Uma das coisas primordiais para o
aperfeiçoamento humano é o convívio social. E será pelo convívio que as pessoas
poderão mais facilmente aprender como ser regidos, co-reger ou mesmo reger a
sociedade em que vive. Conviver é o mesmo que “viver com”, ter uma vida
participativa com as pessoas de seu relacionamento mais próximo, e, às vezes,
até mais afastado. O homem nasceu para viver em sociedade, mas não somente na
sociedade terrena, pois faz parte do nosso convívio todos aqueles que vivem na
eternidade.
O primeiro relacionamento social, o princípio
básico de se relacionar com outro ser é o que diz respeito ao próprio Deus. Então, quando estamos próximos de Deus em
nossos pensamentos, em nossas orações e nos atos, cumprindo seus mandamentos e
O adorando como Ele merece, O amando como Ele é amável, estamos iniciando um
convívio que não é meramente terreno, mas celeste. Sempre que meditamos coisas
divinas, nosso coração sente o palpitar da centelha divina, que nos alimenta
com coisas boas e nos dá segurança nos nossos juízos interiores e em nossas
decisões. É Deus agindo em nosso interior, em nosso íntimo, no âmago de nossa alma, relacionando-Se
conosco. É assim que convivemos com Deus
em nosso interior.
Mas, o convívio com Deus pede que seja feito
não somente com o Pai, mas também com o Filho e o Espírito Santo, pois são
estas três Pessoas Divinas que compõem a divindade. Assim, precisamos se deixar
levar pelas inspirações do Espírito Santo e, ouvindo conselhos sábios de irmãos
mais santos ou mais cultos, participando de atividades apostólicas benfazejas
para o Corpo Místico de Cristo, que é a Igreja, poderemos dessa forma ter uma
convivência com o Espírito Santo. Depois disso, obedecendo às mesmas
inspirações d’Ele, fazemos nossa confissão a um Sacerdote, uma convivência
interior e íntima entre nós e o representante de Deus com poderes de perdoar
nossos pecados, e ficaremos prontos para conviver com o Filho, indo à igreja e
recebendo-O na Hóstia Consagrada. Até aqui podemos dizer que temos a
convivência interior com a Santíssima Trindade. Para completar essa abençoada
convivência, nada melhor do que a devoção à Nossa Senhora e a São José, que do
Céu nos dirigem, nos protegem e até nos ensinam a viver a convivência perfeita
com Deus.
De outro lado, a convivência humana não para
aí. Pois Deus quer que convivamos com
todos os seres por Ele criados, os anjos e os homens. Estes últimos estão
facilmente ao nosso alcance, pois alguns ainda vivem ao nosso lado nessa vida
terrena. Quanto aos Santos Anjos, a convivência com eles é meramente
espiritual, vez por outra alentada por uma ação em nossa vida que nos faz
senti-los mais de perto. Rezando a eles pedindo suas proteções, orientações,
conselhos, governo, etc., estaremos estabelecendo uma profícua convivência
angélica. Embora seja mais sentida
interiormente, ela se refletirá em toda a nossa vida e atuação terrena.
Depois, temos a convivência com os homens,
mas não aqueles com os quais vivemos neste mundo, mas com aqueles que partiram
para eternidade. Mais uma convivência meramente interior e espiritual. São as
almas de nossos entes queridos e todos aqueles já falecidos, pelos quais temos
obrigação de rezar ou pedir auxílio em nossas necessidades. Nessa última
categoria estão não somente aqueles que sabemos ter morrido em odor de
santidade, mas os santos canonizados pela Igreja, que estão no Céu a nos
proteger e nos preparar para a glória eterna.
Finalmente, por último, convivemos com as
pessoas que ainda vivem. Estão ao nosso lado, pelo menos de uma forma material.
Precisamos conviver uns com outros a fim de nos reger e ser regidos, aprender a
viver santamente, e nos preparar para a eternidade. Ninguém consegue viver
isolado dos demais, Deus nos fez com disposições próprias a viver em sociedade.
Por isso ser tão salutar ter bom convívio social. Há pessoas que moram ao lado
de outras, mas vivem isolados, por desejo próprio ou por causa dos demais,
trazendo grande mal ao seu desenvolvimento social e humano. A solidão é um
grande mal, que a sociedade moderna não consegue vencer porque o homem de hoje
não entende essa relação de convívio social numa hierarquia que começa em Deus
para terminar naquele que está ao seu lado nessa vida. Como é que devemos ter
uma boa convivência social? Suportando os defeitos do próximo? Tendo que
tolerar até mesmo os importunos ou pessoas ruins que nos atormentam? Tudo isso
é possível, dependendo de onde e com quem se convive. Mas, o essencial é que só
conseguiremos equilíbrio de ação social nesse convívio se antes dele tivermos
uma boa convivência com Deus, Nossa Senhora, São José, os Santos Anjos e os
Bem-aventurados. Tudo dará certo se obedecermos essa sequência hierárquica. Com
as pessoas com as quais vivemos aprendemos a prática das virtudes, mas também
seus vícios; através delas recebemos inspirações divinas, mas também
diabólicas; é pelo convívio social que a boa e a má regência podem influir em
nosso desenvolvimento espiritual. Se tivermos boa convivência espiritual com os
seres celestes, teremos luzes para perceber onde está o erro e recusá-lo, e
onde está o bem e praticá-lo.
Somente assim, conseguiremos ter uma boa regência
nessa vida.
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