Fui a um casamento e meditei sobre o tema acima. Casamento?
Sim, apesar de tanta insistência no amor-livre, onde casamento é desnecessário,
os casamentos continuam sendo realizados. E em escala crescente. Sendo a noiva
amiga de nossa família, não procuramos saber detalhes sobre a natureza do
evento, se seria somente religioso ou somente civil. Como a família em questão
é da classe média-alta, suspeitava que deveria primar o mundanismo. Mas havia coisa pior. Soubemos apenas que
seria realizado numa casa de eventos. Chegando lá, verificamos que havia uma
mesa, como se fosse um altar, dando a impressão de que haveria o casamento
religioso. Olhando de longe o
“oficiante” que faria o casamento, pensei com meus botões: “esse aí, nunca foi
padre! A não ser da “igreja brasileira”. Realmente, não era sacerdote, embora
estivesse com trajes parecidos com as vestes sacerdotais, nem houve casamento
propriamente dito. A cerimônia constou do seguinte: um longo discurso do
celebrante e a imposição das alianças. E nada mais. É claro que, a seguir,
formou-se uma longa fila dos padrinhos para assinar a papelada. E depois, mundanismo, folia e muita
hipocrisia, estampada principalmente nos falsos sorrisos das poses para as
fotos .
Analisei tudo. Comecei pelas roupas, as jóias e os cabelos,
especialmente das mulheres. Aí lembrei-me da análise que Dr. Plínio Corrêa de
Oliveira fez sobre a “revolução no mundo feminino” de seu tempo. Ele falava, por exemplo, da introdução da
moda do cabelo “a la garçonne”. Durante muito tempo essa moda vigorou no
Brasil, mas hoje está morta. Todas as mulheres daquela festa, sem exceção,
tinham o cabelo bem comprido, e algumas até com lindos penteados à semelhança
da antiga dama, demonstrando que a Revolução não avançou tanto na moda do
cabelo, pelo menos no Brasil. E é assim que vejo a maioria das mulheres pela
rua. Quanto aos vestidos, alguns eram bem ornamentados e compridos, demonstrando
recuo da Revolução nesse aspecto, enquanto avança em outros como outros trajes
bem curtos e com decotes imorais. Nesse aspecto a Revolução continua muito
imperativa. E as jóias? Não se via quase
nada delas, a não ser algumas miçangas ou bijuterias de baixo custo. Nesse
aspecto, também, a Revolução domina completamente o elemento feminino.
Analisei um outro aspecto em que a Revolução recuou muito:
as decoradas e belíssimas mesas com as comidas. Havia requinte em tudo, a
começar pela própria mesa, os arranjos, as flores, os objetos de prata e
cristal, e deliciosas comidas e salgados, era uma coisa principesca, parecia
uma festa do Ancien Regime. Com a chocante diferença, é claro, do barulho de um
som eletrônico horrível que não permitia aos convivas uma conversa mais
agradável. Conversa? Só se falava uns aos outros gritando. Não se pode dizer que os garçons se vestiam
regiamente, mas, para a categoria, estavam dignamente vestidos e atendiam a
todos com esmerada educação, nem pareciam revolucionários atendendo outros
revolucionários. O mesmo pode-se dizer quanto aos homens da festa, dignamente
vestidos e alguns com ares de nobreza.
Falei acima que não houve casamento religioso. Disse-o, no
caminho, para as pessoas com quem fui à festa. Para que haja um casamento
religioso é necessário que esteja bem expresso o juramento dos noivos, para
toda a vida, de serem fiéis, tanto na saúde quanto na doença, tanto na vida
quanto na morte, coisa que não foi feita. Não houve cerimônia religiosa de
casamento, mas apenas uma entrega de alianças com um ritual meramente mundano.
No título disse que a Revolução não consegue vencer completamente
a natureza humana. É que muitas pessoas às vezes não aderem a princípios
revolucionários porque a natureza pede o contrário. Assim, a natureza pede que
continuem se casando e que a vida terrena seja bafejada por riquezas,
requintes, belezas, como a dos cabelos longos, dos vestidos compridos e bem
ornamentados (embora continue a moda indecente dos decotes, onde os panos que
sobram embaixo faltam em cima) e das requintadas mesas de acepipes saborosos.
Não falei sobre a bebida, mas a Revolução nem caminha nem retrocede, está
apenas estacionada nesse particular. Continuam servindo de tudo, desde o
horrível e insípido uísque até a aristocrática champanhe, para não falar da
plebéia cerveja. Atendem sempre os gostos de todos. É sempre assim. Doutor Plínio
chamava a esse tipo de revolucionário o de “pequena velocidade”, pois avança
nuns aspectos e recua em outros.
Veja postagens sobre a revolução no mundo feminino:
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