A SAGRADA FAMÍLIA: JESÚS, MARÍA E JOSÉ
COMENTÁRIOS DE SÃO TOMÁS DE AQUINO
1. Houve um casamento verdadeiro? Deve ser
respondido afirmativamente, porque existiam os três bens do casamento, a saber:
a prole, O próprio Deus; fidelidade, visto que não houve adultério; e
sacramento, porque houve uma união indissolúvel de almas.
Mas como o casamento existiu se o voto impede
a contratação casamento?. Visto que a Santíssima Virgem fez voto de virgindade,
parece que não houve casamento verdadeiro. É preciso dizer que (Maria) estava angustiada com duas coisas. Por um
lado, ficou assombrada pela maldição da lei pela qual a mulher estéril estava
sujeita; por outro lado, o propósito de manter a castidade; e por isso não se
acredita que, antes de se casar com José, ela tivesse feito voto absoluto de
virgindade, mas apenas sob condição se agradasse a Deus; E mesmo se quisesse,
ainda tinha que submeter sua vontade à
vontade divina. Mas depois, uma vez que tomou marido, conforme o exigiam os
costumes daqueles tempos, e depois que tomou conhecimento daquilo que era
agradável a Deus, fez voto absoluto de virgindade de comum acordo com José, e
isto precisamente antes do anúncio do Anjo, pois a ele respondeu: “Como vai ser
isso possível, porque eu não conheço homem?” (Lc 1,34), que não teria dito, é
verdade, se não tivesse primeiro dedicado sua virgindade a Deus. (In Mat., I e
3ª q. XXVIII, a. 4)
II. Era conveniente para Cristo nascer de uma
virgem prometida, já por Ele mesmo, ora por sua mãe, ora por nós.
Por causa do próprio Cristo: 1º, para que ele
não fosse rejeitado pelos infiéis como nascido ilegitimamente; 2º, para que,
segundo a forma costumeira, sua genealogia pudesse ser descrita por linha
masculina; 3º, para tutela da criança nascida, para que o diabo não procurasse
mal contra ela com aumento da violência; É por isso que Santo Inácio diz que
ela se casou para esconder o parto ao diabo; 4º, para ser sustentada por São
José; e é por isso que foi chamou seu pai como um educador.
Por motivo da Virgem: 1º, porque por isso foi
libertada da pena, isto é, para que ela não fosse apedrejada pelos judeus; 2 °,
para se livrar da infâmia; o Senhor preferiu que alguns duvidassem de sua
origem ao invés de duvidar da modéstia da mãe, pois sabia que a modéstia da
virgem é delicada, e julgou que seu nascimento não deveria prejudicar a
fidelidade da mãe; 3º, para que São José pudesse ajudá-la, já quando ela fugiu
para o Egito, já depois voltar de lá.
Foi conveniente para nós: 1º, porque pelo
depoimento de José foi provado que Cristo nasceu de uma virgem, pelo que Santo
Ambrósio diz: “Como a testemunha mais eloqüente da modéstia de Maria é seu
marido, que poderia reclamar da lesão e vingar a desgraça, se não conhecesse o
mistério"[1];
2º, porque as mesmas palavras da virgem mãe, que testemunha sua virgindade, se
tornam mais confiáveis; já que a noiva não tinha razão para mentir, já que o
prêmio do casamento e a graça do casamento é a fecundidade das mulheres; 3º,
porque isso é simbolizado em toda a Igreja, que sendo virgem, casou-se com um
só varão, Cristo. Também pode haver outra razão pela qual a mãe do Senhor era
desposada e virgem, que em sua pessoa fossem honrados a virgindade e o
matrimônio contra hereges que atacaram um e outro. (3º q. XXIX, a. 1)
(Extraído de “MEDULLA S. THOMAE AQUITATIS PER OMNES AMNI LITURGICI
SEU MEDITATIONES EX OPERIBUS S. THOMAE DEPROMPTAE.- Recopilação de Fr. Mezar,
OP, e tradução do latim para o espanhol por Luís M. de Cádiz)
MEDITAÇÕES DE SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO PARA A OITAVA DE NATAL
E OS DIAS SEGUINTES ATÉ A EPIFANIA.
- JESUS NASCE MENINO.
Pai celeste, eu miserável pecador
digno do inferno, nada tenho para oferecer-vos as lágrimas, as penas, o sangue,
a morte desse Menino inocente, que é vosso Filho, e peço-vos misericórdia por
seus méritos. Se não tivesse esse divino Filho para vo-lo oferecer, estaria
perdido, e não haveria mais esperança para mim; mas vós mo destes a fim que,
oferecendo-vos os seus méritos, tenha
esperança de salvação. Senhor, bem grande foi minha ingratidão, porém maior
ainda é a vossa misericórdia. E que maior misericórdia podia eu esperar de vós
que de me dardes o vosso próprio Filho por Redentor e como vítima que eu vos
pudesse oferecer por meus pecados? Pelo amor de Jesus Cristo, perdoai as minhas ofensas; arrependo-me de
todo o coração de vos haver desgostado, Bondade infinita! E também pelo amor de
Jesus dai-me a santa perseverança. Ah! meu Deus, se tornasse a ofender-vos
depois que me esperastes com tantas paciência. me aclarastes com tantas luzes,
e me perdoastes com tanto amor, não mereceria um inferno criado expressamente
para mim? Ah! meu Pai, não me abandoneis; tremo ao pensar nas infidelidades de
que me tornei culpado para convosco; quantas vezes vos voltei as costas depois
de ter prometido amar-vos! Ó meu Criador, não permitais tenha eu a deplorar a
desgraça de ver-me de novo privado da vossa graça e separado de vós. Não
permitais me separe de vós! Não permitais me separe de vós! Repito essa prece e
quero repeti-la até o derradeiro suspiro de minha vida; mas dai-me a graça de
repeti-la sem cessar Não permitais me separe de vós! Meu
Jesus, ó caro Infante, prendei-me a
vós pelas cadeias do vosso amor; amo-vos e quero amar-vos eternamente; não
permitais me separe jamais de vosso amor. Amo-vos também, Maria, minha Mãe;
dignai-vos amar-me também, e como penhor de amor, obtende-me a graça de não
cessar jamais de amar o meu Deus.
(SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO - “Encarnação, Nascimento
e Infância do Menino Jesus” – de Santo Afonso Maria de Ligório – Coleção
Clássicos da Espiritualidade Católica, págs. 182/183)
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