domingo, 22 de novembro de 2020

NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, REGENTE DO UNIVERSO EM CO-REGÊNCIA COM NOSSA SENHORA

 


Por Sua natureza divina, Nosso Senhor tem em si mesmo todo o poder regencial sobre o Universo, do qual é senhor absoluto. Ele mesmo o disse: "Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou." (São João, 13 – 13). Mas, tal poder de regência é compartido com anjos e os homens. O poder de regência é dado à humanidade por intermédio de Nossa Senhora, Ela mesma co-regente do Universo com Nosso Senhor Jesus Cristo e os Santos Anjos. Pelo mesmo princípio, todos os homens colaboram nessa co-regência juntamente com os Santos Anjos. Assim, esse poder de regência faz parte daquela promessa que Nosso Senhor fez no Evangelho, pela qual haverão santos que se sentarão como Juízes ao lado d’Ele para julgar os homens. Esse poder de julgar nada mais é do que o poder de regência, pois quem julga também rege.

Apenas no final do mundo, segundo São João escreveu no Apocalipse, a regência divina de Nosso Senhor Jesus Cristo vai brilhar com todo o seu fulgor; “E saiu do trono uma voz que dizia: Dizei louvor ao nosso Deus todos os seus servos, e os que o  temeis, pequeninos e grandes. E ouvi uma como voz de muita gente e um como estrondo de muitas águas, e como o estampido de grandes trovões, que diziam: Aleluia. Porque reinou o Senhor nosso Deus: o Todo-Poderoso. Alegremo-nos e exultemo-nos;  demos-lhe glória: porque são chegadas as bodas do Cordeiro, e a sua esposa está ataviada”. (Apoc 19, 5-7)

A expressão “e a sua esposa está ataviada” refere-se à Igreja Católica, reinante também com Cristo até à consumação dos séculos.

Mas, nenhum rei reina somente com a  esposa, que é a Rainha-Consorte, mas também com a Rainha-Mãe.

 Maria Santíssima dirige a História...

 “Em que sentido Nossa Senhora tem nas mãos o leme da História?

Ela conhece as intenções de Deus a respeito da História; tais intenções são o plano de Deus condicionado às orações, aos atos de virtudes e aos pecados dos homens.

Depois da Redenção infinitamente preciosa de Nosso Senhor Jesus Cristo, os homens pertencem a seu Corpo Místico, formando com Ele uma unidade sobrenatural em cuja realidade interna o mais delicado disso se passa. Tomando essa verdade em consideração, é do modo pelo qual reagimos às graças, dizendo sim ou não, e também da maneira pela qual os outros aceitam ou recusam os favores divinos, que Deus realiza um balanço geral. Nesse balanço Ele fez pesar a sua bondade e a sua justiça infinitas.

Mas o próprio Deus, na sua insondável bondade, quer mais do que Ele mesmo faz. Os homens são tão ruins que Deus daria aos homens menos do que Ele quer. Por uma disposição de sua sabedoria, verdadeiramente Magnífica, Deus constituiu esta situação: uma criatura inteiramente humana, mas absolutamente perfeita; além disso, Filha do Padre Eterno, Mãe de Deus Filho e Esposa do Divino Espírito Santo, que sempre está em condições de retocar, ao menos em parte, o que os homens fazem e, por assim dizer, corrigir – se a palavra “corrigir” não fosse inadequada-, reformar, rever, segundo os planos da misericórdia de Deus, aquilo que sua justiça faria. De maneira que Maria Santíssima está sempre pedindo: ”Meu Pai Eterno, meu Filho adorável, meu Esposo perfeitíssimo, recuai um pouco, adoçai um tanto, ajeitai aqui, fazei mais acolá...”

E a rogos de Nossa Senhora, que nunca deixou de ser atendida, Deus como que passa a borracha sobre o plano da História escrito a lápis, e deixa a Santíssima Virgem traçar a ouro o plano verdadeiro, o qual corresponde ao mais fundo da intenção d’Ele.

Deus não A teria criado se não fosse isso. Mas se não A tivesse criado, ficaria difícil ou impossível – hesito diante do termo – fazer a História tão bela como ela é. Nossa Senhora enfeita essa História. E somente por isso, de um lado, Ela é a Rainha da História, porque Ela imprime, por um profundo consentimento de Deus, à História um rumo, que Deus sem Ela não teria imprimido. Nossa Senhora, portanto, dirige o leme da História.

De outro lado, Maria Santíssima não se limita a isso. Ela pede também,  para alguns, o castigo. É natural. Quando surgir o Anticristo, virá o momento em que o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo, com um sopro de sua boca, o exterminará. Mas esse momento não será apressado por Nossa Senhora? Ela dirá: “Eis que os últimos bons que restam bradam e pedem que venhais! Vinde, por favor, vossa Mãe Vos pede”. E pelo sopro dos lábios de Nosso Senhor estará encerrada a História.

Compreendemos, então, a direção da História, direção “intercessiva”. Deus é quem dirige tudo, mas a intercessão de Nossa Senhora é segundo os planos do Criador. E Ela realiza a vontade de Deus, obtendo a modificação dos planos d’Ele. Deus reina, mas por meio de Maria Santíssima, a Quem Ele quis dar toda a glória que se pudesse imaginar a uma tão excelsa missão de intercessora de todo o gênero humano. Assim, Ela dirige a História”.[1]

 

Para compreender bem as afirmações acima precisamos ter presente que Dr. Plínio está se referindo ali à História (com “H” maiúsculo). Não se trata da narração de fatos ocorridos ali ou acolá, num ou noutro povo, mas do rumo que os homens em geral estão tomando em direção a Deus ou não. Assim, podemos dizer, por exemplo, que Santa Teresinha do Menino Jesus fez muito pelo povo do Vietnã sem nunca ter ido lá e não haver nenhum fato direto que a ligue àquele povo. No entanto, ela é considerada padroeira dele pelo fato de se ter imolado, se haver oferecido como vítima expiatória por ele. Nossa Senhora, do mesmo modo, dirige a História dos povos sem necessidade de haver fatos (na vida dos povos) que a ligue diretamente a eles pelo menos na ordem natural, porque neste caso não se trata da história narrativa de fatos mas da História grandiosa do caminhar dos povos em direção a Deus



[1] Texto de Dr. Plínio Corrêa de Oliveira , extraído da  revista “Dr. Plínio” 164, novembro de 2011

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