Em sua obra “Luz e Calor”, o Padre Manuel Bernardes assim discorre no capítulo “Armas da Castidade”:
“Que não somente são os castos semelhantes
aos Anjos, senão também ao mesmo Deus. Assim falam comumente os Santos Padres.
São Basílio: “Precioso benefício, grande mercê e singular dom é o da Castidade,
pois faz ao homem mui semelhante a Deus na incorrupção”. São João Clímaco: “A
Castidade faz ao homem mui familiar a Deus e semelhante a Ele quanto é possível
que o seja”. São Jerônimo diz que Cristo Senhor Nosso nos deu o magnífico dom
da virgindade, pelo qual entramos ao consórcio da Divina natureza: “Grandia
nobis, et pretiosa virginitatis promissa donavit, ut per hanc efficiamur
Divinae consortes Naturae”. E São Pedro Crisólogo diz que o homem vencedor das
paixões da carne transcende os Céus e chega voando ao mesmo trono da Divindade:
“Homo, dum carnis exuperat passiones, transcendit Coelum, et ad ipsam Deitatis
pevolat sedem”. Com isto concorda o
agudo reparo que faz Caetano sobre um texto do I Livro dos Reis, onde se diz que el-rei Saul entregou sua
filha Michol, mulher de David, a Falti, filho de Lais: “Saul autem dedit Michol
filiam suam uxorem David Phalti filio Lais”. Porém, depois, no Livro II ,
quando se trata de como Michol foi restituída a David, já este mesmo homem se
não chama Phalti, mas Phaltiel. A razão deste acrescentamento do nome, diz
Caetano, foi porque “El” é um dos nomes próprios de Deus na língua hebraica; e
como Falti se tinha havido com Michol castamente como um mero depositário, sem
lhe tocar, por isso ao recebê-la foi somente Falti, mas ao entregá-la foi
Faltiel, isto é, Falti divino ou endeusado. Porque os castos têm muito de Deus,
que sem muito de Deus não poderiam ser castos: “Iste appelatus est Phalti in I
libro, quando Saul dedit ei Michol in uxorem: modo autem appellatur
Phaltiel: ita quod adauctum est nomini
eius nomen Dei El: ea ratione quia nunquam cognovit Michol, intuitu Dei, eo
quod sciebat esse uxorem David”. Grande por certo é esta excelência de
Castidade, Porque se os homens estimam em tanto aparentar-se ou tocar em sangue
com grandes príncipes e reis, quanto mais devem estimar aquele dom, pelo qual
participam a natureza e nome do mesmo Deus?”
(Extraído de “A FELICIDADE ATRAVÉS DA
CASTIDADE”, págs.66/67 – Desejando receber o texto integral desta obra, favor
enviar mensagem para o email juracuca@gmail.com – Juraci Josino Cavalcante)
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