Há pouco dias morreu o maior símbolo da idolatria de uma personalidade comunista, Fidel Castro,
deixando em seu lugar o seu irmão e uma gerontocracia que tiraniza aquela ilha há
mais de 50 anos. Todos conhecem o resultado da tirania socialista em Cuba,
tendo deixado aquele povo numa situação triste e miserável. No entanto, a
situação de países como Cuba, Coréia do Norte e tantos outros que teimaram em
manter o regime não encontra culpados na política e na mídia mundiais de hoje.
Mas, foram interpelados na mesma época em que a URSS implodia, no final de 1989
para meados de 1990.
A “Folha de São Paulo”, edição de 14 de fevereiro de 1990, estampou
manifesto da TFP (datado do dia 11 do mesmo mês), da lavra de Plínio Corrêa de
Oliveira, sob o título de “Comunismo e
anticomunismo na orla da última década deste milênio”, seguido de um
subtítulo “A TFP apresenta uma análise da situação – no mundo – no Brasil”.
Naquele documento, Dr. Plínio começa por mostrar o grande descontentamento que
estava lavrando como verdadeiro incêndio no mundo soviético. Descontentamento
com “D” maiúsculo, segundo ele. Em seguida, passa a demonstrar que este
descontentamento transformou-se no maior brado de indignação da História.
Escreveu textualmente Dr. Plínio naquela oportunidade: “Se se desenrolarem
desse modo os acontecimentos no mundo soviético, sem encontrarem em seu curso
obstáculos de maior monta, o observador político não precisa ser muito
penetrante para perceber o ponto terminal a que chegará. Ou seja, a derrubada
do poder soviético em todo o imenso império até há pouco cercado pela cortina
de ferro, e a exalação, do fundo das ruínas que assim se amontoarem, de um só,
de um imenso, de um tonitruante brado de indignação dos povos escravizados e opressos".
Mais adiante, cita ele os que devem ser interpelados: "II –
Interpelação aos responsáveis diretos por desgraça tão imensa: os supremos
dirigentes da Rússia soviética e das nações cativas Esse brado se dirigirá,
antes de tudo, contra os responsáveis diretos por tanta dor acumulada ao longo
de tanto tempo, em tão imensas vastidões, sobre uma tão impressionante massa de
vítimas. E, a menos que a lógica tenha desertado totalmente dos acontecimentos
humanos (deserção trágica, que a História tem registrado, mais de uma vez, nas
épocas de completa decadência, como a deste fim de século e de milênio), as
vítimas de tantas calamidades unirão seu ulular para exigir do mundo um grande
ato de justiça para com os responsáveis. Tais responsáveis foram, por excelência,
os dirigentes máximos do Partido Comunista russo que, na escala de poderes da
Rússia soviética, sempre exerceram a mais alta autoridade, superando até à do
governo comunista. E, “pari passu”, os chefes de PCs e de governos das nações
cativas. Pois eles não podiam ignorar a desgraça e a miséria sem nome em que a
doutrina e o regime comunistas estavam afundando as massas. E, contudo, não
titubearam em difundir essa doutrina e impor esse sistema”. Em seguida, Dr.
Plínio passa a interpelar outros grupos que contribuíram para tanta desgraça no
mundo: os ingênuos, os moles, os colaboracionistas (voluntários ou não) do
comunismo no Ocidente.
A interpelação atinge também aos historiadores otimistas e superficiais
que amorteceram a reação dos povos livres contra as tramas do comunismo
internacional, os homens públicos do Ocidente que pouco fizeram para libertar
as vítimas da escravidão soviética, além de muitos outros que carrearam rios de
dinheiro para manter aquele regime. Finalmente, interpela os dirigentes dos diversos
PCs disseminados pelo mundo nestes termos: Nada viram de tanta desgraça que
ocorreu naquele império desumano durante 7 décadas? E se viram porque nada
contaram, nada disseram? Será que nas visitas que fizeram à URSS nada indagaram
do que ocorria de fato, se eram verdadeiras ou não as denúncias de atrocidades
e de desrespeito sumário aos direitos humanos? Se verificaram “in loco” o
trágico fracasso do comunismo na URSS por que o queriam para suas pátrias?
A surpresa veio quando uma grande voz, de uma autoridade do Vaticano,
disse a verdade: “Quem foi esse varão? – Um teólogo de renome mundial, uma alta
figura da vida da Igreja, em síntese o Cardeal alemão Joseph Ratzinger,
prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, futuro Papa Bento XVI. E o que
disse ele? Eis suas palavras: "Milhões de nossos contemporâneos aspiram
legitimamente a reencontrar as liberdades fundamentais de que estão privados
por regimes totalitários e ateus, que tomaram o poder por caminhos
revolucionários e violentos, exatamente em nome da libertação do povo. Não se
pode desconhecer esta vergonha de nosso tempo: pretendendo proporcionar-lhes
liberdade, mantêm-se nações inteiras em condições de escravidão indignas do
homem" (Instrução sobre alguns aspectos da "Teologia da
Libertação", Congregação para a Doutrina da Fé, 6 de agosto de l984, nº
XI, 10). Ele disse tudo isso, e só isso, e a opinião pública ocidental
estremeceu. Anos depois, a gigantesca crise em que se acha o mundo soviético
veio provar que não só o Purpurado tinha razão, mas que, ainda, suas valentes
palavras não haviam sido senão um quadro sumário de todo o horror da
realidade.”
Dr. Plínio alenta o desejo de que um dia a opinião pública mundial fará
uma grande interpelação a esses políticos: “Mas para isso tudo chegará
oportunamente o dia. E, nesse dia, a opinião pública perguntará mais agudamente
aos chefes dos PCs, em todo o Ocidente, por que continuaram comunistas, apesar
de saberem a que miséria o comunismo havia arrastado as nações juguladas por
Moscou. Ela lhes exigirá que expliquem por que, conhecendo a situação miserável
da Rússia e das nações cativas, consentiram em chefiar um partido político que
não tinha outro objetivo senão arrastar para essa situação de penúria,
escravidão e vergonha os próprios países do mundo livre, em que haviam nascido.
Por que, enfim, haviam querido, com tanto afinco, esse resultado tenebroso, que
não hesitaram em ocultar a seus próprios asseclas a verdade que a alguns – pelo
menos – teria feito desertar, horrorizados, das fileiras vermelhas. Esta
atitude dos líderes comunistas das várias nações livres, conjurados com Moscou
para desgraçarem cada qual a respectiva pátria, há de ser considerada, pela
posteridade, um dos grandes enigmas da História. Desde já esse enigma começa a
espicaçar a curiosidade dos que têm a agudez de vistas suficiente para perceber
o problema e debruçar-se interrogativamente sobre ele”
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