimento e Infância de Jesus Cristo” - Santo Afonso Maria de Ligório - Doutor da Igreja e Fundador da Congregação Redentorista - Tradução do Pe. OSCAR DAS CHAGAS AZEREDO, C.Ss.R. Edição Pdf - Aparecida – 2004 – Fl. Castro – pág. 138/139)

 



[1] Do verbis

[2] Tract. 2 in Joan

[3] Estas palavras formam parte do “Exultet jam Angelica” conhecido vulgarmente por “La Angélica”, atribuído a Santo Ambrósio.

 


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