A “Folha de São Paulo”, edição de 4.7.2008 chama a atenção para o fato do Brasil haver crescido 133% em produção científica, no período de 1998 a 2007.
“Produção científica” entende-se como o resultado das pesquisas publicado em órgão especializado, isto é, um artigo numa revista pode ser considerado uma “produção científica”. Mas existem estudos universitários de diversas naturezas e, de modo geral, a mídia considera “ciência” apenas aqueles de caráter empírico, como as áreas de medicina, botânica, física, química, genética, etc. Será que estudos relativos ao direito, à sociologia, à filosofia, enfim, aquelas matérias de caráter especulativo e da lógica, estão também incluídos nesta estatística divulgada pelo CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), pertencente ao MEC? A notícia não especifica.
A “produção científica”, em todo o mundo, chegaria a mais de três milhões de artigos publicados anualmente. E não é para menos: somente num gráfico anexo à notícia acima, onde são alinhados apenas seis países (Brasil, Índia, China, Rússia, EUA e Canadá) foram publicados 668.665 artigos científicos no ano de 2007. Em outro gráfico, os vinte países que mais publicam “produção científica” dão um total de 1.357.121 publicações. Se levarmos em conta que nos outros 213 países (o ranking é de 233) publiquem uma média cada um de apenas 10 mil artigos científicos por ano teremos mais de dois milhões acrescidos aos artigos acima, totalizando mais de 3,3 milhões no ano..
De outro lado, se um artigo de caráter científico tem que conter pelo menos cem páginas (para algumas áreas se exige muito mais páginas), teremos então mais de 330 milhões de páginas científicas publicadas anualmente. Uma média de cerca de um milhão por dia...
Estão fora deste cálculo aqueles estudos ou pesquisas que não lograram espaço nas revistas especializadas, mas cujos autores estão na fila aguardando sua vez. Embora sem dados sobre estes últimos, poderemos imaginar quantos professores universitários, doutores, pesquisadores, estudantes em pós graduação, equipes de estudos, etc., etc., estão com seus trabalhos prontos mas não se tem conhecimento por falta de espaço. Se houvesse espaço para todos, talvez a quantidade de “produção científica” dobrasse.
Outro dado é relativo à internet. Nem todos os trabalhos são publicados na internet, mas existem muitos que usam aquele meio de comunicação para divulgar seus estudos. Apesar de sua popularidade, a internet ainda não é bem aceita pelo meio científico em geral, talvez por priorizar o estudo mecânico e tecnológico em detrimento do conhecimento mais intelectual e livresco, mas falou-se há 10 anos atrás que existiam mais de um milhão de páginas científicas divulgadas pela internet. E hoje quantas são? Há dados sobre isso? No final destes informes, cabe-nos uma indagação: que utilidade para a humanidade tem esta massiva “produção científica”? Poderemos imaginar alguns setores que podem (ou tiram) proveito desta produção:
1. Os próprios “cientistas”, pelo fato de engordar seus currículos e poder obter assim mais rendimento em sua atividade;
2. As empresas que investem em seus setores de pesquisa, podendo melhorar seu empenho e, conseqüentemente, obter mais lucros em sua atividade;
3. O enriquecimento cultural e científico das comunidades de estudos universitários, melhorando seu padrão e angariando maior espaço na comunidade cultural do mundo;
4. Por último, a população em geral: quando será que a produção científica de um ano (como em 2007, mais de 3 milhões) será desfrutada pela população onde a mesma está sendo aplicada? E quando aquele progresso ou melhoramento científico chegar, decorridos talvez alguns anos, quantos milhões de outros estudos ou pesquisas não terão já o ultrapassado? A eletricidade foi inventada há mais de cem anos e ainda há populações que não desfrutam desta maravilhosa criação científica, embora a ciência já tenha inventado centenas ou milhares de outros recursos energéticos.
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