terça-feira, 8 de outubro de 2019

CRENÇAS E SUPERSTIÇÕES DOS ÍNDIOS FARÃO PARTE DE NOVOS RITUAIS EVENTUALMENTE PROPOSTOS NO SÍNODO DA AMAZÔNIA?









A superstição é um sentimento de veneração religiosa, mas baseado em falsos temores e em crassa ignorância da realidade das coisas divinas. De modo geral, leva o supersticioso a um exagerado temor de coisas fantásticas que ele acredita terem forças superiores aos homens, baseado sempre em fantasias, levando-o também a uma confiança sem limites em coisas vãs que lhe mostram como úteis para a solução de seus problemas. Essa excessiva credibilidade leva também ao fanatismo. É a religião que o demônio faz instaurar entre os homens medíocres que não querem crer em Deus.  Mas que terminam crendo exageradamente na divindade das coisas criadas por Deus...
São inumeráveis as superstições e falsas crendices espalhadas entre os índios. Referiremos algumas apenas, a título de ilustração.
Gabriel Soares de Sousa, um dos primeiros historiadores do Brasil, conta diversas dessas superstições. Por exemplo, era costume entre eles que, todo aquele que matar um inimigo tomar o nome do mesmo entre os da sua tribo. Outra superstição era que, quando as índias pariam, os pais do recém-nascido ficavam deitados numa rede, onde permaneciam por vários dias como se estivessem de resguardo, comendo gulodices e comidas especiais, e evitando outras por considerarem de mau agouro. [1]
Havia uma superstição que era relacionada ao preparo das bebidas. Em geral, depois de ferver o milho, por exemplo, algumas donzelas mastigavam os grãos cozidos, cuspindo-os em outra vasilha. No caso de ser chamada alguma mulher casada para esta tarefa, era necessário que ela se abstivesse de relações com seu marido durante alguns dias, caso contrário a bebida jamais alcançaria a necessária perfeição.
A exemplo do que fazem hoje os adeptos do culto do candomblé, os índios também jogavam oferendas no mar ou no rio por onde navegavam, dizendo que era para acalmar as águas.  [2]
O padre Claude d’Abbeville nos fala de outras superstições:
“Desejando conhecer o motivo dessa loucura e diabólica superstição vim a saber que pensam morrer quando vêem a lua assim sanguinolenta após as chuvas. Os homens batem então no chão em sinal de alegria porque vão morrer e encontrar o avô a quem desejam boa saúde...  As mulheres, porém, têm medo da morte e por isso gritam, choram e se lamentam”
Em outro  trecho o mesmo cronista acrescenta:
“Têm outra superstição: a de fincar à entrada de suas aldeias um madeiro alto com um pedaço de pau atravessado por cima; aí penduram quantidade de pequenos escudos feitos de folhas de palmeira e do tamanho de dois punhos; nesses escudos pintam com preto e vermelho um homem nu. Como lhes perguntássemos o motivo de assim fazerem, disseram-nos que seus pajés o haviam recomendado para afastar os maus ares” [3]
Em geral o cocar de penas colocados nas suas cabeças é fruto de uma infinidade de superstições. Diferentemente das tiaras dos bispos e dos chapéus cardinalícios, todos contendo símbolos celestes, mas sem dar caráter de crendice em entidades fantásticas que possam estar associadas ao material ali usado.
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[1]  Vide a obra “Tratado Descritivo do Brasil em 1587” – Gabriel Soares de Sousa – Typografia José Ignácio da Silva, 1879, pág. 302
[2]  v.  “As Singularidades da França Antártica” – de André Thevet – Ed. Itatiaia, págs. 89 e 122

[3] “História da Missão dos Padres Capuchinhos na Ilha do Maranhão e Terras Circunvizinhas – Claude d’Abbeville – Ed. Itatiaia e Ed. Universidade de São Paulo, 1975, págs 247 e 253.

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