O baile, ou as danças de modo geral, tem sido a
preocupação constante de muitos moralistas antigos e de bons pais de família. Toda
festa de família, ou entre amigos, tem no baile seu ponto principal.
Especialmente no mundo de hoje é voz corrente que trata-se de uma diversão
inocente e sem quaisquer efeitos danosos para as virtudes cristãs. Até mesmo
grupos de católicos, reunidos em torno de sua paróquia, e ás vezes sob o
patrocínio do vigário, pároco ou capelão, fazem seus bailes com muita animação
e em completa falta de prevenção de algum malefício que possa causar às almas,
especialmente das pessoas mais jovens e imaturas.
Em geral, alegam que não há mal nenhum, pois até
Davi dançava em torno da Arca da Aliança. Mas, fazem tal afirmação sem ponderar
de que modo e em que circunstâncias o Rei Profeta dançava. Então é bom notar
que as danças realizadas entre aquele povo eram, em geral, danças guerreiras,
onde havia muito mais a exaltação de feitos gloriosos e guerreiros, e a
comemoração de fatos extraordinários.
Basta que busquemos o exemplo na Sagrada Família,
da qual nunca se ouviu falar de haver participado de nenhum baile. A festa de
casamento realizada em Caná, comentada por São João no seu Evangelho, foi feita
sem que houvesse baile ou qualquer tipo de danças. Aliás, poderia até haver
algum tipo de baile comemorativo naqueles tempos, mas do qual poderemos indagar
se continham passos ou ritmos alucinantes e convidativos para a sensualidade ou
para alguma licenciosidade momentânea. Não, certamente que não; se havia alguma
dança, especialmente entre os hebreus, era coisa mais séria do que hoje.
A dança de Salomé, pedindo a cabeça de São João
Batista, mostra que havia isso entre os pagãos, por causa das cerimônias
idolátricas cheias de convites aos vícios e pecados. E alguma coisa de costumes
pagãos poderia medrar entre os hebreus, mas não era proveniente da salutar vida
religiosa daquele povo, mas copiada de estrangeiros.
Vejamos o que diz dos bailes Francisco Spirago:
“O baile é particularmente perigoso para os que
dançam muito ou livremente, ou que, por ocasião do baile têm incorrido já em
pecado mortal.
O baile não é por si mesmo coisa torpe ou proibida,
senão meio de distrair-se, concluído o trabalho, e de espairecer a alma com
honesta diversão; assim mesmo pode ser útil para fomentar a benevolência entre
os homens. Entre os judeus (ainda que em forma totalmente diversa do baile
moderno), se juntou com certas cerimônias do culto divino. Assim o rei
David dançou com santo entusiasmo diante da Arca (2 Reis 6, 14), mas as
danças em geral tinham o caráter guerreiro naquele tempo. As donzelas hebreias
dançavam em coros, em algumas festividades religiosas (Jud. 21, 21; Ex. 15,
20). Até os anjos no céu formam coros e danças diante do Senhor. Porém não se
pode dançar no tempo proibido (no Advento, na Quaresma, etc.), ou com pessoa
inconveniente (como sucede com frequência nos bailes públicos), nem tais danças
em que se fazem gestos ou se tomam posições pouco honestas.
Com tudo isto, na atualidade se pode dissuadir
resolutamente o baile a quem quer que seja, porque no mais dos bailes (de
parceria), pela mesma posição dos dançarinos (pegados pela mão e pela cintura),
se ferem as regras da moralidade e da decência. Para muitos se converte o baile
numa paixão, desperta feias inclinações, afugenta o espírito de devoção e é
causa de futuras imoralidades. Ao mesmo
tempo o baile é muito contrário à saúde corporal. O respirar um ar adensado
pelo pó; a transpiração de muitos que suam; e a respiração agitada; o
esfriamento pela bebida inconsiderada em estado de fadiga, a excessiva tensão
do esforço (pois em algumas horas saltando se percorre o espaço de várias
milhas), produzem às vezes a tísica ou enfermidade do coração. E que desordem
se nota no regresso noturno do lugar do baile, na ocasião em que estão
superexcitadas as paixões! Por isto
muitos varões apostólicos têm reprovado inteiramente o baile e têm falado como
São Efrém: Onde há baile, há tristeza dos anjos e júbilo dos demônios. E em
outro lugar: não é possível saltar e bailar aqui e gozar depois dos eternos
gozos; pois disse o Senhor: Ai de vós, os que agora ris! Porque chorareis e
estareis tristes.
Em certas horas não podem algumas pessoas se recusarem de dançar, por exemplo, nas bodas, festas de família, etc.; ou quando os pais, esposos, noivos ou parentes solicitam que se faça. Em certos casos, dança pouco e não muitas vezes; o baile seja para ti recreação e não agitação, e não te esqueças da presença de Deus. O que uma vez, por ocasião do baile, tem caído em pecado mortal, deve evitar, de futuro, todo o possível este perigo; pois do contrário nenhum confessor o poderá absolver (se entende, enquanto tenhas esta intenção). Se alguma pessoa te convida a dançar pode desculpar-se dizendo-lhe com toda verdade: "Perdoe-me você. Me faz mal (à saúde)". Aqui há que apelar para as palavras do Salvador: Se tua mão ou tem pé te escandalizam... (Mt 18, 9); isto é, mais vale renunciar ao baile, e ser um dia bem-aventurado, que dançar agora e condenar-te depois”. [1]
(Extraído de “A Felicidade Através da Castidade” , Págs.
274/275 – O texto completo desta obra pode ser obtido enviando mensagem para o
meu e.mail juracuca@gmail.com )
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