A propósito de seu desejo de renunciar aos bens terrenos e de seu voto de castidade, foi inquirida pelo cônsul Pascásio. A certa altura o mesmo pergunta a ela:
- Você dilapidou seu patrimônio com uns depravados e agora fala como uma meretriz:
Ao que ela respondeu:
- Pus meu patrimônio num lugar seguro e nunca conheci os que depravam espírito e corpo.
Pascásio pergunta:
- Quem são esses corruptores?
- Os que corrompem o espírito são vocês, que aconselham as almas a abandonar o Criador. Os que corrompem o corpo são os que preferem os gozos corporais às delícias eterna.
- Você vai parar de falar quando começar a ser fustigada.
- As palavras de Deus nunca terão fim.
- Então, você é Deus?
- Eu sou escrava do Deus que disse: "Quando estiveres em presença de reis e juízes não se preocupem com o que tenham a dizer, não serão vocês a falar, pois o Espírito Santo falará por vocês.
- Então o Espírito Santo está com você?
- Os que vivem em castidade são templos do Espírito Santo.
- Então vou mandar que levem você a um lupanar para que seja violada e perca o Espírito Santo.
- O corpo só é corrompido se o coração consentir, porque se você me fizer violentar será contra a minha vontade, e ganharei a coroa da castidade. Jamais terá meu consentimento. Eis meu corpo, ele está disposto a toda sorte de suplícios. Por que hesita? Comece a me atormentar, filho do diabo.
Em seguida, Pascásio mandou alguns homens pegar a virgem para levar à força para o lupanar, mas não conseguiam movê-la do lugar. Santa Luzia foi morta após vários suplícios no lugar onde estava. Morreu vítima expiatória pela virtude da castidade.
(Legenda Áurea -Jacopo de Verazze - Companhia das Letras, págs. 77/80)
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