sábado, 25 de maio de 2024

FINALMENTE, O POVO SE MANIFESTA DE UMA FORMA MAIS AUTÊNTICA

 


Verifica-se, hoje, uma tendência geral de descaracterizar o poder estatal, mas com vistas a outra ideia revolucionária, que é o caos. Vê-se em várias partes do mundo uma grande quantidade de governos ilegítimos e sem pulso, deixando alguns países a deriva, como ocorre no Brasil.

A partir de certa época, as ideias constitucionalistas conseguiram impor suas concepções utópicas nas leis, especialmente nas constituições dos povos do Ocidente. Dentre as principais utopias propagadas está a de que o Estado é soberano sobre tudo e sobre todos. E tais princípios vêem de longa data, tendo se iniciado com o tempo dos chamados reis absolutistas, algum dos quais dizia que ele era o próprio Estado.

E assim, hoje vemos toda uma sociedade acreditando e apoiando tais ideias. Segundo elas, o Estado é responsável por toda a vida social, é o tutor de todos os direitos e obrigações sociais. Deste modo está dito, por exemplo, em nossa Constituição que compete ao Estado dar saúde, educação e emprego a todos. Não só isso: chegaram a alguns absurdos, em certos países, de dotar o Estado de supremos poderes sobre as famílias, as instituições sociais, etc. Tudo passa a depender do governo, fazendo com que aquele que deve gerir e administrar seja o mesmo que detenha todas as obrigações, inclusive as mais simples possível.

Ora, não é correto dizer que compete ao Estado cuidar de minha saúde; compete, em primeiro lugar, a mim mesmo cuidar de minha saúde e de minha educação; se, por acaso, eu não o puder, aí devo recorrer à minha família; e se esta não dispor de recursos suficientes, devo recorrer aos amigos, aos parentes, aos que me cercam mais de perto, aquela sociedade que nos aproxima do Estado, mas não é ele ainda. Somente quando todos recursos forem insuficientes, numa ação chamada de subsidiariedade, o Estado deve intervir. Ele não é senhor absoluto de tudo. É uma utopia e grande mentira afirmar isso.

Esta panaceia do poder absoluto do Estado está sendo desmascarada pelo próprio povo. E isso ocorre agora no Rio Grande do Sul. Perante uma grande catástrofe o próprio povo está procurando superar seu drama, ora procurando ajuda dos familiares, dos amigos e vizinhos próximos, ora de empresários ou de pessoas abnegadas que se oferecem voluntariamente para socorrer as vítimas. E onde está o governo? Cadê o Estado para socorrer a tais necessitados? É claro que ele está presente, mas incapaz de solucionar todos os problemas como pretendem alguns republicanos constitucionalistas.

Se aquele povo acreditasse no poder absoluto do Estado e simplesmente estivesse esperando o socorro deste, não imagino em que situação estaria hoje!

Monsenhor Henri Delassus o denunciou em célebre obra, as origens de tais ideias do poder absoluto do Estado:

“A teoria de J. J. Rousseau sobre as origens da sociedade, sua constituição racional, o que ela será quando o contrato social tiver produzido suas consequências, não permaneceu em estado especulativo. Faz um século que nós nos aproximamos a cada dia do termo que ele designou para nós, no qual não haverá mais propriedade, nem família, nem Estado independente, nem Igreja autônoma. Sobre o lugar que as ruínas produzidas pela Revolução deixaram livre, Napoleão I construiu, “com areia e cal, diz Taine, a nova sociedade, segundo o plano traçado por J. J. Rousseau. Todas as massas da grande obra, Código Civil, universidade, Concordata, administração municipal e centralizada, todos os detalhes da arrumação e da distribuição concorrem para um efeito de conjunto que é a onipresença do governo, a abolição da iniciativa local e privada, a supressão da associação voluntária e livre, a dispersão gradual dos pequenos grupos espontâneos, a interdição preventiva das longas obras hereditárias, a extinção dos sentimentos pelos quais o homem vive além dele mesmo, no passado e no futuro”.

Mais adiante, escreveu:

“Se o curso das coisas atuais não tivesse suas fontes no passado longínquo, poderíamos apavorar-nos menos, acreditar que não há em tudo isso senão fatos acidentais. Mas não é assim. O estado atual, repleto do futuro que acabamos de descrever, é o produto natural de uma ideia, lançada como um grão sobre nosso solo há cinco séculos. Ela germinou. Vimos seus primeiros rebentos sair da terra; eles foram cultivados secreta e cuidadosamente por uma sociedade que, já por várias vezes, serviu ao mundo seus frutos prematuramente colhidos; hoje ela os vê chegar à maturação: frutos de morte que carregam a corrupção para os próprios fundamentos da ordem social.

A França revolucionária recebeu do Poder das Trevas a missão de manifestar ao mundo aquilo que a Renascença concebeu, aquilo que a franco-maçonaria criou. Parece que se quis simbolizá-lo nas moedas. Essa mulher desgrenhada, com o barrete frígio à cabeça, que, sob os auspícios da República, lança a todos os ventos os grãos da liberdade, da igualdade e da fraternidade, sob os raios de um sol levante chamado para aclarar o mundo com um dia novo, bem representa a maçonaria que confia a todos os sopros da opinião as idéias que preparam os espíritos para a aceitação da nova ordem, ordem que há tanto tempo ela projeta estabelecer no mundo”.

 

(Tradução extraída da obra “La Conjuration Antichrétienne – Le Temple Maçonique voulant s’élever sur les ruines de l’Église Catholique” – Mons. Henri Delassus – tomo 2   págs. 551/564)

 

Vejam texto completo de minha postagem sobre o assunto: “O ESTADO, SENHOR SOBERANO DE TODAS AS COISAS?”

https://quodlibeta.blogspot.com/2019/05/o-estado-senhor-soberano-de-todas-as.html

 

 


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