Exemplos
de mães que cumpriram seu papel na formação moral familiar em busca da
santidade
Mais recentemente, São João Batista Vianey, o Cura d'Ars, quando era felicitado por causa de seu prematuro gosto pela piedade, dizia: "Depois de Deus, isto é obra de minha mãe. Como era prudente! A virtude passa facilmente do coração das mães para o coração dos filhos... Jamais um filho que tem a felicidade de ter uma boa mãe deveria olhá-la ou pensar nela sem chorar". A mãe dele, enquanto se ocupava dos afazeres do lar, instruía seu pequeno filho por meio de palavras simples, com frases infantis. Foi assim que ela lhe ensinou, com o Pater e a Ave Maria, as noções elementares sobre Deus e sobre a alma. Quando iam à Missa, ela ficava ajoelhada no banquinho da família e explicava ao filho os diversos movimentos do Padre. O menino rapidamente tomou gosto pelas cerimônias santas.
"Mamma Margherita", cujo nome era Margherita Occhiena foi
outra mãe que formou de forma extraordinária seu filho, São João Bosco.
Margherita Occhiena nasceu em Capriglio, (Asti, norte da Itália), a 1 de abril
de 1788. Casada com Francesco Bosco, mudou-se depois para I Becchi. Depois da
morte de seu marido, aos 29 anos, teve que tomar conta da família sozinha numa
época muito atribulada.
Mulher forte, de ideias claras, de fé rija,
muito decidida, seguia um estilo de vida simples e preocupou-se principalmente
em dá uma educação católica a seus filhos. Teve que mandar estudar fora ao
menor dos filhos, João Bosco, com o objetivo de oferecer-lhe melhores
oportunidades e também de trazer mais paz no lar, pois os mais velhos o
tratavam muito mal.
Quando São João Bosco foi ordenado sacerdote,
em 1848, Margherita resolveu acompanhá-lo, contando ela então com seus 58 anos
de idade, e o seguiu em sua missão entre os meninos pobres e abandonados de
Turim. Durante 10 anos mãe e filho uniram suas vidas com o início da
Congregação Salesiana. Foi ela de
capital importância para São João Bosco absorver os princípios que praticou,
especialmente o “Sistema Preventivo” aplicado por ele aos seus pupilos.
É tida como co-fundadora da Família
Salesiana, capaz de formar tantos santos, como São Domingos Sávio, Miguel Ruas
e outros. Era analfabeta, mas vivia cheia daquela sabedoria que vem do alto e
que só a posse de Deus o concede aos justos e santos como ela. Para ela Deus
era o primeiro em tudo, consumindo sua vida no serviço divino, na pobreza, na
oração e no martírio.
Vejam o conselho que ela dá ao filho logo
após sua ordenação sacerdotal: "João, agora és Padre! Agora dirás Missa
todos os dias. Lembra-te bem disso: começar a dizer missa é começar a sofrer.
Não o perceberás logo; mas um dia, mais tarde, verás que tua mãe tinha razão.
Todas as manhãs, tenho certeza, hás de rezar por mim. Não te peço outra coisa.
De hoje em diante pensa somente na salvação das almas e não te preocupes
absolutamente comigo". Este conselho apenas reflete toda uma educação de
décadas que a mãe dera àquele filho, quando incutiu-lhe o espírito de oração e
de sacrifícios, de tal forma que o fez tornar-se santo.
Não restam dúvidas de que "Mamma
Margherita" era santa e dotada do dom de discernimento dos espíritos.
Tinha agudíssima percepção dos perigos que ameaçavam o filho e sempre lhe
prevenia, principalmente na época em que ele sofreu vários atentados e foi
avisado por ela.
Desde a infância de Dom Bosco, Mamma
Margherita procurou incutir-lhe um verdadeiro horror pela impureza, grande amor
á pobreza, entranhado enlevo pelas coisas da Igreja Católica e piedosa devoção
à Nossa Senhora. O filho via que sua mãe era uma pessoa de grande temperança,
sem febricitações, maus humores ou atitudes extravagantes. Formava seus filhos
contando-lhes histórias de guerreiros, príncipes, castelos e princesas. A
História Sagrada era contada para eles de forma cativante. Dom Bosco dizia que era uma boa narradora de
histórias para crianças.
Naquela época havia uma falsa idéia de que a
Primeira Comunhão só deveria ser dada quando a pessoa ficasse adulta. Ao
contrário, Mamma Margherita preparou Dom Bosco desde cedo para receber Cristo
Sacramentado. Aos onze anos de idade, compareceu ele perante o Sacerdote para
ser interrogado se estava preparado para receber a Sagra Hóstia. O padre ficou
surpreso quando soube que a humilde camponesa havia preparado o próprio filho.
E no dia da Comunhão, ela não o deixou falar com ninguém antes da Missa,
fazendo-o ver que aquele era um dia especial e muito solene para sua alma.
Depois, ajudou-o na Ação de Graças e deu-lhes estes conselhos: comungar sempre,
dizer tudo na confissão, jamais cometer sacrilégio comungando indignamente e
fugir das más companhias como se foge da peste.
Apesar de ser uma pobre camponesa, sabia se
manter sempre bem composta no trajar, asseada e com a roupa alinhada. Mantinha
uma conversação tão agradável que atraía pessoas de alta projeção social, como
o Marquês de Pallavicini e alguns hierarcas famosos, os quais se deliciavam
ouvindo-a conversar. A todos recebia com cândida naturalidade. Seu amor à pobreza era tão grande que fez a
seguinte advertência quando soube que o filho queria ser sacerdote: "Se
resolver seguir a carreira de padre secular e, por desgraça, tornar-se rico,
não lhe farei uma só visita, nunca porei os pés na sua casa".
No leito de morte, Mamma Margherita afirmou a
São João Bosco: "Se você soubesse como o amei. Mas na eternidade ainda
será melhor. Fiz tudo o que pude. Se algumas vezes pareci severa, foi para o
bem. Diga às crianças que trabalhei por elas como uma mãe". Alguns anos após sua morte, ela apareceu em
sonhos ao filho e disse que estava no céu, tendo passado antes pelo purgatório.
Depois, concluiu: "Eu o espero, porque você e eu não podemos estar
separados".
A 31 de janeiro de 1940, afirmou o Papa Pio
XII, referindo-se a ambos: "A mãe que ele teve explica, em grande parte, o
pai que foi para os outros". Mamma
Margherita havia falecido no ano de 1856. Através de decreto publicado pela
Congregação para a Causa dos Santos o Papa Bento XVI a declarou Venerável no dia 23 de outubro de
2006. A notícia ocorre a poucos dias de
se festejar o sesquicentenário (150 anos) de sua morte, a 26 de novembro de 2006. Os salesianos
afirmam que a Congregação Salesiana nasceu no regaço de Mamá Margherita, que
lhes legou sua presença maternal e feminina no Sistema Preventivo da escola de
Dom Bosco. Morreu aos 68 anos, em Turim, no dia 26 de novembro de 1856.
Santa Clotilde, esposa de Clóvis, rei dos francos (séc. V e
VI), era muito obediente e submissa a seu marido; e assim conseguiu ganhá-lo
para Cristo. Costumava ela dizer: "Deixei minha própria vontade esquecida
na casa de meus pais. Aqui não tenho outra que a de meu marido". Por isso
Clóvis disse mais de uma vez: "Eu venci cem batalhas, mas fui vencido por
Clotilde".
Santa Hedviges (séc. XIII), era de sangue real (Condessa,
filha do Conde Bertoldo, duque de Caríntia, margrave de Meran e conde do Tirol)
e foi tornada mais ilustre ainda pela inocência e pureza de sua vida.
Normalmente se tem idéia de que toda santa ou santo provém de uma Ordem
religiosa. No entanto, existem muitos santos leigos, às vezes até casados e pais de família. Ou,
melhor dizendo, santas casadas e mães de família. Santa Hedviges tinha apenas
12 anos quando seus pais a casaram com Henrique, duque da Polônia. Foi santo
este casamento; dele nasceram seis
filhos que ela educou no temor de Deus.
Aos vinte anos, de comum acordo com seu esposo,
tomou a resolução de viver em completa continência, e ambos fizeram votos neste
sentido perante a autoridade eclesiástica local. Com permissão de seu esposo,
Santa Hedviges dedicava os dias de festa, bem como a Quaresma, a exercícios de
mortificações. Um de seus lemas era: "Quanto mais ilustre for pela origem,
tanto mais a pessoa se deve distinguir pela virtude, e quanto mais alta a
posição social, tanto maior obrigação se tem de edificar o próximo pelo bom
exemplo". Este lema ela fazia cumprir em ações, era parte de sua vida, e
foi exemplo vivo ao esposo e filhos.
Santa Isabel de Portugal foi outra santa de sangue real, rainha de
Portugal, uma perfeita mãe de família. Demonstrou-o pelo terno afeto e
submissão de que deu provas a seu indigno esposo, que a perseguiu tenazmente,
para o qual conseguiu com suas orações a graça de uma santa morte. Maior
desvelo ela manifestou pelos filhos que lhe foram rebeldes, aos quais ela
sempre dedicou esmerado cuidado em ministrar uma educação cristã.
É considerada a mais querida e
popular rainha de Portugal. Com doze anos apenas, veio para Portugal, tendo se
casado em Trancoso com Dom Dinis. Trazia consigo a fama de excepcionais
virtudes que a natureza acrescentara aos dotes físicos de uma beleza pouco
vulgar, calma e equilibrada. Tão maravilhado ficou o rei-poeta que logo lhe fez
tantas doações de senhorios e terras como nenhuma outra rainha portuguesa até
então possuíra . Uma antiga “Relação” descreve do seguinte modo a benemerência
desta mulher sem par: mandava Santa Isabel vestir os esfarrapados que avistava,
visitava os enfermos ulcerosos, punha sem repugnância as mãos sobre as cabeças
dos doentes e fazia-os tratar pelos seus médicos e enfermeiros. Distribuía nos
dias solenes do ano numerosos socorros pelos domicílios, às pessoas
necessitadas e a muitos mosteiros, tanto no reino como no estrangeiro.
Procurava com ardor dissolver as
discórdias que haviam entre as casas nobres. Tentava por todos os modos
proteger donzelas e viúvas para que a miséria não as lançasse na perdição. Os
seus costumes eram em tudo modestos , humildes e castos .
Porem esta mulher que toda a vida
tentou distribuir e dar amor, não foi correspondida inteiramente por seu
esposo. Quantas vezes esquecida pelo marido,
Santa Isabel procurou manter sempre uma serenidade exemplar e tratou
frequentemente de apaziguar os ódios e lutas que as intrigas palacianas
acendiam nos filhos, especialmente o futuro rei Afonso IV. O próprio milagre
das rosas aconteceu numa época
Dom Dinis foi avisado por um
homem do Paço que no dia seguinte, contrariando as ordens reais, sairia Isabel
com ouro e prata para distribuir aos pobres. Exaltado, Dom Dinis resolveu
imediatamente que no outro dia iria surpreender a rainha quando ela fosse sair
com o seu carregamento de esmolas. Na manhã seguinte, uma gélida manhã de
janeiro, estava já D. Isabel com as aias no jardim trazendo a ponta do manto
recolhida e cheia de moedas quando lhe surgiu el-rei fingindo-se
encontrado. Empalideceu a Rainha
conhecendo como conhecia os acessos do marido, receosa do que diria se
descobrisse o dinheiro que trazia.
Saudaram-se, contudo,
cortêsmente, e Dom Dinis perguntou:
- Aonde vais senhora, tão cêdo?
- Armar os altares de Santa Cruz,
meu senhor!
- E que levais no regaço, minha
rainha?
Houve um instante de hesitação
antes que a rainha lhe respondesse:
- São rosas, senhor!
- Rosas, senhora rainha.- gritou
irado Dom Dinis - rosas em janeiro ?! Quereis, sem duvida, enganar-me!!
Digna e muito lentamente,
largando a ponta do manto, respondeu Santa Isabel:
- Senhor, não mente uma rainha de
Portugal.
E todos viram cair-lhe do manto,
do local onde sabiam só haver moedas, uma chuva belíssima de rosas brancas de
impar beleza.
Santa Isabel da Hungria, nascida em 1207, aos quatro anos foi prometida
em casamento ao duque Luís IV, da Turíngia, com quem casou-se aos 14 anos de
idade. Constituíam os dois um casal muito unido, tendo Isabel influído muito no
espírito de seu esposo para a prática da caridade cristã. Seu esposo morreu numa Cruzada, a caminho da
Terra Santa, pouco depois de haver nascido sua última filha. A santa entregou-se, então, à prática
desinteressada da caridade, o que motivou o ódio de seus familiares. Embora
sofrendo perseguições, conseguiu realizar seu grande desejo, que foi a
construção de um hospital em honra de São Francisco. Dedicou o resto de sua
vida aos pobres, falecendo aos 24 anos de idade como terciária da Ordem
franciscana.
Santa Margarida, rainha da Escócia, foi outra maravilhosa mãe e esposa cristã que nos legou
um grande exemplo de vida. Quando nasceu, em torno do ano 1046, sua família
vivia no exílio, provavelmente na Hungria.
Seu tio-avô, Santo Eduardo, subiu ao trono na Inglaterra,
permitindo-lhes voltar para a pátria. Novo exílio ocorreu quando subiu ao trono
Guilherme da Normandia, desta vez para a Escócia. Foram ali bem recebidos pelo rei, Malcome
III, que pediu a mão de Margarida
O rei Malcome III era de costumes um tanto
rudes, mas não tinha más inclinações: venerava tanto os livros de que sua
esposa se servia mais para suas orações que os beijava e acariciava. O rei
gostava de ouvir os conselhos da rainha na administração dos problemas de seu
reino, seguindo-os sempre. Mesmo assim,
ela precisou discutir com o rei durante três dias para convencê-lo a
admitir os costumes da Santa Igreja na Escócia e reprimir certos desvios, como
o descuido das obrigações sacramentais, a celebração da Santa Missa acompanhada
de ritos pagãos ou profanos e o costume de realizar casamentos entre parentes.
Santa Margarida conseguiu também introduzir a
pompa, solenidade e e grandeza na corte escocesa: mandou vir do estrangeiro os
vestuários mais variados e ricos, instruindo também o rei para que andasse
sempre acompanhado de guardas de honra vestidos digna e pomposamente. A rainha também era assídua e incansável na
oração e caridade: à noite costumava
levantar-se para rezar e nas matinas rezava as orações da Santíssima Trindade,
da Santa Cruz e de Nossa Senhora, o ofício dos defuntos, o saltério inteiro
(ainda não havia o costume de se rezar o rosário) e as laudes. Geralmente pela
manhã, lavava os pés de seis pobres e servia nove órfãos, indo descansar um
pouco, mas, logo depois, ajudada pelo próprio rei servia refeições a 300 pobres. Assistia diariamente a cinco ou seis
missas. Trabalhou também incansavelmente para a libertação de vários
prisioneiros ingleses detidos na Escócia e mandou construir hospedarias para os
viajantes. Faleceu no dia 16 de novembro de 1093, sendo um exemplo de santidade
para seu esposo, seus filhos e seu povo.
Santa Brígida, de descendência nobre, foi casada com o
príncipe de Nírice, chamado Ulf. Ela o levou, pelos exemplos e pela persuasão
de suas palavras, a imitar a piedade de sua vida. Pôs todo o coração em educar
seus filhos, todo o seu zelo em socorrer os pobres e os doentes, aos quais
tinha costume de oscular os pés em sinal de humildade e como provas de amor a
Deus.
Santa Francisca Romana (séc. XV) foi outra que recebeu o Sacramento do matrimônio. Casada desde os doze anos de idade, conviveu com seu esposo, o aristocrata Lourenço de Ponziani, durante mais de 40 anos. Em toda a sua vida praticara tais obras de alta perfeição que a tornaram objeto de complacência do Céu, ao mesmo tempo que as doces qualidades de seu coração lhe asseguravam a ternura e a admiração de seu esposo e de seus filhos, que foram três.
Beata Anna Maria
Taigi, nasceu na cidade de
Siena, a 29 de maio de 1769, e faleceu em Roma, a 09 de junho de 1837. Contava
apenas cinco anos de idade quando foi tomada por um êxtase, os quais duraram
quase toda sua vida. Recebeu primorosa educação religiosa e doméstica. Aos
vinte anos casou-se com Domenico Taigi, um criado da nobre família dos Chigi,
com quem conviveu durante quarenta e oito anos, e do qual teve sete filhos.
Sentindo forte atração para a vida religiosa, mas sendo casada, foi admitida na
Ordem Terceira das Trinitárias. Durante muitos anos a Santa foi privilegiada
com êxtases e visões sobrenaturais. Admite-se que seus sofrimentos místicos a
fez vítima expiatória, e toda a sua santificação deu-se no convívio de seu lar.
Sofreu muito por causa das rabugices de seu
marido, o qual sempre entrava em casa irritado. Vivia se amaldiçoando por achar
que tinha sido enganado pela esposa, mas a Santa fugia do confronto e o tratava
com amabilidade. Era serena, afetuosa,
ordenado nas suas coisas e sempre alegre. Educou bem os filhos. Todos os sete, sem exceção, declararam depois
que tinham tido uma infância feliz ao lado dela.
Declarou Domenico, seu esposo:
“Quando chegava em minha casa encontrava-a cheia de
gente desconhecida que vinha consultar minha mulher. Porém ela tão pronto me
via, deixava quem quer que fosse, seja monsenhor ou alguma grande senhora, e
vinha atender-me, a servir-me a comida, e a ajudar-me com esse imenso carinho
de esposa que sempre teve para comigo. Para mim para meus filhos, Ana Maria era
a felicidade da família. Ela mantinha a paz no lugar, apesar de que éramos
bastantes e de muito diferentes temperamentos. A nora era muito mandona e
autoritária e a fazia sofrer bastante, porém jamais Ana Maria demonstrava ira
ou mal gênio. Fazia as observações e correções que tinha que fazer, porém com a
mais estrita amabilidade. Às vezes eu chegava à casa cansado e de mal humor e
estalava em arrebatações de ira, porém ela sabia tratar-me de tal maneira bem
que eu tinha que acalmar-me em poucos instantes. Cada manhã nos reunia a todos
em casa para uma pequena oração, e cada noite nos voltava a reunir para a
leitura de um livro espiritual. Aos meninos os levava sempre à Santa Missa aos
domingos e se esmerava muito em que recebessem a melhor educação possível’
... e também de ser esposa
“Quantas famílias chegaram assim, pelas mulheres, ao mais alto grau de
consideração e prosperidade, e também quantas famílias decaídas foram
reerguidas por elas!
No século XVI, Luís de Gonzaga estava prestes a entrar
Em todos os meios sociais encontramos exemplos semelhantes.
“Nas famílias operárias – diz Augustin Cochin – a figura dominante é a
da mulher, a da mãe; tudo depende da sua virtude e acaba por ser modelado por
ela. Ao marido compete o trabalho e as rendas da casa; à mulher, os cuidados e
a direção interior; o marido ganha, a mulher poupa; o marido alimenta os
filhos, a mulher educa-os; o marido é o chefe da família, e mulher é o seu elo
de união; o marido é a honra do lar, a mulher, a sua bênção”
A feliz influência da mulher cristã estende-se muito além do lar.
“Deus suscitou entre nós – escreveu o visconde de Maumigny – numerosas
gerações de mulheres piedosas, às quais devemos o nosso caráter nacional, como
Roma deve o seu aos grandes Papas. Ele deu-nos as Clotildes, e as Batildes, as
Radegundas e as Brancas, as Isabeis e as Joanas e, nestes últimos séculos,
piedosas rainhas dignas delas. As pastoras rivalizam com as princesas. Uma
legião de santas mulheres de todas as classes e condições – das donzelas de
Vaudouleurs e de Nanterre, a Germaine de Pibrac e a Benoîte du Laus – difundem
em toda a parte a doce influência de Maria, seu modelo.
“Assim, enquanto a salvação da Itália vem, antes de tudo, dos seus
grandes Pontífices, para nós veio sobretudo do apostolado das mulheres. No
século XVIII, reis e magistrados, sábios e até Pontífices repousavam numa
despreocupada apatia; mas as mulheres permaneciam heroicamente fiéis. E quando
os homens diziam: Não conheço este Homem,
o seu reino não é deste mundo, as mulheres seguiam a Cristo e ao seu
Vigário sem desfalecer até ao Calvário.
Devemos às nossas mães e irmãs o fundo de honra e devotamento
cavalheiresco que é a vida da França. Devemos-lhes a fé católica. Discípulas da
Rainha dos Apóstolos e dos Mártires, as mulheres transmitiram aos filhos o que
lhes ia no coração.
“Em França, as mulheres são a alma de todas as boas obras; do Óbulo de
São Pedro até a Propagação da Fé; e foi o entusiasmo das mães e das irmãs que
conduziu a Roma os defensores da Santa Sé. Conheço mais de um jovem que estaria
entre os zuavos, se tivesse seguido o conselho da sua mãe, mas não conheço um
só cuja mãe que o tivesse impedido. O pai poderia fraquejar, mas a mãe nunca:
nem antes, nem durante, nem depois. Um filho mutilado era o seu orgulho e
quando, diante do cadáver do mártir, Deus lhe dizia no fundo do coração: O teu filho está comigo, a gratidão
sufocava a sua dor. Mais que o sangue do filho, ela amava a glória dele
“Maria, o modelo das mães, tinha-lhes ensinado como se pode chegar a
sacrificar um filho único por Deus e pela Igreja. Ao ouvir a narração dessas
imolações sublimes, Pio IX comentava: Não,
a França que produziu tais santas não há de perecer!
“A primeira vez que a heróica viúva do grande zuavo Pimodan viu o Papa,
não lhe disse: Santo Padre, devolvei-me o marido!, mas antes: Oh! Dizei-me que
ele está no Céu! E quando Pio IX respondeu: Já
não rezo por ele, ela não perguntou mais nada, pois entendeu que era viúva
de um mártir, e isso bastava.
“As mulheres são a alma de tudo o que moveu a França e o mundo. Em
Castelfidardo, os zuavos combatiam sob o olhar das suas mães, presentes no seu
pensamento e sob os muros do santuário onde a Rainha dos Mártires gerou o Rei
dos Mártires. Ao avançar contra o inimigo, repetiam todos esta frase de um
deles: A minha alma a Deus, o meu coração
à minha mãe, o meu corpo a Loreto. À
mãe deles e a Maria, que a todos inspirava, reverte a glória da batalha. Como
outrora os cavaleiros, como mais tarde os vandeanos, foi ao colo das mães que
eles aprenderam a dar a vida por Deus, pela Igreja e pela Pátria”.
Num dos seus interessantes estudos, Faivière mostra como a civilização
moderna se liga nas suas origens à antiguidade greco-latina: “Se por um lado o
Evangelho as diferencia, também as une, por causa da afinidade existente entre
elas. Essa afinidade vem do fato de que a Grécia e Roma, contrariamente ao que
acontecia no Oriente, não tinham excluído a mulher da vida social, de modo que
o gênio feminino tomara parte no desenvolvimento da sua civilização. Por isso mesmo, esta tornou-se mais apta do
que as civilizações orientais para receber a influência do Evangelho”.
Os germanos, ao estabelecer-se no império romano, trouxeram consigo o
respeito supersticioso que tinham pela mulher. A Igreja purificou este
sentimento, levou os homens a estimar a pureza dos costumes – abrindo assim
sobre o mundo os tesouros do coração e da inteligência da mulher – multiplicou
os recursos e o campo de ação do progresso.
“É da mulher – diz Favière – que as nações cristãs alcançaram o dom da
piedade, é delas que receberam a faculdade das emoções comunicativas que
sacodem as multidões, a capacidade de despertar súbita e irresistivelmente os
povos, colocando-os acima de si mesmos, dos seus interesses mercantis e do seu
repouso, para os lançar na via das aventuras sublimes que são as grandes etapas
da humanidade.
“A mulher associou-se à obra do progresso, não somente pelo coração; ela
elevou a civilização cristã acima de tudo o que mundo tinha visto até então,
não só pelo seu entusiasmo e impulso, mas também pela sua inteligência. A inteligência rápida e instintiva da mulher
sobre o mundo moral supera a
inteligência masculina... Ela
cultiva na família o senso do bem, dando-lhe o entendimento das verdades
primeiras, ensinando-as pelos seus atos e juízos, pelas manifestações da sua
estima, ou pela sua repreensão”.
Há poucos homens entre nós, nestes dois últimos séculos, que, mesmo sem querer, não se tenham deixado envolver pela Revolução. As mulheres, pelo contrário, têm o instinto da verdade como o da caridade. Qualquer apostasia, qualquer traição, qualquer fraqueza de espírito ou de coração encontra nelas juízes inflexíveis. Elas amam a Igreja e a Pátria, a Cristo e sua Mãe. Amam-nos mais que a si mesmas, mais que as riquezas, mais que os próprios filhos. E este amor é para elas uma ciência. Elas são, entre nós, o grande apoio da sociedade e da Igreja. A Revolução sabe bem disso. Ela conhece o número de irmãos, de filhos e de maridos preservados, afastados das sociedades secretas por simples operárias, por simples camponesas. Sem cessar, o revolucionário é encurralado por essa guerra feminina. Daí as suas queixas, as suas conspirações para perverter o coração da mulher” .
(Extraído
de “A Felicidade Através da Castidade”, -Págs. 296/306 – Desejando receber o
texto integral desta obra enviar mensagem para meu e.mail juracuca@gmail.com )
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