DISCURSO DO PAPA
PIO XII
POR OCASIÃO DA VISITA DO PRESIDENTE ELEITO
DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL SUA EXCELÊNCIA
O SENHOR JUCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA*
Quinta-feira, 19 de Janeiro de 1956
A Vossa visita, Senhor Presidente, se honra altamente a vossa fé, a Nós
consola-Nos vivamente, porque Nos assegura mais um período de boa inteligência
e de amistosa cooperação entre a Igreja e o Estado, para bem e prosperidade do
Brasil.
Chamada a eleger o Chefe do Estado para o novo período presidencial, a
Nação, com o seu voto, reconhecia e consagrava os altos méritos de Vossa
Excelência, a energia dinâmica e as exímias qualidades administrativas por
tantos anos demonstradas no Estado de Minas e na sua capital « coração do
Brasil », e simultaneamente manifestava o desejo de as ver resplandecer em mais
vasto campo, no governo de todo o Pais.
São bem conhecidos os propósitos de V. E., de fazer o possível pelo
desenvolvimento económico e industrial do Brasil, pondo em eficiência os imensos
tesouros de riquezas naturais com que a próvida mão do Criador o enriqueceu.
Sabemos também dos esforços feitos no passado e dos propósitos atuais de
empenhar maiores diligências ainda, para elevar económica e socialmente o nível
de vida das classes mais deserdadas e humildes, de modo que todos possam viver
mais desafogada e honradamente, como cidadãos da mesma pátria, como irmãos da
mesma família, da grande Pátria Brasileira, da grande família dos filhos de
Deus.
E Nós, conhecendo os sentimentos de V. E., estamos certo de que a par da
elevação económica e material, terá sumamente a peito a elevação do nível
espiritual, que dê àquela a sua verdadeira fisionomia e dignidade, animando-a e
vivificando-a com a caridade cristã, de modo que, prevenindo ou atalhando
antagonismos e lutas de classe, se estreite cada vez mais a mútua união e
concórdia de todos os cidadãos e consequentemente de todos os Estados.
Com estes propósitos de governo e confiado na Providência do Todo-poderoso,
sem cuja assistência não há casa que se edifique sòlidamente, nem cidade a cuja
defesa baste a vigilância dos que a guardam, pode V. E. encarar serenamente o
futuro, segundo a áurea máxima do maior dos seus oradores : « Agradar e servir
a Deus, e logo confiar animosamente ».
As incertezas da hora presente são grandes, a propaganda deletéria,
múltipla e eficazmente conduzida por toda a parte; nem o Brasil se pode
considerar tão protegido, que não tenha motivos de se guardar e estar alerta.
Mas confiamos na Bondade omnipotente de Cristo Redentor e no auxílio da
Virgem Imaculada, Padroeira do Brasil, que assistirão sempre V. E. e seus
dignos colaboradores, de modo que o período do seu governo seja de verdadeira
Ordem e Progresso, de prosperidade material e espiritual, nacional e internacional
do povo e Nação Brasileira.
AAS 48 (1956),
p.93-94.
Discorsi e radiomessaggi XVII, p.483-484.
L’Osservatore Romano 20.1.1956, p.1.
Nenhum comentário:
Postar um comentário