“a). É
Casto o que conserva o corpo e a alma limpos de tudo o que ofende à Inocência.
São Estanislau Kostka (1568) evitava até
ouvir uma só palavra pouco decente: o mesmo fizera São Luís e outros. Alguns
ofereceram de boa vontade o sangue e quanto tinham, antes que manchar a virtude
da pureza; assim o fizeram o Patriarca José, solicitado no Egito; as santas
Inês, Luzia, Úrsula, Águeda, etc. A castidade é uma perfeição mais que humana
(São Cirilo de Jerusalém). É de origem divina, pois Deus a traz do céu à terra
(Santo Ambrósio). Os homens que vivem com pureza, são como lírios (Cânt. 2, 1).
Qualquer pequena sevandija que aparece num lírio, lhe tira a deslumbrante
brancura e o deforma. Assim, o que vive puro se mancha com qualquer
representação desonesta. Qualquer contato grosseiro tira ao lírio a beleza, e o
murcha: assim se arruína a pureza do que viveu inocente, com o trato
inconsiderado com o mundo exterior. O lírio cresce reto até o céu e tem as
pétalas em forma de línguas. Assim o homem puro caminha direto ao céu, porém é
mister que tenha sua língua reprimida. O lírio enche toda a casa de agradável
fragrância, e o homem puro exerce um influxo benéfico em tudo o que o rodeia. A alma do que vive na pureza se
parece a uma água cristalina: quando se joga nela uma pedrinha, se comove, mas
não por isso se turva (S. Vicente Ferrer).
- Os homens que levam uma vida pura são
parecidos aos santos anjos e muito agradáveis a Deus.,
Os que levam uma vida pura "são anjos em
carne" (S. Basílio). A castidade é
uma virtude angélica, pois por ela se faz o homem semelhante aos anjos (S.
Cristóvão). As almas castas formam uma família de anjos, que Cristo tem
estabelecido na terra, para ter anjos que O louvem não só no céu mas também na
terra (S. Jerônimo). As almas castas
sobrepujam, em certo modo, os anjos, porque conquistam sua pureza, o que não
podem fazer eles (S.Cipriano). As almas puras são anjos de superior hierarquia,
pois os anjos não têm combates que sustentar; mas as almas puras conservam a
castidade contra as contínuas tentações do demônio (S. Basílio). Há, em
verdade, diferença entre o anjo e a alma pura; mas não na virtude, senão na
felicidade; a pureza do anjo é mais feliz, porém a do homem é mais forte (S.
Ambrósio). Os santos anjos conversam amiúde com as almas castas, como o mostra
a vida dos santos, o que é uma prova de que reconhecem neles seus semelhantes.
O demônio sabe que os homens, pela castidade, alcançam a dignidade angélica,
que ele perdeu; por isso se esforça com ardor em trazer-nos impuras representações
(S. Isidoro).
Os homens que levam uma vida casta são por
extremo agradáveis a Deus. Cristo Nosso Senhor amava sobretudo as almas puras;
escolheu por Mãe a mais pura das virgens; por Pai nutrício, a São José, cuja
pureza era angelical; a São João Batista, santificado antes que nascido, por
Precursor, e ao virgem São João amou entre todos os apóstolos, e o reclinou em
seu peito na última Ceia. Em sua morte estiveram, ao pé da Cruz, duas almas
castas. Também amou tanto aos meninos, por sua pureza. O que ama a pureza de coração, terá por amigo
o Rei do céu (Prov. 12, 2). À alma casta, chama Deus irmã, amiga, esposa (Cânt.
4, 6-8). As virgens têm por esposo o Rei dos anjos (S. Ambrósio). Qualquer alma
casta é rainha, porque está desposada com o Rei dos reis. A virgindade roubou
de sorte o coração de Cristo, que quis nascer de uma Virgem e permanecer Ele
mesmo virgem (S. Jerônimo).
Os homens castos gozam também de uma
"estimação" (predileção) particular de seus próximos; já dos pagãos
foram muito estimados. Quanto não honraram os romanos às vestais, que tinham de
permanecer virgens os trinta anos de seu serviço no templo! Quando apareciam na
rua, se lhes tributavam honras públicas, e se encontrava-se com elas um
malfeitor levado ao suplício, se lhe indultava e dava liberdade. Vede! Os
pagãos premiam suas filhas que preferem a castidade e virgindade ao matrimônio,
e entre nós cristãos, seria menosprezada a virgem que se abstém do matrimônio
por motivo superior? (S. Ambrósio). Oh, quão formosa é a geração casta com o
resplendor das virtudes! Sua memória é imortal ante Deus e ante os homens (Sab.
4, 1)
b). Os
que vivem vida casta possuem claro
conhecimento de Deus, grande força de vontade, paz de alma e serão
particularmente distinguidos no céu.
A pureza de coração é a saúde do espírito (S.
Bernardo). As pessoas castas têm maior ilustração do entendimento,
principalmente claro conhecimento de Deus. A elas se referem as palavras de
Cristo: Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus (Mt 5, 8). Os
castos são como um cristal puro, pelo qual penetram todos os raios do sol. São
como uma pura e perene fonte de água, na qual se reflete o céu. A pureza do
coração e a interior formosura e liberdade do anjo, faz eruditos e mestres,
ilustrados, filósofos e teólogos, e em todas as matérias instruídos (S.
Agostinho). A castidade nos faz capazes de olhar o Sol de justiça, ponto por
ponto, com olhos puros (S. Isidoro). A
grande pureza habilitou São João Evangelista para penetrar tão fundamente os
mistérios da religião. Como uma águia, se eleva no começo de seu Evangelho até
à Divindade. A pureza é a que comunica à alma o heroísmo (S. Ambrósio). A casta
Judite mostrou tal heroísmo, no cerco de Betúlia, que foi ao acampamento dos
inimigos e cortou a cabeça de Holofernes. A Sagrada Escritura diz, dela:
Obraste varonilmente, porque tens amado a castidade (Jud 15, 11). Os castos
chegam por isto rapidamente à todas as virtudes. Como a cor branca é a harmonia
de todas as outras cores, assim é a castidade a base de todas as outras
virtudes (S. Boaventura).
O que leva vida casta é ditoso já na terra. A
castidade traz consigo uma indescritível graça e suavidade, e proporciona um
prazer mais doce que todos os prazeres da carne (S. Isidoro). É ao próprio
tempo saúde para o corpo. O que leva vida virginal possui já aqui a glória da
ressurreição (S. Cipriano). A pureza é uma figura da eterna incorruptibilidade
dos corpos (S. Agostinho). Ela derrama sobre todo o corpo humano uma atrativa
graça (S. Efrém). Os castos têm geralmente cor formosa no rosto, sinal de
saúde, e regularmente alcançam grande longevidade. Quando, por exceção, um dos
tais morre cedo, o permite Deus por sábio conselho; o leva deste mundo para que
a malícia dos pecadores, entre os quais vive, não perverta seu entendimento
(Sab 4, 11). Além do mais, tem vivido
bastante quem tem vivido bem.
Os que vivem vida casta serão um dia, no céu,
particularmente "distinguidos". As almas virgens estarão no céu muito
perto de Deus; estarão perto do Cordeiro e o seguirão onde quer que vá, e
cantarão um cântico que não poderão cantar os outros bem-aventurados (Apoc. 14,
4). Deus coroará no céu as almas castas (Cânt 4, 8), isto é, lhes concederá uma
glória (auréola) especial entre os outros bem-aventurados. Eternamente triunfa a
geração casta com a coroa da vitória (Sab. 4, 2). As almas castas terão no céu
sua parte com a Virgem Maria (S.Cirilo). Já aqui na terra as distingue muitas
vezes Deus com particulares revelações. As almas virginais são secretárias de
Deus, pois Ele lhes descobre seus segredos (S. Teotônio Vilela). Como vivem em
trato com Deus, seu estado se chama com freqüência desponsório com Deus, ou
núpcias espirituais (Tertuliano). Também Deus ouve com benignidade as orações
das almas puras. Como a rainha Ester alcançou de seu esposo tudo o que quis,
porque lhe era fiel amante, assim também o celestial Esposo concederá às almas
puras todas suas petições.
c).
Todo homem está estritamente obrigado, até que contraia matrimônio, a levar uma
vida virginal
Entre os judeus, era apedrejada a mulher que
havia perdido a virgindade antes de casar-se (Deut 22,21). Os romanos condenavam a ser sepultada viva à
vestal que quebrava sua castidade. Para que vejas como velavam aquelas leis
pela castidade!
d).
Para conservar a castidade servem os meios seguintes:
Exercício da própria vontade, temperança no
comer e beber, recepção freqüente dos santos Sacramentos, oração à Mãe de Deus,
meditação das verdades religiosas, principalmente da presença de Deus em todo
lugar e dos novíssimos. Também se devem evitar o baile, o teatro, e o trato
livre com pessoas de sexo diferente.
Entre todos os combates do cristão, o mais
duro é o da castidade (S. Agostinho). Os pagãos gregos tinham entre suas
divindades uma virgem, por nome Minerva, à qual representavam com armadura
militar, com elmo, escudo e lança, significando com isto que a castidade não se
pode conservar sem combates (S. Jerônimo).
Os Doutores da Igreja chamam à castidade um martírio incruento, porém em
certo sentido maior até que o cruento, pois o cruento dura breves instantes e
conduz em seguida à glória do céu; pelo contrário, para a conservação da
castidade é necessário um combate larguíssimo que se deve sustentar durante
toda a vida.
Tem que enfrentar, sobretudo, a tagarelice e
a "concupiscência dos olhos". Ao que é tagarela e curioso não é
possível tê-lo por casto, senão mais bem por perdido (S. Agostinho). Pelas
janelas dos olhos a morte entra na alma (Jer 9, 21). O leão perde sua
ferocidade e se faz tímido quando se cobrem seus olhos com um pano (Plínio), e
assim ficam reprimidos em nós os maus desejos quando guardamos os olhos. Também
o jejum aproveita para a castidade. Uma fortaleza se ganha seguramente quando
se intercepta a introdução de víveres: a carne rebelde se rende com segurança
quando se lhe tira a comida (S. Boaventura). Mas pela intemperança se perde
a inocência, como Esaú perdeu sua
primogenitura (S. Efrém). Onde há intemperança, há desonestidade (S. Ambrósio).
O Etna e o Vesúvio, quando arrojam fogo, não se enfurecem tão violentamente
como o sangue juvenil quando se acende com o vinho e a comida supérflua (S.
Jerônimo). Não vos embriagueis com vinho, porque nele está a luxúria (Ef. 5,
18). A má concupiscência se nutre nos convites (S. Ambrósio)
Com a freqüência aos Sacramentos e a oração
se alcança a graça de Deus, sem a qual não é possível vencer-se. Erra o que
imagina que poderá, por suas próprias forças, vencer a sensualidade e guardar a
castidade. A misericórdia de Deus há de
apagar a ardente chama da natureza (S. Crisóstomo). Não se pode ser continente
se Deus não o concede (Sab 8, 21). A castidade se parece com a neve: a uma e a
outra vêm só de cima. Pela confissão e a comunhão alcança o homem força de
vontade para permanecer livre de pecado. (Vejam-se os efeitos de ambos os
Sacramentos). O Sacramento do altar é o trigo dos escolhidos, e o vinho que
engendra virgens (Zac 9, 17). O vinho da
terra é prejudicial para a castidade,
porém o celestial, ou seja, o Sacramento do Altar, é meio para conservá-la (S.
Afonso Ligório). Entre todas as orações tem eficácia especial para isto a
oração à Mãe de Deus. Oh, quantos
jovens, por meio da devoção à Maria Santíssima, se têm conservado puros como
anjos. O Padre Señeri, célebre pregador, refere de um jovem desonesto, à quem o
confessor mandou em penitência rezar todas as manhãs três Ave-Marias em honra
da pureza da Mãe de Deus: passados alguns anos voltou o jovem a ele e lhe
declarou que devia àquela oração sua conversão perfeita.
A meditação das verdades da religião tira o
gosto das coisas sensuais. Andai em espírito e não cumprireis os desejos da
carne (Gál 5, 16). Enquanto gozamos os santos deleites de Deus, todas as demais
coisas se nos fazem insípidas. O que tem
gozado os prazeres espirituais enoja todos os carnais. Sobretudo, o que pensa
que Deus está presente em todo lugar e vê tudo, nunca fará coisa que desagrade
a Deus (S. Jerônimo). Isto se viu com José, no Egito (Gên 39, 9), e em Susana
(Dan 13, 35). Não te deixes enganar pela esperança que teus pecados ficarão
ocultos, pois Deus está presente, a quem nada se oculta nem se escapa (S.
Ambrósio). Pensa, em todas tuas ações, em teus novíssimos, e nunca pecarás
(Eccli 7, 40). Se penetra em teus membros o fogo da impureza, apague-o o
pensamento do fogo infernal (S. Pedro Damião). São Martiniano, eremita da
Palestina, tentado por uma má mulher, meteu seus pés no fogo e exclamou: Se não
posso sofrer um fogo tão fraco como este, como poderia tolerar logo o fogo do
inferno? Onde há temor de Deus, ali há castidade; mas onde não há temor de
Deus, buscareis a castidade em vão (S. Crisóstimo). Ao baile se vai com a maior
vaidade, e esta é a melhor disposição para os maus pensamentos e desejos (S.
Francisco de Sales). Os bailes soem acontecer de noite, como se quisesse
indicar que neles se penetra outra tanta obscuridade e malícia na alma. Os
bailes são mortalha da inocência e sepulcros do pudor (S. Ambrósio). O que não
quer cair neles tem de ser um anjo.
Muitas das peças que se representam nos teatros são imorais. Um
espetáculo todo moral se re-presentaria em nossos dias ante os bancos vazios. O
teatro é, não raras vezes, mestre de uma hora e sedutor de muitos anos. O "teatro livre" com pessoas de
sexos diferentes é igualmente nocivo para a castidade. Quando a palha se junta
com o fogo, toda ela se acende numa viva chama: uma coisa parecida acontece
quando se trata com liberdade com pessoas de sexo diferente (S. Vicente
Ferrer). Ninguém diga que as pessoas com quem trata são muito honestas. A um
homem que deu esta resposta a São João Jordão, disse-lhe este: O caminho é bom
e boa é a chuva; mas quando ambos se juntam se faz lodo”. ("Catecismo Popular Explanado" - Rdo. Francisco
Spirago - pp. 614/622.)
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