domingo, 25 de setembro de 2022

O PECADO DA CARNE PROVÉM DA ÁRVORE DA MORTE

 


Santa Catarina de Sena teve várias visões em que ouvia a voz de Deus Pai. Numa delas ouviu o seguinte sobre o pecado da carne:

"Depois de haver expandido aquela alma um pouco seu coração com as palavras sobre a misericórdia, esperava humildemente que lhe fosse cumprida a promessa.

Depois tomou novamente a palavra e disse:

- Filha queridíssima, tens apelado para minha misericórdia em minha presença, porque te a dei a provar e entender por minhas palavras ao dizer-te: "Estes são aqueles pelos quais vos peço que rezeis";  porém tem por certo que, sem comparação, é maior minha misericórdia para convosco do que possas compreender. Como tua compreensão é imperfeita e finita, e minha misericórdia é perfeita e infinita, a comparação que se pode estabelecer não é senão entre o finito e o infinito.

Desejei que saboreasses esta misericórdia e a dignidade do homem para que conheças melhor a crueldade e a indignidade dos pecadores, que vão pelo caminho de baixo. Abre os olhos de tua inteligência e olha aos que voluntariamente se afogam e quanta indignidade têm caído por seus pecados.

Primeiramente caíram enfermos. Sucedeu que, quando conceberam o pecado mortal em suas mentes, o levaram depois à prática e perderam a vida da graça.

Como o morto, que não pode empreender movimento algum nem por si mesmo se move, senão por outro, assim estes, afogados no rio do amor desordenado do mundo, encontraram-se mortos para a graça. Por estar mortos, a memória não tem conservado o recordo de minha misericórdia, os olhos do entendimento não viram nem conheceram a verdade, quer dizer, seu entendimento não teve ante si mais que a si mesmos e o amor a seus próprios sentidos. Por isto, sua vontade encontrou-se morta para minha vontade e não amou mais que coisas mortas.

Ao achar-se mortas as três potências, todas suas obras, temporais e espirituais, estão mortas perante a graça, e já não podem se defender de seus inimigos nem socorrer-se a si mesmos senão enquanto são ajudados por mim. É certo que cada vez que algum se acha morto e me pede ajuda, pode obtê-la; porém nunca por si mesmo enquanto está no corpo, no qual não há ficado mais que a liberdade.

Se há feito insuportável a si mesmo, e, querendo dominar o mundo, é dominado pelo que é negativo, quer dizer, pelo pecado. O pecado é o nada, e eles se fazem seus escravos.

Eu lhes fiz árvores de amor pela vida da graça que receberam pelo santo batismo, e eles se têm convertido em árvores de morte, porque se acham mortos.

Sabes onde tem suas raízes esta árvore? Na presunção da soberba, alimentada pelo mesmo amor-próprio sensitivo. Sua medula é a impaciência, e sua filha, a indiscrição. .  Estes são os quatro vícios principais que matam a alma daqueles que disse que eram árvore de morte, pois têm tirado dela a vida da graça.

Dentro desta árvore se alimenta o verme da consciência, o qual, enquanto o homem vive em pecado mortal, está cego pelo amor-próprio, e, portanto, não se lhe sente muito. Os frutos desta árvore são mortais, porque seu jugo tem saído da raiz da soberba. A miserável alma encontra-se cheia de ingratidão, donde procede todo mal. Se fosse agradecida aos benefícios recebidos, Me conheceria, e, ao conhecer-Me, se conheceria a si mesma e permaneceria em meu amor. Porém ela, como cega, vai se apegando mais à corrente e não vê que a água não espera por ela.

O pecado da carne

"Os frutos desta árvore são tão variados como o são os pecados. Algumas pessoas não vêem que são frutos próprios para animais: são os que vivem na imundície, fazendo com sua carne e com seu espírito o mesmo que o porco, que se revolve na lama da carnalidade. É tal sua miséria, que nem os suporto Eu, suma Pureza, nem os demônios, de quem se têm feito seus amigos e escravos, que não podem ver cometer tanta imundície. Oh alma embrutecida! Onde deixastes tua dignidade? Eras irmão dos anjos, e te hás convertido numa besta!

Não há pecado tão abominável e que prive o homem tanto da luz do entendimento como este. Isto o compreenderam os filósofos, não pela luz da graça, que não tinham, senão que a luz natural os iluminou, quer dizer, lhes dizia que este pecado cega o entendimento. Por isso guardavam continência, para dedicar-se melhor ao estudo, e até deitavam de si as riquezas, para que as preocupações por elas não lhes enchesse o coração. Não faz assim o falso cristão, ignorante, que tem perdido a graça por sua culpa. ("Obras de Santa Catalina de Siena"  - BAC- págs. 110/112.)

  (Extraído de “A FELICIDADE ATRAVÉS DA CASTIDADE”, págs. 59/61 – Desejando receber o texto integral desta obra, favor enviar mensagem para o email juracuca@gmail.com – Juraci Josino Cavalcante)

 

 


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