O vício transforma-se em
veneno que castiga terrivelmente
Após narrar o fato
ocorrido com o imperador Heliógalo (já exposto anteriomente), o padre Luiz
Chiavarino em seu livro “ Confessai-vos Bem”, conta os seguintes casos:
“Precisamente! Infeliz da
juventude que, enganada pelo perfume lascivo e sedutor de tais rosas, passa os
anos mais belos gritando: amor, amor. O amor, ou seja, o vício, transformar-se-á bem cedo em veneno que castiga terrivelmente.
Eu mesmo conheci um jovem forte e sadio,
bem disposto, que, dando-se a esse vício aos 17 anos, morreu de uma morte
raivosa e convulsa, que despertou pavor em todos os que rodeavam. O seu cadáver
tomou um aspecto tão disforme, a sua fisionomia tornou-se tão horrenda, que os
próprios parentes não tinham coragem de fita-lo; os poucos que puderam entrar
no quarto afirmaram nunca terem visto uma coisa tão assustadora e horrorosa.
Um outro rapaz, que pecava por desonestidade,
morreu, e do seu corpo, horrivelmente inchado, emanava um mal cheiro tal que
foram obrigados a tirá-lo da casa antes do tempo. Nem os companheiros mais
corajosos conseguiram levá-lo ao cemitério por causa do cheiro nauseabundo, e
foi preciso carregá-lo numa carroça puxada por um jumento. O quarto onde morreu
teve que ser desinfetado por muitas vezes antes que se pudesse tornar
habitável.
Conta-se também o caso de uma moça
habituada a atos impuros, que, depois de uma morte aparentemente cristã, foi
vestida de branco pela mãe e pelas irmãs. Enfeitaram-na com flores e
estenderam-na na cama com um crucifixo nas mãos, afim de que, segundo o
costume, as amigas pudessem vê-la pela última vez e orar por ela.
Mas oh, prodígio! O Crucifixo saiu do lugar, e,
por mais que o tornassem a pôr nas mãos da morta, por mais que procurassem
fazê-lo parar, tudo foi inútil: achavam-no sempre jogado na cama. Jesus não
queria ficar naquelas mãos que tinham servido para o pecado.
D.[1] — O Senhor conta coisas cada vez mais
horripilantes! Mas então não haverá mesmo saída para quem teve a infelicidade
de enveredar por asse caminho?
M. — Sim, há um modo de reconhecer suas faltas e
emendar-se e isto consiste em:
1.° — Uma
vontade firme.
2.° —
Eliminar e afugentar as ocasiões.
3.° —
Praticar os Sacramentos. É sobretudo numa vontade firme que isto consiste.
Santo
Agostinho levou uma vida de libertino até aos trinta anos, mas quando abriu os
olhos, sentiu tamanha vergonha que se converteu, abandonou os prazeres e as
loucuras da mocidade, se tornou sacerdote, bispo, Santo, e célebre doutor da
Igreja.
O mesmo aconteceu a Santo Inácio de
Loiola, que com trinta anos se aborreceu da vida até então tida: e com uma vontade resoluta foi correndo bater
à porta de um convento, onde fez duras penitências; lavou as culpas passadas,
e fundou a Ordem dos Jesuítas, de quem é glória e orgulho.
São Camilo de Lelis, da nobre família dos
“Abbruzzi” muito jovem também se entrega aos divertimentos e aos prazeres
mundanos, mas aos vinte e cinco anos toma o hábito e consagra a Deus e a Maria
Santíssima a sua vida, em favor dos doentes e dos moribundos.
O quê diremos então de uma Madalena Penitente?
De uma Pelágia, de uma Santa Margarida de Cartona, que de vasos de corrupção e
de escândalo, transformaram-se em lírios celestes? A vontade resoluta foi suficiente para salvá-las.
Em segundo lugar, eliminar e afugentar as
ocasiões. Aqui também os Santos nos ensinam.
Santo Tomás de Aquino, jovem elegante de
família nobre, é fechado numa torre e ali é tentado por uma mulher infame. Não
tendo outro meio de se livrar dela, pega no fogão um tição ardente e
brandindo-o grita: “Saia, saia, ou eu a queimo”, consegue assim a fuga da
tentadora sem escrúpulos.
São Francisco de Sales era também nobre e
elegante. Quando aos dezoito anos estudava em Pádua, certa ocasião, uma moça
dessas não muito sérias, aventurou-se a abraçá-lo maliciosamente. Quê fez então?
Cuspiu na cara da impudica, dizendo-lhe: "Afasta-te
missionária de Satanás".
O moço Dióscoro, depois de vencer todas as
insídias dos inimigos de sua fé, foi amarrado numa cama de rosas, na
impossibilidade completa de se livrar de quem o queria induzir a pecar. Recomendou-se a Deus, e, cortando a língua
com os dentes, cuspiu no rosto da tentadora miserável que borrifada pelo sangue
de um mártir, fugiu horrorizada, chorou e se converteu.
D.
— Mas todos esses, Padre, eram Santos!...
M. — Naquele
tempo ainda não o eram; tornaram-se santos depois de agirem como agiram.
Todavia mesmo sem ser santos podemos e devemos ser corajosos: basta ser
cristão: Ouve isto:
Uma jovem que eu conheço, devolveu em
envelope fechado um cartão a um soldado libertino, dizendo-lhe: “Isso é indigno
de mim como cristã e indigno de ti, como soldado”. Outra moça, em resposta a
certas cartas libertinas do noivo, escreveu-lhe: “Nunca me casarei com um homem desonesto! Desde hoje, está tudo acabado
entre nós dois”.
O amor, ou seja, o vício, tansformar-se-á bem cedo em veneno que castiga terrivelmente.
Não fez muito tempo que, em Turim, no aperto da
plataforma de um bonde, um “almofadinha”, lascivo tomou certas liberdades com
uma mocinha direita. A moça virou-se desdenhosa e, sem mais, aplicou-lhe no
rosto uma valente bofetada, dizendo bem alto:
Deseja saber a razão disso?
— Muito obrigado, não é preciso, responde o
desastrado que desceu apressado, com o lenço no nariz.
D. — Muito bem! Essa moça merece uma medalha!
M. — Uma medalha igual merece esta, que eu também
conheço:
Certa ocasião, um sujeito sem educação
sussurrou-lhe no ouvido não sei qual trivialidade. Sem perda de tempo, a moça
deu-lhe dois bofetões sonoros, acrescentando: “Estarei sempre pronta para
repeti-los”.
D. — Muitíssimo bem feito! Se todas se
comportassem assim ficariam logo livres dos zangões, não é, Padre?
M. — Isso mesmo! E os que não são zangões
ficariam livres dos pernilongos, ou seja, de certas moças sem pudor.
Do ócio
também devemos fugir. Ai dos ociosos: é justamente nos momentos de ócio que o
demônio impuro intensifica os seus assaltos e aumenta suas vítimas.
D.
— Então o demônio também tem que ser tratado com cuspidas e bofetões?
M. — Justamente! E em terceiro lugar, para nos podermos livrar das impurezas, é
necessária a “frequência dos sacramentos”: a confissão semanal, cada duas
semanas ou pelo menos mensal e a Comunhão o mais frequente possível.
Nos
Sacramentos o demônio impuro é desmascarado e vencido. Não há nada que ele tema mais porque nada lhe
é mais fatal. "É impossível, diz
São Felipe Néri com ele D. Bosco, é impossível que quem frequente bem a
Confissão e a Comunhão, continue a cometer impurezas!”
O mundo não pode crer na castidade de tantos
milhares de sacerdotes, freiras e religiosos: não se convence de que essa flor
da juventude possa conservar-se pura e casta no meio de tão grande corruptela;
mas sabe por quê? Porque o mundo não
compreende a força dos Sacramentos: porque não sabe ou não quer saber que todos
eles se purificam com frequência no Sangue de Jesus com a Confissão, e, ainda
mais frequentemente, se nutrem do seu Corpo santíssimo na Comunhão.
Há poucos anos, um jovem advogado disse
em tom de brincadeira a um amigo sacerdote:
— Eu acredito na sua fé, admiro a sua
abnegação, mas não posso acreditar na sua honestidade, no celibato! O zeloso
sacerdote tocado num ponto assim tão delicado respondeu:
— Pois bem, experimenta e verás.
— De que jeito?
— Frequenta
a Confissão e a Comunhão.
Mudaram de conversa, mas voltaram ao mesmo
assunto muitas vezes e ao cabo de seis meses o advogado elegante trocava a toga
de tribuno pelo hábito de seminarista. Em menos de um ano tornou-se sacerdote e
é agora excelente pregador e defensor infatigável da honestidade e do celibato
eclesiástico. Experimentou e foi vencido por esses Sacramentos miraculosos.
D.
— Padre, a honestidade, ou seja, a pureza, traz consigo vantagens?
M. — Muitas
e nobilíssimas: a pureza é como um lírio que se eleva acima de todas as
flores pelo perfume e pelo candor; ela nos torna senhores dos tesouros de Deus.
O homem puro e honesto sente-se e
mostra-se sempre tranquilo: não teme suspeitas e calúnias; não se sente ligado
nem escravo de outras pessoas; goza de uma paz íntima, inestimável. Sua vida é
plácida e serena a sua morte. Tem imensa esperança, isto é, tem a certeza da
salvação eterna: o seu prêmio, o seu gozo no Paraíso são de todo especiais. Termino
com um exemplo histórico:
O célebre músico Mozart aos vinte e cinco anos,
tinha atingido o apogeu da sua glória. No dia 27 de Janeiro de 1881, completava
justamente vinte e cinco anos e, achando-se em Milão, onde foi acolhido
triunfalmente, pôde dizer à assembleia que o festejava estas palavras textuais:
“Juro
diante de Deus que, em toda a minha vida, nunca cometi ato nenhum contra a
pureza, eis o segredo dos meus sucessos e dos meus triunfos...’’ Sentia-se puro e, sentia-se grande. Quantos haverá que podem
dizer o mesmo?!” [2]
(Extraído de “A Felicidade Através da Castidade”,
págs. 269/273 – o texto integral desta obra pode ser obtido enviando
mensagem para meu e.mail juracuca@gmail.com
)
[1] Nesse
diálogo a legra D quer dize discípulo, e a letra M, mestre.
[2]
“Confessai-vos Bem” – Pe. Luiz Chiavarino – Edições Paulinas, págs. 20/23
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