II. Nem poderiam as ações de outro homem
merecer condignamente esta união.
1º) Porque as obras meritórias do homem são
devidamente ordenadas à bem-aventurança, que é o prêmio da virtude e consiste
na plena alegria de Deus; a união da encarnação, que se dá no ser pessoal, vai
além da união da alma bem-aventurada com Deus, que é operada pelo ato de quem
desfruta; e é por isso que essa união não pode ser objeto de mérito.
2º) Porque a graça não pode cair sob o mérito;
porque o princípio do mérito não é o
objeto dele e, portanto, não é a mesma graça, que é um princípio de mérito.
Então, muito menos a encarnação cai sob o mérito, pois é o princípio da graça,
como diz São João (1,17): “A graça e a verdade foram feitas por Jesus Cristo”.
3º) Porque a encarnação de Cristo repara toda
a natureza humana, e, portanto, não cai sob o mérito de um homem singular, pois
o bem de um indivíduo não pode ser a causa do bem de toda a natureza. No
entanto, “ex côngruo” os santos Padres mereciam a encarnação querendo e
pedindo. Pois era conveniente para Deus ouvir aqueles que lhe obedeciam. Diz-se
que a Santíssima Virgem mereceu trazer ao Senhor de todos, não porque merecesse
que este se encarnasse, mas porque
merecia, pela graça que o Sênior lhe deu, tal grau de pureza e
santidade, que ela poderia ser dignamente a Mãe de Deus. 31 (3º, q. II, a. XI)
- Orietur vobis Sol justitiae, et sanitas in pennis ejus.
Para vós
nascerá o Sol da justiça, e estará a salvação sob as suas asas (Ml 4,2).[1]
Louvada e bendita seja para
sempre a vossa caridade, ó meu Redentor! Ah! que seria de minha alma
empobrecida, enferma e aflita por tantas chagas provenientes de meus pecados,
se vos não tivesse, meu Jesus, que podeis e quereis curar-me? Ó sangue de meu
Salvador, confio em vós; lavai-me e curai-me. Arrependo-me, meu Amor, de vos
haver ofendido. Para me mostrardes o vosso amor abraçastes uma vida tão aflita
e uma morte tão cruel! quisera também eu testemunhar-vos o meu amor; mas que
posso fazer eu miserável, tão doente e fraco? Ó Deus de minha alma, vós podeis
tudo; podeis curar-me e santificar-me; acendei em mim um vivo desejo de vos ser
agradável. Renuncio a todas as satisfações para vos comprazer, meu divino
Redentor, que mereceis ser contentado a todo o custo! Ó soberano Bem,
estimo-vos e amo-vos mais do que todos os bens; fazei que vos ame de todo o
coração e que vos peça sempre o vosso santo amor. No passado vos ofendi e vos
não amei porque não pedi vosso amor; hoje vo-lo peço e suplico-vos a graça de
pedi-lo sempre; atendei-me pelos méritos de vossa paixão.
Ó Maria, minha Mãe, estais sempre pronta a atender a quem vos pede, amais os que vos amam; amo-vos, ó minha Rainha, obtende-me a graça de amar a Deus, não vos peço outra coisa.
(“Encarnação, Nascimento e Infância de Jesus Cristo” - Santo Afonso Maria de Ligório - Doutor da Igreja e Fundador da Congregação Redentorista - Tradução do Pe. OSCAR DAS CHAGAS AZEREDO, C.Ss.R. - Edição Pdf - Aparecida – 2004 – Fl. Castro – págs. 154)
[1]
Parece que se refere a Malaquias 3.20, que reza assim: “Mas para vós, que
temeis o nome do Senhor, brilhará o sol de justiça, etc. “
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