O século de “El Cid” foi o século do
fervor medieval, onde grandes acontecimentos brilharam na Europa. No ano 1001
Santo Estêvão é coroado rei da Hungria.
Dois grandes Papas santos, Leão IX e Gregório VII, além de Urbano II, o
proclamador da primeira Cruzada, deixaram sua marca. Em 1012 é fundada a Ordem dos Camaldulenses,
monges que procuravam seguir com mais rigor a Regra de São Bento; também neste
século, São Bruno funda a ordem dos Cartuxos, e no seu final, em 1098, é
fundada a Ordem de Citeux (Cistercienses), à qual pertenceu São Bernardo no
início do século seguinte.
A Cavalaria cristã se tornou oficial no
século XI como resultado de um costume arraigado há mais de 4 séculos na
Europa. Para ingressar nela, um longo aprendizado (de
Primordialmente, o termo “cavaleiro”
significava apenas qualquer homem montado a cavalo. No decorrer da Idade Média,
os suseranos passaram a investir como cavaleiros seus fiéis súditos que lutavam
a seu lado. Esta investidura fazia do cavaleiro um vassalo ligado a seu senhor
com um laço quase sagrado de servidão. O
Rei Afonso X, “O Sábio”, escreveu o seguinte sobre a vassalagem:
“Um
homem se pode fazer vassalo de outro segundo o antigo costume da Espanha, desta
maneira, outorgando-se por vassalo daquele que o recebe e, beijando-lhe a mão
por reconhecimento de senhorio e ainda há outra maneira de fazer homenagem que
é mais grave porque por ela se torna um homem não somente vassalo de outro, mas
fica obrigado a cumprir aquilo que promete por postura. Homenagem tanto quer dizer como tornar-se “homem
de outrem” e se fazer como seu para dar-lhe segurança sobre a coisa que promete
dar ou fazer, que a cumpra, e esta homenagem não somente tem lugar em pleito de
vassalagem mas em todos os pleitos e posturas que os homens ponham entre si com
intenção de cumpri-las”
Posteriormente, com o surgimento das
Ordens militares de monges guerreiros, o Cavaleiro passou a ser principalmente
aquele que pertencia à uma de tais ordens.
El Cid foi o Cavaleiro mais típico da
Idade Média, embora não conste nas crônicas que o mesmo haja pertencido a
alguma Ordem de Cavalaria. Em castelhano, o seu nome de batismo era Rodrigo
Díaz. O termo “El Cid” provém de uma
expressão meio castelhana meio moura, significando “O Senhor”. O primeiro registro histórico deste honroso
título provém de um judeu, chamado Joseph ben Zaddie de Arévalo, que ao fazer
uma crônica narrando a vitória de El Cid sobre Saragoça escreveu: “Saragoça foi
ganha por Cidi Ru Diaz”. Em hebraico “Cidi” quer dizer “Meu Cid”, ou seja, meu senhor. Este honroso
título mostra quanto Dom Rodrigo tinha ascendência senhorial sobre seus
vassalos, até entre mouros.
Rodrigo Díaz nasceu em Bivar, povoado
situado ao norte de Burgos, pelo ano de 1043 e tinha origem nobiliárquica muito
alta por parte de seus pais. As crônicas não explicam porque razão ele não foi
educado por seus familiares, mas na corte pelo Infante Sancho, filho
primogênito de Fernando I, primeiro rei de Leão e Castela. Foi Dom Sancho quem
o armou cavaleiro e o levou consigo para a primeira expedição militar.
O grande herói chegou a atingir o seu
objetivo principal, que foi a conquista de Valência e estabelecer um
protetorado cristão naquela região tão importante para impedir o avanço
maometano e consolidar um reino cristão. Incompreendido pelo principal rei da
Península, Dom Alfonso, e também por vários outros reis cristãos, que fazer?
El Cid poderia declarar-se rei de Valência, mas não o fez. Por
fidelidade, lealdade ao rei de Castela, ele sempre se considerou seu vassalo e
como tal foi assim que sempre agiu.
Assim, aquele grande cavaleiro, muito
superior em méritos a muitos reis cristãos,
entregou sua alma a Deus prematuramente com apenas cinqüenta e seis anos
de idade. Morreu na terra que sempre tentou conquistar, Valência, no dia 10 de
julho de 1099. Seu corpo foi levado para o mosteiro de San Pedro de Cardaño e
ali venerado como santo. É bom salientar que sua morte causou muita dor,
principalmente entre seus vassalos. Foram vistos vários homens e mulheres, até mesmo muçulmanos, como
era costume naqueles tempos, golpearem-se no peito como sinal de dor.
Quanto aos cristãos, fizeram sentir sua tremenda dor mandando rezar missas em
várias igrejas e mosteiros como sufrágio de sua alma. As crônicas não dão
detalhes sobre como ocorreu sua morte.
De tal forma a morte de El Cid foi
sentida na Cristandade, que no Mosteiro de Maillezais, em Poitu, no centro da
França, foi registrado que sua morte era tida como um dos grandes
acontecimentos humanos. Consignaram os
historiadores que "faleceu o conde Rodrigo, e sua morte causou a mais
grave dor na cristandade e grande alegria entre os inimigos muçulmanos".
Eram dois fatos que tomavam conta da
Cristandade: a morte de El Cid e a convocação da Primeira Cruzada. No mesmo ano
em que o grande varão católico e guerreiro cruzado morreu, a Cruzada foi
convocada por Urbano II e Godofredo de Buillon fundava o reino de Jerusalém,
rodeado de muçulmanos da mesma forma que o Campeador.
Nenhum comentário:
Postar um comentário