Judite encontra na castidade forças para seu feito heroico
Viúva
de Manassés da tribo de Rubem, Judite é a personagem principal do Livro que
leva seu nome. Levava vida virtuosa e exemplar em Betúlia, quando a cidade foi
cercada pelo exército de Holofernes, general persa a serviço do rei da Assíria,
Nabucodonosor. Em sua campanha, o general já havia subjugado várias cidades e
espalhava o terror por onde passava.
Ozias, o chefe da cidade de Betúlia, prometeu também render-se se dentro
de cinco dias Deus não mandasse socorro. Judite, muito ardorosa, censurou sua
gente pela falta de espírito guerreiro e resolveu, ela mesma, tentar salvar a
cidade. Chamando alguns anciãos, disse ela: “Que palavra é esta, em que conveio
Ozias, de entregar a cidade aos assírios, se dentro de cinco dias vos não
viesse socorro? Não são estas palavras que conciliem sua misericórdia, mas
antes são palavras de excitar a ira, e de acender furor. Vós prescrevestes o termo à misericórdia do
Senhor, e ao vosso arbítrio lhe assinastes o dia. Mas porque o Senhor é
paciente, arrependamo-nos disto mesmo, derramando lágrimas imploremos a sua
misericórdia...”
Após
tão inflamado discurso, Judite poderia
ser recriminada pelos anciãos, pois era mulher. Mas devido à sua vida virtuosa,
todos a ouviram com atenção e lhe deram razão. Em seguida, ela lhes explica o
seu plano, dizendo que ia até o acampamento inimigo, acompanhada apenas de sua
criada. Embora não dissesse o que pretendia fazer, de tal forma falava
inspirada por Deus que os anciãos aprovaram seu plano. Talvez percebendo que a
valorosa viúva pretendia executar um plano muito audacioso, o ancião principal,
Ozias, apenas lhe disse: Vai em paz, e o Senhor seja contigo.
Mas
Judite não resolveu de imediato executar seu plano. Antes de tudo foi rezar.
Entrou no seu oratório, e vestindo-se cilício e pondo cinza sobra a sua cabeça,
prostrou-se diante de Deus e rezou.
Terminada
a oração, chamou a sua criada para lhe ajudar a preparar-se para executar seus
desígnios. Tirou de si o cilício e despiu-se das roupas da viuvez, lavando-se e
ungindo-se com preciosos perfumes, trançou os cabelos no alto da cabeça, vestiu-se com os melhores
vestidos de gala, calçou as melhores sandálias que possuía, colocou em seu
corpo jóias e anéis os mais preciosos. O Senhor lhe acrescentou a gentileza:
porque todo este adorno não procedia de mau desejo, mas de virtude. Ficou com
tal formosura que passou a ser vista por todos com incomparável beleza.
Assim,
toda embelezada e formosa, parecendo uma rainha, Judite se dirigiu ao
acampamento inimigo. Perante os guardas disse que pretendia ir à presença de
Holofernes, pois queria fugir da presença dos hebreus e do saque que haveria na
cidade e revelar alguns segredos ao general.
Considerando a presença daquela formidável criatura, sua gentileza, seu
trato afável e meigo, os soldados aquiesceram e levaram-na à presença do
comandante.
Vendo-a,
o general ficou tão encantado que logo a convidou para um banquete, supondo
talvez que Judite fosse uma mulher vulgar e estivesse ali apenas para desfrutar
os prazeres da carne. Aproveitando a ocasião, a virtuosa viúva procurou
embriagar o general dando-lhe bastante vinho, coisa que era comum entre aqueles
homens. Deixaram Judite a sós com o bêbado em sua tenda, o que foi fatal para
ele, pois logo adormeceu embriagado. Pegou ela seu alfanje e, cortando por duas
vezes seu pescoço, tirou do corpo a cabeça de Holofernes. Entregou a referida
cabeça à sua criada, mandando que pusesse num saco, e levou-a para Betúlia.
Quando
os assírios descobriram que seu invicto general jazia morto sem a cabeça,
fugiram apavorados. Da mesma forma, quando os judeus viram a tremenda coragem
de Judite, levando-lhes a cabeça do terrível general de Nabucodonosor, criaram
ânimo e deram combate ao inimigo, causando-lhes tremendas baixas.
Conforme afirma Santo Ambrósio "a pureza é a que comunica à alma o heroísmo". Foi assim que a própria Sagrada Escritura elogiando o feito de Judite confirmou esta realidade: "Porque procedeste varonilmente e o teu coração foi cheio de força; porque amaste a castidade, e, depois do teu marido, não conheceste outro homem; por isso não só a mão do Senhor te fortaleceu, mas também serás bendita eternamente". (Jud 15, 11).
(Extraído
de “A FELICIDADE ATRAVÉS DA CASTIDADE”, págs. 165/166. Desejando o texto
integral dessa obra, ainda inédita, enviar mensagem por e.mail para juracuca@gmail.com )
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