É comum os
protestantes darem mais importância ao Antigo Testamento do que ao Novo, realçando
alguns fatos como a libertação do povo eleito do Egito, os Dez Mandamentos,
Davi e Salomão, etc., O personagem mais
lembrado por eles é Salomão. Basta ver a quantidade de filmes e novelas sobre tais temas divulgados pela maior TV deles, a Record. O mesmo procedimento ocorre entre os Judeus, estes
com certa razão (embora culposamente) pelo fato de nunca terem reconhecido em
Jesus Cristo o verdadeiro Messias. Os fatos mais importantes após a vinda de
Cristo foram aqueles decorrentes d’Ele mesmo, ou seja, a Igreja Católica e a
Civilização Cristã. Os do Antigo
Testamento apenas são pre-figuras e símbolos do que veio após Ele.
A propósito, ouçamos
o que diz sobre o tema o grande São João da Cruz:
“A principal causa
pela qual na lei antiga eram lícitas as perguntas que se faziam a Deus, e
convinha que os profetas e sacerdotes tivessem visões e revelações de Deus, era
porque não estava então ainda fundada a Fé nem estabelecida a lei evangélica; e
assim , era mister que perguntassem a
Deus e que Ele falasse, ora por palabras, ora por visões e revelações, ora em
figuras e semelhanças, ora em muitas outras maneiras de significações. Porque
tudo o que respondia e falava e obrava e revelava eram mistérios de nossa Fé e
coisas tocantes a ela ou endereçadas a ela. Porém, já que está fundada a Fé em
Cristo e manifesta a lei evangélica nesta era da graça, não há porque
perguntar-Lhe daquela maneira, nem para que Ele fale nem responda como então.
Porque, em nos dar,
como nos deu, a seu Filho – que é uma Palavra sua, que não tem outra -, tudo
nos falou junto e de uma vez somente nesta Palabra, e não tem mais que falar. E
este é o sentido daquela autoridade com que São Paulo quer induzir os hebreus a
que se apartem daqueles modos primeiros e tratos com Deus da lei de Moisés, e
ponham os olhos somente em Cristo, dizendo: O que antigamente falou Deus nos
profetas a nossos país de muitos modos e maneiras, agora finalmente, nestes
días, nos tem falado no Filho tudo de uma vez.
No qual dá a
entender o Apóstolo, que Deus ficou já
como mudo e não tem mais que falar, porque o que falava antes em partes aos
profetas já o tem faladoo n’Ele tudo, dando-nos o tudo que é o Filho.
Pelo qual, quem
quisesse agora perguntar a Deus ou querer alguma visão ou revelação, não
somente faria uma necedade, mas faria agravo a Deus, não pondo os olhos
totalmente em Cristo, sem querer outra coisa ou novidade. Porque lhe poderia
responder Deus desta maneira: “Se te tenho já falado todas as coisas por minha
Palabra, que é meu Filho, e não tenho outra coisa que te possa revelar ou
responder que seja mais que isso, põe os olhos n’Ele, porque n’Ele o tenho
posto tudo e dito e revelado, e
encontrarás n’Ele ainda mais do que pedes e desejas.
Porque desde o dia
em que baixei com meu espírito sobre Ele no monte Tabor, dizendo: Este é meu
amado Filho em que pus minha complacencia, ouvi-O, já que levantei a mão de
todas essas maneiras de ensinamentos e respostas, e as dei a Ele; ouvi-O,
porque eu nada tenho mais a revelar, nem
mais coisas que manifestar. Que, se antes falava era prometendo-lhes a Cristo,
e se me perguntavam eran perguntas encaminhadas à petição e esperança de
Cristo, em que haviam de achar todo o bem, como agora o dá a entender toda a
doutrina dos evangelistas e apóstolos”.
(do tratado de São
João da Cruz, “Subida ao Monte Carmelo”, liv. 2, cap. 22, n. 3-4)
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