Viveu esta santa no fim da Idade Média, na mesma época de Santa Catarina
de Siena, contemporânea também de Santa Brígida e de São Vicente Ferrer. Schiedam é o nome de uma cidade holandesa,
próxima do Rio Mosa.
Santa Lydwina pediu a Deus para tirar sua beleza, pois fizera votos de
castidade e não queria ser desejada por nenhum pretendente. Deus a ouviu.
Contraiu grave moléstia que a deixou desfigurada, olhos fundos, pele macilenta
e esverdeada. Este suplício lhe durou até o fim da vida. A santa foi atingida
por todas as moléstias de sua época.
Apesar de tudo, o corpo cheio de vermes não exalava mau-cheiro mas
agradável odor.
No começo de seu martírio ela não imaginava em se oferecer com vítima de
holocausto. Mas, orientada, tudo mudou quando recebeu uma grande graça mística.
Compreendendo que sua missão era ser vítima expiatória, uma nova vida se lhe
mostrou após os primeiros quatro anos de tormentos. Ela foi chamada a reparar
os pecados de Revolução, da mesma forma que o fizera Santa Catarina, embora as
duas santas sequer se conhecessem. Estávamos no auge da Renascença e os pecados
eram protuberantes. A propósito de tais pecados, a santa teve a seguinte visão
da Europa:
Todo o continente lhe apareceu convulsionado sobre o leito de seu solo,
procurando recolher sobre si, com mãos trêmulas, a cobertura de seus mares para
esconder seu corpo que se decompunha e que não era mais que um magma de carnes,
um limo de humores, uma lama de sangue, porque era uma podridão infernal que
rebentava pelos flancos. Era um frenesi
de sacrilégios e de crimes que fazia a Europa urrar como um animal que se
sacrifica. A vermina de seus vícios a despedaçava. Eram os cancros da simonia e
da luxúria. Terrificada, Santa Lydwina olhava para a cabeça ornada com a Tiara,
a qual oscilava rejeitada, ora para o lado de Avignon ora para o de Roma.
Disse-lhe então Jesus Cristo: “Vê!”.
E, sobre um fundo de incêndio, percebeu ela, debaixo da conduta de loucos
coroados, a matilha solta dos povos. Eles se massacravam e se pilhavam sem
piedade. Mais ao longe, em regiões que pareciam pacíficas, ela considerava os
claustros transformados pelas intrigas de monges infiéis, o clero que traficava
com a Carne de Cristo, que vendia em leilão as graças do Espírito Santo. Ela
viu claramente não só as heresias mas até mesmo os sabás (sabbats, rituais de
bruxaria) nas florestas e as missas negras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário