domingo, 8 de janeiro de 2023

O PAPEL DAS REDES SOCIAIS VIRTUAIS NUMA NOVA FASE DA REVOLUÇÃO UNIVERSAL

 



          Antes de tudo, advirto que o termo “Revolução” é utilizado aqui com base na definição do movimento universal de inversão da ordem descrito pelo Dr. Plínio Corrêa de Oliveira em sua obra “Revolução e Contra-Revolução”.

Atualmente está em voga uma grande movimentação popular em torno das chamadas redes sociais, a mídia da internet. Nossos comentários aqui se referem a tais redes de um modo geral como atuam no mundo. É claro que no caso do Brasil seguem as mesmas diretrizes, mas com particularidades diferentes, pois vemos que através delas grandes massas nacionalistas se unem contra o poder ditatorial das esquerdas.  É como se a Revolução universal viesse dando um passo para trás,  despertando forte reação contra o avanço da esquerda, mas, ao mesmo tempo, proclamando idéias revolucionárias do passado, como vários jargões oriundos da Revolução Francesa de 1789.

 

O poder das redes sociais

É indiscutível que as forças secretas ainda têm domínio sobre os rumos da Revolução, haja vista seu grande poderio sobre as finanças, a política e os vários ramos da atividade humana. Por causa desse predomínio sobre os rumos da humanidade a Revolução continua seu curso, embora rastejando como se fosse uma cobra ferida em sua cabeça. No entanto, tudo indica que ela não dispõe hoje de líderes capazes de levar a termo seus objetivos mais radicais. O que se nota é uma total carência de tais lideres. Falta aquele homem carismático que consiga carregar multidões atrás de si. De tal forma esta carência de líderes é evidente que anos atrás um dirigente da ONU se referiu a tal carência, lamentando que a humanidade andava sem rumos por causa disso. Barack Obama, pensando talvez que tal líder fosse o Lula chegou a dizer “esse é o cara”. Teria sido a última esperança revolucionária, hoje mergulhado num mar de ilícitos e completamente rejeitado pela opinião pública.

Mesmo rastejando e ferida de morte, que rumos a Revolução tem em mira hoje, sempre dirigida pelas forças secretas e por hordas de demônios que a cada dia que passa saem dos infernos com tais fins?  O objetivo político final  de governo delas sempre foi a república universal, coisa meio etérea para muitos, mas bem definida para eles: uma situação em que toda a terra seja dominada por uma entidade comum, mas na realidade anárquica e destituída do caráter regencial que deve ter todo governo autêntico. Tal república deveria ser a aplicação prática do poder do corpo místico do demônio, o qual nunca conseguiria ser implantado em toda a terra tendo características bem definidas e com finalidades bem explícitas. Isso causaria uma recusa monumental de todos os homens. Por causa disso a própria república universal não é uma coisa bem clara para o povo, é algo nebuloso.

Enfim, a ausência aparente do poder parece ser um de seus últimos lances, e foi uma característica que a Revolução sempre teve em mira. Era o ponto alto da Revolução da Sorbonne de 1968: diziam que os objetivos não eram o poder, mas a destruição deste. Talvez a tática é deixar um vazio de poder na opinião pública a fim de que esta aspire que seja exercido o mesmo por qualquer revolucionário que se habilite a tanto.

Será que não ocorre algo parecido nos dias de hoje? A opinião pública sempre foi manobrada pela mídia oficial, representada pelas emissoras de rádio e TV e pelas revistas e jornais. Este predomínio, no entanto, nunca conseguiu fazer com que a maioria aderisse aos desígnios da Revolução. Pelo contrario, o que se notou foi uma afastamento completo da opinião pública controlada pela mídia oficial, por exemplo, do socialismo e do comunismo, embora sempre fossem aberta e profusamente propagados pelos órgãos de imprensa a peso de ouro. Estas bandeiras foram abandonadas pela Revolução em prol de algo mais profundo e inadvertido. De repente descobriram que seria mais abrangente para seus objetivos que fosse desmontado o poder da mídia oficial (pelo menos na parte de controle da opinião pública), e em seu lugar surgisse outra, inteiramente espontânea e do meio popular. Trata-se das redes sociais. A internet passou a ser o instrumento dos protestos, dos indignados, daqueles que pretendem mudar os rumos da política de um país, mas não dispõem de meios para isso.

 

Os indignados

E foi assim que fizeram experiências inéditas, como a “primavera árabe”, os “indignados” da Europa e o movimento “ocupem wall street” nos EUA.  As pessoas se comunicavam pelos seus celulares, divulgavam suas propostas de revoltas e depois combinavam sair às ruas para protestar. A coisa pegou, pois muita gente se sente importante em participar de algo que muda os rumos da política e da história, nem sempre indo às ruas mas simplesmente publicando o que bem lhe aprouver, e sem precisar sair de casa. É por isso que há tantas “fakes news”   nas redes sociais, pois aquilo ali é como uma “terra de ninguém”, onde qualquer um diz o que quer e publica o que bem lhe aprouver sem qualquer constrangimento ou censura. Foi detonada uma onda de revolução baseada na liberdade de expressão mais radical e profunda, pois a depender exclusivamente de cada indivíduo e não da mídia oficial.

E certamente por causa dessa característica (“terra de ninguém”) alguns aplicativos começaram a criar rígidas normas de controle social, mas, revelando, por outro lado, um interesse em privilegiar a esquerda em detrimento da direita ou de pensadores conservadores. Incrivelmente quase todos estes aplicativos excluíram o ex presidente Trump, indo completamente de encontro ás próprias leis de liberdade de expressão existentes nos Estados Unidos. Foi com exagerado rigor que eles excluíram também todos os cientistas ou políticos que denunciaram os erros cometidos pela OMS ou pseudo-cientistas durante a pandemia do Covid. Praticamente era proibido alguém criticar nas redes sociais ou na mídia oficial as políticas sanitárias, especialmente as de caráter ditatoriais, principalmente se falassem contra as vacinas.

Precisamos ver sobre tais prismas a onda conservadora que varre o mundo, demonstrando força popular tão intensa que andou derrubando alguns regimes socialistas e comunistas. Foi assim que caiu a URSS ainda no final da década de 80 do século passado. E os atuais oscilam prestes a cair.  Aparentemente, isso é uma coisa boa, pois conseguimos deitar por terra regimes tão maléficos. Mas, o que vem depois? O que é que se constrói em cima de um regime socialista ou comunista que cai? Nada. Geralmente, o caos. É como se a Revolução estivesse dando um passo para trás para depois dar dois ou três para a frente. Vejam o exemplo do Egito, que derrubou uma ditadura, mas até hoje o país não se encontrou, e caminha para outra ditadura. A “primavera árabe” nada trouxe de benefício duradouro nem no Egito, nem nos outros países onde predominou. De outro lado, as “primaveras” que derrubam regimes nunca funcionam em certos países, como Cuba, China, Coréia do Norte, etc., pois estes já caminham para o caos e anarquia da forma como estão sendo governados, indicando que o movimento é dirigido a certos regimes e em determinados países.

Agora vejamos o caso do nosso Brasil. O movimento conservador que hoje domina as redes sociais está desmantelando a esquerda, e isso é muito bom. Nota-se, inclusive, que as forças secretas parecem ter interesse nisso, pois a própria maçonaria já andou se pronunciando de direita. Lutando por uma causa boa, que é a destruição das esquerdas, a maioria da população não percebe que está para vir depois disso. Por quê? Porque só se ver o que se quer destruir, mas quase nada sobre as idéias do que se quer implantar. Falta senso crítico das pessoas para analisar o rumo que se deve tomar após a queda de um governo de esquerda. E, de modo geral, os princípios democráticos e republicanos soam como algo muito vazio na cabeça das pessoas, pois são palavras usadas habitualmente até mesmo por regimes ditatoriais como o da Coréia do Norte (lá eles se intitulam como “democráticos”).

Um detalhe importante: o Brasil, pela forma como está organizado legalmente, é um país quase ingovernável.  Tanto um governo de esquerda quanto de direita pouco conseguiria fazer em prol de seus ideais. A prova disso é que o PT passou tantos anos no governo e não conseguiu implantar um regime inteiramente socialista. Conseguiu algo, mas muito pouco em comparação daquilo que são seus planos. O próprio ex governador da Bahia, Jaques Wagner, lamentou isso, achando que deveriam ter sido mais radicais e implantado completamente um regime tipo Cuba.  Ora, se o país está assim, ingovernável, qualquer um que assuma o poder não conseguirá atingir completamente seus objetivos políticos, pelo menos de uma maneira durável. O mais provável é que prevaleça aqui a mesma situação da Venezuela, onde dois governos se digam autênticos e a situação nunca seja solucionada. As elites políticas se dividem entre si, num entrechoque pelo poder, sem levar em consideração o que pensa e quer a população, e terminam por instaurar o caos.

 

Como fazer uma revolução pacífica

O manual que segue o pessoal dirigente dos sites e dos grupos de comunicação na internet é o mesmo. Pode-se ver que é o mesmo por causa da unidade no modo de proceder. O mais famoso destes manuais foi um  publicado pelo americano Gene Sharp, e está disponível para qualquer um pela internet. Lá, o autor dá regras de “como fazer uma revolução pacífica”. Prestem atenção, por exemplo, que os grupos que saem às ruas têm o cuidado de não pertencer (ou não demonstrar que pertencem) a nenhum partido ou representação oficial; todas as manifestações devem ser pacíficas, isto é, sem quebrar nada, sem agredir ninguém; notem que os blacks blocs já não saem às ruas, nem se fala mais neles. Faz-se apologia aberta de usar as redes sociais e desprezam a mídia oficial, a qual, por seu lado faz o papel contrário de denegrir as manifestações populares. É uma demonstração de que as redes sociais aglutinam muito mais do que a mídia oficial, atraindo milhões em torno de seus ideais. Ideais que já existiam na mente de cada um, mas faltava quem hasteasse a bandeira e os levasse a termo. Basta ver a quantidade de canais que se cria diariamente na internet onde o principal objetivo é formação de uma corrente de opinião: todos seguem o mesmo esquema de ação e parecem-se muito uns com os outros, isto é, seguem o mesmo manual, embora se digam que são espontâneos.

Enfim, onde vamos parar?  Sim, vamos parar em bom porto. Não por causa dos mentores de tal revolução, mas por causa do bom senso que deve predominar na população. Mal imaginavam os idealizadores de tal movimento revolucionário que a opinião pública sadia e nacionalista iria crescer tanto e se solidificar, constituindo num cerne duro capaz de dar novos rumos à nação. Espera-se que não seja o caos e a anarquia que predomine, pois nosso povo, de tradições cristãs, tem propósitos tão grandiosos que deverá impulsionar doravante nossos governantes para a construção de um Brasil novo e completamente contra-revolucionário. Mesmo que as esquerdas vençam não têm mais condições de implantar seus programas mais  radicais, ou serão obrigados e deixar o cargo e  recuarão sempre, porque finalmente temos já formada uma opinião pública visceralmente oposta a tais programas. Acredito que esta opinião pública tão coesa e sadia tenha sido fruto do Anjo do Brasil, trabalhando com nossos santos e fundadores para a formação de uma nova sociedade que antecede o Reino de Maria. As redes sociais foram meros veículos para a divulgação de tal mentalidade.

 

A revolução da Sorbonne ainda persiste?

O “modelo” da Revolução da Sorbonne (Paris, maio de 1968) foi facilmente disseminado pelo mundo. Com base naquela matriz ideológica, diversos grupos realizaram ações revolucionárias em várias partes do planeta. A técnica de conduzir a opinião pública é sempre a mesma. O sucesso obtido naquela revolução tem inspirado muita gente a repetir a façanha.
          

Hoje, no entanto, tudo indica que as diversas revoluções similares que explodem em várias partes do globo conduzem a uma tentativa de universalizá-la mais ainda. Sendo universal, é necessário que haja unidade, pelo menos entre os agentes revolucionários. Por enquanto, a universalidade está nos meios e nos métodos de ação, mas tende a sê-lo também no campo ideológico, dos propósitos. Somente a unidade fará com que se obtenha mais êxito universal.

Quanto aos métodos, tivemos, por exemplo, as diversas manifestações de descontentamentos eclodidas entre os árabes e na Europa, depois transplantadas para os Estados Unidos da América e os países sul-americanos. Para atrair a simpatia do público revestiram-nas com o título de “indignados” e “primavera árabe”. Como o ato de indignar-se não identifica em si disposição para a revolução e o caos, mas uma atitude de revolta contra as injustiças, logo os revolucionários atraíram a simpatia de certo público e conseguiram, inclusive, derrubar alguns governos ditatoriais. Com uso das armas, inclusive. Na Europa, é claro, tinha que ser diferente. E nos Estados Unidos mais ainda, com outra roupagem, outros nomes, mas com propósitos meio indefinidos, próprios desse tipo de revolução. Dentro do grupo “Ocupem Wall Street”, como não poderia deixar de ser, o tema principal é a guerra contra os bancos e o capitalismo dito “selvagem”, uma velha e surrada tese marxista de luta de classes.

E agora a coordenação desse movimento está muito mais ao alcance de todos, pois, diferentemente de maio de 68, temos a internet com as redes sociais que divulgam celeremente as ordens, os contatos, as decisões e os programas predeterminados.

 

O "milagre" da “Revolução Espontânea”

A espontaneidade está produzindo um dos maiores “milagres” da História. Em primeiro lugar, produziu o milagre da “geração espontânea” do Universo, hoje um dogma evolucionista sempre presente não só entre pseudo-cientistas mas na cabeça de muitos leigos e da quase unanimidade da mídia. Ora, se o universo surgiu por “geração espontânea”, por que não também as revoluções?

E foi assim que, segundo essa mentalidade, o Protestantismo, a Revolução Francesa e o Comunismo brotaram espontaneamente do chão e produziram essa monstruosa Revolução que hoje campeia pelo mundo moderno. Foi dessa forma também que brotou a revolução da Sorbonne de 1968, uma das mais “espontâneas” de toda a História, aliás a que mais se caracterizou por uma suposta espontaneidade. É uma qualidade que daria crédito e autenticidade ao movimento.

Por último, tivemos a revolução dos “indignados” (ou dos indignos), produzida e gerada “espontaneamente” em vários países do mundo. As palavras mágicas são “democracia”, “liberdade”, “o poder emana do povo”, etc.

Sempre com o caráter de “espontaneidade”, marcam uma data para se iniciar uma marcha de protestos e, coincidentemente, a “espontaneidade” registra também hora, data, local do encontro, e até mesmo algumas características que as manifestações devem ter, como, por exemplo, ser composta de “jovens”, de estudantes, de operários, etc., etc.

É tão bela e admirativa essa “espontaneidade” que a revista “Veja” a elogia, numa de suas edições (no ano de 2014, quando estes movimentos estavam no auge) em que propaga a manifestação dos “indignados” brasileiros contra a corrupção. A revista só não explica como é que, “espontaneamente”, a manifestação teve forum de debates na internet, local, data e hora para ser feita, além de se caracterizar unicamente como um movimento apolítico (quer dizer, sem partido) e dirigido contra os corruptos. E, depois, teve a mídia que “espontaneamente” vai lhe colocando no foco dos acontecimentos. É muita “espontaneidade” para um movimento tão bem organizado e de caráter universal... Hoje, como a bandeira de tais indignados passou completamente para a direita brasileira, e como a mídia é toda infestada de esquerdistas, eles solenemente desconhecem tais manifestações. Só quem fala nelas são os próprios direitistas em seus canais de vídeos e outros veículos virtuais.

Essa mídia parcial de esquerda só fala das manifestações de direita quando há algum ato de violência entre eles, pois sempre querem ligar inopinadamente o movimento ao fascismo e outros movimentos socialistas do passado e desta forma mover a opinião pública contra eles. A coisa ocorre porque alguns deles, ou mesmo anarquistas infiltrados, aqueles mesmos que vivem num mundo virtual a procura de algo para sair de seu “autismo consentido” para o mundo real, o qual eles odeiam porque não o suportam, se aproveitam para “espontaneamente” botar fogo em tudo, queimar veículos, depredar lojas, jogar pedras na polícia, e aí ameaçam estragar o movimento. Que deve ser espontâneo  e pacífico, não deve assustar.

Os “excessos”, dizem, não fazem parte dessa impressionante “espontaneidade”, pois em geral são cometidos por grupos isolados e radicais. Mas o que vemos é que os excessos são muito comuns exatamente por serem autenticamente espontâneos, agora de verdade.

 

A Revolução e a auto-regência dos seus lideres

Auto-reger-se é a capacidade que todo homem tem de governar-se a si mesmo. Um líder revolucionário, apesar de em geral ter que ser carismático, perde sua auto-regência ao se entregar inteiramente às paixões revolucionárias. Estas paixões, virulentas e irracionais, tendem a obscurecer o “lumen rationis”(a luz da razão), transformando-os em meros autômatos. Também os líderes podem ser influenciados pela tendência a agir por impulsos. É mais cômodo. Desta forma, as lideranças revolucionárias hoje são raras, pois falta-lhes o que denominamos de “disponibilidade revolucionária”, necessária para “tocar” a massa para a ação. Um líder perde sua capacidade de liderança quando perde também sua auto-regência, é sabendo governar-se que se governa os outros com eficiência. Um dos recursos que a Revolução pode usar, nesse caso, é da ação integrada, liderada não por um individuo mas por um grupo, um “comitê”. Recurso já usado na Sorbonne para se dá a idéia de que as decisões não são individuais, mas coletivas. Mas esse grupo precisa se utilizar de recursos com que possa mover a “massa” na direção revolucionária. E em geral usam do logro para iludir os incautos. Hoje temos muitos lideres que comandam grupos de elites, mas não se fala em líderes populares como antigamente.

 

Vitória dos radicais?

A situação em que se encontra o Brasil, como no resto do mundo, é comparável à de um doente em que uma terrível doença ataca todos os órgãos e cujas células começam a morrer e dizimar umas as outras. Os principais órgãos, formados pelas elites políticas, trabalham enfermos desde a proclamação da república em 1889, causando um tremendo mal-estar em todo o corpo social. O qual jaz doente sem encontrar em si mesmo solução para seu caso. E o pior: não há um médico que possa aplicar naquele corpo gangrenado uma medicação eficiente, pois o doente se recusa a ser medicado. Por que recusa? Porque perdeu o senso de orientação, o sendo de direção para lhe nortear e guiar seus passos. Não se busca mais os caminhos normais para a solução dos problemas, e por isso se vai atrás da cura em fórmulas mágicas da panaceia anarquista. Todos gritam ao mesmo tempo, pedindo tudo ao mesmo tempo, sabendo que tais gritos não vão solucionar seus problemas.

Dentro deste panorama, pergunta-se: quais os próximos passos desta revolução que se faz espontânea e se diz ter nascida do povo? Não se pode vislumbrar os próximos passos a não ser num exercício de imaginação, ou de quase adivinhação. O passo mais ousado seria dado pelos radicais, ao se posicionar e acampar, se instalar, numa praça, numa rua, numa cidade, e a partir daí, com a conivência, se possível, das autoridades, formar “comandos” com os quais precisam continuar avançando. Mas, avançar para onde? Com que objetivo? Somente cumprir o chavão de “o poder emana do povo” não leva a nada. Quer dizer, leva ao caos e à anarquia, pois falta coordenação, falta liderança e unidade de propósitos, já que este “poder” do povo tem que ser exercido por alguém ou algum grupo que o lidere. E tem que ter um objetivo bem definido.

Veio-me a propósito, novamente, a lembrança do que ocorreu na Revolução da Sorbonne de 1968. Os moderados ou “pacifistas”(pelo menos na aparência), liderados pelo estudante francês-alemão Daniel Cohn-Bendit (que depois virou político da ecologia), deixaram o movimento “morrer” por falta de fôlego, mas os radicais avançaram. Tanto que chegaram a se estruturar em grupos terroristas, como aconteceu com dois deles ao formar as “Brigadas Vermelhas” e o “Baden-Meinhof”, que atuaram na Itália e Alemanha respectivamente. Eram todos universitários e um dia chegaram a ser doutores. Mas não pararam por aí. Um grupo mais feroz deu seu apoio ao “Khmer Vermelho”. Como se sabe o “Khmer Vermelho” foi o grupo guerrilheiro mais violento que já houve, tendo eliminado mais de 2,5 milhões de pessoas no Camboja quando assumiu o poder daquele país. Um dos filósofos que muitos julgavam “moderados” em 1968 era Jean-Paul Sartre, mas este chegou a condenar o terrorismo apenas na Europa, apoiando os grupos armados que havia no Brasil. Ao visitar um ativista do grupo Baden-Meinhof na cadeia, chegou a declarar que o “terrorismo era justificável no Brasil”, mas não na Europa. Por analogia, era justificável também na Ásia, no Camboja.


             Certamente ele, que era bem informado, sabia que a violência dos grupos armados de esquerda deixou um legado de um verdadeiro rastro de sangue que até hoje enxovalha nosso país. Foram eles que criaram o famoso "Comando Vermelho", foram eles que inauguraram a "moda" de assaltos a bancos para financiar as guerrilhas, foram eles que protagonizaram as cenas de crime e de sangue mais violentas em nosso país. Todo o banditismo que há atualmente no Rio e em São Paulo, e suas ramificações pelo resto do país, nasceu, foi parido, na "montanha vermelha", são filhos da esquerda. No entanto, tudo isso era justificável na mente de Sartre, um dos ideólogos da Sorbonne.

 

Os “maria-vai-com-as-outras”

A palavra "personalidade" se refere à pessoa, logo ela se aplica a determinado indivíduo e não a grupos de pessoas. Desta forma, soa muito mal o título de "Personalidade do Ano" que a revista "Time" resolveu brindar ao movimento denominado "Indignados" em 2011.

A atribuição dada pela revista àquele movimento é uma suposta homenagem à chamada primavera árabe, e ao fracassado movimento dos indignados que ganhou voz na Europa e Estados Unidos.

A notícia diz que, "trazendo o protesto para a capa da última edição, a "Time" pretendeu homenagear todos aqueles que fizeram a revolução no mundo árabe, e que deram início a importantes reformas políticas, econômicas e sociais em países como o Egito, a Líbia ou a Tunísia". Por detrás deste palavreado oco, há uma insinuação: a de que os "indignados" já conseguiram mudar aqueles países, o que não é verdade. O Egito continua em guerra civil, com um governo inseguro e cheio de revoltas; a Líbia está numa obscura situação, que ninguém sabe que tipo de regime vai emergir, talvez até uma ditadura pior do que a foi vencida; o mesmo diga-se da Tunísia. Já está ficando patente que a chamada "primavera árabe" foi um fiasco, se se pretende que a mesma tenha trazido democracia para aqueles povos.

Por outro lado, pretende ser também uma homenagem aos manifestantes do Ocidente, que dizem lutar contra a crise econômica. A "Time" recorda, assim, os manifestantes gregos, espanhóis, portugueses, britânicos, mas também o movimento "Occupy Wall Steet", que marcou os Estados Unidos, e repercutiu em vários outros países. Além, é claro, de vários grupelhos que se espalharam pelo mundo ocidental, até na América do Sul, simplesmente imitando uns aos outros.

No entanto, o que se percebe entre as pessoas que participam de tais movimentos é uma verdadeira falta de personalidade, pois, em geral, agem como se fossem “maria-vai-com-as-outras” seguindo qualquer um que esteja no comando das ações. E por causa dessa vulnerabilidade os moderados ou pacifistas são facilmente infiltrados por radicais, às vezes até de correntes contrárias que se misturam no meio do inimigo para fazer um trabalho sujo de praticar vandalismos e “queimar” o movimento perante a opinião pública e as autoridades.




 

 

 

 


Nenhum comentário: