terça-feira, 14 de maio de 2019

IRMÃ DULCE E A OPINIÃO PÚBLICA




Na primeiro edição após a morte da Irmã Dulce (13 de março de 1992) o jornal "A Tarde", de Salvador, publicava em primeira página uma foto da multidão que acorreu para homenagear o "Anjo Bom da Bahia", também chamada de “Anjo Bom do Brasil”. Foi o enterro mais multitudinário de toda a história da Bahia, e talvez do Brasil. Qual a razão? Por ter sido uma freira dedicada exclusivamente ao exercício da caridade cristã, papel saliente das Ordens femininas, e por ter levado sua vocação ao grau de heroísmo, Irmã Dulce cativou o coração de uma grande multidão de fiéis. No estudo da vida dos santos muitos aspectos vão aos pouco sendo analisados e revelados: uma característica da futura Beata e Santa era a divulgação de seu trabalho perante o público. Segundo um estudioso de sua vida ela foi uma exemplar "marqueteira" de sua obra. E não o fez por promoção pessoal, isso não, pretendia simplesmente que seu trabalho fosse divulgado e com isso conseguisse mais apoio, mais ajuda para transformá-lo numa ação social de grande envergadura. Daí a razão de hoje encontrarmos muitas fotos dela, algumas muito importantes para se avaliar sua obra, embora muito antigas, datando das primeiras décadas de sua atividade pastoral.
Após a constatação do segundo milagre (um homem cego há 14 anos recuperou a visão milagrosamente), a Beata será canonizada no segundo semestre deste ano.

A respeito do físico frágil e apequenado da Irmã Dulce, no entanto com uma alma tão grande e ardorosa, divulgamos abaixo os comentários do Dr. Plínio Corrêa de Oliveira que (apesar de terem sido feitos a propósito de Dom Chautard, outra alma santa) se aplicam muito bem a ela:

"Se na era do romantismo a opinião pública se inclinava para as almas delicadas, subtis, frágeis, exageradamente delicadas, exageradamente subtis, diríamos exageradamente frágeis se a fragilidade já não fosse em si mesma um defeito e um exagero, em nossos dias, quando a luta pela vida da alma e do corpo impõe um esforço incessante, a admiração se volta mais freqüentemente para as almas poderosas, fortes, realizadoras, enérgicas. E, como tudo quanto é humano é sujeito a exagero, somos propensos não raras vezes a glorificar a força física dos boxeurs e atletas, ou a força quase hipnótica de certos ditadores, como valores absolutos e supremos.
Nisto, como em tudo, um sadio equilíbrio se impõe. E deste equilíbrio é mestra a Igreja Católica, fonte de toda virtude.Entre a força e a delicadeza de alma não há incompatibilidade, desde que uma e outra sejam retamente entendidas. E uma alma pode ao mesmo tempo ser delicadíssima sem nenhuma fraqueza e fortíssima sem nenhuma brutalidade".
(Extraído da revista "Catolicismo", n. 52, de abril de 1955)


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