quinta-feira, 16 de maio de 2019

O ESTADO, SENHOR SOBERANO DE TODAS AS COISAS?





O Templo que a maçonaria quer edificar, segundo o plano que J. J. Rousseau traçou no seu “Contrato Social”, é pois,  o Estado soberano, senhor de todas as coisas, nele absorvendo todos os direitos, assim os dos indivíduos como os da família, os das associações como os da Igreja.
Aí está, dir-se-á, uma utopia e uma pretensão tão monstruosas quanto irrealizáveis. Não para os maçons; para os revolucionários é o ideal, e um ideal em direção ao qual nos fazem caminhar a largos passos.
J.J. Rousseau disse que em virtude do contrato social – que ele imagina estar na base da sociedade, contrariamente à história e contrariamente à natureza humana, que nada podem fazer – todos os homens pertencem totalmente à coletividade, suas pessoas e suas forças , seus direitos e seus bens. É o que os maçons querem realizar; é exatamente a isso que a Revolução quer chegar; e isso e somente isso que pode dar a explicação do modo de ser e de agir do Estado contemporâneo relativamente a tudo e a todos. Em todas as coisas ele se esmera em restringir os direitos individuais: seu desígnio é suprimi-los inteiramente.
Antes de tudo e sobretudo, o cidadão não tem o direito de ser cristão. “Nada, diz Taine, interpretando o pensamento fundamental do Contrato Social, nada é mais contrário ao espírito social do que o cristianismo...  Uma sociedade de cristãos não seria mais uma sociedade de homens, porque A PÁTRIA DO CRISTÃO NÃO É DESTE MUNDO”. É necessário reconduzir o cristão aqui para baixo, é preciso limitar seus pensamentos à busca dos interesses terrenos, é preciso que ele pertença por inteiro à sociedade à qual ele foi dado por inteiro. Assim, vê-se o católico tratado como inimigo do Estado maçônico.
O cidadão não tem o direito de ser proprietário. Tudo o que ele tem, assim como tudo o que ele é, tornou-se um bem social. Assim, vemos o direito de propriedade desaparecer pouco a pouco ante as usurpações do socialismo de Estado. Os impostos crescem e se multiplicam sem cessar. A utilidade pública expropria com uma consciência a cada diz mais leviana. As leis ensaiam a repartição dos ganhos entre patrões e empregados. O Estado age como parte financeiramente interessada nas vendas e doações, e sobretudo nas sucessões. Ele fala agora em impostos sobre o rendimento e em impostos progressivos, destinados a nivelar as propriedades, e igualar as fortunas, ou melhor, a fazer com que o Estado se torne o único proprietário.  Já no século XVIII ele se apossou de toda a propriedade eclesiástica, e hoje mesmo ele põe a mão sobre aquela que foi reconstituída no século passado. Amanhã se apoderará da mesma maneira dos instrumentos de trabalho: minas, fábricas, campos, tudo será nacionalizado.[i]
Não são somente os bens que o Estado reivindica, como pertencentes á coletividade, mas as forças de cada um: “Cada membro da sociedade pertence a ela, ele e todas as suas forças”. Será preciso também, sob esse aspecto, que o Estado chegue a atribuir a cada um as funções que ele deverá exercer na sociedade, sob sua vigilância e em seu benefício. Os monopólios do Estado, que vão da instrução pública à fabricação do fumo e dos fósforos, e o funcionalismo que pouco a pouco se estende a tudo, constituem um encaminhamento rumo a essa escravidão universal.
Para alcançar esse fim, importa sobretudo apoderar-se das forças nascentes, das gerações que surgem. Assim, a primeira preocupação do Estado revolucionário é se apossar da infância.[ii] “As crianças, dizia Danton, pertencem à República antes de pertencerem a seus pais; o egoísmo dos pais poderia ser perigoso para a República. Eis porque a liberdade que lhes deixamos não vai ao ponto de educarem seus filhos de outra maneira que não segundo a nossa vontade”; e Jules Ferry, no discurso que pronunciou em 1879 para obter a aprovação do famoso artigo VII: “Existe um pai de família que os compreende a todos: é o Estado”. Temos ouvido essas palavras serem repetidas à saciedade depois que novos projetos de lei querem colocar em absoluta segurança os preceptores e as “preceptoras” encarregados pelo Estado de introduzir nas almas juvenis os dogmas maçônicos.
É exatamente sob esse ponto de vista do direito exclusivo do Estado sobre toda a juventude que vemos o Estado moderno se colocar. Sua legislação estudou-a melhor, apertou-a mais, suas leis mais intangíveis são aquelas que tendem a suprimir toda liberdade de ensino, a reuni-la sob a férula do Estado, a abandonar à sua educação  as crianças de todas as famílias, da escola dita maternal às faculdades. Inicialmente, é de seu interesse formar as vontades através das quais ele perdura, preparar os votos que o manterão, implantar nas almas as paixões que lhe será favoráveis, idéias que secundarão a construção do Templo. Não tem ele o dever de petrificar as gerações, de modo a torná-las aptas ao mais perfeito funcionamento do pacto social? “A educação nas regras prescritas pelo soberano (pelo povo soberano) é uma das máximas fundamentais do governo popular”, diz J. J. Rousseau. É através dela que se forma o cidadão, “é ela que deve dar às almas uma forma nacional”; “as boas instituições nacionais são aquelas que melhor sabem desnaturar o homem, esvaziar sua existência absoluta para dar-lhe uma existência relativa a transportar o eu para a unidade comum”.[iii]
Desnaturar o homem! Que palavra poderia melhor exprimir o que a seita pretende, o que ela faz nas escolas do Estado?
Para conseguir realizar seu desígnio sem muita oposição, ela começou por dar à juventude a instrução gratuita, hoje ela acrescentou a isso a alimentação e o vestuário, assim nos colégios como nas escolas primárias, esperando com isso ter os interesses como seus cúmplices.
Não se diga que o direito que a Igreja recusa ao Estado Ela o reivindique para Si própria. Não, a Igreja respeita os direitos da liberdade natural a ponto de que se um pai, uma mãe não pertencem, pelo batismo, à Sua jurisdição, Ela se considera como que impedida de intervir na educação da criança até que ela alcance a idade de se pronunciar segundo sua própria consciência. A Igreja considera como um atentado contra o direito natural a educação do filho menor na religião cristão contra a vontade expressa  de seus pais não batizados. Ela não permite que se o batize. E mesmo quando o filho católico de pais católicos chega á maioridade, Ela não o admite à profissão religiosa sem a permissão deles, se ele lhes é necessário ao sustento.
O Estado maçônico compreende que as crianças não poderão ser completamente dele enquanto tiver abolido a família; enquanto ela subsistir, o grito da natureza protestará contra a sua intrusão. Por esta razão ele tende à supressão do casamento. Segundo o pensamento dos sectários, o casamento civil e o divórcio são etapas que devem conduzir ao amor livre, e por conseguinte ao Estado, único pai nutrício, único educador das gerações vindouras.
A abolição da família, a supressão da propriedade, o aniquilamento da Igreja e o sufocamento de qualquer associação que não seja o Estado, “todos esses artigos, diz Taine, são conseqüências forçosas do contrato social. No momento em que, entrando num corpo, eu não reservo nada de mim mesmo, somente por isso renuncio a meus bens, a meus filhos, à minha Igreja, às minhas opiniões. Deixo de ser proprietário, pai, cristão, filósofo. É o Estado que me substitui em todas essas funções. No lugar da minha vontade há a vontade pública, quer dizer, em teoria, o arbítrio rígido da assembléia, da fração, do indivíduo que detém o poder”.
Tal é o “Templo” que a maçonaria está construindo; nele ela já nos fez entrar, passo a passo, antes de concluí-lo; nele ela pretende abrigar as gerações vindouras e a humanidade inteira.
O empreiteiro que assumiu a construção desse Templo foi o regime parlamentar. O povo soberano escolheu delegados, investiu-os de todo o poder. Eles se reúnem, a maioria é tida como expressão da vontade geral, e essa vontade faz lei. Essa lei pode atingir tudo; e em todas as coisas ela cria o direito, sem considerar quem ou o que quer que seja, nem mesmo Deus, nem mesmo as exigências da natureza humana.
Há já um século, para construir esse Templo, diz Taine, fizeram três mil decretos; e para pô-los em vigor substituíram o governo da força pelo governo da lei. O cadafalso presidiu a reedificação da sociedade, àquilo que tinha sido chamado de “renovação do princípio da existência humana”.
As coisas não acontecerão de maneira diferente se a nova experiência, a que assistimos, for levada até o fim. O alemão que foi o doutor dos jacobinos e que se conservou como doutor dos maçons, traçou perfeitamente o caminho que aqueles seguiram e no qual estes estão engajados.
No ritual que Weishaupt  compôs para as cerimônias de iniciação nos diversos graus do iluminismo, ele faz dizer ao iniciado através de Hierofante:[iv]
“Ó irmão, ó meu filho, quando, aqui reunidos, longe dos profanos, nós consideramos a que ponto o mundo está entregue aos maus (aos soberanos e aos padres), poderíamos contentar-nos em suspirar? – Não, irmão, apoiai-vos em nós. Procurai colaboradores fiéis; eles estão nas trevas (nas sociedades secretas); é aí que, solitários, silenciosos, ou reunidos em círculos pouco numerosos, crianças dóceis, eles levam avante a GRANDE OBRA, conduzidos por seus chefes...
“Os padres e os príncipes resistem a esse grande projeto; temos contra nós as constituições políticas dos povos. Que fazer nesse estado de coisas?,... É necessário atar insensivelmente as mãos dos protetores da desordem (os reis e os padres) e governá-los sem parecer dominá-los. Numa palavra, é preciso estabelecer um regime dominador universal, sob forma de governo, que se estenda sobre todo o mundo... É preciso, pois, que todos os nossos irmãos, educados da mesma maneira, estreitamente ligados uns aos outros, não tenham senão um mesmo objetivo. Ao redor dos Poderes da terra é preciso agrupar uma legião de homens infatigáveis, e dirigindo por toda a parte seus trabalhos, seguir o plano da ordem para a felicidade da humanidade”.[v]
E em outro lugar: “Como o objeto de nosso desejo é a revolução universal, todos os membros dessas sociedades (secretas) que tendem ao mesmo fim, apoiando-se uns aos outros, devem procurar dominar invisivelmente e sem aparência de meios violentos, não a parte mais eminente ou a menos distinta de um só povo, mas os homens de qualquer estado, de todas as nações, de todas as religiões. Soprar por toda a parte o mesmo espírito; no maior silêncio e com toda a atividade possível, dirigir todos os homens esparsos sobre toda a face da terra em direção ao mesmo objetivo. Uma vez estabelecido esse império pela união e pela multidão dos adeptos, que a força suceda ao império invisível; atai as mãos de todos os que resistem, subjugai a maldade em seu germe, esmagai tudo o que resta de homens que não tiverdes podido convencer”.  (Barruel, t. III, cap. II e IX)
Foi exatamente assim que o compreenderam os homens de 93. Jean-Bon-Saint-André dizia que “para estabelecer solidamente a República era necessário reduzir a população à metade”. Geoffrey julgava que isto era insuficiente: ele queria deixar na França apenas cinco milhões de cidadãos. “É preferível fazer da França um cemitério a não regenerá-la segundo nosso modo”, dizia Carrier. Eles fizeram dela um cemitério e não puderam regenerá-la à maneira deles. O insucesso não desencorajou seus sucessores. “A França regenerada, diz o I:. Buzot, ainda não alcançou o grau de perfeição que exigem as doutrinas da franco-maçonaria e o gênio dos filósofos. Mas o movimento foi dado, ARREBATADOR, IRRESISTÍVEL; A GRANDE OBRA SE REALIZARÁ”  (“Tableau Philosophiqu, Historique et Moral de la Franc-Maçonnerie”).Eles pretendem realizá-la não somente na França, mas no mundo inteiro. “É preciso, disse Weishaupt, estabelecer um dominador universal, uma forma de governo que se estenda sobre todo o mundo”. Eles trabalham para isso, como veremos. Esse regime dominador cujo estabelecimento eles buscam, chamam-no de regime da democracia, ou república universal.
A teoria de J. J. Rousseau sobre as origens da sociedade, sua constituição racional, o que ela será quando o contrato social tiver produzido suas conseqüências, não permaneceu em estado especulativo. Faz um século que nós nos aproximamos a cada dia do termo que ele designou para nós, no qual não haverá mais propriedade, nem família, nem Estado independente, nem Igreja autônoma. Sobre o lugar que as ruínas produzidas pela Revolução deixaram livre, Napoleão I construiu, “com areia e cal, diz Taine, a nova sociedade, segundo o plano traçado por J. J. Rousseau. Todas as massas da grande obra, Código Civil, universidade, Concordata, administração municipal e centralizada, todos os detalhes da arrumação e da distribuição concorrem para um efeito de conjunto que é a onipresença do governo, a abolição da iniciativa local e privada, a supressão da associação voluntária e livre, a dispersão gradual dos pequenos grupos espontâneos, a interdição preventiva das longas obras hereditárias, a extinção dos sentimentos pelos quais o homem vive além dele mesmo, no passado e no futuro. Nessa caserna filosófica – nesse TEMPLO, dizem os maçons – nós vivemos há oitenta anos”. (“La Révolution”, III, p. 635) A grande obra avança, ela terminará tanto melhor quanto sua continuação está nas mãos da multidão e de seus mandatários, quer dizer, dos cegos e dos irresponsáveis.
O indivíduo recua diante das últimas conseqüências de seus erros quando ele vê onde eles o conduzem. Um povo entregue a si mesmo, como é todo povo submisso ao regime republicano, não pode fazê-lo. São os mais lógicos que se fazem ouvir pelas multidões, sobretudo quando essa lógica está de acordo com as paixões e promete à massa a posse dos bens que ela cobiça: são estes que o sufrágio universal leva ao poder. E se os que chegam primeiro se espantam e não ousam realizar o programa, são suplantados por outros, e por outros ainda, até que venham aqueles que resolutamente se entregam ás grandes obras que os princípios condenam. Já vimos os oportunistas varridos pelos radicais; estes desaparecem diante do socialistas, e do seio do socialismo se levantam os anarquistas, os niilistas e os catastrophards”.[vi]
Winter, no seu livro “Le Socialisme Contemporain”, faz uma observação  cujo bom fundamento ninguém pode negar.
“Retirai Deus e a vida futura, e o homem sem Deus se acha colocado, com suas paixões, em face da vida mortal, com a desigualdade das condições e a desigualdade do prazer. Esse homem pedirá o banquete da vida que suas paixões reclamam. Ele sentirá as barreiras que a sociedade atual, baseada sobre a fé em Deus e na vida futura, opõe às suas paixões; ele se irritará contra o obstáculo; e o ódio social, com todos os ódios que o acompanham, entrará na sua alma”. Em quantos corações esse ódio ruge atualmente! Ele incita as massas a se precipitarem, tão logo isso possa ser feito, sobre o que resta da ordem social! E isso por toda a Europa, e não somente no Velho Mundo, nas Américas e na Oceania; e não somente entre os miseráveis, mas entre os intelectuais! Basta citar Elisée Reclus na França, Karl Marx na Alemanha, Bakounine e o príncipe Krapotkine na Rússia, Most nos Estados Unidos, etc., etc. Todos são concordes em dizer que o dogma da soberania do povo exige: 1º uma revolução política, que leva ao poder as massas populares através do sufrágio universal; 2º uma revolução econômica, que introduzirá a propriedade comum; 3º uma revolução democrática, que suprimirá os pais e entregará os filhos à República. [vii]
Caminhamos para isso.
Qual o homem inteligente que não se aterroriza com as ruínas já amontoadas em toda a ordem de coisas, e que, ouvindo os clamores de súcias prestes a se lançarem sobre o que resta da ordem social, não levante,  na hora atual, essas terríveis questões:
Os bens que o Criador colocou à disposição dos homens, mas que o trabalho, a ordem, a temperança, a economia repartiram entre as famílias, serão ainda amanhã propriedade dos que assim os adquiriram, ou serão universalmente possuídos pelo Estado, que distribuirá seus frutos segundo as leis que lhe aprouver fazer?
Amanhã haverá ainda, entre o homem e a mulher, casamento, quer dizer, contrato passado sob o olhar de Deus e por Ele sancionado, união sagrada e indissolúvel? Haverá ainda a família com a possibilidade de transmitir a seus filhos não somente seu sangue, mas sua alma e seus bens?
Amanhã, que será da França? No que se transformará a Europa? Reduzida a estado de poeira pela democracia não será ela uma presa fácil para a franco-maçonaria internacional e judaica que caminha para a conquista do mundo, e já calcula o número de anos ainda necessários para fazer de todos os Estados uma República universal?
Eis o que está sendo preparado pelo movimento das idéias e dos fatos que povoam os espíritos  dos quais somos testemunhas.
Se o curso das coisas atuais não tivesse suas fontes no passado longínquo, poderíamos apavorar-nos menos, acreditar que não há em tudo isso senão fatos acidentais. Mas não é assim. O estado atual, repleto do futuro que acabamos de descrever, é o produto natural de uma idéia, lançada como um grão sobre nosso solo há cinco séculos. Ela germinou. Vimos seus primeiros rebentos sair da terra; eles foram cultivados secreta e cuidadosamente por uma sociedade que, já por várias vezes, serviu ao mundo seus frutos prematuramente colhidos; hoje ela os vê chegar à maturação: frutos de morte que carregam a corrupção para os próprios fundamentos da ordem social.
A França revolucionária recebeu do Poder das Trevas a missão de manifestar ao mundo aquilo que a Renascença concebeu, aquilo que a franco-maçonaria criou. Parece que se quis simbolizá-lo nas moedas. Essa mulher desgrenhada, com o barrete frígio à cabeça, que, sob os auspícios da República, lança a todos os ventos os grãos da liberdade, da igualdade e da fraternidade, sob os raios de um sol levante chamado para aclarar o mundo com um dia novo, bem representa a maçonaria que confia a todos os sopros da opinião as idéias que preparam os espíritos para a aceitação da nova ordem, ordem que há tanto tempo ela projeta estabelecer no mundo.

 (Tradução extraída da obra “La Conjuration Antichrétienne – Le Temple Maçonique voulant s’élever sur les ruines de l’Église Catholique” – Mons. Henri Delassus – tomo 2   págs. 551/564)
Dados sobre os principais personagens acima citados:

Jean-Jacques Rousseau, ou, J. J. Rousseau, principal filósofo da Revolução Francesa, é autor do ensaio “Contrato Social”, obra que até hoje serve de base para constituições políticas de vários países republicanos.
Taine, ou Hippolyte Adolphe Taine, escritor francês, expoente do positivismo no século XIX; crítico e historiador, tem várias obras ditas filosóficas em que analisa o processo revolucionário e histórico, dentre outras a série Les Origines de la France contemporaine.
Jules Ferry, jornalista e político francês do século XIX, maçom e republicano,  positivista (seguidor de Comte) e anticlerical, chegou a ser ministro da educação, ocasião em que laicizou o ensino na França. Perseguiu a Igreja conseguindo dissolver a Companhia de Jesus.
Danton – Georges Jacques Danton, advogado, político revolucionário fanático, foi um dos principais instigadores das turbas que agitaram Paris a partir de 1789.
Adam Weishaupt ,  racionalista e iluminista alemão, jurista, é considerado o fundador da seita secreta gnóstica chamada “Iluminati”. Foi iniciado na loja maçônica “Theodor zum guten Rath”, de Munique. Seu projeto previa que os “Iluminati” clareassem a compreensão pelo sol da razão, assim dissipando as nuvens da superstição e do preconceito.
Jean-Bom-Saint-André, político revolucionário de 1789 na França; era jesuíta, mas tornou-se protestante e chegou a ser pastor. Teve várias atuações revolucionárias, ora moderadas, ora avançadas, recebendo missões até no exterior, já no tempo de Napoleão.


Piotr Alexeyevich Kropotkin, nasceu príncipe, mas rejeitou o título de nobreza, escritor e geógrafo, foi um dos criadores do anarquismo (em 1868), juntamente com Bakunin, daí surgindo, também, o anarco-comunismo.
Mikhail Aleksandrovitch Bakunin, teórico político, acompanhou Kropotkin como um dos principais expoentes do anarquismo. A tese era de um comunismo mais avançado do que a ditadura do proletariado, com a total ausência de governo.

NOTAS:



[i] É de se notar que a franco-maçonaria não mais hesita em se declarar socialista e mesmo coletivista. O I:. Bonnardot, que foi nomeado, em 1901, Grâo-Mestre da Grande Loja da França, propôs ao Congresso das Lojas do Centro, realizado em Cien, em 1894, em nome da 3ª Comissão, fosse proclamado o princípio da propriedade coletiva. Seu relatório foi submetido à consideração da Convenção do esmo ano. A maior parte das lojas parisienses tornou-se socialista-reformista. A grande maioria das lojas dos Departamentos seguiram-nas; um certo número já é coletivista. O próximo programa de ação da franco-maçonaria, para nos cingirmos apenas á loja La Fidélité de Lille, foi assim definido por seu orador, em 8 de julho de 1900:”Combatemos todas as idéias teológicas; há ainda um deus a combater, o deus capital”. (Ver a petição contra a franco-maçonaria, na 11ª Comissão de Petições da Câmara dos Deputados, PP. 51 e 75).
[ii] “As crianças do sexo masculino são educadas, dos cinco aos dezesseis anos, pela pátria. São vestidas em todas as estações. Deitam sobre esteiras e dormem oito horas. São alimentadas em comum com raízes, frutas, laticínios, pão e água. Não comem carne antes de dezesseis anos completos. Dos dez aos dezesseis anos sua educação é militar e agrícola. São distribuídas em companhias de sessenta, etc. Todas as crianças conservarão o mesmo traje até os dezesseis anos; dos dezesseis aos vinte e um, terão traje de operário; de vinte e um a vinte e seis, traje de soldado, se não forem magistrados”. (Projeto de lei segundo as instruções de Saint-Just).
Em 12 de abril de  1903, no Congresso das Lojas da África do Norte (Argélia), os II:. Collin e Marchetti exprimiram este desejo:
“Que um dispositivo, assim concebido, seja acrescentado ao Código Civil: Proibições formais serão feitas aos pais ascendentes ou que tenham quaisquer direitos, de dar ou ensinar a seus filhos, pupilos ou descendentes uma religião, qualquer que seja, SOB PENA DE DESTITUIÇÃO DO PÁTRIO PODER e de poder legal. E que em caso de infração, devidamente verificada, os filhos, pupilos ou descendentes, sejam retirados ou confiados ao Estado, às custas dos pais ou ascendentes”.
No ano precedente, na Convenção de Paris, uma loja da França, a Themis, tinha emitido um desejo pouca coisa diferente:
“Quando uma criança, de oito anos completos ou mais, não estiver freqüentando a escola, os pais e pessoas responsáveis poderão ser destituídos do pátrio poder”.
Condorcet foi o primeiro a oferecer à Assembléia Legilativa, em 1792, um plano de educação nacional. Sob a Convenção outros em grande número o seguiram. Os mais conhecidos são os planos de Saint-Just, Lakamal, Michel Lepelletier, este acolhido e apresentado à Convenção por Robespierre. Meninos e meninas deviam ser educados em comum até a idade de onze e doze anos, às expensas da República, sob a Santa lei da igualdade.
[iii] J. J. Rousseau, citado por Taine, L’ancien Régime, p. 324.
[iv] Hierofante é o termo usado para designar os sacerdotes da alta hierarquia dos mistérios da Grécia e do Egito. É o sacerdote supremo, que pode ser chamado também de Sumo Sacerdote.  
[v] A felicidade a que o iluminismo deve fazer chegar a humanidade está assim exposta nesse mesmo discurso: “A fonte das paixões é pura; é necessário que cada qual possa satisfazer as suas nos limites da virtude e que nossa ordem forneça os meios para isso”. A virtude! A felicidade da humanidade! Basta que a seita abra a boca para que dela logo saiam a hipocrisia e a mentira.
[vi] “Catastrophards” é o nome que a si mesmo deram, perante o Tribunal de Sena, aqueles que fizeram a revolta de 2 de março de 1901.
[vii] Em outubro de 1882 inaugurou-se um grupo escolar em Ivry-Sur-Seine. Entre os assistentes “oficiais” contava-se grande número de representantes das lojas maçônicas. O I:. C. Dreyfus pronunciou a alocução; nela encontramos estas palavras:”É a franco-maçonaria que prepara as soluções que a democracia faz triunfar. Assim como nossos gloriosos ancestrais de 1789 inventaram a igualdade civil dos homens perante a lei (sabemos como ela é praticada), assim como nossos antecessores de 1848 realizaram a igualdade política dos cidadãos perante a urna do sufrágio universal, assim a maçonaria deve preparar, para o fim do século XIX, a igualdade social, que restabelecerá o equilíbrio de forças econômicas e trará de volta a união e a concórdia para o seio de nossa sociedade dividida”. (Citado pelo “Le Monde” de 4 de outubro de 1882).  Estamos, pois, na Revolução econômica; a democrática, que deve segui-la e que entregará as crianças, de corpo e alma, à República, está bem avançada.


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