5 de janeiro
1º) O que o diabo lhe prometeu falsamente, a
saber: que seriam como deuses, conhecendo o bem e o mal (Gn 3, 5). Você vai ser, ele disse mentiroso, como
deuses. E mentiu, porque ele é um mentiroso e pai da mentira (Jo 8, 44). Porque
Eva, ao comer o fruto, não se tornou semelhante a Deus, mas mais diferente; por
pecar, se distanciou de Deus, seu salvador, e por isso foi expulsa do Paraíso.
Mas ao contrário o encontrou a Santíssima Virgem e todos os cristãos no fruto
de seu vemtre; porque através de Cristo nos unimos e nos assemelhamos a Deus:
Quando ele aparecer, seremos semelhantes a ele, na medida em que o veremos
assim como ele é (1 Jo 3, 2).
2ª) Eva desejava se deliciar com seus frutos,
porque eram bons de comer; mas ela não o encontrou, porque imediatamente soube
que ela estava nua e tinha dor. Por outro lado, no fruto da Virgem encontramos
suavidade e saúde: quem come minha carne ... tem vida eterna (Jo 6:55).
3ª) O fruto de Eva era bonito de se ver; mas
mais bonito é o fruto da Virgem na qual os Anjos desejam olhar: vistoso em
beleza, mais do que os filhos dos homens (Sl 44,3); porque é o esplendor da glória
do Pai. Eva não conseguiu encontrar em seu fruto o que não encontra pecador nos
pecados. Portanto, o que queremos, vamos procurar no fruto da Virgem.
Esse fruto é abençoado:
1º) Por Deus, porque desta forma o encheu de toda
graça que veio a nós em reverência: Bendito seja Deus e Pai de nosso Senhor
Jesus Cristo, que nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos bens
celestiais em Cristo (Ef 1, 3).
2ª) Para os Anjos e para os homens, como diz
o Apóstolo: E toda língua confesse que o Senhor Jesus Cristo está na glória de
Deus Pai (2, 11), e o profeta Davi: Bendito o que vem em nome do Senhor (Sl 117,
26). Assim, a Virgem é abençoada, mas seu fruto é ainda mais abençoado. (Salutat.
Angelicae expositio, I),
Entremos; a porta está aberta e, acrescenta S. João Crisóstomo, “não há guarda
para dizer: Não é hora”. Os reis da terra fecham-se em seus palácios, e esses
palácios são rodeados de soldados; não é fácil chegar-se a eles: quem lhes quer falar tem de suportar aborrecimentos:
Venha em outra ocasião, agora não há audiência. Jesus Cristo não é assim: fica
naquela grouta, e sob a forma duma criança para atrair docemente todos os que se
apresentam; a gruta está aberta, sem guardas e sem portas, de sorte que cada um
pode entrar à vontade e em qualquer
tempo para ver esse Rei-menino, falar-lhe e até abraçá-lo, se o ama e deseja.
Entrai, pois, almas cristãs,
vinde ver no presépio sobre palhas esse tenro Menino que chora. Vêde como é belo; vêde que luz
irradia, que amor respira; seus olhos enviam setas de fogo aos corações que o
desejam; seus vagidos são chamas para toda a alma que o ama; “o estábulo e o
presépio, diz S. Bernardo, vos clamam que ameis aquele que tanto vos amou”. Amai
um Deus que é digno de amor infinito e que desceu dos céus, se fez menino, se
fez pobre, para vos mostrar seu amor e ganhar o vosso por seus sofrimentos.
Se lhe perguntardes: Ah! Menino encantador! dizei-me, de quem sois Filho? — Ele
responderá: “Minha Mãe é essa Virgem toda bela e toda pura que está perto de
mim. — E quem é o vosso Pai? — Meu Pai é Deus. — E como! vós sois o Filho de
Deus, e nasceis em tanta pobreza e humilhação? quem poderá jamais
reconhecer-vos? que caso farão de vós? — Não, responde Jesus, a santa fé me
fará conhecer pelo que sou, e me fará amar pelas almas que vim resgatar da
morte e inflamar de amor. Não vim para ser temido, mas amado; e se é como criança
pobre e humilde que me mostro aos vossos olhos pela primeira vez, é para que me ameis mais, vendo a que humilhação me reduziu o
amor que vos tenho. — Mas, dizei-me, amável Menino, porque girais assim os
vossos olhos ao redor de vós? que estão olhando? Ouço-vos suspirar! dizei-me:
porque suspirais? Ó Deus, vejo-vos chorar! dizei-me: porque chorais?
— Ah! me responde Jesus, olho ao redor de mim, para ver se encontro uma alma
que me deseje. Suspiro, porque quisera ver ao meu lado um coração ardente de
amor por mim, como eu ardo de amor por ele. Choro, sim, e eis porque choro:
porque não vejo, ou vejo bem poucas almas e corações que me procuram e que me
querem amar!
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