segunda-feira, 21 de julho de 2008

Cavaleiro e herói português a um passo da canonização


Vaticano reconhece milagre atribuído ao Beato Nuno Álvares Pereira. No início deste mês (a 3 de julho), o Papa Bento XVI recebeu em audiência privada o cardeal Saraiva Martins, prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, ocasião em que autorizou àquela Congregação a promulgação de decretos relativos a milagres, martírios e virtudes heróicas de beatos e servos de Deus. Foram reconhecidos os milagres atribuídos ao beato Damião José de Veuster (o famoso “Santo de Milokai” que imolou sua vida em prol dos leprosos do Havaí), aos veneráveis Servos de Deus pais de Santa Teresinha do Menino Jesus (Luís Martin e Zélia Martin) e ao beato Nuno de Santa Maria Álvares Pereira.
Na mesma ocasião foi reconhecido o martírio do Servo de Deus Francisco João Bonifácio, sacerdote italiano assassinado por ódio à Fé na Itália em 1946. Da mesma forma foram reconhecidas as virtudes heróicas de vários Servos de Deus e do beato Nuno.
Nuno Álvares Pereira, fundador da Casa de Bragança, nasceu em Cernache do Bonjardim (Portugal) em 24 de julho de 1360. Como Condestável do Reino de Portugal, foi militar invencível na guerra da Independência, mas, quando lhe morreu a esposa, vencendo-se a si mesmo, entrou em 1423 para a Ordem do Carmo, no Convento de Lisboa por ele mesmo fundado. Quis ser simples donato, tomando o nome de Frei Nuno de Santa Maria. Morreu no mesmo Convento, no Domingo da Ressurreição de 1431, no dia 1º de abril, tendo dado a todos, durante a sua vida, o exemplo de oração, penitência, devoção ao Santíssimo Sacramento, amor aos pobres e filial entrega a Nossa Senhora.
Em Portugal, o padre Francisco Rodrigues, nomeado em 2001 vice-postulador para a canonização do Beato, afirmou que a promulgação dos decretos "é sinal que está tudo encaminhado" para a conclusão do processo."Agora é só esperar que o Santo Padre comunique a data para a cerimónia de canonização", afirmou o frade carmelita.O processo para a canonização de Nuno Álvares Pereira foi uma "missão muito trabalhosa", mas que "valeu a pena", sublinhou Francisco Rodrigues, que dedicou os últimos sete anos a esta causa.
Comentário sobre sua vida de virtudes da Crônica dos Carmelitas da Antiga e Regular Observância nos Reinos de Portugal escrita pelo Cronista Geral da Ordem (sec.XVIII).
Admirável foi este santo varão pelas muitas e especiais virtudes que cultivou, não só depois do divórcio que fez com o mundo, mas também antes de receber o hábito religioso.
Na castidade foi sempre firme que jamais em prezuízo dessa virtude lhe conheceu o mais leve defeito.
Forçado da obediência, se sujeitou ao casamento, que sem desagrado de seu pai o não chegaria a evitar. Mas aos vinte e seis anos ficou absoluto do matrimônio, porque a inumana parca pôs termo à vida de sua esposa na flor dos seus anos. Entrou El-Rei no empenho de lhe dar outra esposa não menos digna de seu nascimento. Resisitiu o invicto Condestável, encobrindo sempre o fundamento principal, que era o de viver casto.
Na oração foi tão incessante que admirava aos mesmos que faziam por ser nela seu imitadores. Faltava com o descanso ao corpo, para se aproveitar da maior parte da noite orando mental e vocalmente.
Depois de ser religioso, estreitou mais o trato e familiaridade com o Senhor, por que não vivia no retiro coveniente, para poder sem estorvo empregar todas as potências da alma no Divino Objeto que contemplava.
Na presença da soberana imagem da Virgem Maria, Senhora Nossa, com o título de Assunção, derramava copiosas lágrimas; e com elas, melhor do que com as vozes, lhe expunha as suas súplicas, nas ocasiões que para si ou para os seus patrocinadores lhe pediam favores.
Exemplaríssima foi a humildade com que, fora e dentro da Religião, serviu a Deus em toda a vida: como árvore frutífera, cujos ramos mais se inclinam quanto maior é o peso dos seus frutos, assim este virtuoso varão mais submisso se mostrava com os triunfos e com as virtudes. Nunca no seu espírito teve lugar a soberba, antes, quanto lhe foi possível, trabalhou por desterrá-la dos ânimos dos que lhe seguiam as ordens e o exemplo.
Aos sacerdotes fazia tão profunda veneração que passava a ser obediência. A um criado seu de muita distinção, que havia tomado o hábito da nossa Ordem, assim que o viu professo e feito sacerdote, começou a respeitá-lo em tal forma que a todos causava admiração.
Com o hábito religioso adquiriu o Irmão Nuno muitos hábitos de mortificação. O sangue que lhe corria do corpo, quando com ásperos flagelos o lastimava, também lhe diminuía os alentos; mas ainda desta fraqueza tirava forças para, com pasmosa admiração dos companheiros, continuar em semelhantes exercícios até ao último prejuízo da vida, que em desempenho do ardentíssimo desejo de a sacrificar a Deus, sempre reconheceu como trabalho, e estimou a morte como lucro.
Depois de religioso, foi o Servo de Deus mais admirável nos exercícios da caridade. Não se contentava com distribuir as esmolas pelo seu pagador, como no século fazia; mas pelas próprias mãos, na portaria deste convento, remediava a cada um, conforme a sua necessidade.
Não menos caritativo era para com o seu próximo nas ocasiões que se ofereciam de lhe acudir nas enfermidades. Assistia aos pobres nas doenças, não só com os alimentos necessários, mas com os regalos administrados por suas mãos.
Velava noites inteiras por não faltar com a assistência aos que nas doenças perigavam.
Continuando o Venerável Frei Nuno de Santa Maria as asperezas da vida, sem nunca afrouxar dos seus Primeiros fervores, chegou ao ano de 1431 tão destituído de forças que no corpo apenas conservava alguns alentos para poder mover-se.
Entrando, enfim, na última agonia, rogou que, para consolação do seu espírito, lhe lessem a Paixão de Cristo escrita pelo Evangelista São João; logo que chegou à clausula do Evangelho, onde o mesmo Cristo, falando com sua Mãe Santíssima a respeito do amado discípulo, lhes diz: Eis aqui o vosso filho, deu ele o último sus-piro e entregou sua ditosa alma ao mesmo Senhor que o criara.
Oração
Senhor, Nosso Deus, que ao Bem-aventurado Nuno de Santa Maria destes a graça de combater o bom combate e o tornastes exímio vencedor de si mesmo, concedei aos vossos servos que, dominadas as seduções do mundo, gozem para sempre com ele na Pátria Celeste. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.Amém.
- Beato Nunes Alvares
- Rogai por nós”.

Um comentário:

Querida Família disse...

Juraci, há um site com um histórico sobre a vida do Beato Nuno Álvares bastante interessante, inclusive com uma oração ao final. Eis o texto e a oração:Da Crônica dos Carmelitas da Antiga e Regular Observância nos Reinos de Portugal escrita pelo Cronista Geral da Ordem (sec.XVIII).
(tomo I. cap. XV-XVIII Lisboa 1745 p. 422-425;429-231; 438;440- 441;459).

Admirável foi este santo varão pelas muitas e especiais virtudes que cultivou, não só depois do divórcio que fez com o mundo, mas também antes de receber o hábito religioso.

Na castidade foi sempre firme que jamais em prezuízo dessa virtude lhe conheceu o mais leve defeito.

Forçado da obediência, se sujeitou ao casamento, que sem desagrado de seu pai o não chegaria a evitar. Mas aos vinte e seis anos ficou absoluto do matrimônio, porque a inumana parca pôs termo à vida de sua esposa na flor dos seus anos. Entrou El-Rei no empenho de lhe dar outra esposa não menos digna de seu nascimento. Resisitiu o invicto Condestável, encobrindo sempre o fundamento principal, que era o de viver casto.

Na oração foi tão incessante que admirava aos mesmos que faziam por ser nela seu imitadores. Faltava com o descanço ao corpo, para se aproveitar da maior parte da noite orando mental e vocalmente.

Depois de ser religioso, estreitou mais o trato e familiaridade com o Senhor, por que não vivia no retiro coveniente, para poder sem estorvo empregar todas as potências da alam no Divino Objeto que contemplava.

Na presença da soberana imagem da Virgem Maria, Senhora Nossa, com o título de Assunção, derramava copiosas lágrimas; e com elas, melhor do que com as vozes, lhe expunha as suas súplicas, nas ocasiões que para si ou para os seus patrocinadores lhe pediam favores.

Exemplaríssima foi a humildade com que, fora e dentro da Religião, serviu a Deus em toda a vida: como árvore frutífera, cujos ramos mais se inclinam quanto maior é o peso dos seus frutos, assim este virtuoso varão mais submisso se mostrava com os triunfos e com as virtudes. Nunca no seu espírito teve lugar a soberba, antes, quanto
lhe foi possível, trabalhou por desterrá-la dos ânimos dos que lhe seguiam as ordens e o exemplo.

Aos sacerdotes fazia tão profunda veneração que passava a ser obediência. A um criado seu de muita distinção, que havia tomado o hábito da nossa Ordem, assim que o viu professo e feito sacerdote, começou a respeitá-lo em tal forma que a todos causava admiração.

Com o hábito religioso adquiriu o Irmão Nuno muitos hábitos de mortificação. O sangue que lhe corria do corpo, quando com ásperos flagelos o lastimava, também lhe diminuía os alentos; mas ainda desta fraqueza tirava forças para, com pasmosa admiração dos companheiros, continuar em semelhantes exercícios até ao último prejuízo da vida, que em desempenho do ardentíssimo desejo de a sacrificar a Deus, sempre reconheceu como trabalho, e estimou a morte como lucro.

Depois de religioso, foi o Servo de Deus mais admirável nos exercícios da caridade. Não se contentava com distribuir as esmolas pelo seu pagador, como no século fazia; mas pelas próprias mãos, na portaria deste convento, remediava a cada um, conforme a sua necessidade.

Não menos caritativo era para com o seu próximo nas ocasiões que se ofereciam de lhe acudir nas enfermidades. Assistia aos pobres nas doenças, não só com os alimentos necessários, mas com os regalos administrados por suas mãos.

Velava noites inteiras por não faltar com a assistência aos que nas doenças perigavam.

Continuando o Venerável Frei Nuno de Santa Maria as asperezas da vida, sem nunca afrouxar dos seus Primeiros fervores, chegou ao ano de 1431 tão destituído de forças que no corpo apenas conservava alguns alentos para poder mover-se.

Entrando, enfim, na última agonia, rogou que, para consolação do seu espírito, lhe lessem a Paixão de Cristo escrita pelo Evangelista São João; logo que chegou à clausula do Evangelho, onde o mesmo Cristo, falando com sua Mãe Santíssima a respeito do amado discípulo, lhes diz: Eis aqui o vosso filho, deu ele o último suspiro e entregou sua ditosa alma ao mesmo Senhor que o criara.


Oração
Senhor, Nosso Deus, que ao Bem-aventurado Nuno de Santa Maria destes a graça de combater o bom combate e o tomastes exímio vencedor de si mesmo, concedei aos vossos servos que, dominadas as seduções do mundo, gozem para sempre com ele na Pátria Celeste. Por N.S.J.C.

- Beato Nunes Alvares
- Rogai por nós.
O link do site é este abaixo:
http://www.freiscarmelitas.com.br/noticias/noticia_inicial.php?Id=1506