– A recente
pesquisa sobre violência demonstrou que onde ela mais impera é na região dominada
pelo PT, o Nordeste, com a Bahia tendo o maior índice. Como se sabe o PT domina
a Bahia a mais de 10 anos. No tempo de ACM a situação lá era diferente.
Quase ao findar o ano de 1983, Dr. Plínio Corrêa de
Oliveira publicou na "Folha de São Paulo" um artigo intitulado "Quatro
Dedos Sujos e Feios", onde analisava a forma misteriosa como ele via a
esquerda se transformar na violência urbana que crescia assustadoramente.
Passados tantos anos, vê-se hoje como aquelas previsões se cumprem, como se
diz, "ao pé da letra". Após lê-lo, convém analisar como anda a
violência urbana no Brasil, especialmente a partir dos últimos acontecimentos
do Rio. A fim de ressaltar onde se encontra o cerne de tais acertos, coloquei
em negrito os trechos principais:
Quatro Dedos Sujos e Feios
Por: Plínio Corrêa de Oliveira
“A
perplexidade se dá bem com macias cadeiras de couro, nas quais o homem sente
afundar-se gostosamente. É que há certa analogia entre estar atolado em
questões perplexitantes, e em poltronas de molas macias. O homem perplexo,
afundado em couros, fica atolado tanto de corpo como de alma, o que confere à
situação dele essa unidade que nossa natureza pede insistentemente, a todo
propósito.
É
verdade que tal unidade não vai aí sem alguma contradição. As perplexidades
constituem para a mente um atoleiro penoso. Um purgatório. Por vezes quase um
inferno. Pelo contrário, os couros e as molas proporcionam ao corpo cansado um
atoleiro delicioso, reparador. Mas essa contradição não fere a unidade. E
diminui o tormento do homem, em vez de o acrescer.
Para prová-lo ao leitor, bastaria a este imaginar quão pior seria a situação de um homem perplexo, sentado num duro banco de madeira...
Para prová-lo ao leitor, bastaria a este imaginar quão pior seria a situação de um homem perplexo, sentado num duro banco de madeira...
Ocorreu-me
isto tudo ao recordar que, numa noite destas, chegado ao termo o jantar,
resolvi refletir sobre a situação nacional, atoleiro no sentido mais preciso e
sinistro do termo. E para isto me afundei instintivamente em uma profunda e
macia poltrona de couro. Comecei então a pensar...
A
ronda macabra dos vários problemas pátrios, ideológicos, sociais e econômicos,
começou a dançar em meu espírito. A fim de ver claro, eu procurava deter a feia
ciranda, de modo a analisar, uma por uma, as várias questões que a formavam.
Mas estas pareciam fugir a toda avaliação exata, executando cada qual, diante
de meus olhos por fim fatigados, um movimento convulsivo à maneira do
"delirium tremens". Pertinaz, eu insistia. Mas elas, não menos
pertinazes do que eu, aumentavam seu tremor, e de repente retomavam em galope
sua ciranda.
Febre?
Pesadelo? O certo é que me senti subitamente em presença de um personagem muito
real, de carne e osso...
E eu, que tinha intenção de comunicar aos leitores o resultado de minhas lucubrações, fiquei reduzido a contar-lhes o que este personagem me disse.
E eu, que tinha intenção de comunicar aos leitores o resultado de minhas lucubrações, fiquei reduzido a contar-lhes o que este personagem me disse.
O
tal homem a-temporal me tratava de você, com uma certa superioridade que tinha
seu tantinho de irônico e de condescendente. E, pondo em riste o indicador
curto e pouco limpo da mão direita, como para me anunciar uma primeira lição,
sentenciou: "Saiba que eu, o comunismo, fracassei neste sossegado Brasil.
O PC é aqui um anão que dá vergonha. Por isso, evito de o apresentar sozinho em
público. O sindicalismo não me adiantou de nada. Possuo muitos de seus chefes,
mas escorre-me das mãos o domínio sobre suas bases bonacheironas
("pacifistas", diria você). Entrei pelas Cúrias, pelas casas
paroquiais, seminários e conventos. Que belas conquistas eu fiz. Mas ainda aí
prosperei nas cúpulas, porém a maior parte da miuçalha carola me vai escapando.
Noto, Plinio, sua cara alegre ante minha envergonhada confidência. Você me
reputa derrotado. Bobão! Mostrar-lhe-ei que tenho outros modos de progredir.
—
Você duvida?
—
Sim, eu duvidava.
Então
ele levantou teatralmente, ao lado do dedo indicador, o dedo médio, um pouco
mais longo e não menos rejeitável. E entrou a dar sua segunda lição.
"Começarei
por um sofisma. Farei o que você não imagina: a apologia do crime. Sim, direi
por mil lábios, através de mil penas, milhões de vídeos e de microfones, que a
onda de criminalidade, a qual tanto assusta os repugnantes burgueses, raramente
nasce da maldade dos homens. Nas tribos indígenas, os crimes são mais raros do
que entre os civilizados. O que quer dizer que o crime nasce entre nós das
convulsões sociais originadas da fome. Elimine-se a fome, desaparece o crime.
Como, aliás, também a prostituição.
"Quem
você chama de criminoso é uma vítima. Sabe quem é o criminoso verdadeiro? É o
proprietário. Sobretudo o grande proprietário. Principalmente este é que rouba
o pobre.
"Enquanto um ladrão de penitenciária rouba um homem, o proprietário rouba um povo inteiro. Seu crime social é de uma maldade sem nome!"
"Enquanto um ladrão de penitenciária rouba um homem, o proprietário rouba um povo inteiro. Seu crime social é de uma maldade sem nome!"
O
delírio leva a muita coisa. Pensei em expulsar o jactancioso idiota. Mas o
comodismo me manteve atolado em minha poltrona. Furibundo e inerte, deixei-o
continuar.
Ele
levantou o dedo anular, feio irmão dos dois que já estavam erguidos. E
prosseguiu.
"Há
mais uma "seu" Plinio. À vista de tudo quanto eu disse, um governo
consciente de suas obrigações tem por dever desmantelar a repressão e deixar
avançar a criminalidade. Pois esta não é senão a revolução social em
marcha. Todo assassino, todo ladrão, todo estuprador não é senão um arauto do
furor popular. E por isto farei constar ao mundo inteiro que a explosão
criminal no Brasil está sendo caluniada por reacionários ignóbeis. A
criminalidade é a expressão deste furor justamente vindicativo das massas, que
os sindicatos e a esquerda católica não souberam galvanizar."
Suspendendo
o minguinho, miniatura fiel dos três dedos já em riste, meu homem riu. "Farei
entrar armas no Brasil. Quando os burgueses apavorados estiverem bem
persuadidos de que não há saída para mais nada, suscitarei dentre os que você
chama "criminosos", um ou alguns líderes, que saberei camuflar de
carismáticos. E farei algum bispo anunciar que, para evitar mal maior, é
preciso que os burgueses se resignem a tratar com aqueles que têm um grau de
banditismo menor.
"Vejo a sua careta. Você está achando a burguesia preparada para cometer mais esse erro. Tem razão. Assim se constituirá um governo à Kerensky, bem de esquerda. O dia seguinte será do Lênin que eu escolher."
"Vejo a sua careta. Você está achando a burguesia preparada para cometer mais esse erro. Tem razão. Assim se constituirá um governo à Kerensky, bem de esquerda. O dia seguinte será do Lênin que eu escolher."
Levantei-me
para agarrar o homem. Quando fiquei de pé, acabei automaticamente de acordar.
Ou cessou a febre...
Escrevi logo quanto "vira" e "ouvira", pois só até poucos minutos depois da febre ou do sono, tais impressões se podem conservar com alguma vitalidade.
Escrevi logo quanto "vira" e "ouvira", pois só até poucos minutos depois da febre ou do sono, tais impressões se podem conservar com alguma vitalidade.
Leitor,
desejo que elas não lhe dêem febre. Se é que, antes de terminar a leitura, elas
não lhe darão sono.
Este
não será, em todo caso, um tranqüilo sono de primavera. Mas estará em
consonância com essa metereologia caótica dos dias aguados e feios com que vai
começando novembro.
P.S.
— A Polícia paulista parece hoje em reviravolta. Que diria a isto o hominho dos
quatro dedos sujos? Em São Paulo, e pelo Brasil afora, que rumo tomará o
buscapé da subversão? Parar, não parará...”
("Folha de S. Paulo", 16 de
novembro de 1983)
Observação: não teria sentido qualquer ligação entre o personagem do Dr. Plínio, o "homenzinho de quatro dedos sujos e feios", e o político Lula, o qual, apesar de também possuir quatro dedos numa mão (por sinal, o "minguinho"é o único que falta nele, e é um dos citados no artigo), na época do presente artigo (em 1983) nem sequer cogitava de se candidatar a presidente.
Observação: não teria sentido qualquer ligação entre o personagem do Dr. Plínio, o "homenzinho de quatro dedos sujos e feios", e o político Lula, o qual, apesar de também possuir quatro dedos numa mão (por sinal, o "minguinho"é o único que falta nele, e é um dos citados no artigo), na época do presente artigo (em 1983) nem sequer cogitava de se candidatar a presidente.
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