Por Sua natureza divina, Nosso Senhor tem em si mesmo todo o poder regencial sobre o Universo, do qual é senhor absoluto. Ele mesmo o disse: "Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou." (São João, 13 – 13). Mas, tal poder de regência é compartido com anjos e os homens. O poder de regência é dado à humanidade por intermédio de Nossa Senhora, Ela mesma co-regente do Universo com Nosso Senhor Jesus Cristo e os Santos Anjos. Pelo mesmo princípio, todos os homens colaboram nessa co-regência juntamente com os Santos Anjos. Assim, esse poder de regência faz parte daquela promessa que Nosso Senhor fez no Evangelho, pela qual haverão santos que se sentarão como Juízes ao lado d’Ele para julgar os homens. Esse poder de julgar nada mais é do que o poder de regência, pois quem julga também rege.
Apenas no final do mundo, segundo São João
escreveu no Apocalipse, a regência divina de Nosso Senhor Jesus Cristo vai
brilhar com todo o seu fulgor; “E saiu do trono
uma voz que dizia: Dizei louvor ao nosso Deus todos os seus servos, e os que
o temeis, pequeninos e grandes. E ouvi
uma como voz de muita gente e um como estrondo de muitas águas, e como o
estampido de grandes trovões, que diziam: Aleluia. Porque reinou o Senhor nosso
Deus: o Todo-Poderoso. Alegremo-nos e exultemo-nos; demos-lhe glória: porque são chegadas as
bodas do Cordeiro, e a sua esposa está ataviada”. (Apoc 19, 5-7)
A expressão “e a sua esposa está ataviada”
refere-se à Igreja Católica, reinante também com Cristo até à consumação dos
séculos.
Mas, nenhum rei reina somente com a esposa, que é a Rainha-Consorte, mas também
com a Rainha-Mãe.
Ela
conhece as intenções de Deus a respeito da História; tais intenções são o plano
de Deus condicionado às orações, aos atos de virtudes e aos pecados dos homens.
Depois
da Redenção infinitamente preciosa de Nosso Senhor Jesus Cristo, os homens
pertencem a seu Corpo Místico, formando com Ele uma unidade sobrenatural em
cuja realidade interna o mais delicado disso se passa. Tomando essa verdade em
consideração, é do modo pelo qual reagimos às graças, dizendo sim ou não, e
também da maneira pela qual os outros aceitam ou recusam os favores divinos,
que Deus realiza um balanço geral. Nesse balanço Ele fez pesar a sua bondade e
a sua justiça infinitas.
Mas o
próprio Deus, na sua insondável bondade, quer mais do que Ele mesmo faz. Os
homens são tão ruins que Deus daria aos homens menos do que Ele quer. Por uma
disposição de sua sabedoria, verdadeiramente Magnífica, Deus constituiu esta
situação: uma criatura inteiramente humana, mas absolutamente perfeita; além
disso, Filha do Padre Eterno, Mãe de Deus Filho e Esposa do Divino Espírito
Santo, que sempre está em condições de retocar, ao menos em parte, o que os
homens fazem e, por assim dizer, corrigir – se a palavra “corrigir” não fosse
inadequada-, reformar, rever, segundo os planos da misericórdia de Deus, aquilo
que sua justiça faria. De maneira que Maria Santíssima está sempre pedindo:
”Meu Pai Eterno, meu Filho adorável, meu Esposo perfeitíssimo, recuai um pouco,
adoçai um tanto, ajeitai aqui, fazei mais acolá...”
E a
rogos de Nossa Senhora, que nunca deixou de ser atendida, Deus como que passa a
borracha sobre o plano da História escrito a lápis, e deixa a Santíssima Virgem
traçar a ouro o plano verdadeiro, o qual corresponde ao mais fundo da intenção
d’Ele.
Deus
não A teria criado se não fosse isso. Mas se não A tivesse criado, ficaria
difícil ou impossível – hesito diante do termo – fazer a História tão bela como
ela é. Nossa Senhora enfeita essa História. E somente por isso, de um lado, Ela
é a Rainha da História, porque Ela imprime, por um profundo consentimento de
Deus, à História um rumo, que Deus sem Ela não teria imprimido. Nossa Senhora,
portanto, dirige o leme da História.
De
outro lado, Maria Santíssima não se limita a isso. Ela pede também, para alguns, o castigo. É natural. Quando
surgir o Anticristo, virá o momento em que o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo,
com um sopro de sua boca, o exterminará. Mas esse momento não será apressado
por Nossa Senhora? Ela dirá: “Eis que os últimos bons que restam bradam e pedem
que venhais! Vinde, por favor, vossa Mãe Vos pede”. E pelo sopro dos lábios de
Nosso Senhor estará encerrada a História.
Compreendemos,
então, a direção da História, direção “intercessiva”. Deus é quem dirige tudo,
mas a intercessão de Nossa Senhora é segundo os planos do Criador. E Ela
realiza a vontade de Deus, obtendo a modificação dos planos d’Ele. Deus reina,
mas por meio de Maria Santíssima, a Quem Ele quis dar toda a glória que se
pudesse imaginar a uma tão excelsa missão de intercessora de todo o gênero
humano. Assim, Ela dirige a História”.[1]
Para compreender bem as afirmações acima precisamos ter
presente que Dr. Plínio está se referindo ali à História (com “H” maiúsculo).
Não se trata da narração de fatos ocorridos ali ou acolá, num ou noutro povo,
mas do rumo que os homens em geral estão tomando em direção a Deus ou não.
Assim, podemos dizer, por exemplo, que Santa Teresinha do Menino Jesus fez
muito pelo povo do Vietnã sem nunca ter ido lá e não haver nenhum fato direto
que a ligue àquele povo. No entanto, ela é considerada padroeira dele pelo fato
de se ter imolado, se haver oferecido como vítima expiatória por ele. Nossa
Senhora, do mesmo modo, dirige a História dos povos sem necessidade de haver
fatos (na vida dos povos) que a ligue diretamente a eles pelo menos na ordem
natural, porque neste caso não se trata da história narrativa de fatos mas da
História grandiosa do caminhar dos povos em direção a Deus
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