De uma vida de
Santa Margarida Maria Alacoque, em que conta a visão do Sagrado do Coração de
Jesus. Essa visão está representada de um modo digno, no teto da Igreja de
Sagrado Coração de Jesus, em São Paulo, com Santa Margarida ajoelhada e Nosso
Senhor aparece para falar com ela.
“Estando uma vez
diante do Santíssimo Sacramento, num dia de sua oitava, eu recebi de meu Deus
as graças excessivas de seu amor. Eu me senti tocada do desejo de alguma
restituição e de restituir amor com amor. E Ele me disse: ‘Tu não podes prestar
um amor maior, do que fazendo aquilo do que Eu tantas vezes te pedi’.
“Então, Ele pôs
manifesto para mim o seu Divino Coração, e disse: ‘Eis o Coração que tanto amou os homens e que nada poupou para se
esgotar e consumar para lhes manifestar os seus testemunhos de amor. E, por reconhecimento, não recebo da maior parte
dos homens senão ingratidões, irreverências e sacrilégios, e as friezas e
desprezos que eles têm por Mim nesse Sacramento de Amor. Mas o que Me é ainda mais sensível é que são os
corações daqueles que Me são consagrados que procedem dessa forma comigo.
“É por isso que te
peço que na primeira sexta-feira da
oitava do Santíssimo Sacramento, seja dedicada para uma festa particular para
honrar o meu Coração, comungando
nesse dia e fazendo uma reparação de honra para reparar as indignidades que Ele
recebeu durante o tempo em que foi exposto nos altares. Eu te prometo também que Meu Coração se dilatará para difundir com
abundância as influências de seu divino amor sobre aqueles que lhe prestarem
essa honra e que procurarem que essa honra lhe seja prestada”.
Cada uma das frases
desse tópico é uma verdadeira maravilha. Para compreendermos bem, é preciso
notar que Nosso Senhor disse isso num
período em que os germens da Revolução já haviam penetrado bastante e o
mundo para o qual Ele falou é o mesmo mundo que São Luís de Montfort descreve
com frases tão candentes.
Então,
compreende-se que era uma humanidade
que ainda frequentava os sacramentos, que ainda rezava, mas
que estava em plena crise de ingratidão
e de tibieza. E é para reparar
essa ingratidão e tibieza que Nosso Senhor tem essas palavras: “Eis o
Coração que tanto amou os homens e que nada poupou para esgotar, consumar e
testemunhar seu amor”.
Com efeito, Nosso
Senhor não poupou nada, mas fez absolutamente tudo. Este trecho tem aquele sentido das objurgatórias, dos impropérios da Semana Santa: “Meu povo, o
que te fiz, no que te contristei?”
Aqui a mesma coisa:
“Eu fiz tudo por vós. Eu me esgotei e consumei para fazer tudo por vós.
Entretanto, como reconhecimento, eu não recebo da maior parte senão
ingratidões, por suas irreverências e seus sacrilégios, e pelas friezas e
desprezos que eles têm por Mim nesse Sacramento de Amor”.
É uma coisa
tremenda! Mas é na própria Eucaristia,
que é a manifestação mais extrema do
amor de Nosso Senhor, ali mesmo
Ele não recebe senão friezas e sacrilégios. Isso naquela época em que a
Revolução já estava bem adiantada.
“Mas o que Me é
mais sensível, é que os corações que Me estão consagrados façam assim para
comigo”.
Os “corações consagrados” já sabemos
que são os do clero, dos religiosos, das religiosas que por seu estado de vida
ligaram-se mais a Ele e que O machucam mais especialmente. Podemos incluir as almas que Nosso Senhor
chamou para um apostolado muito especial que, embora sem voto, pediu que se
consagrassem a Ele de modo muito especial, e que procederam muitas vezes para
com Ele dessa maneira.
“É por isso que
te peço que na primeira sexta-feira após a oitava do Santíssimo Sacramento seja
dedicada uma festa especial para honrar Meu Coração. E comungando naquele dia
lhe façam uma reparação de honra, para reparar as indignidades que sofreu no
tempo que estava exposto nos altares”.
O fim especial é
esse: como Ele é muito injuriado no tempo em que é exposto nos altares, no
tempo em que aparece para nos fazer bem, então fazer uma reparação especial por
essas injúrias. A recompensa que Ele
dá: “Eu te prometo que meu Coração se dilatará para difundir com
abundância as influências de seu Divino Amor entre aqueles que lhe prestarem
essa honra”.
Se quisermos que as influências do amor de Deus, ou seja, a graça se acenda em nós, o fogo do amor de Deus se faça sentir, se nos
sentimos tíbios, se nos sentimos sem amor para a causa ultramontana, se
queremos crescer na vida espiritual, há uma promessa: comungando nas primeiras sextas-feiras teremos a
recompensa que as influências do amor
de Deus se farão sentir sobre nós. Para os que fizerem um esforço para
que essas honras também sejam prestadas pelos outros, alcançaremos nós as
influências amorosas do Sagrado Coração de Jesus.
Como é que isso pode ser feito condignamente? Há uma sensação de
desânimo que nos assalta quando pensamos nisso: eu me apresentar diante de
Nosso Senhor para fazer uma coisa condigna dEle? Quem sou eu para fazer algo condigno com Ele? O verdadeiro é fazer isso
por intermédio do Imaculado Coração de Maria.
Pedir a Nossa Senhora que se associe a nós, que seja o canal desse ato reparador em nosso nome, como se fosse nosso.
E então prestaremos a Ele um culto
perfeitíssimo, sem mácula, sem jaça, que pode ser aquele de uma
reparação.
Resumindo: oferecer nossa comunhão ao Sagrado Coração de Jesus, por intermédio do
Coração Imaculado de Maria, com a intenção especial de desagravar as ofensas
que o Santíssimo Sacramento recebe quando está exposto no altar. E pedir,
sempre por meio de Nossa Senhora, a
graça do amor de Deus que deva restaurar a nossa alma.
As promessas do Sagrado Coração de Jesus,
que foram dadas a Santa Margarida Maria, são as seguintes:
1) Todos aqueles dedicados e consagrados ao Coração de Jesus não
pereceriam jamais.
Isto é uma promessa
de valor infinito, porque é a promessa de nossa vida eterna. Quem tiver essa
devoção jamais perecerá.
2) As almas tíbias se tornarão fervorosas e as fervorosas se tornarão
perfeitas.
Confesso que considero a primeira parte do prodígio muito
maior do que a segunda, porque, que uma alma fervorosa venha a tornar-se
perfeita, tem-se visto, mesmo porque a gente só se torna perfeito - via de
regra - quando se é fervoroso. Mas
que o tíbio se torne fervoroso, isto
para mim é mais difícil do que mover uma pirâmide do Egito com o dedinho.
A tibieza é uma forma de atoladeiro, é uma desolação, uma abominação e uma tristeza que, sem milagre, não tem andamento. E isto é exatamente uma promessa
para aqueles que forem devotos do Sagrado Coração de Jesus.
3) Os apóstolos do Sagrado Coração terão a arte de tocar as almas as mais
endurecidas.
Vejam que magnífica promessa para uma época cheia de
manias de ofícios de apostolado. Fala-se
em tanta eficácia de apostolado. Quem
é que tem esse dom de tocar as almas mais endurecidas? Quantas coisas no mundo estariam mudadas se
houvesse almas capazes de tocar os corações endurecidos! Como seria
fácil, por meio da prática dessa devoção e da devoção ao Coração Imaculado de
Maria, conseguir isso! E, muitas vezes, se lamentamos que nosso apostolado não
corre tão depressa, devemos atribuir isso ao fato de não estarmos unidos ao
Sagrado Coração de Jesus e de Maria. Que
coisa genialmente bem inventada! Desde que essa devoção nasceu, foi odiada...!
Os Srs. se lembram
daquele bispo de Pistóia, último Geral
da Companhia de Jesus, antes da extinção da Companhia pelo Papa Clemente XIV,
que fez pintar um quadro de si mesmo, que colocou no salão nobre do próprio
palácio (isto no século XVIII), em que ele era apresentado rasgando uma estampa
da Sagrado Coração de Jesus...!
4) Difundirá com abundância suas bênçãos em todos os lugares em que for
colocada e honrada Sua Imagem.
É derramar bênçãos
e derramar bênçãos abundantes,
para isto bastando honrar a imagem do Divino Coração. Isto é um aviso para
nossa capela.
5) Reunirá as famílias divididas e protegerá e assistirá aquelas que
estivessem em alguma necessidade e que se dirigissem a Ele com confiança.
Isto que se diz das famílias, diz-se ainda mais das famílias de almas, para se obter unidade para nossa
família de almas. Não apenas essa unidade que significa ausência de briga, mas
uma união cada vez mais profunda.
6) Difundirá a suave unção de sua ardente caridade sobre todas as
comunidades que O honrarem e se colocarem sob Sua especial devoção. Que
afastará todos os golpes da Divina Justiça para repô-las em graça quando
estiverem decaídas.
7) Promete, na excessiva misericórdia de Seu Coração, que seu amor todo
poderoso concederá a todos aqueles que comungarem nas 9 primeiras sextas-feiras
de 9 meses em seguida, a graça da penitência final, não morrendo fora do estado
de graça e sem receber os Sacramentos, e seu Divino Coração será seu silo
seguro no último momento.
Os senhores veem
que são promessas, cada uma mais
magnífica que a outra. São promessas
inconcebíveis e tão fáceis de obter...
Sugiro, para nossa
capela, que tenhamos, num quadro pequeno, essas promessas bem apresentadas,
para os que forem lá rezar poderem vê-las com facilidade.
Foi-me colocada
aqui também palavras do Sagrado Coração
a Josefa Menéndez, em 8 de junho de 1923:
“Abre-Me tua
alma e deixa-Me entrar, porque sou Eu mesmo que te purificarei. Despoja-te de
tudo, a fim de nada guardares de teus desejos, de teus gostos, de teu
julgamento. Depois, submete-te inteiramente à vontade d’Aquele que tu amas. Deixa-Me fazer de ti o que Eu quero e não o
que esperas. Deves chegar a esse ponto de Minha vontade, que a Minha vontade, em ti, seja a tua.
Quero ver a submissão total e a união
de teu querer ao Meu querer e ao
Meu bel prazer. Tu me destes todos os direitos a isso pelo teu solene
voto de obediência. Se as almas
compreendessem que jamais elas são mais livres do que quando se entregarem
inteiramente assim a Mim, e que jamais estou mais disposto a realizar os
desejos delas do que quando querem fazer a Minha vontade”.
Aqui está. Se
queremos, a bem dizer, governar Deus, é deixarmo-nos
governar por Ele. É fazer todas
as Suas vontades, que Ele fará as nossas
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