A perseguição venezuelana de 1984
O Texto a seguir foi divulgado por EX ARAUTOS MINAS GERAIS,
anteriormente já publicado por nosso blog em 24.08.2017 quando já estava no
auge a plena perseguição que hoje se move contra o povo daquele país por um
governo tirano e socialista. Procede a indagação: perante a perseguição
caluniosa movida atualmente contra os Arautos do Evangelho, com características
semelhantes às de 1984, não se vislumbra que pretendem o mesmo tais perseguidores,
inimigos de nossa Fé e a serviço do inimigo comum dos cristãos? A todo custo
eles pretendem afastar de seu caminho aqueles que possam impedi-los de expandir
seu império sobre os homens, daí usar de recursos vis, baixos, verdadeiramente
canalhas, para conseguir seus objetivos. Vejam o texto a seguir e deduzam se
algo semelhante não pode estar ocorrendo nos dias de hoje (no método e no tipo de calúnias), embora possa se
dizer que o clima não é o mesmo da Venezuela daqueles anos, principalmente por
causa do grande desprestígio que hoje goza a mídia oficial.
“Aqueles que
não lembram o passado estão condenados a repeti-lo”. Essa frase, do escritor
George Santayana (pseudônimo de Jorge Agustín Nicolás Ruiz de Santayana y
Borrás), parece ser bastante adequada para a história que vamos transcrever.
Trata-se de uma narração escrita em 1988, para o livro ‘Um homem, uma Obra, uma
Gesta – Homenagem a Plinio Corrêa de Oliveira”. Lendo-a, conseguimos entender
de onde vem a impressão de ‘déjà-vu’ que acontece quando nos deparamos com
algumas das calúnias da ‘seita anti-arautos‘. É
um fenômeno que se repete: quando a doutrina cobra uma postura, incomoda, e não
pode ser refutada, apela-se para uma perseguição basicamente emocional ou
baseada em questões deturpadas. Confiram:
O Núcleo
Venezolano de Defensa de la Tradición, Familia y Propiedad foi fundado
em outubro de 1971, a partir de um grupo de universitários que haviam conhecido
a Plinio Corrêa de Oliveira e aderido a seus ideais. Essas pessoas também
instituíram a “Asociación Civil Resistencia”, conhecida pela
revista universitária “Resistencia”, e que foi a denominação mais conhecida do
grupo de discípulos de Dr. Plinio naquele país.
Dentre as
ações memoráveis, destaca-se a visita da imagem peregrina de Nossa Senhora de
Fátima, que vertera lágrimas milagrosamente em Nova Orleans (EUA),
que chegou à Venezuela sob os auspícios da TFP, em 1976, sendo venerada por
mais de 150 mil pessoas. Em 1978 a entidade difundiu em campanha pública
milhares de exemplares do texto “Diálogos Sociais”, onde, em linguagem simples
e acessível, era exposta a doutrina social católica sobre temas do momento:
propriedade privada, livre iniciativa, família etc.
Em 1984, ante
a possível aprovação de projetos de lei que poderiam afetar a fundo o futuro do
País, a Associação Civil Resistencia julga seu dever fazer
ouvir sua voz no campo dos princípios. Publica então o
manifesto O socialismo gerou a maior crise sócio-econômica das últimas
décadas – e a lei de Custos, Preços e Salários vai agravá-la. O
documento mostrava que a Venezuela estava sendo conduzida gradualmente para
onde não queria nem devia ir: rumo ao Estado socialista.
O semanário
“Tribuna Popular”, do Partido Comunista, ataca violentamente, em primeira
página, a campanha de Resistencia.
Apenas trinta
e seis dias depois da campanha de Resistencia a respeito da
lei de Custos, preços e salários, o governo socialista do
Presidente Lusinchi começa a desencadear contra a entidade o mais
violento “estrondo publicitário” da história do País, dando origem a
verdadeira perseguição ideológico-religiosa.
A
polícia caraquenha invade o imóvel da sede social da entidade,
alegando ter recebido denúncia (anônima) de que ali havia menores
seqüestrados. Procede ela à vistoria, obviamente nada encontrando.
Depois de um
pequeno hiato, a campanha publicitária toma no mês de outubro proporções
gigantescas.
Em poucas
semanas, cerca de 600 notícias de jornais contra Resistencia são
publicadas tão-só em Caracas (das quais 100 em apenas dois dias…), sendo
levadas ao ar nada menos que 20 horas de programação de TV. As acusações
estapafúrdias se repetem sem cessar, como, por exemplo, a de que todos os anos,
no mesmo dia, um membro de Resistencia praticava o suicídio
ritual.
Resistencia e o Bureau Tradicão, Família, Propriedade (também
atingido pelo “estrondo”) se defendem serenamente, refutando uma a uma,
sem exceção, todas as acusações concernentes a seus respectivos âmbitos. As
portas das redações dos jornais se fecham para suas respostas, mas elas são
publicadas como anúncios pagos. Não há tréplicas. Os instigadores do “estrondo
publicitário” retomam as mesmas acusações, como se nada tivesse sido dito pela
TFP em sua defesa (o mesmo método de sempre, em todos os lugares…).
De seu lado, o
ministros do Governo Lusinchi se associam ao coro, comparecendo
diversas vezes à televisão para atacar Resistencia.
Cinco ou seis
famílias – os jovens de Resistencia eram cinqüenta – se
mostram inconformes com o fato de seus filhos colaborarem com Resistencia. De início, começam a molestá-los. Depois se põem a difamar
publicamente o conjunto dos jovens de Resistencia, entre os quais
seus próprios filhos, pela imprensa e televisão, fato inconcebível, e até do
qual o público venezuelano não conhecia precedentes. Pouco depois, pedem à Procuradoria
Geral da República e à Polícia Política (DISIP) que retirem a liberdade de
movimento dos jovens de Resistencia, proibindo-os de ausentar-se do
País, e ao mesmo tempo solicitam aos corpos de segurança do Estado que
os interroguem em presença de psicólogos, para averiguar se sofreram “lavagem cerebral“ em Resistencia ou
na TFP brasileira, que haviam visitado durante as férias.
Os órgãos
policiais do Governo socialista Lusinchi, que pareciam estar à espera da
desconcertante iniciativa dos pais inconformes, no dia seguinte ao pedido se
colocam em ação, começando imediatamente os interrogatórios e
prolongando-os por oito dias. Alguns dos jovens têm que permanecer até onze
horas consecutivas na polícia, sem que lhes seja permitido comer e, em muitos
casos, nem beber. A ferocidade policial é alternada com provocações e diversos
processos de pressão moral e psíquica.
Tudo lhes foi
perguntado, desde qual era a influência da cor vermelha em sua vida, até
assuntos íntimos. Ou relativos à liturgia. Ao mesmo tempo, mulheres da polícia
os coagiam com convites lascivos, narrações obscenas, e deboches. Alguns
tiveram que se submeter a exames toxicológicos, testes psiquiátricos e
neurológicos e “avaliações” antropométricas.
A sede
de Resistencia volta a ser vistoriada (e o é quatro vezes em
poucas semanas…), sem que seja possível impugnar de forma documentada a
associação. Sempre ‘suposições’. Diante da nítida
perseguição policialesca, esses jovens (o mais velho mal chegava aos 30
anos) reafirmam publicamente sua profissão de fé católica e se mantêm firmes na
sua adesão aos princípios da organização que integram. Seria, portanto, de
esperar que, da parte da Hierarquia da Igreja da Venezuela, lhes chegasse
alguma palavra de conforto. Em vez disto, Resistencia foi atacada publicamente
por um Bispo e vários Sacerdotes. O Cardeal José Ali Lebrun, Arcebispo de
Caracas (que recebera em seu Palácio, abençoara e desejara sorte ao candidato
presidencial marxista, o ex-guerrilheiro comunista Teodoro Petkoff),
nega-se a receber os membros de Resistencia quando estes lhe
solicitam uma entrevista, e até quando a ele recorrem pelo telefone, o Prelado
corta a ligação depois de lhes fazer uma áspera invectiva. Nos mesmos dias,
recebe demoradamente em audiência o grupinho de pais hostis. Nenhum
dos membros do Episcopado venezuelano responde, nem sequer nos limites mínimos
de cortesia prescritos pelas boas praxes, a uma filial e respeitosa circular,
em que Resistencia pede alguns esclarecimentos e se põe à disposição para
qualquer elucidação.
Uma Comissão
Parlamentar de Inquérito
Na segunda
semana de novembro, o “estrondo
publicitário” é marcado, sobretudo, por uma tumultuosa sessão da
Comissão de Política Interior do Congresso para interpelar os dirigentes
de Resistencia. Nela, os discursos anti-Resistencia se
sucedem, e os dirigentes da entidade têm poucas oportunidades para se fazerem
ouvir. O discurso inicial, do deputado David Morales Bello,
Presidente da Comissão, já prejulga Resistencia, pois
afirma tratar-se de uma associação legal apenas na aparência, mas ilegal nos
fatos, por violar a Constituição. O deputado não aduz qualquer prova a
suas acusações. Os outros discursos são do mesmo gênero: a
Comissão condena Resistencia antes mesmo de começar a ouvi-la…
Em sentido
contrário, o deputado Dr. José Rodriguez Iturbe, democrata-cristão,
levanta-se para pedir que seja examinado, antes de mais nada, se há provas dos
fatos alegados, e quais deles são ilegais. Sua proposta é acolhida
agressivamente pela mesa.
A suspensão
das atividades por decreto
O fechamento
de Resistencia e do Bureau pelo governo
socialista sobrevém no dia 13 de novembro de 1984, em meio a uma
sucessão frenética de acontecimentos.
No dia
anterior, o Comitê Executivo da Ação Democrática, partido integrante da
Internacional Socialista, ao qual está filiado o Presidente Lusinchi,
pedira formalmente que Resistencia fosse fechada, e que não
se permitisse sua atuação no País.
Pela manhã do
dia 13, realiza-se um debate na TV, de quase três horas, ao qual comparecem
os jovens de Resistencia, tendo terminado com vantagem para estes,
como prova o fato de o Governo ter proibido a reprise do programa, já anunciada
pela emissora de televisão.
Estranhamente,
como “adivinhando” que algo de sensacional estava por suceder, um
batalhão de jornalistas e fotógrafos apresenta-se nos portões da sede,
acompanhados pelos pais inconformes. Surge também uma chusma de agitadores
(alguns dos quais portando paus e facões) liderados por dois deputados
socialistas dos que mais se destacaram na luta contra Resistencia.
A polícia fora
prevenida com insistência pela entidade visada, mas entretanto não comparece.
Seguem-se brados de slogans, o arrombamento do grande portão, a
invasão dos jardins e o apedrejamento da sede. Tudo com transmissão simultânea
pela TV.
No começo da
noite, quando o show revolucionário chega a seu climax,
comparece diante das câmaras de televisão o Ministro da
Justiça, Manzo Gonzales, e lê o decreto da suspensão das atividades
de Resistencia e do Bureau, decreto esse assinado por ele e pelo
Ministro do Interior, Octavio Lepage, em nome do
Presidente Lusinchi.
Até
adversários estranham
Nos dias seguintes,
conhecidas personalidades do mundo político, jurídico e jornalístico
venezuelano – inclusive o ex-presidente Rafael Caldera – saem a
público para manifestar sua estranheza ante a medida ditatorial do
Governo Lusinchi. A maioria delas diz não concordar com Resistencia,
mas verbera com vigor esse atentado contra o regime de liberdade, juridicamente
vigente no País. O Cardeal Lebrun, contudo, declara que “as
autoridades competentes do País atuaram conforme as leis do Estado proibindo o
funcionamento da organização”.
A TFP
brasileira fez publicar comunicado intitulado Perseguição
ideológico-religiosa na Venezuela – Nuvem negra baixa sobre o País irmão,
o qual põe em realce a inocência de Resistencia e o inequívoco
caráter persecutório da atitude governamental. Esse comunicado foi publicado
pelas diversas TFPs em alguns jornais de toda a América do Sul.
O veredito da
Justiça
A batalha
prosseguiu, entretanto, junto ao Poder Judiciário, onde tramitavam
vários processos de caráter penal, civil e administrativo em
que Resistencia e o Bureau ora eram autores, ora réus.
Os mais
importantes eram duas averiguações penais, que terminaram, ambas, inocentando
completamente Resistencia.
A primeira
dessas vitórias se concretizou em 19 de dezembro de 1984, quando a
Procuradoria (Fiscalía) Geral da Nação desistiu de formalizar recurso à Corte
Suprema de Justiça contra a sentença absolutória das
instâncias inferiores, com o que foi encerrada a investigação originada da
primeira vistoria na sede da entidade – em agosto de 1984 – por não
existir nada que indicasse a prática de qualquer delito por parte dos membros
da associação.
No segundo
processo penal houve muitas delongas e vicissitudes; finalmente, no dia 30 de
dezembro de 1985, o Juiz do 14° Juizado Criminal de Primeira Instância do
Distrito Federal, Dr. Saúl Ron Braasch, declarou
terminada a averiguação judicial “por não se revestirem de caráter penal os
fatos denunciados”. E no dia 15 de maio de 1986 o Juiz do 10° Juizado
Superior Criminal proferiu sentença definitiva, que confirmou a decisão de primeira
instância, declarando que a ação penal estava extinta por se
tratar de coisa julgada.
Era
o veredito inapelável da Justiça, mostrando que a atroz perseguição
carecia de qualquer fundamento.
Exílio
voluntário
Mas, como se
compreenderá facilmente à vista dos fatos acima narrados, considerando o
procedimento violento e arbitrário do governo, os militantes de Resistencia se
sentiram privados do benefício das garantias legais conferidas aos cidadãos
venezuelanos pela constituição. E entenderam ser preferível deixar sua Pátria
querida, à espera de dias melhores em que pudessem retornar para servir nela a
causa da civilização cristã. Em consequência, muitos deles emigraram e
passaram a integrar as TFPs de outros países.
Posteriormente
foi possível comprovar que muitas das acusações veiculadas contra Resistencia foram
alimentadas pelo norte-americano Lyndon LaRouche, mentor de uma rede
de organizações cívicas, culturais, financeiras e políticas, e de uma cadeia de
agências de notícias. Esse aparato midiático alimentou
de inverdades delirantes o “estrondo” venezuelano em toda a duração
(cfr. “Ultimas Noticias”, Caracas, 13-10-84 e “2001”, Caracas, 14-2-85).
Posteriormente, Lyndon LaRouche foi condenado a 15 anos de
prisão pela Justiça norte-americana, por estelionato (“Folha de S. Paulo”,
28-1-89).
Fontes: www.pliniocorreadeoliveira.info
HÁ MAIS DE 30 ANOS QUE SE PERSEGUEM CATÓLICOS NA VENEZUELA
https://quodlibeta.blogspot.com/2017/08/ha-mais-de-30-anos-que-se-perseguem.html
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