O REINO DA HIPOCRISIA
Quem é bom entre nós? Aliás, quem é mau? Ninguém se julga
pessoa ruim. Quando a polícia bate em alguém na rua, geralmente da forma
costumeira, indiscriminada e brutalmente, a vítima ou seus familiares logo saem
em defesa da mesma com a alegação de que tratava-se de pessoa trabalhadora e
honrada; mas, alguns dias antes (ou depois) aquela mesma pessoa fez parte de um
grupo de saqueadores que haviam tomado de assalto, ou um caminhão quebrado na
rua ou mesmo alguma loja do quarteirão. Para alguns o comportamento coletivo,
seja de saque ou de manifestações violentas, não é crime. Segundos estes, fazer
saques, queimar pneus, jogar pedras e paus na polícia não é crime, isto porque
trata-se de uma ação coletiva, foi a “comunidade” que praticou aquelas ações. E
ninguém vai prender toda uma comunidade.
Muitos se chocaram com a cena de um pivete amarrado a um
poste, a espera da polícia para prendê-lo. Aquilo foi mostrado a todos como
exemplo de impaciência da população, a qual já começa a fazer justiça com as
próprias mãos. Mas, aqueles mesmos que amarraram o rapaz, em outro dia
qualquer, caíam em cima dos policiais que tentavam fazer um despejo de
invasores de prédios, jogando-lhes pedras e paus. E se o rapaz preso ao poste
era um ladrão, não deixa de sê-lo também os saqueadores somente pelo fato de
agirem em comunidade, e muitos destes estariam hipocritamente amarrando
pequenos ladrões aos postes de suas ruas, porque, para eles, o roubo deve ser
coletivo e não individual. Hipócritas! Se condenam o ladrão solitário não devem
também praticar o mesmo crime em comum com vizinhos e amigos...
O nosso povo é honesto? No entanto, o mesmo sujeito que
grita contra a corrupção dos políticos e roubalheira dos cofres públicos faz,
ele mesmo, suas roubadas, esconde o troco que o caixa da loja ou do banco lhe
deu a mais, esquiva-se de pagar o prejuízo que causou a terceiros (por exemplo,
numa batida de carros), nega-se a pagar dívidas contraídas por si e sua
família, e está sempre atrás de um golpe de esperteza para conseguir sair de
sua situação de aperto financeiro. O nosso povo é honesto? No entanto, todos
dizem que pagam impostos, mas a maioria maciça faz tudo para sonega-los (embora
seja até justificável, em alguns casos de impostos extorsivos, como o IR) e, na
realidade, quem paga mais impostos nesse país são os que têm contas a prestar
pelo fato dos mesmos serem retidos na folha de pagamento. Os demais só pagam
aqueles impostos já embutidos nas mercadorias que compram.
Quando há um crime hediondo, como o perpetrado por
pedófilos, que estupram e matam crianças inocentes, logo surgem multidões de
indignados para fazer justiça ao criminoso.
No entanto, estes mesmos indignados, geralmente, são adúlteros que
convivem com mais de uma mulher, assistem constantemente filmes eróticos, às
vezes até com cenas entre menores, pronunciam escancaradamente palavrões sem
qualquer respeito à sociedade, e muitos deles praticam até mesmo o pecado de
homossexualismo. Hipócritas! Se querem que as crianças sejam respeitadas devem
manter uma imoral ilibada em toda a sociedade, pois enquanto matam alguns
pedófilos nas ruas, a sociedade está produzindo milhares de outros através dos
filmes e das revistas eróticas que transitam pacificamente em toda a nossa
sociedade sem qualquer censura. As taras sexuais, especialmente essas mais
monstruosas, não nascem por acaso, elas são geradas no dia a dia pela
assombrosa liberdade que é dada ao liberalismo sexual.
Há outros tipos de hipócritas entre nós, como os
abortistas. Para estes, um feto não é um ser humano e para dar cumprimento aos
seus desígnios criminosos criam diversos sofismas e mentiras a fim de
justificar suas atitudes. Como a palavra “aborto” soa mal, caracterizada em lei
como um crime, criaram o termo “antecipação do parto” ou outro qualquer. E para
camuflar oficialmente crime tão monstruoso, criaram um lema chamado “controle
da natalidade” ou “paternidade responsável”. Hipócritas! Porque mentem tentando
encobrir suas ações maldosas? Abortar ou matar um nascituro sempre será um crime
monstruoso, qualquer que seja a denominação dada ao fato.
Aliás, os sofismas existem aos montes nos dias que
correm. Um deles, por exemplo, foi alterar o termo “invasão” por “ocupação”.
Quando os exércitos aliados ganharam a II Guerra Mundial, ao penetrarem na
Alemanha estavam fazendo uma ocupação. No entanto, as ações antes promovidas
pela Alemanha ao penetrar seus exércitos nos outros países não podem ser
denominadas assim, mas simplesmente de invasão. Uma ocupação faz-se por causa
de uma necessidade justa, mas uma invasão é uma ação de tomada de terreno
alheio. Assim, quando os arruaceiros do MST tomam uma fazendo estão fazendo uma
invasão, mas, para deturpar o sentido de tal ação passaram a chamar de
“ocupação”. O mesmo sucede com os sem-tetos quando invadem imóveis nas
capitais. É claro que quem invade também ocupa o espaço, mas o engodo está no
fato de querer dar a entender que ocuparam algo que estava antes desocupado,
vazio, o que nem sempre é verdade. E não é pelo fato de algo está desocupado que
seja justo ocupa-lo por terceiros.
Foi exatamente esta ideia de que algo que esteja
desocupado “não tem dono” que deturpou na nossa sociedade o significado do
direito de propriedade. E, deturpando tal significado, as pessoas perderam a
noção de honestidade. Hoje cumpre-se a frase profética de Rui Barbosa, pela
qual “o homem vai ter vergonha de ser honesto”.
Crianças com 14, 15, 17 anos? Nestas idades o ser humano
já está inteiramente formado. Por que, então, essa hipocrisia de manter uma
legislação ridícula (O ECA) considerando-os menores? E, pior, crianças? Na
Bolívia, um país pobre e de pouco conceito jurídico, a maioridade se atinge com
14 anos, mas, no Brasil, não. Diz-se que a voz mais forte que impede a mudança
dessa legislação é da CNBB. Não sei porque um estado laico teria que ouvir uma
organização religiosa, mas, enfim, é o que dizem. O argumento da CNBB seria que
diminuindo a idade penal isso faria com que os crimes de pedofilia se
extinguissem quase por completo, pois, em geral, são praticados contra menores
entre 13 e 17 anos. Argumento pueril, pois a legislação poderia aumentar a
maioridade apenas para responsabilidade civil e criminal, mas não para o caso
de um menor de ser objeto de crimes. Assim, um menor atingiria a maioridade,
por exemplo, aos 15 anos para ser responsável por crimes que venha a cometer,
mas caso sofresse assédios sexuais o autor de tal crime seria da mesma forma
penalizado como se fosse feito a um menor.
Basta explicitar isso na lei.
Bandidos
“honestos”, o cúmulo da hipocrisia
Já está tornando-se comum bandido mandar o povo ficar em
casa, fechar comércio e dar ordens nos bairros. No entanto, bandido reprimir o
roubo e mandar o povo devolver objetos furtados, nunca ouvi falar antes.
Em Salvador, na última greve da polícia, houve de tudo.
Saques, arrombamentos de lojas e armazéns, roubos a granel, até mesmo das
compras de quem estava saindo do supermercado com suas sacolas. Nessa hora
ninguém é bandido, pois quando se rouba em comunidade não se comete crime
algum.
Há um bairro em Salvador, situado próximo a um outro de
classe média chamado de Garcia, que fica num morro bem defronte à uma grande
loja de supermercado. Alguns o chamam de “Alto do Garcia”. Pois bem, nos dias
daquela greve magotes de moradores desceram do “Alto do Garcia”, invadiram o supermercado
e saquearam o que havia de mais valioso, como TVs, computadores e móveis caros.
No dia seguinte, um dos chefes de tráfico de drogas do bairro deu a ordem:
“devolvam tudo o que roubaram!” Do contrário iam ter que se haver com ele e sua
quadrilha. Obedientes, todos os moradores que participaram do saque devolverem os objetos roubados ao supermercado. É claro que os bandidos não estavam praticando
nenhum ato de honestidade: apenas
queriam evitar que a polícia viesse atrás de roubos tão flagrantes em seu
reduto.
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