sábado, 3 de dezembro de 2016

VIGIAI, POIS ELE VOLTARÁ




A fim de fazer face a toda pergunta de seus discípulos sobre o momento de sua vinda, Cristo disse: Essa hora ninguém sabe, nem os Anjos nem o Filho. Não compete a vós saber nem os tempos nem as datas. Quis nos ocultar isto para que permanecéssemos em vigilia e para que cada um de nós possa pensar que esse acontecimento se produzirá durante sua vida. Se o tempo de sua vinda tivesse sido revelado, inútil teria sido sua vinda, e as nações e séculos em que se produzirá já não o desejariam. Disse muito claramente que virá, porém sem precisar em que momento.  Assim todas as gerações e todas as épocas O esperam ardentemente.
Mesmo que o Senhor tivesse dado a conhecer os sinais de sua vinda, não se adverte claramente o  fim dos mesmos, pois, submetidos a uma mudança constante, estes sinais têm aparecido e têm já passado; mais ainda, continua todavía. A última vinda do Senhor, com efeito, será semelhante à primeira. Pois, do mesmo modo que os justos e os Profetas o desejavam, porque acreditavam que aparecería em seu tempo, assim também cada um dos fiéis de hoje deseja recebê-Lo em seu próprio tempo, mesmo que Cristo não tenha revelado o dia de sua aparição. E não o revelou para que ninguém pense que Ele, dominador da duração e do tempo, esteja sob efeito de alguma necessidade ou de algum momento. O que o mesmo Senhor estabeleceu, como poderia ocultar-se a Ele, sendo assim que Ele mesmo tem detalhado os sinais de sua vinda? Pôs em relevo estes sinais para que, desde então, todos os povos e todas as épocas pensassem que o advento de Cristo se realizaría em seu próprio tempo.
Vigiai, pois quando o corpo dorme é a natureza quem nos domina; e nossa atividade então não está dirigida pela vontade, mas pelos impulsos da natureza.  E quando reina sobre a alma um pesado torpor - por exemplo, a pusilanimidade ou a melancolía - é o inimigo quem domina a alma e a conduz contra sua própria vontade. Se apodera do corpo a força da natureza, e da alma o inimigo.
Por isso falou Nosso Senhor da vigilância da alma e do corpo, para que o corpo não caia em pesado sono e nem a alma em entorpecimento e temor, como disse a Escritura: Tenho Me levantado e estou contigo; e todavía, não vos acovardeis. Por tudo isso, nós, encarregados deste ministerio, não nos acobardamos.

(Do comentario de São Efrém, diácono, sobre o Diatésaron, cap. 18, 15-17: SC 121, 325-328)


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