O caráter exorcístico da ação apostólica de Nosso Senhor já se manifesta com fatos ocorridos desde sua infância. É fato notório, confirmado pela Tradição e por documentos históricos (embora não referidos pelos Evangelistas) que todos os demônios eram expulsos no Egito por onde passava o Menino Jesus. Nem sempre tais exorcismos são aqueles do tipo clássico, que Nosso Senhor praticou em sua vida pública, mas a simples expulsão dos demônios de lugares, de ídolos, etc., pois Deus não permitiria Se estar presente onde houvesse adoração de criaturas inferiores e possuídas pelos demônios. É preciso notar que na viagem ao Egito estava presente não somente a Cabeça do Corpo Místico de Cristo, o próprio Menino Jesus, mas seu corpo místico então formado por Nossa Senhora e São José.
E a região para onde foram era predominantemente pagã. A
cidade de Heliópolis, chamada na Bíblia de On, havia sido capital do Egito
durante a 5ª. Dinastia (por volta de
Os
chamados Evangelhos Apócrifos da Infância de Jesus contam que ao chegar a
Sagrada Família na entrada da cidade de Heliópolis, antro propulsor da
idolatria naquele país, os demônios gritavam de dentro dos ídolos: “Fujamos
daqui que vem chegando um grande rei com grande e poderoso exército!” O rei era o Menino Jesus, e o exército era
formado pelos coros angélicos que O acompanhavam onde quer que fosse. Embora os
referidos “evangelhos” não sejam reconhecidos
como canônicos pela Igreja, eles costumam ser citados como fontes de piedade
cristã, apesar de conter alguns exageros destinados a estimular o legendário e
maravilhoso, a exemplo da “Legenda Dourada” de Santiago de
Eis um
dos relatos do referido “Evangelho”:
“...E considerava atentamente aquela imagem
incrustada no templo em ouro e em prata, por cima da qual havia uma inscrição:
Este é Apolo, o deus criador do céu e da terra, e o que tem dado a vida a todo
o gênero humano. Ao ver isto, Jesus se indignou em sua alma, e, levantando os
olhos ao céu, disse: Pai, glorifica a teu filho, para que tu sejas glorificado.
E eis que uma voz saiu dos céus, que dizia: O tenho glorificado e o
glorificarei novamente.
“E, no mesmo instante em que falou Jesus a
terra tremeu e toda a estrutura do templo de desmoronou de cima a baixo. E o
ídolo de Apolo, os sacerdotes do santuário e os pontífices dos falsos deuses
ficaram sepultados no interior do edifício e pereceram. O resto da população
que se encontra ali fugiu daquele lugar. Todos os ídolos e todos altares dos
demônios que havia na cidade se abateram
A
vidente Beata Catharina Emmerich teve visões deste exorcismo que foi assim
relatado:
“Depois de se refrescarem aqui eles viajaram
para uma grande cidade chamada Heliópolis ou On, que tinha belas construções
mas muitas delas foram destruídas.[2]
Quando os filhos de Israel estavam no Egito, o sacerdote egípcio Putifar viveu
aqui e tinha em sua casa Asenet (a filha de Dina dos Siquemitas) com quem José
(do Egito) se casou. Também Dionísio, o areopagita,, viveu neste lugar na época
da morte de Cristo. A cidade foi devastada pela guerra, mas muitas pessoas
fizeram casas sobre as ruínas.
“A Sagrada Família cruzou uma ponte muito alta
sobre um largo rio que me parecia ter vários braços. Eles chegaram a um lugar
aberto em frente do portão da cidade que era cercado por uma espécie de passeio
público. Aqui havia um pedestal, mais espesso na parte inferior, com um grande
ídolo com cabeça touro segurando em seus braços algo como uma criança de
fraldas. O ídolo estava rodeado por um círculo de pedras como bancos ou tábuas
e as pessoas vinham em multidões da cidade para depositar oferendas a ele. Não
muito longe deste ídolo havia uma grande árvore sob a qual a Sagrada Família
sentou-se para descansar. Pouco tempo depois veio um terremoto e o ídolo tremeu
caindo no chão. Houve um alvoroço entre as pessoas e uma multidão de
trabalhadores do canal correu para as proximidades.,etc.”. [3]
Em seguida, a vidente conta que a população quis investir contra a Sagrada Família, sabendo Quem causou a destruição de seus ídolos, mas sem obter sucesso, é claro.
[1]
“Evangelio
de
[2]
O geógrafo grego Estrabão esteve lá antes da Sagrada Família e deixou
registrada a situação da cidade por causa da guerra, quase deserta e cheia de
ruínas.
[3]
Anna
Catharina Emmerich – “Santíssima Virgem” – Mir Editora – pág. 354
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